Emmanuel - Livro Roteiro - Chico Xavier - Cap. 24
O fenômeno espírita
(O Evangelho 1.5-7*)
Em todas as civilizações, o culto dos desencarnados aparece como facho aceso de sublime esperança.
Rápido exame nos costumes e tradições de todos os remanescentes da vida primitiva, entre os selvagens da atualidade, nos dará conhecimento de que as mais rudimentares organizações humanas guardam no intercâmbio com os “mortos” suas elementares noções de fé religiosa.
Aparições e vozes, fenômenos e revelações do mundo espiritual assinalam a marcha das tribos e das povoações do princípio.
No Egito, os assuntos ligados à morte assumem especial importância para a civilização. Anúbis, o deus dos sarcófagos, era o guardião das sombras e presidia à viagem das almas para o julgamento que lhes competia no Além.
Na China multimilenária, os antepassados vivem nos alicerces da fé. Em todas as circunstâncias da vida, os Espíritos dos avoengos são consultados pelos descendentes, recebendo orações e promessas, flores e sacrifícios.
Na Índia encontram nos “rakchasas”, Espíritos maléficos que residem nos sepulcros, os portadores invisíveis de moléstias e aflições.
Os gregos acreditavam-se cercados pelas entidades que nomeavam por “demônios” ou familiares intangíveis, as quais os inspiram na execução de tarefas habituais.
Em Roma, os Espíritos amigos recebem o culto constante da intimidade doméstica, onde são interpretados como divindades menores. Para a antiga comunidade latina, as almas bem-intencionadas, que haviam deixado, na Terra, os traços da sabedoria e da virtude eram os “deuses lares”, com recursos de auxiliar amplamente, enquanto que os fantasmas das criaturas perversas eram conhecidos habitualmente por “larvas”, cuja aproximação causava dissabores e enfermidades.
Os feiticeiros das tabas primitivas eram nas civilizações recuadas substituídos por magos, cujo poder imperava sobre a espada dos guerreiros e sobre a coroa dos príncipes.
E ainda, em todos os acontecimentos religiosos que precederam a vinda do Cristo, a manifestação dos desencarnados ou o fenômeno espírita comparece por vívido clarão da verdade, orientando os sucessos e guiando as supremas realizações do esforço coletivo.
Com a supervisão de Jesus, porém, a marcha da espiritualidade na Terra adquire novos característicos.
Ele é o disciplinador dos sentimentos, o grande construtor da Humanidade legítima.
Por trezentos anos, os discípulos do Senhor sofrem, lutam, sonham e morrem para doar ao mundo a doutrina de luz e amor, com a plena vitória sobre a morte, mas a política do Império Romano reduz, por dezesseis séculos consecutivos, o movimento libertador.
Os séculos, contudo, na eternidade, são simples minutos e, em seguida às sombras da grande noite, o evangelismo puro surge, de novo.
Cristianismo — doutrina do Cristo…
Espiritismo — doutrina dos Espíritos…
Volta a influência do Mestre sobre a imensa coletividade humana, constituída por mentes de infinita gradação.
Homens por homens, inteligências por inteligências, incorreríamos talvez no perigo de comprometermos o progresso do mundo, isolados em nossos pontos de vista e em nossas concepções deficitárias, mas, regidos pela Infinita Sabedoria, rumaremos para a perfeição espiritual, a fim de que, um dia, despojados em definitivo das escamas educativas da carne, possamos compreender a excelsa palavra da celeste advertência: — “vós sois deuses”…
Emmanuel
O Evangelho Segundo o Espiritismo - Cap. I - Não vim destruir a lei - O Espiritismo
O Espiritismo é a ciência nova que vem revelar aos homens, por meio de provas irrecusáveis, a existência e a natureza do mundo espiritual e as suas relações com o mundo corpóreo;
Ele no-lo mostra, não mais como coisa sobrenatural, porém, ao contrário, como uma das forças vivas e sem cessar atuantes da Natureza, como a fonte de uma imensidade de fenômenos até hoje incompreendidos e, por isso, relegados para o domínio do fantástico e do maravilhoso.
É a essas relações que o Cristo alude em muitas circunstâncias e daí vem que muito do que ele disse permaneceu ininteligível ou falsamente interpretado.
O Espiritismo é a chave com o auxílio da qual tudo se explica de modo fácil.
A lei do Antigo Testamento teve em Moisés a sua personificação; a do Novo Testamento tem-na no Cristo; o Espiritismo é a terceira revelação da lei de Deus, mas não tem a personificá-la nenhuma individualidade, porque é fruto do ensino dado, não por um homem, sim pelos Espíritos, que são as vozes do Céu, em todos os pontos da Terra, com o concurso de uma multidão inumerável de intermediários; é, de certa maneira, um ser coletivo, formado pelo conjunto dos seres do mundo espiritual, cada um dos quais traz o tributo de suas luzes aos homens, para lhes tornar conhecido esse mundo e a sorte que os espera.
Assim como o Cristo disse: “Não vim destruir a lei, porém cumpri-la”, também o Espiritismo diz: “Não venho destruir a lei cristã, mas dar-lhe execução”.
Nada ensina em contrário ao que ensinou o Cristo; mas, desenvolve, completa e explica, em termos claros e para toda gente, o que foi dito apenas sob forma alegórica; vem cumprir, nos tempos preditos, o que o Cristo anunciou e preparar a realização das coisas futuras.
Ele é, pois, obra do Cristo, que preside, conforme igualmente o anunciou, à regeneração que se opera e prepara o reino de Deus na Terra.
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