quarta-feira, 7 de dezembro de 2022

Hammed - Livro Os Prazeres da Alma - Francisco do Espírito Santo Neto - Cap. 17 - Renovação



Hammed - Livro Os Prazeres da Alma - Francisco do Espírito Santo Neto - Cap. 17


Renovação


O doutor Carl Gustav Jung definiu sincronicidade como coincidência significativa de um estado psíquico com um ou vários fatos externos correspondentes; ocorrência entre eventos psíquicos e físicos. São acontecimentos coincidentes, no tempo e no espaço, que, embora aparentemente inexplicáveis, estabelecem relações conexas do ponto de vista psicológico.

A noção dada por Jung de sincronicidade pode ser em parte reconhecida como a "dinâmica interligação" entre a alma e o mundo material. A vida assemelha-se a um fluxo multidimensional pelo qual as criações e as criaturas estão passando no Universo. Vivemos interagindo, de forma invisível, com muitas outras realidades ainda desconhecidas e ignoradas no mundo moderno.

Determinados fenômenos sincronísticos escapam da observação do princípio de causalidade, ou seja, eles ainda não podem ser analisados e ponderados materialmente. A ciência atual ainda não chegou a entender como a lei de causa e efeito funciona em determinados eventos e circunstâncias transcendentais. Entretanto, fenômenos sincronísticos não podem ser considerados acasos. "[...] o acaso é cego e não pode produzir os efeitos da inteligência. Um acaso inteligente não seria mais o acaso." (1).

Podemos dizer, de modo figurado, que o acaso é o pseudônimo do Criador, quando não quer deixar transparecer a assinatura de sua obra.

Encontros inesperados com pessoas que nos mostram "casualmente" caminhos que há anos procurávamos e não sabíamos onde e como encontrar; auxílios financeiros que apareceram no "momento exato" em que a tribulação mais se agravava; sugestões ou opiniões que recebemos em uma conversa "aparentemente" informal e que muito contribuíram para nosso autoconhecimento; livros que escolhemos "de modo aleatório" e que trouxeram significativo auxílio para a solução de problemas que estávamos atravessando. Deparamos "subitamente" com artigos numa revista cujo tema ainda há pouco comentávamos com um amigo ou familiar, e outros tantos exemplos.

Essa suposta "sucessão de acasos", vivida por inúmeras criaturas, revela a existência de leis espirituais desconhecidas que regem e guiam o progresso de todos os seres humanos.

As inexplicáveis "coincidências" que acontecem em nossa vida geralmente colaboram para nossa renovação espiritual ou crescimento interior. Se utilizarmos uma visão superficial, essas "casualidades" se apresentarão como acontecimentos misteriosos e obscuros, mas, se nos aprofundarmos, veremos que precisamos muito aprender sobre o poder onisciente de Deus em nós, e que seus domínios ainda nos permanecem insondáveis.

As leis divinas ou naturais são o "cordão umbilical" que liga tudo e todos com a Fonte Criadora. Por isso, Jesus exortou a nossa ligação espiritual, dizendo: "Eu sou a videira e vós os ramos” (2).

Os Espíritos Superiores asseveram a Allan Kardec que "[...] o homem deve progredir sem cessar e não pode retornar ao estado de infância. Se ele progride é porque Deus quer assim”. (3)

As leis que nos regem contêm a onipresença, a onisciência e a onipotência divinas. São as mesmas para todos os membros do Universo, mas ajustadas ao grau evolutivo de cada um deles. "[...] o homem deve progredir sem cessar [...]", uma vez que a renovação espiritual não é produto de um ensinamento, mas está em germe em todos os seres. Querendo ou não, progrediremos, já que "Deus quer assim".

O progresso chega à humanidade gradativamente, com a mesma sutileza com que o dia faz desaparecer a noite; ele desce quase que imperceptível sobre as criações e as criaturas como um orvalho fecundo e fundamental à nossa vida de Espírito imortal. Nada vem do nada. Os caminhos renovadores quase sempre aparecem em nossa jornada evolutiva como possíveis "coincidências", ou mesmo como acontecimentos ilógicos e enigmáticos; na realidade, são experiências imprescindíveis que atraímos e que se encaixam perfeitamente nas nossas necessidades de renovação interior.

O despertar vem de um modo que nem imaginamos. Nesses momentos perguntamo-nos: O que será que Deus quer de mim?

A psicologia junguiana chama as "coincidências" que ocorrem em nossas vidas de "fenômenos sincronísticos", mas, ajustando esses conceitos aos postulados da fé espírita, poderemos nomeá-las de "intervenção divina" ou "desígnios de Deus". No entanto, seja qual for a denominação que utilizarmos, tenhamos a certeza de que tudo aquilo que nos acontece tem como objetivo profundo a renovação da alma e como propósito o bem comum.

O progresso que atingimos hoje é compatível com o crescimento que tivemos ontem. Cada passo dado a caminho da maturidade é proporcional à etapa percorrida anteriormente.

Avançamos pelo Universo em conjunto harmônico com os outros seres humanos. A orquestra cósmica da qual compartilhamos é muito mais ampla do que podemos imaginar, e cada um precisa dar sua cota de participação na sinfonia do mundo. Somos parte do Universo e ele é parte de nós.


Hammed



(1) Questão 8 de "O Livro dos Espíritos"
(2) João 15:5
(3) Questão 778: O homem pode retrogradar até o estado natural?

"Não, o homem deve progredir sem cessar e não pode retornar ao estado de infância. Se ele progride é porque Deus quer assim. Pensar que ele pode retroceder à sua condição primitiva, seria negar a lei do progresso. "




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