Allan Kardec - O Livro dos Espíritos - 3ª Parte - Das leis morais - Capítulo X - 9. Lei de liberdade
Fatalidade
866. Então a fatalidade que parece presidir aos destinos materiais de nossa vida também é resultante do nosso livre-arbítrio?
“Tu mesmo escolheste a tua prova. Quanto mais rude ela for e melhor a suportares, tanto mais te elevarás. Os que passam a vida na abundância e na ventura humana são Espíritos pusilânimes, que permanecem estacionários. Assim, o número dos desafortunados é muito superior ao dos felizes deste mundo, visto que os Espíritos, na sua maioria, procuram as provas que lhes sejam mais proveitosas. Eles vêem perfeitamente bem a futilidade das vossas grandezas e gozos. Acresce que a mais ditosa existência é sempre agitada, sempre perturbada, quando mais não seja, pela ausência da dor.” (525 e seguintes)
Allan Kardec
O Livro dos Espíritos comentado pelo Espírito Miramez
Questão 866 comentada
Nós escolhemos as nossas provas, no entanto, até nas nossas escolhas aparece a intuição divina nos ajudando, quando temos capacidade para tal empreendimento. Se o Espírito usa seu pensamento para comunicar, certamente que ele também recebe comunicação dos maiores da espiritualidade através desse sistema de conversa.
Deus é a Suprema Inteligência que comanda a tudo. A Sua magnânima vontade está em tudo, de maneira ainda desconhecida pelos seres humanos, não obstante, a suavidade das Suas leis, deixa que entendamos, sintamos e usemos o livre arbítrio, para que possamos encontrar na nossa escolha a esperança e a paz, na nossa parte de ação, na conquista dos nossos valores.
Jesus dizia: "Eu só faço a vontade do Pai que está nos Céus". Se Jesus dizia isso, nós outros, o que vamos dizer? Quem copia a Jesus nunca erra o roteiro. Podemos notar que os grandes personagens da Terra escolhem sempre provas rudes, por saberem que, quanto mais sofrimento em seus caminhos, mais luz nos seus ideais. Mesmo que eles possam retirar os espinhos das suas estradas, não aceitam, por serem eles energia divina que despertam mais seus valores internos. O próprio Mestre deu provas disso. Quando o apóstolo Pedro desejou que Jesus recusasse a cruz, disse-lhe o Mestre: "Retira-te de mim, Satanás", e o apóstolo compreendeu logo que a cruz seria uma ação maior para a humanidade.
Cada criatura deve pegar a sua cruz e seguir o Mestre, com a mesma serenidade que o Divino Amigo se portou diante de tantos sofrimentos. A justiça, como lei de Deus, não permite que as provações que não sejam as nossas venham aos nossos caminhos, nem que os espinhos de outrem sangrem os nossos pés. O que é nosso não erra o nosso endereço. Os que passam pela vida com fartura e nos desregramentos materiais, em viagens sem conta, sem um objetivo espiritual, somente para se regalar e aumentar seu orgulho, egoísmo e vaidade, está aumentando o peso de seu fardo e atrasando cada vez mais a sua libertação, por cerrar seus próprios olhos à verdade. Sofrer é bom para a sua evolução, porém, sem revolta, com paciência e amor em todos os passos de sua vida, retirando de cada espinho uma lição de amor e de fraternidade.
Os encarnados que se comprazem na sombra do comodismo improdutivo, são almas pusilânimes, incapazes de sentir a luz espiritual que existe na intimidade da consciência. Os sábios do mundo tentam todos os meios para retirarem da humanidade a dor e todos os tipos de sofrimentos que oprimem a humanidade mas, até hoje, não descobriram o elixir que tanto procuram, que coloca em plenitude de saúde e de paz as criaturas, por desconhecerem esses sábios que, em primeiro lugar, deveriam ensinar os homens a se comportarem moralmente, educar a mente e fazer compreender a sabedoria de Deus, a chamá-los por todos os meios.
Sabemos que Jesus é a porta da vida para nós outros encarnados e desencarnados mas, para encontrá-la, somente a dor nos indica, somente os infortúnios nos capacitam para tal empreendimento divino, somente o esforço próprio nos desperta para compreender a excelência do comportamento dos grandes personagens da história. Vamos escutar João, no capítulo dez, versículo nove, quando assim registrou o que ouviu de Jesus:
Eu sou a porta. Se alguém entrar por mim, será salvo; entrará e sairá e achará pastagem.
E para atravessar essa porta e sair leve e feliz, achando alimento de todos os tipos para o enriquecimento da alma, é necessário percorrer os caminhos por Ele traçados. A dor implode no coração quando aceita todas as forças da Divindade, desmanchando a desarmonia e iluminando a consciência, de modo que o coração se expresse como um holofote de Deus sustentando a felicidade.
Se estás em provas, convence-te de que elas são breves. Vale a pena ter paciência, extraindo delas o que Deus quer te dizer, porque somente é eterna a tua paz de consciência, quando limpa das ilusões.
Miramez
Filosofia Espírita Vol 17 - João Nunes Maia
Cap. 50 - Provas escolhidas
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