Joanna de Ângelis - Livro Estudos Espíritas - Divaldo P. Franco - Cap. 9
Progresso
CONCEITO - Desdobramento de possibilidades valiosas, o progresso é agente do engrandecimento que tudo e todos experimentam, sob o impositivo das leis sábias da evolução, de que nada ou ser algum se poderá eximir.
Presente em todo lugar, impõe-se a pouco e pouco pela força de que se reveste, terminando por comandar com eficiência o carro da vida.
Inutilmente a agressividade de muitos homens tenta detê-Io; vãs as insistentes maquinações dos espíritos astutos, pensando obstaculizá-lo; inoperantes os recursos da prepotência, supondo impedi-lo...
O progresso pode ser comparado ao amanhecer. Mesmo demorando aparentemente culmina por lograr êxito.
A ignorância, travestida pela força e iludida pela falsa cultura, não poucas vezes se há levantado, objetivando criar embaraços ao desenvolvimento dos homens e dos povos, gerando, por fim, lamentáveis constrições para os seus apaniguados, sem que conseguisse, todavia, nas lutas travadas, alcançar as cumeadas dos desejos ignóbeis.
Inevitavelmente ele chega, altera a face e a constituição do que encontra pela frente e desdobra recursos, fomentando a beleza, a tranquilidade, o conforto, a dita.
CONSIDERAÇÕES - Criando sempre e incessantemente, o Pai determina a evolução pela esteira dos evos intermináveis. Transformando-se e progredindo, o impulso criador, em se manifestando, evolui infinitamente na rota em que busca a relativa perfeição que lhe está destinada.
Pensamento que consubstancia forma, psiquismo que avança, invólucro que se aprimora, adquirindo preciosos recursos e inestimáveis conquistas que somam abençoados tesouros no incessante curso da indestrutibilidade...
Em todos os tempos a prosápia humana, decorrente do impositivo inferior, que procede do mecanismo primário donde o homem inicia a marcha, tem criado óbices ao progresso.
Assim, em vez de utilizar as conquistas que logra, fomentando ações edificantes, a criatura iludida com a transitoriedade da organização física se levanta impondo ideias infelizes, exigindo subalternidade, em detrimento a quanto vê, observa e experimenta na própria vida.
Dos excrementos o homem retira essências puras, de delicado odor, como a planta, do húmus, do adubo haure incomparáveis belezas e inimitáveis fragrâncias...
Desse modo, são de ontem os quadros lamentáveis, em que os inimigos do progresso dominavam, soberanos, supondo impedirem a fixação e a proeza da magnitude do desenvolvimento.
São destes dias as utopias, as ilusões dos vencedores que não se conseguiram vencer, sustentando a força opressiva com que vitalizam as sombras que os mantêm equivocados, ora usurpados pela desencarnação e esquecidos, enquanto o carro do progresso prossegue inalterável.
Examinando a palpitante atualidade do progresso que irrompe de todos os lados, são inequívocas quão inadiáveis as necessidades do adiantamento moral-espiritual do
homem, do que decorre o avanço material, seja na Administração, na Cultura, na Política, na Arte, na Ciência, a fim de que se não entorpeçam os valores éticos, ante a inteligência deslumbrada em face das conquistas do conhecimento, que, sem as estruturas íntimas da dignificação que comanda os sentimentos e destroça os desatinos, tudo transformaria em caos.
Buscando equacionar o mecanismo do Universo, quando jovem, Albert Einstein emprestou ao Cosmo as condições e requisitos intrínsecos necessários à sua própria explicação, adotando a cómoda elucidação do materialismo mecanicista. Amadurecido e experiente, mais tarde clarificado pela excelência do progresso moral, reformulou a teoria, resolvendo-se pela legitimidade de um "Poder Pensante" Existente e Precedente e um "Poder Atuante"... Somente o progresso moral responde pelas verdadeiras conquistas humanas, no plano da evolução.
Em face de tais considerações a realidade dos postulados imortalistas, fundamentados na tónica espiritual legítima do após a desarticulação celular, é a única diretriz que pode comandar com eficiência a máquina das modernas conquistas do pensamento tecnológico, de modo a facultar o progresso da Terra e do homem, por meios eficazes, verdadeiros, sem a constrição aberrante dos crimes, engodos, erros, ultrajes e agressões - velhos arrimos em que se sustenta a animalidade! - muito a gosto dos violentos construtores do passado, que se deixaram asfixiar pelos tóxicos do primarismo e da alucinação.
Ante os clarões da Imortalidade o homem contempla o futuro eterno, sem deter-se nas balizas próximas do fascínio mentiroso. Faz-se construtor para a Eternidade e
não para o agora célere que se decompõe em campo de experiências próximas. Não tem pressa, porque sabe que tudo quanto não conseguir hoje, realizá-lo-á amanhã.
Ante a desencarnação - que era fantasma cruel anteriormente - adquire confiança na vida que prossegue, e depois do túmulo acompanha o esforço dos continuadores do
trabalho que deixou, esforçando-se para retornar e prosseguir afervorado no labor da edificação da ventura geral.
CONCLUSÃO - À hora própria, conforme anunciado, fulguram as lições espiritistas, exatamente quando há recursos capazes de avaliarem a extensão filosófica e moral da Doutrina do Cristo na face em que Ele a ensinou e a viveu.
Reservando aos laboratórios próprios o estudo da transcendência do espírito e da vida, na atual conjuntura do progresso entre os homens, a religião espiritista penetra os espíritos, auxilia-os no progresso necessário e impele-os à glória do amor com que passam a sentir todos e tudo, rumando jubilosamente para Deus.
779. A força para progredir, haure-a o homem em si mesmo, ou o progresso é apenas fruto de um ensinamento?
“O homem se desenvolve por si mesmo, naturalmente. Mas nem todos progridem simultaneamente e do mesmo modo. Dá-se então que os mais adiantados auxiliam o progresso dos outros, por meio do contato social.”
780. O progresso moral acompanha sempre o progresso intelectual?
“Decorre deste, mas nem sempre o segue imediatamente.”
a) – Como pode o progresso intelectual engendrar o progresso moral?
“Fazendo compreensíveis o bem e o mal. O homem, desde então, pode escolher. O desenvolvimento do livre-arbítrio acompanha o da inteligência e aumenta a responsabilidade dos atos.”
b) – Como é, nesse caso, que, muitas vezes, sucede serem os povos mais esclarecidos os mais pervertidos também?
“O progresso completo constitui o objetivo. Os povos, porém, como os indivíduos, só passo a passo o atingem. Enquanto não se lhes haja desenvolvido o senso moral, pode mesmo acontecer que se sirvam da inteligência para a prática do mal. O moral e a inteligência são duas forças que só com o tempo chegam a equilibrar-se.” (O Livro dos Espíritos, Allan Kardec, questões 779 e 780.)
"Somente o progresso moral pode assegurar aos homens a felicidade na Terra, refreando as paixões más; somente esse progresso pode fazer que entre os homens remem a concórdia, a paz, a fraternidade. " (A Gênese, Allan Kardec, Cap. XVIII - São chegados os tempos - Sinais dos tempos - item 19)
Joanna de Ângelis
Fonte: Estudos Espíritas-pdf
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