terça-feira, 13 de dezembro de 2022

Allan Kardec - O Livro dos Espíritos - 2ª Parte - Cap. IV - Da pluralidade das existências - Transmigrações progressivas - Questão 196 (Miramez)



Allan Kardec - O Livro dos Espíritos - 2ª Parte - Cap. IV - Da pluralidade das existências


Transmigrações progressivas 


196. Não podendo os Espíritos aperfeiçoar-se, a não ser por meio das tribulações da existência corpórea, segue-se que a vida material seja uma espécie de filtro ou de depurador, por onde têm que passar os seres do mundo espírita para alcançarem a perfeição?

“Sim, é exatamente isso. Eles se melhoram nessas provas, evitando o mal e praticando o bem. Mas é somente após muitas encarnações ou depurações sucessivas que atingem, ao cabo de um tempo mais ou menos longo, conforme os esforços que empreguem, a finalidade para que tendem.”

a) – É o corpo que influi sobre o Espírito para que este se melhore, ou o Espírito que influi sobre o corpo?

“Teu Espírito é tudo; teu corpo é simples veste que apodrece: eis tudo.”

O suco da vide nos oferece um símile material dos diferentes graus da depuração da alma. Ele contém o licor que se chama espírito ou álcool, mas enfraquecido por uma imensidade de matérias estranhas, que lhe alteram a essência. Esta só chega à pureza absoluta depois de múltiplas destilações, em cada uma das quais se despoja de algumas impurezas. O corpo é o alambique em que a alma tem que entrar para se purificar. Às matérias estranhas se assemelha o perispírito, que também se depura, à medida que o Espírito se aproxima da perfeição.

Alan Kardec



O Livro dos Espíritos comentado pelo Espírito Miramez

Questão 196 comentada


É necessário que o Espírito passe por todos os tipos de tribulações, para serem elas escolas onde se aprende a viver melhor; tirar as tribulações dos Espíritos é o mesmo que tirar as crianças de junto dos pais, e a juventude das escolas. São indispensáveis os problemas e as dores nos caminhos da humanidade, pelo menos na faixa evolutiva em que ela se encontra. Eis porque são necessárias várias reencarnações para a alma, como sendo oportunidades de aprimoramento espiritual e educandários de elevado poder disciplinando e prometendo um porvir cheio de luz e de paz.

O Espírito é luz divina recebendo inúmeras oportunidades de crescer ante a vida. No entanto, esse crescimento requer muitos esforços e incontáveis problemas, de modo a levar a alma ao verdadeiro discernimento, compreendendo que, sem amor, não existe solução para todos os desempenhos.

Deus processou meios pelos quais os Espíritos recebessem assistência de compreensão em muitas atividades, sendo que em uma existência terrena não daria para que o Espírito conhecesse de onde veio e para onde vai. As vidas são sucessivas, quantas forem necessárias, objetivando o aperfeiçoamento do Espírito. Não de desperta por simples querer, por xaropes ou pílulas. Isso é processo do tempo, que amadurece os sentimentos em todas as vias do saber.

Quando se vê um Espírito encarnado ou desencarnado que já atingiu a libertação, é bom que se lembre da sua jornada, o que ele já percorreu pela vidas múltiplas. Ninguém compra a tranqüilidade, assim como não se vende felicidade, que é conquista. O preço é esforço, dor, sacrifícios e tempo, e nestes meios surgem as bênçãos de Deus, computando todas as qualidades e convertendo-as em luz para o viajor honesto e trabalhador, que percorreu todos os caminhos de aprendizado. È necessário que isso aconteça, para nascer no coração o sol da esperança.

O corpo é um depurador, que vai modelando a alma passo a passo, de vida em vida. E a alegria de viver é a felicidade recebida como prêmio de jornadas avançadas. Que Deus nos abençoe, para que tenhamos sempre coragem de lutar dentro de nós e vencer todas as dificuldades. Conhecendo a nós mesmos, tornaremos a vida mais fácil e mais alegre de ser vivida.

Nunca pensemos que alguém vai nos trazer a felicidade; ela deve ser descoberta por nossos próprios esforços. Poderemos encontrar quem nos dará toques, para compreensão dos meios de adquiri-la. Essa é a misericórdia e a bondade de Deus: sempre encontramos um cireneu. Até o Mestre aceitou sua cooperação, e nós, sempre o procuramos. Eles valem muito, principalmente quando chegam para nos ajudar na subida do Calvário, com a nossa cruz que sempre pesa. O que devemos aprender, é tirar de todas as tribulações as lições que elas nos trazem, evitando repetições das dores.

A natureza é cheia de lições elevadas, é um livro de Deus aberto a quem já quer lê-lo. Comecemos a estudá-lo agora, porque em torno de nós as suas páginas estão nos convidando ao grande entendimento. Notemos bem que as suas letras são mais vivas que o comum dos livros, e elas falam mais perfeito que as bocas dos homens, porque falam a verdade.


Miramez




Filosofia Espírita - Volume IV - João Nunes Maia
Cap. 46 - É necessário






Nenhum comentário:

Postar um comentário