domingo, 4 de dezembro de 2022

Hammed - Livro Um Modo de Entender - Uma nova forma de viver - Francisco do Espírito Santo Neto - Cap. 3 - Máscaras



Hammed - Livro Um Modo de Entender - Uma nova forma de viver - Francisco do Espírito Santo Neto - Cap. 3


Máscaras


“Pois a palavra de Deus é viva, eficaz e mais penetrante do que qualquer espada de dois gumes (…) Ela julga as disposições e as intenções do coração. E não há criatura oculta à sua presença. Tudo está nu e descoberto aos olhos daquele a quem devemos prestar contas”. (Hebreus, 4:12 e 13.)

Os atos e as atitudes que tomamos no presente estão intimamente ligados a desejos, aspirações, sentimentos e emoções antecedentes.

Nossas ações não são efetivadas sem razões anteriores. Toda atuação de hoje é influenciada por crenças, preconceitos, valores éticos, convenções sociais, visto que é por detrás da cortina do teatro da vida íntima que estão as verdadeiras razões do nosso jeito de agir e de pensar.

Todos nós passamos por situações constrangedoras e estonteantes, e, por não sabermos lidar com elas e por desconhecer sua origem, quase sempre acionamos mecanismos de defesa do ego.

Esses mecanismos podem ser definidos como um conjunto de emoções e tendências comportamentais que ocorrem automaticamente quando percebemos, de forma consciente ou não, uma ameaça psíquica, e queremos nos proteger dessa amarga realidade.

Os mecanismos de defesa estão ligados de certo modo às funções adaptativas do ego – são “molas” que amenizam os golpes psicológicos que sofremos na alma. Por isso, não devem ser vistos simplesmente como sinônimos de patologia emocional, porquanto seu uso instintivo será considerado adequado ou não, desde que sejam utilizados durante o “tempo necessário” para equilibrar ou recompor a saúde integral.

A perpetuidade de qualquer medida defensiva do ego diante de um fato ou acontecimento poderá ser definida como doença ou desequilíbrio de uma função psíquica.

Em muitas ocasiões, as “dores da alma” tendem a dar continuidade a um ou a outro mecanismo de defesa, levando-nos à formação de uma grande e insuportável coleção de máscaras e, sem dúvida, a uma diversidade de “eus desconexos”.

François de La Rochefoucauld, escritor francês, dizia que “ficaríamos envergonhados de nossas melhores ações, se o mundo soubesse as reais intenções que as motivaram”.

É verdade que desconhecemos inúmeros meandros da nossa conduta atual e precariamente suspeitamos de que forma certas ocorrências desconhecidas especificam nosso modo de agir.

Muitas “ações caritativas”, se fossem avaliadas profundamente, talvez trouxessem à tona da nossa consciência revelações surpreendentes e inesperadas. Poderíamos observar que a raiz intencional que as motivou foi: compensação do complexo de inferioridade, desatenção seletiva diante de situações aflitivas, entorpecimento de sensações afetivas, introjeção de onipotência, deslocamento de vantagens políticas, negação de interesses sociais, projeção de imunidade e regalias, repressão de sentimentos não admitidos.

Não estamos aqui fazendo menção dos verdadeiros “atos de caridade”, nem induzindo ninguém a fazer um julgamento precipitado sobre o comportamento alheio, mas nos convidando a fazer uma reflexão sobre as raízes do nosso comportamento.

Ainda que não admitamos, somos bons atores gregos, representando, de forma pensada ou não, nossos papéis com as máscaras apropriadas.

A Sabedoria do Universo discerne “as disposições e as intenções do coração. E não há criatura oculta à sua presença. Tudo está nu e descoberto aos olhos daquele a quem devemos prestar contas”.

Deus não julga somente os atos em si, mas as reais intenções que antecedem esses atos. Entretanto, sabemos que a Bondade Absoluta não castiga ninguém, apenas deseja que procuremos aprender, crescer e amadurecer.

Hoje, quem tem um mínimo de nitidez interior entende que os fenômenos psicológicos que se processam na psique humana devem ser entendidos e assimilados e os seus conteúdos (esquecidos e bloqueados) trazidos à luz da consciência.

Por fim, gostaríamos de deixar claro que, do que foi aqui exposto, não tivemos a intenção de nos impor culpas. As culpas, anteriormente denominadas “pecados”, não nos devem induzir à autocondenação, e sim à autoanálise, reparação e transformação íntima; jamais à censura, mortificação e castigo.


Hammed 

















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