Allan Kardec - O Livro Dos Espíritos - 3ª Parte - Das Leis Morais, Cap. I - Da Lei Divina ou Natural
O bem e o mal
633. A regra do bem e do mal, que se poderia chamar de reciprocidade ou de solidariedade, é inaplicável ao proceder pessoal do homem para consigo mesmo. Achará ele, na lei natural, a regra desse proceder e um guia seguro?
“Quando comeis em excesso, verificais que isso vos faz mal. Pois bem, é Deus quem vos dá a medida daquilo de que necessitais. Quando excedeis dessa medida, sois punidos. Em tudo é assim. A lei natural traça para o homem o limite das suas necessidades. Se ele ultrapassa esse limite, é punido pelo sofrimento. Se atendesse sempre à voz que lhe diz - chega, evitaria a maior parte dos males, cuja culpa lança à Natureza.”
Allan Kardec
O Livro dos Espíritos comentado pelo Espírito Miramez
A regra divina da vida está sempre pronta para nos defender de todos os males, no entanto, nós outros é que fechamos os olhos e interrompemos nossa audição, para não ver, nem escutar. É nesse impasse que entra a dor, pois somente ela pode nos impedir de continuarmos nos caminhos de espinhos, cheio de ilusões passageiras.
Nós já fomos programados por Deus, pela ciência divina que escapa ao raciocínio, para saber o que queremos e entender as nossas limitações. Quem não sabe o limite da bebida mesmo que a água seja para todos um precioso líquido? Quem não sabe o limite da comida, mesmo que ela seja para as criaturas um motivo de vida física? Quem não reconhece o limite do bem vestir, os limites do sono, do lazer, e mesmo do trabalho? Todos são dotados de sensibilidades para manter o próprio bem e equilíbrio da natureza divina e humana. São regras escritas por Deus na natureza, e que todos percebem, porque no ser humano elas se encontram escritas na consciência.
Com o interesse em acertar, as leis de Deus que brilham por dentro de nós se afloram, ficando mais visíveis, atendendo aos esforços no aprendizado. Isso é lindo, e nos parece que a natureza é inteligente: como nos ama e atina pelos nossos apelos em todas as direções!
Quando comes com excesso, o aparelho digestivo avisa por muitos meios, e qual é o teu dever? Diminuir a carga de alimentos, pois, se não o fizeres, sofrerás pela invigilância. Assim é tudo na vida. Deste modo, Deus está em toda parte, vigilante, para conservar a harmonia em toda a Sua criação. A nossa parte, mesmo sendo pequena, é de nosso dever cuidar dela, para que possamos conquistar a paz, que é caminho para a felicidade.
Os ensinamentos dos Espíritos são claros, de modo que a própria razão responderá à realidade. As leis naturais traçam para os homens seus limites, de modo que eles possam viver em paz consigo mesmos. Quando eles persistem nos caminhos de desarmonias, certamente que eles são punidos pelo seu desleixo, e com a dor, aumentam suas experiências. Ao voltar, em outras vidas que se sucedem, a sua mente não precisará mais nem usar a razão para encontrar o certo; a intuição agirá, de modo a preservar o seu próprio equilíbrio. O "modus vivendi" está assegurado pelas experiências, fruto de muitos infortúnios e de muitas vestimentas carnais.
A natureza está cheia de regras áureas, de sorte a nos educar. Quem já se encontra em caminho com elas sente a felicidade no andar e no viver junto a essas regras, por amar a disciplina e sentir o amor por tudo que existe na vida, criado por Deus. Compete a nós estudarmos todos os dias as lições da natureza e, se não aprendemos ainda, busquemos nos livros dos homens, aqueles que já sabem copiar as lições onde Deus escreveu, ou buscar na própria consciência.
Tudo depende um pouco de maturidade espiritual, e antes que chegue essa hora, usa a tua inteligência, analisa as coisas e não percas tempo a ver somente os defeitos alheios, que são sempre frutos dos primeiros impulsos, quando estamos caminhando para a libertação. Acordemos, pois o julgamento não nos leva a nada.
Sempre que pudermos, observemos a nós mesmos, onde existe muito trabalho a ser feito.
Por que vês tu o argueiro no olho do teu irmão porém não reparas na trave que está no teu próprio? (Lucas, 6:41)
Podes ser um hábil observador, no entanto, quando saíres dos limites da tua pesquisa, passando a observar e propagar os defeitos alheios, sofrerás corrigendas à altura dos teus desequilíbrios. Deves observar com todo empenho as leis naturais que agem dentro e fora de ti, a te convidarem para o bem.
Miramez
João Nunes Maia - Filosofia Espírita Vol. 13
Cap. 21 - A Regra Áurea
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