quarta-feira, 31 de agosto de 2022

Emmanuel - Livro O Consolador - Chico Xavier - 2ª Parte - I Vida - Aprendizado - Questão 119



Emmanuel - Livro O Consolador - Chico Xavier - 2ª Parte - I Vida - Aprendizado


Questão 119


119. — Como devemos proceder para dilatar nossa capacidade espiritual?

— Ainda não encontramos uma fórmula mais elevada e mais bela que a do esforço próprio, dentro da humildade e do amor, no ambiente de trabalho e de lições da Terra, onde Jesus houve por bem instalar a nossa oficina de perfectibilidade para a futura elevação dos nossos destinos de Espíritos imortais.


Emmanuel





ÁUDIO: 


Áudio Livro Espírita O Consolador - Chico Xavier (Part 1 & 2)
Ana Paola







Obra repleta de ensinamentos espíritas, O Consolador reúne rico material para referência e meditação, um curso completo oferecido pelo Espírito Emmanuel, com sábios esclarecimentos acerca de assuntos que nos levam a compreender o Espiritismo como o Consolador Prometido por Jesus.




Meimei - Livro Sentinelas da Alma - Chico Xavier - Cap. 1 - Todos os dias



Meimei - Livro Sentinelas da Alma - Chico Xavier - Cap. 1


Todos os dias


Pedes orientação para as tarefas que te cabem.

Comecemos pela primeira de todas: a construção da bondade e da simpatia para com os outros.

Não somente para com aqueles que te aguardam a fatia de pão ou que se te abeiram do caminho como que vestidos de chagas.

Compadece-te também de quantos te pareçam auto-suficientes.

Aquele homem de duro semblante na administração que não te pode atender as requisições de favor, muitas vezes, chora, às ocultas, ao refletir no filho doente.

O atleta que aplaudes, em muitas ocasiões, se exibe com sacrifício por dedicar-se, em pensamento, ao pai enfermo que lhe reclama a visita no sanatório.

O industrial que supuseste frio e desatento, ao receber-te, é um companheiro preocupado consigo mesmo, já que se vê amargurado por severo regime, de maneira a não cair no coma diabético.

A dama que te tratou com reserva, no encontro social, fornecendo a ideia de desagrado e distância, não agiu dessa forma, esnobando orgulho e vaidade, e sim por achar-se traumatizada com a morte de um filho em desastre recente.

A jovem que se te figurou demasiado fútil e leviana, na casa de festas em que buscaste entretenimento, não é tão livre como julgaste, pois vive escravizada aos sofrimentos de pobre mãe paralítica que lhe espera a presença e o dinheiro, no anseio de melhorar-se.

O companheiro que não te cumprimentou na rua tem agora a miopia mais avançada e aquele outro que costuma responder-te às palavras fraternas, com indiferença e pigarro, traz consigo a provação da surdez que ele esconde compreensivelmente, receando lhe falte o trabalho convencional.

Onde estiveres, habitua-te a compreender e a desculpar.

É verdade que sofres no caminho que a vida te deu a percorrer, entretanto, muitos daqueles que te cercam suportam tribulações muito mais graves que as tuas.

Os grupos sociais na Terra já promulgaram admiráveis dias do calendário para lembranças e homenagens especiais.

Temos os dias das mães, das crianças, dos professores, das telefonistas, dos operários… Creio, porém, que se pudéssemos indagar de Jesus, sobre o assunto, o Senhor nos aprovaria todas as escolhas, mas, decerto, nos solicitaria o cuidado de resguardar todos os dias da vida, sejam eles quais sejam, no culto do amor e da compaixão.


Meimei










Fonte: Bíblia do Caminho † Testamento Xavieriano

Emmanuel - Livro Deus Conosco - Chico Xavier - Lição 403 - Nas obras da assistência social



Emmanuel - Livro Deus Conosco - Chico Xavier - Lição 403


Nas obras da assistência social


Não esperes ocasião favorável para a resposta aos apelos do bem. Todo dia é tempo de semear.

Quantos se prendem à teia escura da desconfiança e do medo, perdendo as mais belas oportunidades de elevação!

Se já pudeste aprender que a humanidade é nossa família, levanta no centro da própria alma o primeiro santuário de teu ideal, erguido à extensão do reino do amor.

Oferece em teu mundo íntimo um companheiro aos deserdados, um amigo aos oprimidos, um pai aos órfãos, um irmão aos sofredores.

Não exijas do destino uma fortuna amoedada para que te convertas em trabalhador da grande renovação.

O ouro, sem caridade que o dirija, é moldura da avareza e do sofrimento. 

A boa vontade ignora o livro de cheques. 

A sinceridade não é artigo de oferta e procura. 

A paz não se acumula nos bancos.

Não olvides que o trabalho é o único processo de aumentar a riqueza e nem te esqueças de que o serviço é o único recurso de capitalizar a simpatia e a cooperação.

Se abraçaste o Evangelho, recorda que o nome de Jesus está empenhado em nossas mãos. E com o Mestre da Cruz toda a visão do caminho se modifica. 

Onde a ignorância espalhou males incontáveis, observarás o teu campo de ação e onde a miséria plantou espinheiros e lágrimas, encontrarás o teu ensejo sublime de ajudar, valorosamente.

Com Cristo, a expectação não encontra lugar. Junto dele, toda dúvida é perda de tempo. 

À frente do Senhor, toda queixa é descabida.

No Evangelho, não existem “terras de ninguém”. Nele só uma recomendação prevalece: amar sempre, aprender sem repouso e servir sem distinção.

Quando uma centésima parte do Cristianismo de “nossos lábios” conseguir expressar-se em nossos atos de cada dia, a Terra será plenamente libertada de todo mal. 

Em razão disso, traze tu mesmo à edificação da bondade e da luz! 

Não somente a tua palavra e a tua bolsa, mas, acima de tudo, a tua fé e o teu coração. 

Lembra-te de que a redenção do mundo principiou não na queda do orgulho político e racial do Império Romano, mas no amor, na humildade, no serviço e na coragem de Jesus, o nosso divino Mestre e Senhor. 

Traze tua alma às tarefas do bem e estará fazendo o melhor. Não te encarceres nas impressões do ontem e nem te amedrontes à frente do amanhã. Hoje é o nosso dia de começar.


Emmanuel













Emmanuel - Livro O Consolador - Chico Xavier - 3ª Parte - II Evangelho - Ensinamentos - Questão 302



Emmanuel - Livro O Consolador - Chico Xavier - 3ª Parte - II Evangelho


Ensinamentos 


Respondeu-lhes Jesus: "Não está escrito na vossa lei: Eu disse: Sois deuses?" (João 10:34)


302. — Como compreender a afirmativa de Jesus aos judeus: — “Sois deuses”? 

— Em todo homem repousa a partícula da divindade do Criador, com a qual pode a criatura terrestre participar dos poderes sagrados da Criação.

O Espírito encarnado ainda não ponderou devidamente o conjunto de possibilidades divinas guardadas em suas mãos, dons sagrados tantas vezes convertidos em elementos de ruína e destruição.

Entretanto, os poucos que sabem crescer na sua divindade, pela exemplificação e pelo ensinamento, são cognominados na Terra santos e heróis, por afirmarem a sua condição espiritual, sendo justo que todas as criaturas procurem alcançar esses valores, desenvolvendo para o bem e para a luz a sua natureza divina.


Emmanuel 






ÁUDIO: 


Áudio Livro Espírita O Consolador - Chico Xavier (Part 1 & 2)
Ana Paola







Obra repleta de ensinamentos espíritas, O Consolador reúne rico material para referência e meditação, um curso completo oferecido pelo Espírito Emmanuel, com sábios esclarecimentos acerca de assuntos que nos levam a compreender o Espiritismo como o Consolador Prometido por Jesus.


Allan Kardec - O Evangelho Segundo o Espiritismo - Cap. VIII - Bem-aventurados os que têm coração puro - Pecado por pensamentos - Adultério



Allan Kardec - O Evangelho Segundo o Espiritismo - Cap. VIII - Bem-aventurados os que têm coração puro - Pecado por pensamentos


Adultério


Aprendestes que foi dito aos antigos: “Não cometereis adultério. Eu, porém, vos digo que aquele que houver olhado uma mulher, com mau desejo para com ela, já em seu coração cometeu adultério com ela.” (S. MATEUS, 5:27 e 28.)

A palavra adultério não deve absolutamente ser entendida aqui no sentido exclusivo da acepção que lhe é própria, porém, num sentido mais geral. Muitas vezes Jesus a empregou por extensão, para designar o mal, o pecado, todo e qualquer pensamento mau, como, por exemplo, nesta passagem: “Porquanto se alguém se envergonhar de mim e das minhas palavras, dentre esta raça adúltera e pecadora, o Filho do homem também se envergonhará dele, quando vier acompanhado dos santos anjos, na glória de seu Pai.” (S. MARCOS, 8:38.)

A verdadeira pureza não está somente nos atos; está também no pensamento, porquanto aquele que tem puro o coração, nem sequer pensa no mal. Foi o que Jesus quis dizer: ele condena o pecado, mesmo em pensamento, porque é sinal de impureza.

Esse princípio suscita naturalmente a seguinte questão: Sofrem-se as conseqüências de um pensamento mau, embora nenhum efeito produza?

Cumpre se faça aqui uma importante distinção. À medida que avança na vida espiritual, a alma que enveredou pelo mau caminho se esclarece e despoja pouco a pouco de suas imperfeições, conforme a maior ou menor boa vontade que demonstre, em virtude do seu livre-arbítrio. Todo pensamento mau resulta, pois, da imperfeição da alma; mas, de acordo com o desejo que alimenta de depurar-se, mesmo esse mau pensamento se lhe torna uma ocasião de adiantar-se, porque ela o repele com energia. É indício de esforço por apagar uma mancha. Não cederá, se se apresentar oportunidade de satisfazer a um mau desejo. Depois que haja resistido, sentir-se-á mais forte e contente com a sua vitória.

Aquela que, ao contrário, não tomou boas resoluções, procura ocasião de praticar o mau ato e, se não o leva a efeito, não é por virtude da sua vontade, mas por falta de ensejo. É, pois, tão culpada quanto o seria se o cometesse.

Em resumo, naquele que nem sequer concebe a ideia do mal, já há progresso realizado; naquele a quem essa ideia acode, mas que a repele, há progresso em vias de realizar-se; naquele, finalmente, que pensa no mal e nesse pensamento se compraz, o mal ainda existe na plenitude da sua força. Num, o trabalho está feito; no outro, está por fazer-se. Deus, que é justo, leva em conta todas essas gradações na responsabilidade dos atos e dos pensamentos do homem.


Allan Kardec












Fonte: Kardecpedia

terça-feira, 30 de agosto de 2022

Lancellin - Livro Cirurgia Moral - João Nunes Maia - Cap. 20 - Não violentes



Lancellin - Livro Cirurgia Moral - João Nunes Maia - Cap. 20


Não violentes


Não deves violentar o que for tocado por ti, em nenhuma circunstância.

Procura estudar todos os casos com que te defrontas em teus caminhos, pois todos eles têm soluções nas pautas das tuas atividades.

Na forja dos teus pensamentos, não devem existir agressões. A mente é, pois, um terreno sensível onde os cuidados não podem faltar. Sê parcimonioso nos tratos com as tuas próprias ideias.

O campo de força mental é divisível em equações inumeráveis que a própria ciência desconhece na atualidade.
Tal sabedoria não passa desapercebida pelos grandes místicos. Eles são familiarizados com a gênese dos pensamentos e as formações das ideias.

O que se torna difícil para um iniciante nos corredores da mente, eles alcançam com facilidade, arrancando, pela raiz, os sentimentos indesejados que, por vezes, queiram brotar na profundidade do ser.

O sábio, na originalidade do santo, trabalha sem participação agressiva dos sentimentos inferiores e busca condições em si mesmo para a paz de muitos. A violência é produto da ignorância. Todo espírito incapacitado para tais ou quais trabalhos internos alia-se à violência, agredindo quem quer que seja, mostrando que tem, sem perceber, o pior.

O espírito superior não se ofende com ataques exteriores. Ele comunga sempre com a paz de consciência, sem impor condições a ninguém. Ajuda em silêncio a todas as criaturas na libertação de cada uma.

A alma que ama sem exigências não maltrata a quem quer que seja. Conhece a evolução de cada coisa e de cada um, respeitando seus direitos e dando-lhes forças para cumprirem seus deveres. O escandaloso é aluno das trevas e veste a roupagem das sombras, de fácil identificação. O ser de bem é educado e faz questão da autodisciplina em todos os seus atos.

Procura a vida reta, sem agredir os que ainda não salientaram virtudes, sem a algazarra da vaidade e sem a prepotência do orgulho. Quem deseja mostrar aos outros o que é, aquilo que está conquistando de bom, ainda não se cientificou das leis de comportamento, porque quem prega a própria conquista, na realidade duvida dela. A quem já alcançou a graça do perdão, basta viver perdoando, sem pensar em anunciar isso, porque a natureza se encarrega do reconhecimento e Deus sabe ler em silêncio o que cada um está fazendo na vida. A mentira que forjamos sobre nossas falsas virtudes nos deixa um saldo de inquietação, frustrando nosso comportamento. Jesus já dizia: ... que a vossa mão esquerda não saiba o que faz a vossa mão direita...

Nas linhas da iniciação cristã, somente quem não compreende ,são os cegos e surdos de entendimento. Não violentes teu companheiro impondo a ele tuas ideias. O exemplo é escola suave que modela a fraternidade de acordo com a criatura e o silêncio agrada a todos, quando é aproveitado com amor. A agressividade nasce dos distúrbios dos sentimentos e da desarmonia do coração.

Sê benevolente e manso, cordial e prestativo, que vestirás a roupagem da paz, distribuída pelas leis de Deus, que palpitam no coração do Universo.


Lancellin















Lancellin - Livro Cirurgia Moral - João Nunes Maia - Cap. 43 - Contaminação



Lancellin - Livro Cirurgia Moral - João Nunes Maia - Cap. 43


Contaminação


Somos contagiados constantemente por maus pensamentos e idéias inferiores.

Uns nascem no sistema pensante da nossa própria indústria mental, outras são lixos vibratórios que intercruzam os espaços e afetam as faixas que correspondem à sua identificação moral.

A nossa proteção já nos foi entregue: é a evolução do instinto que se transmutou em razão. Ela é capaz de selecionar o alimento espiritual de que carecemos. A própria Terra em que estamos trabalhando, é, por misericórdia de Deus, um mundo de provações.

O que pesa mais no seu campo gravitacional e espiritual são as idéias inferiores, nascidas nas mentes dos encarnados e desencarnados. Fazemos mais o mal do que o próprio bem que desejamos fazer, isso pelo ambiente criado por nós mesmos há milênios e enraizados em todas as atividades.

A viciação dos valores está por toda a parte onde haja civilização. O homem, até hoje, esqueceu-se da sublimidade do espírito, dos celeiros espirituais que existem dentro de cada criatura, e procura, por um sistema que inventou e no qual colocou o nome de arte, ciência, e similares, buscar o conforto e, por vezes, a felicidade, fora de seu mundo íntimo. Isso pode e deve ter algum valor. No entanto, é uma simulação dos verdadeiros ideais da alma. Toda busca externa é teoria, é ilusão que pode estar a caminho da verdade Entretanto, para quem já despertou para o espírito, quem já começou a viver em espírito e em verdade, há outros caminhos mais nobres, que são os da senda interna e os do céu de cada um, que estão mais próximos do coração.

É muito justo que o companheiro terreno, vestido de carne, procure os melhores alimentos para sua nutrição física. Entrementes, é de maior valor que tal companheiro não se esqueça da alimentação espiritual, selecionando pensamentos e endireitando idéias, falando com nobreza e exemplificando o Amor em todos os passos, porque o físico passa, mas o espiritual permanece eternamente. O que fica na Terra são as coisas da Terra; os valores do espírito o acompanham aonde quer que seja.

Não nos deixemos corromper no meio da corrupção. Conhecemos as nossas idéias e sabemos das nossas forças. Quem deixa os inimigos invadir a área de sua responsabilidade responderá pela invigilância. Todos compreendem como lutar e conhecem os meios de se defenderem dos males que possam lhes causar perturbações nos próprios caminhos.

A perversão anula o seguimento da harmonia. O estudante incauto padece nos roteiros delineados pelo destino, até que aprenda a cuidar de si próprio. Deus criou leis e, sem elas, estaríamos muito piores, pois elas nos garantem a plena justiça, e nos computam lições de amor.

Tudo o que precisamos para viver na Terra, ela nos dá em abundância.

Falta é quem busque nos celeiros exuberantes da natureza o que julgamos necessário. A poluição do álcool e do fumo mata mais do que a guerra. E a viciação mental das coisas inferiores mata mais que o fumo e o álcool.

Precisamos de uma permanente cirurgia moral, para que o equilíbrio nos conforte e o amor nos livre de todos os males.


Lancellin












Emmanuel - Livro Fonte Viva - Chico Xavier - Cap. 122 - Entendamo-nos



Emmanuel - Livro Fonte Viva - Chico Xavier - Cap. 122


Entendamo-nos


“Mas, sobretudo, tende ardente caridade uns para com os outros.” — Pedro. (1 PEDRO, 4.8)


Não existem tarefas maiores ou menores. Todas são importantes em significação.

Um homem será respeitado pelas leis que implanta, outro será admirado pelos feitos que realiza. Mas o legislador e o herói não alcançariam a evidência em que se destacam, sem o trabalho humilde do lavrador que semeia o campo e sem o esforço apagado do varredor que contribui para a higiene da via pública.

Não te isoles, pois, no orgulho com que te presumes superior aos demais.

A comunidade é um conjunto de serviço, gerando a riqueza da experiência. E não podemos esquecer que a harmonia dessa máquina viva depende de nós.

Quando pudermos distribuir o estímulo do nosso entendimento e de nossa colaboração com todos, respeitando a importância do nosso trabalho e a excelência do serviço dos outros, renovar-se-á a face da Terra, no rumo da felicidade perfeita.

Para isso, porém, é necessário nos devotemos à assistência recíproca, com ardente amor fraterno…

Amemos a nossa posição na ordem social, por mais singela ou rudimentar, emprestando ao bem, ao progresso e à educação as nossas melhores forças.

Seremos compreendidos na medida de nossa compreensão.

Vejamos nosso próximo, no esforço que despende, e o próximo identificar-nos-á nas tarefas a que nos dedicamos.

Estendamos nossos braços aos seres que nos cercam e eles nos responderão com o melhor que possuem.

O capital mais precioso da vida é o da boa vontade. Ponhamo-lo em movimento e a nossa existência estará enriquecida de bênçãos e alegrias, hoje e sempre, onde estivermos.


Emmanuel












Chico Xavier - Livro As Bênçãos de Chico Xavier - Carlos A. Baccelli - Item 4, Pág. 10



Chico Xavier - Livro As Bênçãos de Chico Xavier - Carlos A. Baccelli - Item 4, Pág. 10


Certa vez, dialogávamos em torno de companheiros de ideal que perdem a simplicidade e, fascinados por si mesmos, não mais escutam ninguém, nem os espíritos em suas orientações. Ajeitando os óculos com seu modo característico, Chico observou:

- Quem perde a simplicidade perde o endereço da paz. Por isto, a vida inteira tenho repetido para mim mesmo que não passo de um "cisco"... 

A ilusão de si mesmo é um dos maiores problemas para o espírito no Além... 

Tenho visto muitos que, de tanto cultivarem o personalismo, acabam perdendo a própria identidade. É muito triste!... 


Chico Xavier



















Emmanuel - Livro Nós - Chico Xavier - Cap. 4 - Os dons de Cristo



Emmanuel - Livro Nós - Chico Xavier - Cap. 4


Os dons de Cristo


“Mas a graça foi dada a cada um de nós, segundo a medida do dom do Cristo.” — PAULO (Efésios, 4.7)


A alma humana, nestes vinte séculos de Cristianismo, é uma consciência esclarecida pela razão, em plena batalha pela conquista dos valores iluminativos.

O campo de luta permanece situado em nossa vida íntima. Animalidade versus espiritualidade.

Milênios de sombras cristalizadas contra a luz nascente.

E o homem, pouco a pouco, entre as alternativas de vida e morte, renascimento no corpo e retorno à atividade espiritual, vai plasmando em si mesmo as qualidades [sublimes,] indispensáveis à ascensão, que, no fundo, constituem as virtudes do Cristo, progressivas em cada um de nós.

Daí a razão da luz divina ocupar a existência humana ou crescer dentro dela, à medida que os dons de Jesus, incipientes, reduzidos, regulares ou enormes nela se possam expressar.

Onde estiveres, seja o que fores, procura aclimatar as qualidades cristãs em ti mesmo, com a vigilante atenção  igual àquela dispensada à cultura das plantas preciosas, ao pé do lar.

Quanto à existência temporária no mundo, todos somos suscetíveis de produzir para o bem ou para o mal.

Ofereçamos ao Divino Cultivador o vaso do coração, recordando que se o “solo consciente” do nosso espírito aceitar as sementes do Celeste Pomicultor, cada migalha de nossa boa vontade será convertida em canal adequado para a exteriorização do bem, com a multiplicação permanente das bênçãos do Senhor, ao redor de nós.

Observa a tua “boa parte” e lembra que podes dilatá-la ao Infinito.

Não intentes destruir milênios de ignorância de um momento para outro.

Vale-te do esforço de autoaperfeiçoamento cada dia.

Persiste em aprender com o Mestre do Amor e da Renúncia.

Não nos esqueçamos de que a Luz Divina ocupará o nosso espaço individual, na medida de nosso crescimento real nos dons de Cristo.


Emmanuel










Emmanuel - Livro Cura - Espíritos Diversos / Chico Xavier - Cap. 20 - Sombra e luz



Emmanuel - Livro Cura - Espíritos Diversos / Chico Xavier - Cap. 20


Sombra e luz
 

Nenhum Espírito da comunidade terrestre possui tanta luz que não admita em si certa nesga de sombra, nem existe criatura com tanta sombra que não guarde consigo certa faixa de luz.

Aprende a fixar o próximo com a claridade que há em ti.

Não creias, porém, que semelhante trabalho se filie ao menor esforço, porque, pelo peso das trevas que ainda imperam no mundo, a sombra que ainda nos envolve, na Terra, a cada instante, insinuar-se-nos-á no próprio entendimento, perturbando-nos as interpretações.

Se te demoras na obscuridade, não enxergarás senão os defeitos e as cicatrizes, as feridas e as nódoas que caracterizam a fisionomia do irmão infortunado, constrangendo-te ao medo e à usura, à incompreensão e à aspereza. E sabemos que quantos se detêm no cipoal ou no charco não encontram outros elementos, além da lama ou do espinho, para oferecer.

Alça a lâmpada acesa do conhecimento superior e avança para a frente, e, então, a ignorância e a delinquência surgir-nos-ão aos olhos por enfermidades da alma, que é preciso extirpar, a benefício da felicidade comum.

“Não saiba a vossa mão esquerda o que deu a direita” — ensina-nos o Evangelho — e ousamos acrescentar: “não saiba a nossa sombra o que fez a nossa luz”; porque, dessa forma, avançando, acima das tentações da vaidade e do desânimo, a chispa humilde de nossa fé no Bem Infinito poderá transformar-se em chama viva e redentora para o caminho de todos os que nos cercam.


Emmanuel












Fonte: 

segunda-feira, 29 de agosto de 2022

Manoel Philomeno de Miranda - Livro Transição Planetária - Divaldo P. Franco - Cap. 9 - Desafios existenciais



Manoel Philomeno de Miranda - Livro Transição Planetária - Divaldo P. Franco - Cap. 9


Desafios existenciais


Embora de nossa comunidade pudéssemos desfrutar da luminosidade do Sol, sobre a área imensa desolada pairava uma nuvem sombria, pesada, resultante da angústia coletiva, do desespero que assolava os sobreviventes, da revolta que a muitos tomava, enfim, dos transtornos psíquicos causados por aqueles que tiveram a desencarnação violenta.

Podíamos ver as tempestades vibratórias que produziam raios e relâmpagos ameaçadores sobre a imensa cortina quase negra que vestia a paisagem espiritual.

A condensação das energias mórbidas, à semelhança do que acontece na atmosfera terrestre com o choque das temperaturas fazendo desencadear as tormentas, os tornados, sucedia de maneira semelhante na imensa faixa avassalada.

Certamente essa psicosfera perturbava os sobreviventes aflitos que mais adensavam os cúmulos escuros e ameaçadores.

Tornava-se um círculo vicioso: as mentes emitindo ondas sombrias e ab­sorvendo os efeitos danosos que pairavam no ar...

A emoção de ternura e compaixão tomou-me e deixei-me arrastar pelas blandícias da oração em favor daquela sociedade atormentada.

Chegou o momento de retornarmos aos labores. Todos nos encontrávamos assinalados pelo bom humor, pela alegria que se deriva do serviço fraternal de amor ao próximo, e nossa condução fez-se da mesma maneira como chegáramos sob o comando do nosso Benfeitor.

Atingida a região do nosso destino, de imediato passamos ao programa de assistência espiritual aos irmãos do carreiro da agonia.

Logo chamou-me a atenção um Espírito feminino que se encontrava sob terrível dominação de outro, masculino, que se apresentava com aspecto terrível e a explorava psiquicamente de maneira cruel.

Totalmente desvairada e presa aos vestígios carnais, a atormentada debatia-se entre as sensações da decomposição cadavérica avançada e a injunção penosa a que era submetida. Podíamos ver o algoz que a explorava emocionalmente, levando-a a acessos contínuos de gritos, blasfêmias e loucura.

Enquanto a contemplava presa ao corpo que tentava reerguer, talvez pensando em fugir à situação penosa, acercou-se-nos uma anciã desencarnada que, lacrimosa e aflita, pediu-nos ajuda, informando-nos ser-lhe a genitora.

Imediatamente, fez um sintético retrato biográfico da infeliz.

- Minha filhinha - começou entre lágrimas de resignação e débil voz - era vendedora de ilusões. Tornou-se profissional aos catorze anos de idade, quando foi consorciada, de acordo com os nossos costumes, com um homem de aparência respeitável e de caráter vil, muito mais idoso do que ela. Os esponsais foram ricos de alegria, porém, passados dois meses, ele a encaminhou a um prostíbulo de luxo de sua propriedade, onde moçoilas inexperientes e sonhadoras vendiam o corpo em volúpias de paixões.

Fez uma pausa, enxugando o pranto, e logo deu continuidade à narração:

- Minha menina foi estimulada à exploração carnal... Recebeu cuidados adequados ao comércio de que iria participar, submeteu-se a uma cirurgia, a fim de evitar a gravidez, e foi treinada em um tipo de dança muito especial­mente sedutora.

"Com o passar dos dias e meses tornou-se tão célebre, quanto cínica e debochada, atraindo, à casa festiva, os aficionados da sensualidade atormentada. Com o desgaste natural, resultante dos abusos e pela necessidade de vender-se mais e sempre mais, derrapou para os infelizes comportamentos sexuais aberrantes e, para tanto, passou a consumir drogas terríveis...

Visitada por mais de uma vez pela minha ternura, já que o seu pai morrera pouco depois do desvario a que ela se entregava, desgostoso, em razão do choque com a religião que professávamos, pois que somos muçulmanos austeros, adverti-a sem cessar, não conseguindo a mínima consideração nem respeito. Por fim, parecendo cansada dos meus conselhos, num momento de desequilíbrio total expulsou-me do seu bordel de luxúria, sempre dirigida pelo maldito explorador - o próprio marido!

Minha filha havia enlouquecido por uma doença que eu não conseguia compreender. De um para outro momento, transformava-se, ficando tigrina e agressiva, perigosa e má, comprazendo-se em atemorizar os servos e mesmo alguns dos clientes, que lamentavam as suas frequentes mudanças de personalidade, o que os desconsertava no vil conúbio a que se entregavam.

Sem que ninguém soubesse o que ocorria, começou a emagrecer, a de­finhar, como se fosse sugada nas suas energias por uma força estranha e maléfica sempre cruel.

"As dores morais foram-me superiores às frágeis resistências, e não su­portando as angústias contínuas, em razão do imenso amor dedicado à minha menina, faleci vitimada por um ataque cardíaco..."

Silenciou, entristecida, olhando o Espírito querido, ainda vitimado pelo seu algoz...

- Por favor, socorram-na - rogou, súplice, de mãos postas e quase ajoelhando-se, no que foi impedida de imediato. Um ser demoníaco toma-a e desgraça-a desde aqueles longes-pertos dias de aberrações.

Não havia dúvidas que a jovem dançarina atraíra terrível amante de outra existência que se lhe vinculara psiquicamente enquanto no corpo físico, enciumado da conduta que se permitia, passando a explorá-la nos conúbios sexuais de ocasião e de perversão, usurpando-lhe as energias emocionais e, não poucas vezes, tomando-a em surtos obsessivos terríveis...

Examinando o psiquismo do perseguidor, pudemos perceber-lhe os clichês mentais das mais chocantes aberrações, a revolta pela morte que a dominara durante o tsunami, assim ameaçando-lhe a exploração de energias. Tão profundos eram os vínculos entre um e outro, perispírito a perispírito, que ele se lhe imanava qual um molusco à concha que conduz, perversamente ameaçando-a.

Aproximei-me da infeliz e apliquei-lhe energias balsâmicas e calmantes, levando­-a a um ligeiro torpor. Enquanto isso, a mãezinha orava as sutras do Corão, dominada por emoção compreensível e acompanhando a nossa terapia.

Quando conseguimos que o Espírito adormecesse, demos início ao seu deslindamento das vísceras orgânicas, o que conseguimos com o auxílio e a bondade de Abdul que veio em nosso socorro. As duas entidades muito ligadas, lembravam-nos um caso de xifopagia espiritual. O malfeitor bradava em alucinação com medo de perder a presa que explorara por alguns anos, enquanto Abdul falou-lhe com ternura e energia sobre o crime que perpetrava, informando-lhe que a exploração infeliz chegara ao fim naquela oportunidade, quando a morte os separaria e ele teria que enfrentar as conseqüências nefastas da sua crueldade.

A conduta mais própria era adormecê-lo também, a fim de ser providenciado recurso de libertação, quando ela pudesse contribuir com o pensamento e os sentimentos renovados, porquanto a atração mantida era resultado do seu comportamento que facilitara a perfeita identificação entre o plugue nos chakras coronário e sexual e as tomadas do seu agressor...

As Divinas Leis jamais recorrem aos recursos de cobranças comuns às criaturas humanas que se comprazem em fazer justiça mediante as concepções infelizes a que se atem.

Ninguém pode permitir-se o luxo desditoso de recuperar débitos morais e espirituais, colocando-se em posição de vítima, que nunca existe, porquanto, se tal houvesse, deparar-nos-íamos com lamentáveis falhas dos códigos da justiça divina.

Mecanismos próprios de reparação fazem parte das legislações superiores da vida, que jamais falham. Nada obstante, o orgulho e a intemperança daqueles que se consideram prejudicados, logo tomam posições de justiceiros e encarceram-se nas redes fortes dos crimes desconhecidos pela sociedade, porém jamais ignorados pela realidade que sempre terão que enfrentar...

Quando a mãezinha percebeu que a filhinha dormia relativamente em paz, embora alguns estertores naturais, como resultado inevitável das construções mentais arquivadas no inconsciente e as emanações morbíficas do adversário que se mantinha vinculado, sorriu feliz e tentou abraçá-la.

Tratava-se, para mim, de um caso muito especial, porquanto era a primeira vez que observava o fenômeno da obsessão que se iniciara durante a vilegiatura carnal, prosseguindo além da morte, sem nenhuma alteração por parte do perseguidor inclemente. Nessas ocorrências lamentáveis, o algoz também sofria as contingências experimentadas pela sua vítima, em torno do processo de desencarnação. Explorada pelo vingador, ela o intoxicava, embora inconscientemente, com as emanações de desespero e de perda do tônus vital (animal), da conjuntura física, que era absorvido pelo inimigo.

Abdul providenciou uma padiola, e amigos cooperadores para o transporte de ambos os Espíritos ao lugar próprio que lhes estava destinado, considerando-se a especificidade da ocorrência.

Emocionada pela felicidade que fruía, a genitora expressou-nos os seus sentimentos de gratidão, inopinadamente osculando nossas mãos, o que muito nos constrangeu, considerando-se que o mais beneficiado éramos nós próprio.

A obsessão sempre apresenta angulações que nos surpreendem, em razão das organizações mentais e espirituais de cada criatura, variando, portanto, de indivíduo para indivíduo.

A observação desse fenômeno perturbador sempre nos convida a acuradas reflexões em torno da conduta interior do ser humano, que sempre procede do campo mental, a irradiar-se em todas as direções, produzindo sintonias compatíveis com a sua equivalência com outros campos e áreas vibratórios que propiciam as vinculações por afinidade.

Quando as criaturas compreenderem que são as responsáveis por tudo quanto lhes diz respeito, certamente serão alterados os comportamentos individuais e coletivos, elegendo-se aquilo que conduz à harmonia e à felicidade, mesmo que a esforço, ao invés do prazer desgastante de um momento com as suas conseqüências perturbadoras de longo prazo. Na sua ilusão orgânica, porém, preferem a intoxicação do gozo doentio até a exaustão, sem qualquer responsabilidade, agasalhando as idéias absurdas de encontrar-se soluções miraculosas quando se lhes manifestam as conseqüências afugentes, que são inevitáveis.

Não é de estranhar-se a grande mole que recorre ao Espiritismo, à mediunidade, procurando solução milagrosa para os problemas que engendraram e pretendem ver resolvidos, assim mesmo sem a sua contribuição sacrificial.

A existência no corpo físico é uma oportunidade de aprendizagem que a vida concede ao ser espiritual no seu processo de crescimento interior, facultando-lhe os recursos apropriados para que a divina chama que existe em todos alcance a plenitude. De acordo com a maneira como cada um se comporte no mister, estará semeando as ocorrências do futuro, que terá de enfrentar, a fim de recompor-se e corrigir o que foi danificado.

Cada reencarnação é sublime concessão divina para a construção ditosa da imortalidade pessoal.

Escola abençoada, a Terra é o reduto formoso no qual todos nos aperfeiçoamos, retirando a ganga pesada do primarismo, que impede o brilho do diamante estelar do Espírito que somos. Os golpes do processo evolutivo encarregam-se de liberar-­nos, permitindo que as facetas lapidadas pela dor e buriladas pelo amor reflitam as belezas siderais.

Onde nos encontrávamos, podíamos notar as diferenças de conduta entre os aflitos, assinalando maior soma de desespero ou de equilíbrio, que nos proporcionava auxiliá-los com maior ou menor eficiência. Nem todos, porém, aos quais buscávamos socorrer, conseguiam ser liberados, tão fortes se lhes faziam os laços da sensualidade da vida orgânica distante de qualquer espécie de crença na sobrevivência do Espírito.

Não foi possível divagar mentalmente por mais tempo, porque o nobre dirigente chamou-nos ao serviço, considerando que novas desencarnações continuavam ocorrendo e os assaltos por Entidades animalizadas se faziam de contínuo.

A visão das ocorrências post mortem surpreendem mesmo aqueles que, à nossa semelhança, se encontram na Erraticidade há expressivo número de anos.

A vida física disfarça pela aparência o Espírito que habilmente se mascara, procurando demonstrar o que gostaria de ser, mas tudo fazem para não se transformar interiormente para melhor. No entanto, a realidade que o caracteriza, desmistifica-o durante o processo da desencarnação, ocorrendo conforme cada um é e de acordo com as suas possibilidades de recuperação e reequilíbrio.

As paisagens, portanto, próximas à fronteira do túmulo, são, normalmente, afugentes, exceção daquelas que acolhem os Espíritos que se esforçaram para viver de acordo com os padrões do dever, do respeito ao próximo e à vida, mesmo que sem qualquer filiação religiosa. O importante é a conduta que se vivência e não a crença que se esposa. Nada obstante, a religião, quando liberta da ignorância, destituída de fantasias e de superstições, caracterizando-se pela lógica e pela razão, é via sublime de acesso à liberdade plena, pelo que proporciona de lucidez e esclarecimento, auxiliando o viajor a melhor contribuir em favor do próprio êxito na jornada imortalista.

Não havia, porém, tempo para mais amplas reflexões e, ao chamado para o trabalho, dispusemo-nos alegremente ao serviço estabelecido.


Manoel Philomeno de Miranda







VÍDEO: 


Título: Transição Planetária
Autor: Manoel Philomeno de Miranda e Divaldo Franco
Narrador: Paulo Paixão
Editora: Leal
Produtora: Tocalivros Studios





Para ouvir este audiolivro completo: https://www.tocalivros.com/audiolivro/transicao-planetaria


Joanna de Ângelis - Livro Jesus e Atualidade - Divaldo P. Franco - Cap. 11 - Jesus e decisão



Joanna de Ângelis - Livro Jesus e Atualidade - Divaldo P. Franco - Cap. 11

Jesus e decisão


A um jovem que parecia disposto a ingressar na Nova Era, candidatando-se a segui-Lo, Jesus propôs o convite direto, sem preâmbulos. 

Apesar do interesse que se refletia na face ansiosa, o moço, receoso, esquivou-se sob a justificativa de que iria antes sepultar o genitor que havia morrido. 

Diante da resposta que parecia justa, o Mestre foi, no entanto, contundente, informando-o: “Deixa aos mortos o cuidado de sepultar os seus mortos; mas tu, vem construir no coração o Reino de Deus.” 

Pode causar estranheza a atitude e proposta de Jesus a um filho que pretendia cumprir com o seu dever imediato: no caso, enterrar o pai desencarnado. 

É provável que esse fosse o seu intento real, adiando o engajamento na tarefa da vida eterna. Todavia, é possível que o moço ocultasse alguma outra intenção. 

O desejo de estar presente ao velório e à inumação do cadáver talvez significasse a preocupação de ser visto como um filho cuidadoso e fiel, merecedor da herança que lhe cabia.

Alguma disposição testamentária, provavelmente, exigia-lhe o cumprimento desse dever final, sob pena de perder o legado. Então, a sua presença não significaria um ato de amor, mas um ato de interesse subalterno.

Os bens materiais, não obstante possuam utilidade, favorecendo o conforto, o progresso, a paz entre os homens quando bem distribuídos, são, às vezes, de outra forma, algemas cruéis que aprisionam as criaturas, e que, transitando de mãos, são coisas mortas, que não merecem preferência ante as verdades eternas.

Igualmente se pode pressupor que o rapaz, ainda cioso da sua juventude, não estivesse disposto a renunciá-la, encontrando, na justificativa, uma forma nobre para evadir-se do compromisso.

Os gozos materiais são cadeias muito vigorosas que jugulam os homens às paixões primitivas que deveriam superar a benefício próprio, mas que quase sempre os levam à decomposição moral, à morte dos ideais libertadores. 

Quiçá a preocupação a respeito da nova responsabilidade causasse no candidato um receio injustificado, levando-o à escusa com o argumento apresentado.

O medo de assumir compromissos graves impede o desenvolvimento intelecto-moral do indivíduo, mantendo-o estacionado na rotina despreocupada e monótona do seu dia-a-dia.

O convite de Jesus faz-se acompanhar de um programa intenso, iniciando-se na renovação íntima para melhor, e prosseguindo na ação construtiva do bem em toda parte.

O medo é fator dissolvente da individualidade humana, responsável por graves desastres e crimes que poderiam ser evitados.

É força atuante que conduz à morte das realizações dignificantes e das próprias criaturas. 

Por fim, suponhamos que o sentimento filial prevalecesse na resposta, e ele estivesse preocupado com o pai desencarnado. 

Ainda assim, qualquer pessoa poderia sepultá-lo, mas ninguém, exceto ele mesmo, poderia encarregar-se da sua iluminação. 

Jesus era a sua oportunidade única.  

Jesus penetrou-o e sabia o motivo real da sua recusa. Porém, deixou-o livre para decidir-se.

Ele foi sepultar o progenitor e não voltou. 

Perdeu a oportunidade. 

Muitos ainda agem assim. 

Observa o que elegeste para a tua atual existência: seguir a vida e vivê-la, ou acumular tesouros mortos para sepultá-los no olvido.

Desnuda-te interiormente e contempla-te. Que possuis de real, que a morte não te arrebatará, e o que seguirá contigo? 
  
Usa de severidade neste exame de consciência e toma o lugar do jovem convidado. 

Que responderias a Jesus nesse momento?

Queixas-te dos problemas que te aturdem e os relacionas, ignorando ou tentando desconhecer que estás na Terra para aprender, resgatar, reeducar-te.

Olha ao redor e compreenderás o quanto é urgente que te decidas pelo melhor e duradouro para ti como ser imortal que és.

Postergando a decisão, quando então a tomar, provavelmente as circunstâncias já não serão as mesmas e a tua situação estará diferente, talvez complicada.

O momento é este.

Deixa-te permear pela presença d'Ele e, feliz, segue-o.

Com tal atitude os teus problemas mudarão de aparência, perderão o significado afligente, contribuirão para a tua felicidade.

Renascerás dos escombros e voarás no rumo da Grande Luz, superando a noite que te aturde. 


Joanna de Ângelis











Fonte: Jesus e Atualidade -pdf


Léon Denis - Livro O Porquê da Vida - Correspondência inédita de Laváter



Léon Denis - Livro O Porquê da Vida


Correspondência inédita de Laváter


No castelo grão-ducal de Pawlowsk, situado a vinte e quatro milhas de Petersburgo, onde o Imperador Paulo, da Rússia, passou os anos mais felizes de sua vida e que se tornou depois a residência favorita da Imperatriz Maria, sua viúva, acha-se uma seleta biblioteca na qual se encontra um maço de cartas de Lavater, que passaram ignoradas dos biógrafos do célebre filósofo suíço. (N.R.: Johann Kaspar Lavater {1741-1801}, teólogo e filósofo suíço nascido em Zurique, foi pastor em sua cidade natal e é considerado o fundador da fisiognomonia - a arte de conhecer o caráter das pessoas pelos traços fisionômicos.) 

Essas cartas - seis, ao todo - foram escritas no período de 1796 a 1798 e enviadas de Zurique. Dezesseis anos antes, em Zurique e em Schaffhouse, Lavater teve ocasião de ser apresentado ao Conde e à Condessa do Norte, títulos usados então pelo Grão-Duque da Rússia e sua esposa em sua viagem pela Europa.

Lavater estabelece nessas cartas que a alma, depois de deixar o corpo, pode inspirar ideias a qualquer pessoa que esteja apta a receber-lhe a luz, e assim fazer-se comunicar por escrito a algum amigo deixado na Terra. 

Reunidas num único volume, as cartas foram publicadas em Petersburgo, em 1858, sob o título “Cartas de João Gaspar Lavater à Imperatriz Maria Feodorawna, esposa do Imperador Paulo I da Rússia”. Editada à custa da biblioteca imperial, a obra foi oferecida em homenagem à Universidade de Iena. 

A correspondência oferece duplo interesse por causa da alta posição das personagens envolvidas e da especialidade do assunto. As ideias expressas por Lavater sobre o estado da alma após a morte aproximam-se muito das que foram emitidas pelos teósofos do seu tempo e sua concordância com a Doutrina Espírita é um fato digno de nota. Além disso, as cartas provam que a crença nas relações entre o mundo material e o mundo espiritual germinava na Europa desde o fim do século XVIII. 

Na primeira carta, datada de 1o  de agosto de 1796, Lavater  fala sobre o estado da alma depois da morte. 

Em resumo, nesta carta Lavater diz que: I, o mundo invisível deve ser penetrável para a alma separada do corpo, assim como ele o é durante o sono; II, a alma aperfeiçoa em sua existência material as qualidades do corpo espiritual, veículo com que continuará a existir depois da morte e pelo qual conceberá e obrará em sua nova existência; III, o estado da alma depois da morte será fundado sempre neste princípio geral:  o homem colhe o que houver plantado; IV, cada alma, separada do seu corpo, se apresenta a si própria, depois da morte, tal como ela é na realidade;  V, seu peso intrínseco, como que obedecendo à lei de gravitação, atraí-la-á aos abismos insondáveis ou às regiões luminosas, fluídicas e etéreas; VI,  o bom Espírito elevar-se-á para os bons e o perverso será empurrado para os maus, atendendo à lei das afinidades.

Na segunda carta, datada de 18-8-1798, Lavater assevera que: I, as necessidades experimentadas pelo Espírito durante o seu desterro no corpo material ele continua a senti-las depois de o abandonar; II, a necessidade mais natural que pode nascer numa alma imortal é a de aproximar-se cada vez mais de Deus e de assemelhar-se ao Pai; III, quando essa necessidade predominar em nós, nenhum receio deveremos nutrir a respeito do nosso futuro após a morte; IV, os bons são atraídos para os bons e somente as almas elevadas sabem gozar da presença de outras almas delicadas; V, nenhuma alma vil e hipócrita pode sentir-se bem ao contacto de uma alma nobre e enérgica que lhe penetrou os sentimentos; VI, o egoísmo é que produz a impureza da alma e acarreta o seu sofrimento; VII, o egoísmo é combatido por alguma coisa de puro e divino que existe em toda alma: o sentimento moral; VIII, da concordância e da harmonia que se estabelece no homem entre ele mesmo e sua lei íntima, dependem sua pureza, sua aptidão para receber a luz, sua ventura, seu céu e seu Deus; IX, estando rotos os laços da matéria, o amor purificado deve dar ao Espírito uma existência feliz, um gozo contínuo de Deus e um poder ilimitado para fazer ditosos todos os que são aptos para a felicidade. 

Na terceira carta, firmada em 1o de setembro de 1798, Lavater diz que: I, despojado do corpo, cada Espírito será afetado pelo mundo exterior de um modo correspondente ao seu estado de adiantamento, isto é, tudo lhe aparecerá tal qual ele é em si mesmo; II, os bons Espíritos se acercarão das almas bondosas, os maus atrairão a si as naturezas ruins; III, tudo segue marcha incessante que, impelindo todas as coisas para diante, faz que nos aproximemos de um objetivo que, aliás, não é o final; IV, o Cristo é o herói, é o centro, a principal personagem nesse drama imenso de Deus, admiravelmente simples e complicado ao mesmo tempo; V, à medida que nossa alma melhorar-se, nós veremos o Cristo sempre mais formoso, porém nunca pela última vez. 

Na quarta carta, de 14-9-1798, Lavater afirma que: I, apesar da existência de uma lei geral, eterna e imutável de castigo e felicidade, cada Espírito, segundo seu caráter, terá de sofrer penas depois da morte do corpo, ou gozará de felicidades apropriadas às suas qualidades; II, embora todos os Espíritos estejam submetidos à ação da lei das afinidades, é presumível que o seu caráter substancial, pessoal ou individual lhes dê um gozo ou sofrimento essencialmente diversos de um para outro Espírito; III, Deus se colocou e igualmente dispôs o Universo no coração de cada ser humano; IV, todo homem é um espelho particular do Universo e do seu Criador;  devemos empregar  todo o nosso esforço em conservar esse espelho tão puro quanto possível, para que Deus possa ver-se refletido na sua bela criação. 

Anexa à carta precedente, Lavater enviou à Imperatriz Maria uma mensagem enviada por um Espírito a um amigo da Terra, na qual fala sobre o estado dos Espíritos desencarnados. A mensagem é datada de 15-9-1798 e diz, em resumo, que: I, seu estado atual em relação ao que tinha na Terra é como o da borboleta que, depois de abandonar o casulo da lagarta, fica voejando nos ares; II, uma luz invisível aos mortais, conquanto visível a alguns, brilha e irradia-se docemente do cérebro de todo homem bom, amante e religioso; III, a auréola imaginada para os santos é essencialmente verdadeira e racional; essa luz torna feliz todo ser humano que a possui;  IV, nenhum Espírito impuro pode ou ousa aproximar-se dessa luz santa; por meio dela pode-se perscrutar facilmente as almas, a fim de serem lidas ou vistas em toda a sua realidade; V, cada pensamento que parte dos seres humanos é para os Espíritos uma palavra e às vezes um completo discurso; VI, os Espíritos respondem aos pensamentos dos encarnados, mas estes ignoram que são eles  - Espíritos - que lhes falam ou lhes inspiram ideias; VII, sem a mediação de uma pessoa acessível à luz, é impossível ao Espírito estender-se conosco verbalmente, ou por escrito; VIII, o Espírito pousa sobre a fronte desse mediador - médium, na terminologia espírita - e suscita ideias que este descreve sob a sua inspiração, por efeito da irradiação do pensamento. 

Na quinta carta, datada de 13-11-1798, Lavater  diz que, para o futuro, se Deus o permitir, as comunicações com o mundo invisível serão mais frequentes e, reportando-se à hora da morte, recomenda à Imperatriz Maria:  “Apressemo-nos em atravessar a noite das trevas para chegarmos à luz -- passemos por esses desertos para entrarmos na terra prometida -- suportemos as dores desta existência para aparecermos na verdadeira vida”. 

Anexa à carta, Lavater enviou-lhe outra comunicação mediúnica, em que o comunicante esclarece que para enviar a mensagem foi-lhe preciso obter licença especial, pois os Espíritos nada podem fazer sem permissão. 

A mensagem descreve as sensações que o comunicante teve no momento de sua passagem à vida espiritual, finda a vida corpórea, e assim se encerra: “Aproveita essas minhas comunicações e bem depressa outras te serão dadas. Ama e serás amado, pois só o amor pode fazer a felicidade. Oh! Querido amigo, é pelo amor somente que me posso aproximar de ti, comunicar contigo e mais depressa conduzir-te ao manancial da vida”. 

Na sexta e  última carta,  escrita  em 16  de dezembro de 1798 e acompanhada de nova mensagem de origem mediúnica,  Lavater assevera que nossa felicidade futura está em nossas mãos, que só o amor nos pode dar a suprema ventura e que só a fé no amor divino faz nascer em nossos corações o sentimento que nos torna felizes eternamente -- fé que desenvolve, purifica e completa a nossa aptidão para amar. 

A mensagem espiritual, obtida na mesma data, dá-nos diversos ensinamentos sobre as relações que existem entre os Espíritos e os seres que eles amaram na Terra, e nos diz, em resumo, que: I, a felicidade dos Espíritos depende, algumas vezes, do estado daqueles que eles deixaram na Terra e com os quais eles entram em relações diretas; II, cada espécie de amor tem um raio de luz que lhe é peculiar. Esse raio forma a auréola dos santos e os torna mais resplandecentes e agradáveis à vista; III, quem se torna estranho ao amor, degrada-se no sentido mais positivo e literal da palavra; torna-se mais material e, por conseguinte, mais inferior, mais terrestre, e as trevas da noite o cobrem com seu véu; IV, por efeito de um movimento imperceptível, dando certa direção à sua luz, os Espíritos podem fazer nascer ideias mais humanas nas naturezas que lhes são simpáticas e suscitar ações e sentimentos mais nobres e elevados; V, não podem, porém, forçar e dominar alguém, ou mesmo fazer imposições aos homens, cuja vontade é em tudo independente; VI, para os Espíritos, o livre-arbítrio dos homens é sagrado; VII, as naturezas degradadas, egoístas, atraem Espíritos grosseiros, privados de luz e malévolos, que mais e mais as envenenam; VIII, as almas bondosas se fazem, por sua vez, cada vez mais puras e mais amantes pelo contato dos bons Espíritos; IX, os Espíritos do bem abundam onde se acham almas amorosas e os Espíritos das trevas pululam onde há grupos de almas impuras; X, existem relações imperecíveis entre os mundos visível e invisível, uma comunhão constante entre os habitantes da Terra e os habitantes do céu, uma ação recíproca e benéfica de cada um desses mundos sobre o outro.  

Prossegue a mensagem espiritual ensinando que:  I, nós, os chamados mortais, podemos pelo amor fazer o céu descer à Terra e entrar em comunhão com os seres bem-aventurados; II, quando nos enfadamos e, dominados de tal sentimento, pensamos nos outros, a luz que se irradia de nós se obscurece e, então, os bons Espíritos são forçados a afastar-se; III, nenhum Espírito bom pode suportar as trevas da cólera; IV, a oração atrai para junto de nós os Espíritos imbuídos do bem, porque o Senhor vê os justos e ouve as suas súplicas; V, o amor puro e nobre encontra em si mesmo a sua recompensa; o melhor prazer e mais santo é o gozo de Deus, é o produto do sentimento depurado. Nada tem mérito sem o amor; VI, todos os que amam, na Terra e no céu, se fundem num só pelo sentimento. Do grau do amor em cada um depende a nossa felicidade interna e externa. Nosso amor é, pois, o que regula as nossas relações com os Espíritos, nossa comunhão com eles, a influência que eles podem exercer sobre nós e a sua ligação íntima com o nosso Espírito. 


Léon Denis






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O Consolador - Revista Semanal de Divulgação Espírita