quarta-feira, 30 de novembro de 2022

Espírito José Mario - Livro Quem sabe pode muito, quem ama pode mais: Os desafios da convivência no centro espírita - Wanderley Oliveira - Cap. 3 - Examinando o Orgulho



Espírito José Mario - Livro Quem sabe pode muito, quem ama pode mais: Os desafios da convivência no centro espírita - Wanderley Oliveira - Cap. 3


Examinando o Orgulho


"Porquanto qualquer que a si mesmo se exaltar será humilhado, e aquele que a si mesmo se humilhar será exaltado." Lucas, 14:11

- Dona Modesta como avaliar a reação de Calisto ante as ponderações feitas por Ana durante a festa? 

Pareceu-me que não as recebeu como devia!

- Sua análise é pertinente, meu amigo. A personalidade de Calisto merece um estudo aprofundado nos meios espíritas. Estudar suas particularidades morais significa ampliar nosso raio de compreensão, acerca de uma das características comportamentais mais destrutivas de nossa causa de amor. 

- O orgulho? - Um derivado do orgulho. A arrogância. Lembra-se de nossa conversa ontem durante o chá? 

Calisto é um trabalhador devotado e esclarecido. Superou lutas íntimas e externas que poucos se dispõem a vencer. Reúne qualidades sobre as quais nós, os espíritas, pudemos edificar farta semeadura de bênçãos em favor da doutrina e do próximo. - E mesmo com essas qualidades... - Mesmo com essas qualidades, ainda não conseguiu, como a maioria de nós, suplantar suas expressões morais inferiores. 

Consideremos a esse respeito que nossa ótica espiritual encontra-se excessivamente viciada, porque, entre nós, os aprendizes do Espiritismo em ambos os planos de vida, acostumamo-nos avaliar os esforços alheios de modo míope, distante da verdadeira condição em que o Espírito se encontra na evolução. 

O fato de atingirmos longos anos de trabalho ou reunir vultosa folha de cooperação ao ideal espírita, não é garantia de realização íntima ou vitória definitiva na luta contra as velhas tendências da alma. - A arrogância então deriva do orgulho? 

- O orgulho é o sentimento de superioridade e a arrogância é uma das manifestações mais salientes desse traço moral. A personalidade arrogante supervaloriza seu próprio eu. Mantém uma fixação enfermiça nas "vibrações do ego". 

O arrogante não aceita críticas, quando as aceita procurar maquiar as correções que ela indica em sua conduta; despreza o valor alheio e se o reconhece adapta-o aos seus interesses e modo de ver; tiraniza a si mesmo nas malhas da culpa; tem uma convicção inabalável em suas próprias crenças, porque calcadas no perfeccionismo que o martiriza. 

A arrogância afasta as pessoas. O arrogante comete o disparate de acreditar que pode e até deve mudar o modo de pensar dos outros. Nesse sentido usa de toda sua ardilosidade. Não costuma ouvir senão as opiniões que vem de encontro ao seu próprio ego. Raramente abre-se a pensar nas ponderações dos outros por nutrir um exagerado sentimento de certeza naquilo que realiza. 

A personalidade arrogante é autossuficiente. Alimenta-se de confiança exacerbada. Quase sempre, tem suas origens nas experiências de sucesso que deve riam insuflar a competência e arte de promover o ser humano ao crescimento, à habilitação em novos misteres. Tais ingredientes morais mascaram a compulsiva sensação de grandeza alcançando patamares de desrespeito à vida alheia no campo individual ou coletivo, sem que o arrogante o perceba. 

- Perdoe a indiscrição, Calisto tem sido muito arrogante junto às suas atividades? 

- Para o grupo carnal, nesse momento das vivências do Grupo X, ele se tornou um ônus. 

- Por que Dona Modesta? É muito fácil, José Mário, no nosso estágio evolutivo, perdermos a condição de servidores, operários da causa, e nos autopromovermos a qualificações que ainda não possuímos. Julgarmo-nos mais importantes que o ideal. Efeitos do nosso orgulho. 

Calisto sente-se indispensável e não acredita na possibilidade de que outros possam fazer o que ele faz com a mesma competência. É um trabalhador valoroso que corre o risco eminente de atolar-se em severas refregas pelo simples fato de não aceitar os alvitres que a própria vida vem lhe apresentando. É um coração com grande alcance de visão, mas incapaz de submeter sua capacidade de enxergar ao exame alheio. As pessoas que lhe contestam são taxadas por obsidiadas. Raramente ouve opiniões diversas. 

- Há quanto tempo Calisto vem atuando no Grupo X? 

- Quase duas décadas. - Sua conduta seria a causa dos conflitos? 

- É difícil admitir que uma só pessoa seja a causa isolada dos problemas em qualquer grupo. Os conflitos surgem de um conjunto de situações. A personalidade arrogante de Calisto cria um largo tronco de lenha na fogueira que está preste a ser acesa no Grupo X. Contudo, é preciso franqueza em nossas análises para um bom aprendizado José Mário. 

Calisto, a despeito de sua coragem e inquestionável bagagem espiritual, está sendo chamado a novas lições na condução de seus potenciais. Manejar o conhecimento e a experiência doutrinária como se tem feito com muitas conquistas do homem comum, distante das realidades espirituais, é correr riscos perigosos de se lançar no personalismo. Nosso irmão tem sido infantil em relação a sua experiência. Tem agido como cidadão comum na luta humana que alcança seus sonhos e metas e se acomoda na atitude de vangloriar-se de si mesmo, supondo-se mais do que realmente é. 

Essas características são muito salutares para catalisar pessoas, aglutiná-las. É um líder nato. Aglutinar pessoas, porém, é muito fácil. Difícil é mantê-las coesas e em harmonia. Com a mesma facilidade que catalisa, Calisto dispersa pessoas. E os que dispersam sempre estão incorrendo em erro. Não queira saber, por conta de seu caráter, quantas pessoas já passaram pelas tarefas sob sua coordenação. Entretanto, para ele, todos se afastam por imaturidade e ataques espirituais. 

A festa continuava bulhenta. Com muitos risos e descontração. Como disse Doutor Inácio aos meus ouvidos: - Pronto socorro para desopilar o fígado. Minha mente estava distante dos ruídos daquele instante. As lições de Dona Modesta calaram na minha intimidade profunda. 

Lembranças eclodiam em minha tela mental acerca das minhas próprias lutas de relacionamento. Apesar de ingressar nas provas de nossos irmãos somente agora, sentia-me sensivelmente responsável pelo que lhes ocorria. É como se fizesse parte de tudo o que ali presenciei já há muito tempo. O Grupo X era um espelho de minhas próprias necessidades e experiências. Ficava clara, a cada instante, a razão do convite para cooperar. 

Meus olhos, novamente, marejaram. Algo soterrado no meu inconsciente viera à tona. Tamanha foi minha emoção, e seguindo as orientações de meus terapeutas, não me contive e adotei a espontaneidade. Supliquei a Dona Modesta: - Não sei como dizer, mas sei que a senhora vai me entender! Por caridade, não me afaste dessa tarefa. 

- José Mário, aqui será sua nova sala de aula!... 

Logo na manhã seguinte, bem cedo, Calisto telefona para Ana a fim de lhe fazer um pedido. 

- Ana, bom dia! - Bom dia, Calisto! - Olha, vou direto ao assunto. Estou ligando para lhe pedir, encarecidamente, deixar Antonino fora dessa reunião de diretoria. Estive pensando no que falamos ontem na festa. Acredito, realmente, que esteja na hora de conversarmos. A reunião é bem-vinda. Entretanto, vamos preservar Antonino. 

- Vou pensar no assunto, Calisto, e discutir com os companheiros. Talvez possamos fazer dessa forma. Confesso-lhe que a ideia não me agrada. 

- E você está bem? - Bem?! - É que ficou muito nervosa ontem durante nosso diálogo. 

- Não houve diálogo, Calisto. Aliás, cada dia mais, escasseia em nosso grupo a possibilidade de qualquer concórdia. 

- Mas me responda como está? - Olha, Calisto! Vou te ser franca mais uma vez! Sequer tenho vontade de falar de meus sentimentos para você, considerando que só se utiliza desse expediente para gerir seus interesses e manipular pessoas. Esteja certo amigo, dessa vez é pra valer. Ou nós mudamos, ou não sei o que virá. 

- Você tem que abrir seus olhos, Ana. Lembra daquela comunicação mediúnica alertando sobre o telhado do centro que seria apedrejado? 

- Lembro sim, Calisto. 

- Então, fique atenta com essa atitude. 

- Quer saber?! Estou farta de seus argumentos sobre trevas e alertas mediúnicos. Você não tem olhar para o que se passa a um palmo de seu coração, não é mesmo? Você não existe Calisto. Uma pessoa que não sente, não existe. Sua mente está voltada para o exterior. Muito fácil arrolar problemas com as trevas, mas e nós como ficamos? 

- Olha Ana... - ela nem o deixou terminar. 

- Olha aqui você, Calisto. Tenho mais o que fazer! Estou com muitas panelas no fogo! Com licença e até a reunião. 

- Considere meu pedido, Ana. 

- Se o fizer não farei por você, esteja certo. 

Mal se despediram. O clima agoniava. Calisto ao telefone agia com extrema habilidade de cálculo. Sempre que questionado, era essa sua reação. Ao desligar o telefone, estava completamente ensimesmado, como se arquitetasse algo mentalmente. Falava sozinho na sala de sua residência. Pensava uma maneira de dissuadir a diretoria da reunião. Via nisso uma terrível armadilha das trevas para levar o grupo ao pior. 

Mal terminou seus raciocínios e o telefone tilintou. 

- Olá, é Calisto? 

- Sim, sou eu. 

- Como vai amigão? 

- Antonino? Tudo em paz, amigo? Passou bem de ontem? 

- Que caldos! Comi até não poder mais! 

- E então? Ligando tão cedo assim! 

- Tive algumas percepções e queria dividir com você. 

Calisto se apressou em pegar uma agenda para fazer anotações. Ouvia com atenção. Por um segundo chegou a relampejar em sua mente a ideia de que algo novo surgiria para clarear a situação. 

- Pode falar, Antonino. 

- Tive sonhos horríveis dos quais não me lembro. Havia muita batalha, muita guerra nos sonhos. Agora a pouco, quando acordei, tive uma nítida sensação da presença de Dona Modesta. Lembra dela? 

- Aquela dos livros de Inácio Ferreira? 

- Sim, é ela mesma. Nunca a havia percebido. 

- Ela disse algo - manifestou Calisto com certa apreensão de que algo obtivesse acerca da suas recentes lucubrações ou mostrou alguma visão? 

- Sim. Ela me disse que os trabalhadores de linha de frente do Grupo X precisam descer dos tronos. 

- Tronos?! 

- Tronos do orgulho. Foi assim que ela disse. 

- Compreendo. E ela citou algum episódio? 

- Não. Ela não me disse mais nada, mas fiquei com um senti mento de que deveria me preparar para uma longa batalha. Está acontecendo algo na casa, Calisto? 

- As lutas de sempre Antonino. Tudo contornável. 

- Ainda bem! E de forma muito humilde e simplória, expressou Antonino. 

- Fiquei muito comovido com a presença dela. Lembrei-me da mensagem de Eurípedes. Você se lembra? Aquela dirigida A diretoria? 

- Sim, lembro bem! Pena que o grupo esqueceu a mensagem, não é Calisto?! Achei-a tão oportuna a todos nós! Nos dias seguintes à sua recepção, tive uma sensação que ela teria muitos efeitos no grupo Mas vou me desligar disso, não é tarefa minha essa análise, não é... 

Após a fala de Antonino, Calisto desconcertou. Ficou lívido Mudou de assunto e sentiu raiva pelo que vinha ocorrendo. No íntimo, ele é um homem com nobreza de ideal. Queria preservar exatamente essa pureza que sentia em Antonino. Guardar sua vida mental das tricas e futricas. A vida, porém, reserva lições indispensáveis ao crescimento de todos... A pureza de estufa não condiz com o verdadeiro cristão. 

Antonino sequer imaginava o que deflagrou a referida mensagem mediúnica. Os autênticos discípulos do Cristo não encontram na imortalidade um adorno cultural com o qual possam tecer digressões filosóficas ou louvar os Planos Mais Altos com intercâmbios esporádicos. Para eles, imortalidade é sentimento que eleva e aperfeiçoa, encoraja e liberta. Quem o experimenta, renova-se. Quem sente a imortalidade, dirige-se para o alto em busca da ascensão moral. 

Imortalidade é conquista no reino das emoções nobres. Serviço de aperfeiçoamento através dos choques da dor. Aquisição feita nos entrechoques da realidade. Os médiuns com Jesus devem conhecer os campos sangrentos das lutas de cada dia, a fim de não se tornarem pítons dos tempos modernos, acomodados em confortáveis tendas de proteção, enquanto seus irmãos entregam-se ao combate ardoroso. 

Calisto agia como um profissional competente em diagnosticar a enfermidade, mas totalmente incapaz de aplicar a solução mais adequada. Habilidoso no trato com as questões do mundo espiritual, e cego para a realidade de seus próprios sentimentos. Míope para sua intimidade. 

Muito fácil para almas em nosso estágio, encontrar as causas dos desentendimentos fora de nós. Colocar um espelho diante do coração, pedir desculpas, propor novos caminhos com base nessas descobertas, assumir o arrependimento pelos nossos atos e decisões, voltar atrás nas escolhas mal feitas, propor acordos de paz, tudo isso ainda é muito raro. 

A percepção de Antonino dentro da história foi de uma fidelidade ímpar. Era exatamente a expressão usada por Dona Modesta. Desapegarem-se do trono. Vencerem as posturas psicológicas de orgulho que criam as miragens dos personalismos. 

Sem essa conquista, nossas iniciativas espirituais não passam de manifestações farisaicas dos lábios para fora a declamar: senhor, senhor!


Espírito José Mario













Hammed - Livro Renovando Atitudes - Francisco do Espírito Santo Neto - Cap. 19 - Grão de mostarda



Hammed - Livro Renovando Atitudes - Francisco do Espírito Santo Neto - Cap. 19


Grão de mostarda


“... Jesus lhes respondeu: É por causa da vossa incredulidade. Porque eu vô-lo digo em verdade: se tivésseis fé como um grão de mostarda, diríeis a esta montanha: transporta-te daqui para ali, e ela se transportaria, e nada vos seria impossível.” (ESE Cap. 19, item 1.)


Fé é sentimento instintivo que nasce com o espírito. Crença inata, impulso íntimo fundamentado na “certeza absoluta” de que o Poder Divino, em toda e qualquer situação, está sempre promovendo e ampliando nosso crescimento pessoal.

Essa convicção inabalável na “Sabedoria Divina”, que é a própria Inteligência que rege a tudo e a todos, atinge sua plenitude nas criaturas mais evoluídas. Tais valores se encontravam inicialmente em estado embrionário e, ao longo das encarnações sucessivas, estruturaram-se entre as experiências do sentimento e do raciocínio.

Como em todas as manifestações de progresso, também esse impulso intuitivo do ser humano ligado às faixas da fé é resultado de um desenvolvimento lento e progressivo.

Por exemplo, a criança não pode manifestar a habilidade de falar, sem ter atravessado as fases básicas da fonética, isto é, resmungar, balbuciar, soletrar e silabar.

Desse modo, o ser imaturo, apesar de criado com esse sentimento instintivo da fé, também atravessa um vasto período de desenvolvimento, que não se dá por mudanças abruptas, mas por uma série de sensações e percepções, às vezes mais ou menos demoradas, conforme a vontade e a determinação do próprio espírito.

Consequentemente, a fé plena não é só conquista repentina que aparece quando queremos; é também trabalho desenvolvido e assimilado ao longo do tempo.

Ela pulsa em todas as criaturas vivas e agita-se nas menores criações do Universo.

Encontra-se na renovação do mineral rompido, que se restaura a si mesmo; aparece no fototropismo das plantas em crescimento; impulsiona o “relógio interno”, que incita as aves a efetuar suas migrações, quase na mesma época em todos os anos; aguça o “regresso ao lar”, ou seja, estrutura a capacidade de orientação e localização observada em certos animais domésticos.

A fé também estimula o homem selvagem a nutrir a crença na existência de um ser supremo, que eles adoram nos fenômenos e elementos da Natureza.

Entendemos, dessa forma, que a fé não equivale a uma “muleta vantajosa” que nos ajuda somente em nossas etapas difíceis, nem “providências de última hora” para alcançarmos nossos caprichos imediatistas. Ter fé é auscultar e perceber as “verdadeiras intenções” da ação divina em nós e, acima de tudo, é o discernimento de que tudo está absolutamente certo.

Nada está errado conosco, pois o que chamamos de “imperfeição” no mundo são apenas as lições não aprendidas ou não entendidas, que precisam ser recapituladas, a fim de que possamos nos conhecer melhor, assim como as leis que regem nossa existência.

Ter fé em Deus é reconhecer que a Natureza, “Arte Divina”, garante nossa própria evolução. Mesmo quando tudo pareça ruir em nossa volta, é ainda a fé amplamente desenvolvida que nos dará a certeza de que, mesmo assim, estaremos sempre ganhando, ainda que momentaneamente não possamos decifrar o ganho com clareza e nitidez.

No Universo nada existe que não tenha sua razão de ser. Tudo aquilo que parece desastroso e negativo em nossa existência, nada mais é que a vida articulando caminhos, para que possamos chegar onde estão nossos reais anseios de progresso, felicidade e prazer.

A criatura que aprendeu a ver o encadear dos fatos de sua vida, além de cooperar e fluir com ela, percebe que aquilo que lhe parecia negativo era apenas um “caminho preparatório” para alcançar posteriormente um Bem Maior e definitivo para si mesma.

As grandes tragédias não significam castigos e punições, porém maiores possibilidades futuras para a obtenção de uma melhoria de vida íntima e, paralelamente, de plenitude existencial.

Em face dessas realidades, a fé aperfeiçoada faz com que possamos avaliar em todas as ocorrências uma constante renovação enriquecedora. Quando todas as árvores estão despidas, é que se inicia um novo ciclo em que elas reúnem suas forças embrionárias e instintivas da fé para novamente se vestir de folhas, flores e frutos.

Tudo na Natureza obedece a “ritmos”. São processos da vida em ação. No final de um ciclo, nossa energia declina para, logo em seguida, reunirmos mais forças para uma nova incursão renovadora.

A cada nova etapa de crescimento, talvez nos sintamos temerosos e inseguros, a exemplo de certos animais que perdem momentaneamente seus revestimentos protetores. Depois, no entanto, nos sentiremos melhor adaptados, ao nos cobrirmos com elementos e estruturas mais eficientes, e que nos permitam prosseguir mais ajustados em nosso novo estágio evolutivo. Assim acontece com todos. Seremos atingidos por um “sereno bem-estar” quando visualizarmos antecipadamente as porvindouras oportunidades de reconforto, prosperidade e segurança que a vida nos trará após atravessarmos os “ciclos amargos” do renascimento interior.

A confiança em que tudo está justo e certo e em que não há nada a fazer, a não ser melhorar o nosso próprio modo de ver e entender as coisas, alicerça-se nas palavras de Jesus: “até os fios de cabelo da nossa cabeça estão todos contados”(1). É a convicção perfeitamente ajustada a uma compreensão ilimitada dos desígnios infalíveis e corretos da Providência Divina.

Em muitas ocasiões, somente usando os recursos interpretativos da fé, nos grandes choques e tragédias, é que podemos notar o “processo de atualização” que a vida nos oferece, porquanto o significado de um acontecimento é captado em plenitude apenas quando “decifrado”.

É o único caminho que nos permitirá encontrar a verdadeira compreensão e entendimento dos fatos em si. Entretanto, quando não traduzimos no decorrer dos acontecimentos nossos episódios existenciais, sentimos que nossa vida vai-se tornando inexpressiva, sem nenhum sentido, porque vamos perdendo contato com as mensagens silenciosas e sábias que a vida nos endereça.

Aqui estão algumas interpretações de fatos aparentemente negativos, quando na realidade são profundamente positivos:

— Para vencermos a doença é necessário interpretar o que o sintoma quer-nos alertar sobre o que precisamos fazer ou mudar para harmonizar nosso psiquismo descontrolado.

— Sucessivos acontecimentos de “abandono” e “decepção” em nossa vida são mensagens silenciosas alertando-nos que nosso “grau de ilusão” ultrapassou os limites permitidos.

— Perda de criaturas queridas pode ser a lição que nos vai livrar de atitudes possessivas e de apegos patológicos, tanto para quem parte como para quem fica.

— Alucinação e loucura podem nos adestrar para maiores valorizações da realidade, afastando-nos de fantasias e aparências.

— Vícios de qualquer matiz podem estabelecer nos indivíduos normas corretivas na vida interior, a fim de que aprendam a lidar e a controlar melhor suas emoções e sentimentos.

— Traição afetiva pode nos exercitar na fiscalização de nosso “grau de confiabilidade” e “vulnerabilidade” perante os outros.

— Desprezo ou desconsideração podem ser emissões educativas, impulsionando-nos a um maior amor a nós próprios.

O ser humano de fé não é crédulo nem fanático; é antes o indivíduo que distingue os lucros e vantagens inseridos nos processos da vida. Compreende a sequência de fatos interconectados aprimorando-se paulatinamente para intensificar sua estabilidade e harmonia e, como consequência, seu engrandecimento espiritual.

Em síntese, a fé como força instintiva da alma guarda em si possibilidades transcendentes e poderes infinitos. Ao ampliá-la, o homem se potencializa vigorosamente, fluindo e contribuindo com o próprio ritmo da vida como um todo.

O “grão de mostarda”, na comparação de Jesus Cristo, representa a minúscula semente como sendo o “impulso imanente” que começa a se formar no “princípio inteligente”, nos primeiros degraus dos reinos da Natureza. Ao longo dos tempos, se transmuta, desenvolvendo potencialidades inatas, e, futuramente, se transforma num ser completo e de ações poderosas.

Devemos compreender, por fim, que o “poder da fé” realmente “transporta montanhas” e que para o espírito nada é inacessível, pois, quando percebe a razão de tudo e interpreta com exatidão a sabedoria de Deus, a vida para ele não tem fronteiras.

Ao ampliarmos nossa consciência na fé, sentiremos uma inefável serenidade íntima, porque conseguimos entender perfeitamente que, no Universo, tudo está “como deve ser”; não existe atraso nem erro, somente a manutenção e a segurança do “Poder Divino” garantindo a estabilidade e o aperfeiçoamento de suas criaturas e criações.


Hammed 



(1) Lucas 12:7






Fonte: Renovando Atitudes -pdf

Meimei - Livro Opúsculos - Chico Xavier - Cap. 3 - Cartilha do bem



Meimei - Livro Opúsculos - Chico Xavier - Cap. 3


Cartilha do bem


Quem sabe melhora a vida:

Aprender é iluminar.

O mundo é bendita escola:

Vamos todos estudar.


MEUS FILHOS:


Existem duas forças em luta na Terra, onde Jesus está construindo o Reino de Deus.

Essas forças são a do bem e a do mal que se manifestam por nossas mãos.

Temos, assim, por onde passamos no mundo, as mãos iluminadas que estendem o amor e a paz, o trabalho e a alegria…

E conhecemos as mãos espinhosas que fazem o ódio e o desespero, a preguiça e o sofrimento.

Há mãos que sustentam a lavoura e o jardim, produzindo pão e felicidade.

E vemos aquelas que se entregam à miséria e ao vício.

Mãos que honram a indústria e o progresso.

Mãos que arrancam lágrimas e multiplicam o infortúnio

Vemos braços que acariciam…

Braços de mãezinhas abençoadas, de pais amigos, de obreiros da paz e da evolução, de enfermeiras abnegadas e de crianças generosas que asseguram na Terra o serviço da Luz.

E encontramos braços que ferem e amaldiçoam, que se entregam ao crime, que humilham os pobres e os pequeninos que exercem a crueldade e que violentam a Natureza, aniquilando as plantas e os animais prestimosos.

Reparamos mãos preciosas que usam a enxada e a pena, auxiliando o celeiro e a educação. E surpreendemos mãos infelizes que roubam e matam, estendendo a perturbação e a morte.

Mãos que levantam templos e lares, escolas e hospitais. Mãos que destroem e dilaceram, enganam e apedrejam.

Jesus veio ao mundo para que nossas mãos aprendam a servir à luz do bem, edificando a nossa própria felicidade. Com as d’Ele, curou os doentes, socorreu os fracos, amparou os tristes, limpou os leprosos, restituiu a visão aos cegos, levantou os paralíticos, afagou os velhos e os deserdados e abençoou as criancinhas…

Filhos meus, não permitam que as garras da sombra lhes dominem as mãos na vida. Sigamos pelos caminhos da Luz, procurando a intimidade com os servidores do bem!

Observem o brilhante lapidado e o diamante bruto. Ambos são filhos da terra. Um deles, porém, refulge, divino, retratando a beleza do céu, mas o outro jaz encarcerado nas trevas do cascalho contundente.

Jesus é o lapidário do Céu, a quem Deus, Nosso Pai, nos confiou os corações.

Obedeçamos a Ele, nosso Divino Mestre, buscando-lhe as lições e seguindo-lhe os exemplos, e o Cristo nos fará construtores do Reino de Deus no mundo, conduzindo-nos para a Glória Celestial.


Meimei
Uberaba, 12 de abril de 1962. 












Fonte: Bíblia do Caminho † Testamento Xavieriano

Agar - Livro Irmãos Unidos - Espíritos Diversos / Chico Xavier - Cap. 7 - Perdoar e esquecer



Agar - Livro Irmãos Unidos - Espíritos Diversos / Chico Xavier - Cap. 7


Perdoar e esquecer


Perdoar e esquecer são as duas chaves da paz.

Se o seu carinho não encontra eco na paisagem ambiente, desculpe e olvide a indiferença do meio e avancemos para diante, ao encontro de nossas realizações.

Se o seu trabalho não consegue a retribuição dos que lhe seguem os passos no grande caminho, perdoe e esqueça, a fim de que a sua boa vontade frutifique em alegria e progresso.

Se o seu sacrifício não recolhe a compreensão dos outros, desculpe e olvide, perseverando no bem, porque o bem situar-lhe-á o espírito na vanguarda de luz.

Perdoar é o segredo sublime do triunfo na subida para Deus e esquecer o mal é harmonizar nossa alma com as criaturas, habilitando-nos à solução de todos os problemas.

Desprendamo-nos de tudo aquilo que na Terra constitua prisão para nossa alma, perdoando e esquecendo sempre, e encontraremos o caminho interior da Grande Ascensão.


Agar









Fonte: Bíblia do Caminho † Testamento Xavieriano

Emmanuel - Livro Encontro Marcado - Chico Xavier - Cap. 6 - Adivinhações



Emmanuel - Livro Encontro Marcado - Chico Xavier - Cap. 6


Adivinhações


TEMA — Predições do futuro.


Diante dos que usam cultura ou mediunidade para traçar prognósticos, acerca do futuro, não é necessário dizer que nos cabe acompanhar-lhes as experiências com a melhor atenção.

A ciência é neta da curiosidade e filha do estudo. A alquimia da Idade Média iniciou as realizações da química moderna. De certa maneira, os astrólogos do pretérito começaram a obra avançada dos astrônomos de hoje.

O conhecimento nasce do esforço de quantos se dedicam a desentranhá-lo da obscuridade ou da ignorância. No entanto, do respeito aos irmãos de Humanidade que se consagram ao mister da adivinhação, não se infere que devemos aceitar-lhes cegamente as afirmativas.

Especialmente no que se reporte a profecias inquietantes, é imperioso ouvi-los com reserva e discrição, porquanto estamos informados pela Doutrina Espírita de que não existe a predestinação para o mal.

Renascemos na Terra, indubitavelmente, com as nossas tendências inferiores e com os nossos débitos, às vezes escabrosos, por ressarcir, mas isso não significa estejamos obrigados a reincidir em velhas ilusões ou reacomodar-nos com a força das trevas.

O aluno regressa à escola na condição de repetente ou se encaminha para os exames de segunda época, a fim de se firmar na dignidade do ensino em que se comprometeu.

Clarividentes que desenvolveram faculdades psíquicas, fora do esclarecimento espírita evangélico, podem recolher observações infelizes a nosso respeito, seja relacionando cenas de nosso passado culposo ou descrevendo quadros menos dignos, projetados mentalmente sobre nós pelas ideias enfermiças daqueles que se fizeram nossos inimigos em outras eras; e das palavras que articulam podem surgir sombrios vaticínios ou apontamentos desencorajadores, tendentes a enfraquecer-nos a coragem ou aniquilar-nos a esperança. 

Oponhamos, porém, a isso a certeza de que estamos reformando causas e efeitos diariamente, em nosso caminho, na convicção de que a Divina Providência nos oferece, incessantemente, através da reencarnação, oportunidades e possibilidades ao próprio reajuste perante as leis da vida, armando-nos de recursos e bênçãos, dentro e fora de nós.

Conquanto estudando sempre os fenômenos que nos rodeiam, abstenhamo-nos de admitir o determinismo do erro, do desequilíbrio, da queda ou da criminalidade.

Hoje é e será constantemente a ocasião ideal para transformarmos maldição em bênção e sombra em luz. Ergamo-nos, cada manhã, com a decisão de fazer o melhor ao nosso alcance e reconheçamos que o próprio Sol se deixa contemplar, nos céus, de alvorecer em alvorecer, como a declarar-nos que o Criador Supremo é o Deus da Justiça, mas também da Misericórdia, da Ordem e da Renovação.


Emmanuel











terça-feira, 29 de novembro de 2022

Miramez - Livro Médiuns - João Nunes Maia - Cap. 18 - Desenvolvimento mediúnico



Miramez - Livro Médiuns - João Nunes Maia - Cap. 18


Desenvolvimento mediúnico


"Antes, crescei na graça e no conhecimento de Nosso Senhor Jesus Cristo. A ele seja a glória, tanto agora como no dia eterno". 2 Pedro 3:18


No curso do desenvolvimento da mediunidade, o candidato, de vez em quando, cai em profunda atonia psíquica que, em muitos casos, o leva à desistência. Nas primeiras horas em contato com o mundo invisível, o entusiasmo assume o nosso ser e, de certa forma, transforma-se em fanatismo, que dura pouco ou muito, de acordo com a maturidade do neófito.

Fanatismo é admiração, em demasia, daquilo que não conhecíamos. Depois da conscientização das verdades, tomamos a posição que compete a um estudante refeito das explosões internas do saber. Os estigmas de um médium, nos seus primeiros passos, testam seus valores e engendram meios junto ao coração, para que ele se afirme na longa viagem de exemplificação cristã.

Quando em contato com os livros da Doutrina Espírita, a teoria, por vezes, acende em nossos sentimentos uma labareda em forma de paixão pela causa que abraçamos, pois não existe outro meio, em se conduzindo alguém para a iniciação das coisas espirituais. Depois, em face á vivência do que é aprendido no mundo dos argumentos, no cerne da realidade, temos o impulso de recuar. Essa é que é a hora mais sublime da vida do companheiro que se dispôs a seguir o Cristo, o que todos nós chamamos “remédio amargo”.

Na verdade, é o aprendizado que nos busca sob formas variadas, dentro de um lar, junto aos semelhantes no trabalho, na luta pela saúde, e ainda na mais difícil tarefa: a nossa auto educação. Temos que encontrar a nossa personalidade, como se estivéssemos diante de um espelho mágico, a nos mostrar todos os nossos defeitos, todos os nossos impulsos desagradáveis, toda a nossa violência no trato com os outros, toda a nossa intolerância; a exuberância na vaidade, no orgulho, e a completa insatisfação com o que temos e com o que a vida nos está dando.

Caímos na realidade espiritual e começamos a maior guerra de todos os tempos, aquela de seleção de valores no campo imenso da nossa intimidade. Exercitar os dons mediúnicos, à primeira vista parece-nos felicidade imediata. Todavia, com o passar dos tempos, descobrimos que para chegar a esse paraíso da consciência, haveremos de lutar com as armas que o Cristo nos legou a todos, o maior acervo de defesa que a humanidade conheceu – o Evangelho.

Conhecer é a primeira tarefa do médium, porque o seu conhecimento é como o Alfa da sua jornada e o amor, como o Omega da sua estabilidade consciencial.

É bom que repitamos a conversa do apóstolo Pedro, cujo tópico está nos inspirando: “Antes, crescei na graça e no conhecimento de Nosso Senhor Jesus Cristo”. Antes de abraçar a responsabilidade da mediunidade em maior profusão, de aguçar mais os dons que possuís por misericórdia de Deus, crescei nas virtudes, porque são elas que limpam todos os canais por onde deverão passar as mensagens dos instrutores da espiritualidade maior.

O mediador que se entrega ao serviço de intercâmbio com os espíritos desencarnados deve meditar na área do bom senso, para que nada ultrapasse os limites respeitados pelas grandes almas que passaram pela carne.. Não pensem os médiuns e os que estão qualificados como tais, que esses dons são para sua própria satisfação pessoal. São ferramentas de trabalho que burilam nossas qualidades, para que depois festejemos a glória de Cristo em nós e por nós, nas luzes de Deus. O médium com pretensões à educação cristã deve se moldar nos preceitos do Evangelho, pois esse é o caminho mais seguro para seu aprendizado.

Muitos dos que dirigem os desenvolvimentos mediúnicos apregoam para os candidatos que só devem ler tais ou quais livros, que ele ou eles, pessoalmente, achou ou acharam melhores, estreitando, assim, os conhecimentos que o aluno da doutrina Espírita poderia ter. A nossa opinião neste assunto é a mesma de Paulo de Tarso, quando assevera: “Não apagueis o Espírito. Não desprezeis as profecias. Julgai todas as coisas,  retende o que é bom”. E termina desta forma, favorável aos direitos de cada criatura. “Abstende de toda a forma de mal.”

O médium que não se instrui, ou que limita sua instrução, coloca, com isso, viseira nos olhos, ficando sujeito a cair nas valas laterais. Abster-se de toda a forma de mal não é imposição. É que a alma, em si, por ela mesma, escolhe, com os conhecimentos adquiridos, o que deve ou não fazer. Todos os livros são, por assim dizer, escrituras, principalmente os livros espiritualistas. Cada facção tem uma missão de desvendar mistérios e revelar leis. A universalidade nos instiga a conhecer de tudo, como nos inspira Paulo, e retirar o bem que entendemos pelo limite de nossos conhecimentos e pelo que suportamos da verdade.

Desenvolvimento mediúnico é disciplina. Mas, acima de tudo, é amor, que se divide em milhares de atitudes que deveremos tomar, como forma do bem em todas as direções. Eis o que Pedro torna a nos falar:

“Antes, crescei na graça e no conhecimento de Nosso Senhor Jesus Cristo. A ele seja a glória, tanto agora como no dia eterno.”


Miramez











Fonte: Médiuns -pdf

Allan Kardec - O Livro dos Espíritos - 3ª Parte Terceira - Das leis morais - Cap. 12 - Da perfeição moral - As virtudes e os vícios - Questão 893 (Miramez)



Allan Kardec - O Livro dos Espíritos - 3ª Parte Terceira - Das leis morais - Cap. 12 - Da perfeição moral


As virtudes e os vícios 


893. Qual a mais meritória de todas as virtudes?

“Toda virtude tem seu mérito próprio, porque todas indicam progresso na senda do bem. Há virtudes sempre que há resistência voluntária ao arrastamento dos maus pendores. A sublimidade da virtude, porém, está no sacrifício do interesse pessoal, pelo bem do próximo, sem pensamento oculto. A mais meritória é a que assenta na mais desinteressada caridade.”


Allan Kardec



O Livro dos Espíritos comentado pelo Espírito Miramez

Questão 893 comentada


Quando o Espírito passa a conhecer o mundo das virtudes, ele começa a acordar para a vida espiritual, e as virtudes devem ocupar o lugar dos vícios e hábitos inconvenientes para a paz espiritual.

Mesmo no estágio em que se encontra a humanidade, de maior interesse para as paixões inferiores, é de sentimento comum das criaturas defender e gostar da pessoa virtuosa, e com o espaço de tempo estudar, pregar e, por fim, passar à prática dessas qualidades nobres ensinadas por Jesus e descritas no evangelho da sua vida.

Virtude sem Jesus não tem conotação, e a que o amor domina se faz caridade entre os homens. O Cristo é o sol onde a humanidade aquece e vive a presença de Deus. Jesus foi, é e será sempre, a fonte, depois de Deus, para nós outros, onde deveremos buscar os exemplos das mais expressivas virtudes que com o amor se entrelaçam, na computação da verdade.

As virtudes são variadas; cada uma tem seu mérito próprio, é certo, no entanto, elas nascem da maior de todas, envolvida no sopro de Deus, que é o Amor. Ele se divide em mil ações comandadas pelas suas sensibilidades espirituais e fala da vida e da esperança em todos os seus contornos de vida.

Os vícios, que deverão ser afastados, esquecidos da vida diária, sendo que se encontram arraigados no ser, não podem ser extirpados de uma vez pelos processos da violência, entretanto, deixarão de existir, se persistirmos no trabalho das mudanças, apagando o que não deve ser, para acender a realidade pelo comando do amor.

Todas as virtudes são elevadas, quando a alma as compreende. A sua vivência, sacrificando ou fazendo desaparecer os contrários do amor, é o homem velho cedendo lugar ao novo homem, na sua transformação moral para entender melhor o chamado de Jesus. Pelo verbo da Divindade, conquistamos a nós mesmos.

A sublimidade da virtude está no sacrifício pessoal, se isso é sacrifício; para nós, sacrificar o mal é glória que a alma recebe por misericórdia, porque dessa decisão nasce no coração mais vida para Deus. Ele fica mais presente na vida de quem busca essa senda de luz, passando a viver o amor. As portas da espiritualidade superior se abrem e o candidato começa a vencer a si mesmo, vencendo o mundo e ganhando a paz espiritual.

Ouvir a respeito de Jesus nos dá esperança e abre perspectivas novas para o nosso futuro, porque por intermédio dele as nossas doenças e todos os tipos de desequilíbrios cessam. Ele nunca deixa de nos acompanhar, nos ajudando a carregar a nossa cruz, de problemas inúmeros.

Vamos escutar Lucas no capítulo cinco, versículo quinze, nos dizendo:

Porém, o que se dizia a seu respeito cada vez mais se divulgava, e grandes multidões afluíam para ouvi-lo e serem curadas de suas enfermidades.

E o Mestre não só curava as chagas do corpo, como, igualmente, as do Espírito. A virtude mais elevada para quem a pratica, é aquela que se assenta na mais pura caridade, contudo, todas elas pendem para a benevolência. Porém, algumas pessoas se interessam mais por uma do que por outra. No final, na pureza de sentimentos, todas elas se transformaram em amor e o sol de Deus brilha em todas.

Compreende teu dever, em busca desses dons, que a vida em todos os seus aspectos tornar-se-á flores de claridades eternas em todas as tuas existências. Jesus passará a andar contigo visivelmente em todos os teus caminhos, ajudando-te a ser melhor e a descobrir Deus na consciência.


Miramez



Filosofia Espírita Vol 18 - João Nunes Maia
Cap. 26 - Virtudes






Hammed - Livro A Imensidão dos Sentidos - Francisco do Espírito Santo Neto - Pág. 57 - Criatividade



Hammed - Livro A Imensidão dos Sentidos - Francisco do Espírito Santo Neto - Pág. 57


Criatividade


Todos somos, em princípio, criativos, mas essa criatividade inata vai sendo descortinada à medida que encontra em nossa própria intimidade um ambiente propício.

Cremos estar sempre vendo a realidade das coisas, mas, em verdade, o que chega à nossa consciência são inúmeros impulsos originados por nossas percepções físicas e espirituais, e o que fazemos, além de selecioná-las (escolhemos algumas e bloqueamos o acesso de outras), é simplesmente organizá-las conforme nosso grau de entendimento evolutivo.

Interpretamos a vida através da nossa capacidade mental, que contém registros intensamente gravados em sua memória, acumulados na noite dos tempos. Todavia, não costumamos admitir que a nossa maneira de ver é uma “porção da realidade”, uma apenas entre as muitas possíveis.

O reino da criatividade é um amplo e de múltiplas faces. Ele tem raízes profundas nas estruturas psicológicas do ser e age de forma involuntária ou automática nas criaturas. De uma maneira simples e sintética e para melhor entendimento, poderíamos descrever esse reino como a capacidade de desestruturar uma concepção ou informação conhecida para reestruturá-la de uma maneira nova. Esse é o processo de toda criação ou invenção, na arte, na ciência, na mediunidade ou na vida diária.

O ato de criar está vinculado à nossa capacidade de associação. Quando incrementamos nossa habilidade de interligar as coisas, conseguimos que uma ideia mobilize outras. O ser que procura respostas no mundo exterior ou nas experiências de pessoas muito diferentes dele não desenvolve “pensamentos férteis”.

Vale ressaltar que a criatividade é profundamente inibida em ambientes supercríticos, quer dizer, despojados da liberdade de agir e pensar. Ela só floresce numa atmosfera de independência, onde a satisfação é força motriz (…)

(…) O ser criativo mantém estrita ligação com a inspiração, porque olha o mundo com ampla liberdade íntima. Não tenta resolver seus problemas atuais lançando mão de experiências negativas do passado, mas soluciona suas dificuldades revendo todos os seus valores internos e buscando novas ideias, reorganizando, assim, sua vida interior.

Alan Kardec se refere a “relâmpagos de uma lucidez intelectual”, a “uma facilidade de concepção e elocução” e a momentos em que “as ideias se derramam, seguem-se, encandeiam-se, instantes esses em que a alma do médium está mais livre e, portanto, mais desembaraçada da matéria, porque recobra parte das suas faculdades de Espírito.

O mestre de Lyon ainda assevera que todos os pintores, músicos, literatos , ou seja, artistas de qualquer gênero, podem ser classificados como médiuns inspirados.

Em todas as épocas da humanidade, os homens de talento representaram os verdadeiros impulsionadores do desenvolvimento das ideias, das organizações e das sociedades. Através da criatividade, esses inovadores transcenderam os limites restritos em que estavam confinados a ciência, a filosofia e a religião (…)

(…) Inspiração é a habilidade de “olhar para dentro das coisas”; e o indivíduo inspirado atende ao propósito de vida para o qual ele foi criado, ou seja, expressa sua singularidade exclusiva. Temos em nós um centro de sabedoria dotado de todo o conhecimento necessário à nossa evolução.

O indivíduo amadurecido, portador de faculdade extra-sensorial, aprendeu que existem inúmeras maneiras de viver e evoluir na Terra; também sabe que sua maneira é única, como é única para cada pessoa. Portanto, está atento para captar as lições particulares de que necessita para se desenvolver e progredir.

O ser inspirado parte sempre do princípio de que desconhece todas as respostas. Aborda a vida com os olhos curiosos de uma criança, isto é, livre para usar imaginação, incorporando uma personalidade cândida, ainda não influenciada pelas regras e normas rígidas e preconceituosas de uma sociedade conflitada (…)

(…) O sensitivo natural tem senso de progresso e é habilidoso, traz de vidas passadas um manancial significativo de experiências, que lhe faculta desestruturar mentalmente a realidade conhecida e reestruturá-la de formas diferentes e expressivas.

O médium autêntico não copia ninguém. Não se limita a seguir caminhos já percorridos; tem a habilidade de ver as coisas com olhos novos, fazer associações que transcendem o comum. Os Espíritos Superiores inspiram os medianeiros que deseja aumentar seus valores criativos e desenvolver uma crescente receptividade às lições da Natureza, a qual nos transmite uma sabedoria que percorre caminhos não racionais. Ensinam-nos, sobretudo, que a “Voz de Deus” em nós é fonte inesgotável de toda a criatividade e que, quase sempre, esse diálogo divino acontece em nosso âmago, através de uma linguagem não convencional.


Hammed