segunda-feira, 29 de abril de 2024

Emmanuel - Livro Pensamento e Vida - Chico Xavier - Cap. 15 - Saúde



Emmanuel - Livro Pensamento e Vida - Chico Xavier - Cap. 15


Saúde


A saúde é assim como a posição de uma residência que denuncia as condições do morador, ou de um instrumento que reproduz em si o zelo ou a desídia das mãos que o manejam.

A falta cometida opera em nossa mente um estado de perturbação, ao qual não se reúnem simplesmente as forças desvairadas de nosso arrependimento, mas também as ondas de pesar e acusação da vítima e de quantos se lhe associam ao sentimento, instaurando desarmonias de vastas proporções nos centros da alma, a percutirem sobre a nossa própria instrumentação.

Semelhante descontrole apresenta graus diferentes, provocando lesões funcionais diversas.

A cólera e o desespero, a crueldade e a intemperança criam zonas mórbidas de natureza particular no cosmo orgânico, impondo às células a distonia pela qual se anulam quase todos os recursos de defesa, abrindo-se leira fértil à cultura de micróbios patogênicos nos órgãos menos habilitados à resistência.

É assim que, muitas vezes, a tuberculose e o câncer, a lepra e a ulceração aparecem como fenômenos secundários, residindo a causa primária no desequilíbrio dos reflexos da vida interior.

Todos os sintomas mentais depressivos influenciam as células em estado de mitose, estabelecendo fatores de desagregação.

Por outro lado, importa reconhecer que o relaxamento da nutrição constrange o corpo a pesados tributos de sofrimento.

Enquanto encarnados, é natural que as vidas infinitesimais que nos constituem o veículo de existência retratem as substâncias que ingerimos.

Nesse trabalho de permuta constante adquirimos imensa quantidade de bactérias patogênicas que, em se instalando comodamente no mundo celular, podem determinar moléstias infecciosas de variegados caracteres, compelindo-nos a recolher, assim, de volta, os resultados de nossa imprevidência.

Mas não é somente aí, no domínio das causas visíveis, que se originam os processos patológicos multiformes.

Nossas emoções doentias mais profundas, quaisquer que sejam, geram estados enfermiços.

Os reflexos dos sentimentos menos dignos que alimentamos voltam-se sobre nós mesmos, depois de convertidos em ondas mentais, tumultuando o serviço das células nervosas que, instaladas na pele, nas vísceras, na medula e no tronco cerebral, desempenham as mais avançadas funções técnicas; acentue-se, ainda, que esses reflexos menos felizes, em se derramando sobre o córtex encefálico, produzem alucinações que podem variar da fobia oculta à loucura manifesta, pelas quais os reflexos daqueles companheiros encarnados ou desencarnados, que se nos conjugam ao modo de proceder e de ser, nos atingem com sugestões destruidoras, diretas ou indiretas, conduzindo-nos a deploráveis fenômenos de alienação mental, na obsessão comum, ainda mesmo quando no jogo das aparências possamos aparecer como pessoas espiritualmente sadias.

Não nos esqueçamos, assim, de que apenas o sentimento reto pode esboçar o reto pensamento, sem os quais a alma adoece pela carência de equilíbrio interior, imprimindo no aparelho somático os desvarios e as perturbações que lhe são consequentes.


Emmanuel














Irmã Scheilla - Livro Luz no Lar - Espíritos Diversos / Chico Xavier - Cap. 9 - Luz no lar



Irmã Scheilla - Livro Luz no Lar - Espíritos Diversos / Chico Xavier - Cap. 9


Luz no lar


Se a tempestade nos devasta as plantações, não nos esqueçamos do Espaço Divino do Lar, onde o canteiro de nossa boa vontade, na vinha do Senhor, deve e pode florir para a frutificação, a benefício de todos.

Organizemos o nosso agrupamento doméstico do Evangelho.

O lar é o coração do organismo social.

Em casa, começa nossa missão no mundo.

Entre as paredes do templo familiar, preparamo-nos para a vida com todos.

Seremos, lá fora, no grande campo da experiência pública, o prosseguimento daquilo que já somos na intimidade de nós mesmos.

Fujamos à frustração espiritual e busquemos no relicário doméstico o sublime cultivo dos nossos ideais com Jesus.

O Evangelho foi iniciado na Manjedoura e demorou-se na casa humilde e operosa de Nazaré, antes de espraiar-se pelo mundo.

Não há serviço da fé viva, sem aquiescência e concurso do coração.

Se possível, continuemos trabalhando sob a tormenta, removendo os espinheiros da discórdia ou transformando as pedras do mal em flores de compreensão, suportando, com heroísmo, o clima do sacrifício, mas, se a ventania nos compele a pausas de repouso, não admitamos o bolor do desânimo nos serviços iniciados.

Sustentemos em casa a chama de nossa esperança, estudando a Revelação Divina, praticando a fraternidade e crescendo em amor e sabedoria, porque, segundo a promessa do Evangelho Redentor, “onde estiverem dois ou três corações reunidos em Seu Nome”, aí estará Jesus, amparando-nos para a ascensão à Luz Celestial, hoje, amanhã e sempre.


Irmã Scheilla














André Luiz - Livro Busca e Acharás - Emmanuel / André Luiz - Chico Xavier - Cap. 34 - Aviso calmante



André Luiz - Livro Busca e Acharás - Emmanuel / André Luiz - Chico Xavier - Cap. 34


Aviso calmante


O trabalho eficiente deve ser planejado, mas não olvides que as circunstâncias procedem da Vida Superior.

O tempo é um rio de surpresas.

Use o apoio da bondade e a bateia da tolerância para colher ouro da Providência Divina no cascalho dos fatos desagradáveis.

A conversa fastidiosa talvez seja o veículo de valiosa indicação.

A visita que não se espera provavelmente traga uma bênção.

O obstáculo com que não se contava, em muitas ocasiões, traduz o amparo da Espiritualidade Maior, antes que certa dificuldade apareça.

O aborrecimento de um minuto pode ser a pausa de aviso salvador.

A enfermidade súbita, quase sempre, é o processo de que se utiliza o Plano Superior para se impedir uma queda espetacular.

Atenda ao seu programa de ação, conforme os seus encargos, mas não se esqueça da paciência na trilha das suas horas.

Cada um de nós é chamado para a execução de tarefa determinada, mas a habilitação para isso vem de Deus.


André Luiz










Fonte: Bíblia do Caminho † Testamento Xavieriano

sábado, 27 de abril de 2024

Neio Lúcio - Livro Jesus no Lar - Chico Xavier - Cap. 9 - O mensageiro do amor



Neio Lúcio - Livro Jesus no Lar - Chico Xavier - Cap. 9 - O mensageiro do amor


Falava-se na reunião, com respeito à preponderância dos sábios na Terra, quando Jesus tomou a palavra e contou, sereno e simples:

— Há muitos anos, quando o mundo perigava em calamitosa crise de ignorância e perversidade, o Poderoso Pai enviou-lhe um mensageiro da ciência, com a missão de entregar-lhe gloriosa mensagem de vida eterna. Tomando forma, nos Círculos da carne, o esclarecido obreiro fez-se professor e, sumamente interessado em letras, apaixonou-se exclusivamente pelas obras da inteligência, afastando-se, enojado, da multidão inconsciente e declarando que vivia numa vanguarda luminosa, inacessível à compreensão das pessoas comuns. 

Observando-o incapaz de atender aos compromissos assumidos, o Senhor Compassivo providenciou a viagem de outro portador da ciência que, decorrido algum tempo, se transformou em médico admirado. O novo arauto da Providência refugiou-se numa sala de ervas e beberagens, interessando-se tão somente pelo contato com enfermos importantes, habilitados a concessão de grandes recompensas, afirmando que a plebe era demasiado mesquinha para cativar-lhe a atenção. 

O Todo-Bondoso determinou, então, a vinda de outro emissário da ciência, que se converteu em guerreiro célebre. Usou a espada do cálculo com mestria, pôs-se à ilharga de homens astuciosos e vingativos e, afastando-se dos humildes e dos pobres, afirmava que a única finalidade do povo era a de salientar a glória dos dominadores sanguinolentos. 

Contristado com tanto insucesso, o Senhor Supremo expediu outro missionário da ciência, que, em breve, se fez primoroso artista. Isolou-se nos salões ricos e fartos, compondo música que embriagasse de prazer o coração dos homens provisoriamente felizes e afiançou que o populacho não lhe seduzia a sensibilidade que ele mesmo acreditava excessivamente avançada para o seu tempo.

Foi, então, que o Excelso Pai, preocupado com tantas negações, ordenou a vinda de um mensageiro de amor aos homens.

Esse outro enviado enxergou todos os quadros da Terra, com imensa piedade. Compadeceu-se do professor, do médico, do guerreiro e do artista, tanto quanto se comoveu ante a desventura e a selvageria da multidão e, decidido a trabalhar em nome de Deus, transformou-se no servo diligente de todos.

Passou a agir em benefício geral e, identificado com o povo a que viera servir, sabia desculpar infinitamente e repetir mil vezes o mesmo esforço ou a mesma lição. Se era humilhado ou perseguido, buscava compreender na ofensa um desafio benéfico à sua capacidade de desdobrar-se na ação regeneradora, para testemunhar reconhecimento à confiança do Pai que o enviara. 

Por amar sem reservas os seus irmãos de luta, em muitas situações foi compelido a orar e pedir o socorro do Céu, perante as garras da calúnia e do sarcasmo; entretanto, entendia, nas mais baixas manifestações da natureza humana, dobrados motivos para consagrar-se, com mais calor, à melhoria dos companheiros animalizados, que ainda desconheciam a grandeza e a sublimidade do Pai Benevolente que lhes dera o ser.

Foi assim, fazendo-se o último de todos, que conseguiu acender a luz da fé renovadora e da bondade pura no coração das criaturas terrestres, elevando-as a mais alto nível, com plena vitória na divina missão de que fora investido.

Houve ligeira pausa na palavra doce do Messias e, ante a quietude que se fizera espontânea no ruidoso ambiente de minutos antes, concluiu ele, com expressivo acento na voz:

— Cultura e santificação representam forças inseparáveis da glória espiritual. A sabedoria e o amor são as duas asas dos anjos que alcançaram o Trono Divino, mas, em toda parte, quem ama segue à frente daquele que simplesmente sabe.


Neio Lúcio












Allan Kardec - O Evangelho Segundo o Espiritismo - Cap. 25 - Buscai e achareis - Observai os pássaros do céu - Item 8



Allan Kardec - O Evangelho Segundo o Espiritismo - Cap. 25 - Buscai e achareis


Observai os pássaros do céu 


8. A Terra produzirá o suficiente para alimentar a todos os seus habitantes, quando os homens souberem administrar, segundo as leis de justiça, de caridade e de amor ao próximo, os bens que ela dá. Quando a fraternidade reinar entre os povos, como entre as províncias de um mesmo império, o momentâneo supérfluo de um suprirá a momentânea insuficiência do outro; e cada um terá o necessário. O rico, então, considerar-se-á como um que possui grande quantidade de sementes; se as espalhar, elas produzirão pelo cêntuplo para si e para os outros; se, entretanto, comer sozinho as sementes, se as desperdiçar e deixar se perca o excedente do que haja comido, nada produzirão, e não haverá o bastante para todos. Se as amontoar no seu celeiro, os vermes as devorarão. Daí o haver Jesus dito: “Não acumuleis tesouros na Terra, pois que são perecíveis; acumulai-os no céu, onde são eternos.” Em outros termos: não ligueis aos bens materiais mais importância do que aos espirituais e sabei sacrificar os primeiros aos segundos. (Cap. XVI, n. os 7 e seguintes.)

A caridade e a fraternidade não se decretam em leis. Se uma e outra não estiverem no coração, o egoísmo aí sempre imperará. Cabe ao Espiritismo fazê-las penetrar nele.


Allan Kardec










Fonte: Kardecpedia

Léon Denis - Livro O Problema do Ser, do Destino e da Dor - Introdução



Léon Denis - Livro O Problema do Ser, do Destino e da Dor


Introdução


Uma dolorosa observação surpreende o pensador no ocaso da vida. Resulta também, mais pungente, das im­pressões sentidas em seu giro pelo espaço. Reconhece ele então que, se o ensino ministrado pelas instituições hu­manas, em geral — religiões, escolas, universidades —, nos faz conhecer muitas coisas supérfluas, em compensação quase nada ensina do que mais precisamos conhecer para encaminhamento da existência terrestre e preparação para o Além.

Aqueles a quem incumbe a alta missão de esclarecer e guiar a alma humana parecem ignorar a sua natureza e os seus verdadeiros destinos.

Nos meios universitários reina ainda completa incer­teza sobre a solução do mais importante problema com que o homem jamais se defronta em sua passagem pela Terra. Essa incerteza se reflete em todo o ensino. A maior parte dos professores e pedagogos afasta sistematica­mente de suas lições tudo que se refere ao problema da vida, às questões de termo e finalidade...

A mesma impotência encontramos no padre. Por suas afirmações despidas de provas, apenas consegue comu­nicar às almas que lhe estão confiadas uma crença que já não corresponde às regras duma crítica sã nem às exigências da razão.

Com efeito, na Universidade, como na Igreja, a alma moderna não encontra senão obscuridade e contradição em tudo quanto respeita ao problema de sua natureza e de seu futuro. É a esse estado de coisas que se deve atribuir, em grande parte, os males de nossa época, a in­coerência das idéias, a desordem das consciências, a anar­quia moral e social.

A educação que se dá às gerações é complicada; mas, não lhes esclarece o caminho da vida; não lhes dá a têmpera necessária para as lutas da existência. O ensino clássico pode guiar no cultivo, no ornamento da inteligência; não inspira, entretanto, a ação, o amor, a dedicação. Ainda menos obtém se faça uma concepção da vida e do destino que desenvolva as energias profundas do eu e nos oriente os impulsos e os esforços para um fim elevado. Essa concepção, no entanto, é indispensável a todo ser, a toda sociedade, porque é o sustentáculo, a consolação suprema nas horas difíceis, a origem das virtudes másculas e das altas inspirações.

Carl du Prel refere o fato seguinte (1):

"Um amigo meu, professor da Universidade, passou pela dor de perder a filha, o que lhe reavivou o problema da imortalidade. Dirigiu-se aos colegas, professores de Filosofia, esperando achar consolações em suas respostas. Amarga decepção: pedira um pão, ofereciam-lhe uma pedra; procurava uma afirmação, respondiam-lhe com um talvez!’’

Francisque Sarcey (1-A), modelo completo do professor da Universidade, escrevia: (2) "Estou na Terra. Ignoro absolutamente como aqui vim ter e como aqui fui lançado. Não ignoro menos como daqui sairei e o que de mim será quando daqui sair."

Ninguém o confessaria mais francamente: a filosofia da escola, depois de tantos séculos de estudo e de labor, é ainda uma doutrina sem luz, sem calor, sem vida (3).

A alma de nossos filhos, sacudida entre sistemas diversos e contraditórios — o positivismo de Auguste Comte, o naturalismo de Hegel, o materialismo de Stuart Mill, o ecletismo de Cousin, etc. —, flutua incerta, sem ideal, sem fim preciso.

Daí o desânimo precoce e o pessimismo dissolvente, moléstias das sociedades decadentes, ameaças terríveis para o futuro, a que se junta o cepticismo amargo e zombeteiro de tantos moços da nossa época; em nada mais creem do que na riqueza, nada mais honram que o êxito.

O eminente professor Raoul Pictet assinala esse estado de espírito na Introdução da sua última obra sobre as ciências psíquicas (4). Fala ele do efeito desastroso produzido pelas teorias materialistas na mentalidade de seus alunos, e conclui assim:

"Esses pobres moços admitem que tudo quanto se passa no mundo é efeito necessário e fatal de condições primárias, em que a vontade não intervém; consideram que a própria existência é, forçosamente, joguete da fatalidade inelutável, à qual estão entregues de pés e mãos ligados.

Esses moços cessam de lutar logo às primeiras dificuldades. Já não creem em si mesmos. Tornam-se túmulos vivos, onde se encerram, promiscuamente, suas esperanças, seus esforços, seus desejos, fossa comum de tudo o que lhes fez bater o coração até ao dia do envenenamento. Tenho visto desses cadáveres diante de suas carteiras e no laboratório, e tem-me causado pena vê-los."

Tudo isso não é somente aplicável a uma parte da nossa juventude; mas, também, a muitos homens do nosso tempo e da nossa geração, nos quais se pode verificar uma espécie de lassidão moral e de abatimento. F. Myers o reconhece, igualmente: "Há", diz ele (5), "como que uma inquietação, um descontentamento, uma falta de confiança no verdadeiro valor da vida. O pessimismo é a doença moral do nosso tempo."

As teorias de além-Reno (6), as doutrinas de Nietzsche, de Schopenhauer, de Haeckel, etc., muito contribuíram, por sua parte, para determinar esse estado de coisas. Sua influência por toda parte se derrama. Deve-se-lhes atribuir, em grande parte, esse lento trabalho, obra obscura de cepticismo e de desânimo, que se desenvolve na alma contemporânea, essa desagregação de tudo que fortificava a alegria, a confiança no futuro, as qualidades viris de nossa raça (7).

É tempo de reagir com vigor contra essas doutrinas funestas, e de procurar, fora da órbita oficial e das velhas crenças, novos métodos de ensino que correspondam às imperiosas necessidades da hora presente. É preciso dispor os Espíritos para os reclamos, os combates da vida presente e das vidas ulteriores; é necessário, sobretudo, ensinar o ser humano a conhecer-se, a desenvolver, sob o ponto de vista dos seus fins, as forças latentes que nele dormem.

Até aqui, o pensamento confinava-se em círculos estreitos: religiões, escolas, ou sistemas, que se excluem e combatem reciprocamente. Daí essa divisão profunda dos espíritos, essas correntes violentas e contrárias, que perturbam e confundem o meio social.

Aprendamos a sair destes círculos austeros e a dar livre expansão ao pensamento. Cada sistema contém uma parte de verdade; nenhum contém a realidade inteira.

O Universo e a vida têm aspectos muito variados, numerosos demais para que um sistema possa abraçar a todos. Destas concepções disparatadas, devem recolher-se os fragmentos de verdade que contêm, aproximando-os e pondo-os de acordo; é necessário, depois, uni-los aos novos e múltiplos aspectos da verdade que descobrirmos todos os dias, e encaminhar-nos para a unidade majestosa e para a harmonia do pensamento.

A crise moral e a decadência da nossa época provêm, em grande parte, de se ter o espírito humano imobilizado durante muito tempo. Ê necessário arrancá-lo à inércia, às rotinas seculares, levá-lo às grandes altitudes, sem perder de vista as bases sólidas que lhe vem oferecer uma ciência engrandecida e renovada. Esta ciência de amanhã, trabalhamos em constituí-la.

Ela nos fornecerá o critério indispensável, os meios de verificação e de comparação, sem os quais o pensamento, entregue a si mesmo, estará sempre em risco de desvairar.

A perturbação e a incerteza que verificamos no ensino repercutem e se encontram, dizíamos, na ordem social inteira.

Em toda parte, dentro como fora, a crise existe, inquietante. Sob a superfície brilhante de uma civilização apurada, esconde-se um mal-estar profundo. A irritação cresce nas classes sociais. O conflito dos interesses e a luta pela vida tornam-se, dia a dia, mais ásperos. O sentimento do dever se tem enfraquecido na consciência popular, a tal ponto, que muitos homens já não sabem onde está o dever. A lei do número, isto é, da força cega, domina mais do que nunca. Pérfidos retóricos dedicam-se a desencadear as paixões, os maus instintos da multidão, a propagar teorias nocivas, às vezes criminosas. Depois, quando a maré sobe e sopra o vento de tempestade, eles afastam de si toda a responsabilidade.

Onde está, pois, a explicação deste enigma, desta contradição notável entre as aspirações generosas de nosso tempo e a realidade brutal dos fatos? Por que um regime que suscitara tantas esperanças ameaça chegar à anarquia, à ruptura de todo o equilíbrio social?

A inexorável lógica vai responder-nos: a Democracia, radical ou socialista, em suas massas profundas e em seu espírito dirigente, inspirando-se nas doutrinas negativas, não podia chegar senão a um resultado negativo para a felicidade e elevação da Humanidade. Tal o ideal, tal o homem; tal a nação, tal o país!

As doutrinas negativas, em suas consequências extremas, levam fatalmente à anarquia, isto é, ao vácuo, ao nada social. A história humana já o tem experimentado dolorosamente.

Enquanto se tratou de destruir os restos do passado, de dar o último golpe nos privilégios que restavam, a Democracia serviu-se habilmente de seus meios de ação. Mas, hoje, importa reconstruir a cidade do futuro, o edifício vasto e poderoso que deve abrigar o pensamento das gerações. Diante dessas tarefas, as doutrinas negativistas mostram sua insuficiência e revelam sua fragilidade; vemos os melhores operários debaterem-se em uma espécie de impotência material e moral.

Nenhuma obra humana pode ser grande e duradoura se não se inspirar, na teoria e na prática, em seus princípios e em suas explicações, nas leis eternas do Universo. Tudo o que é concebido e edificado fora das leis superiores se funda na areia e desmorona.

Ora, as doutrinas do socialismo atual têm uma tara capital. Querem impor uma regra em contradição com a Natureza e a verdadeira lei da Humanidade: o nível igualitário.

A evolução gradual e progressiva é a lei fundamental da Natureza e da vida. É a razão de ser do homem, a norma do Universo. Insurgir-se contra essa lei, substituir-lhe por outro o fim, seria tão insensato como querer parar o movimento da Terra ou o fluxo e o refluxo dos oceanos.

O lado mais fraco da doutrina socialista é a ignorância absoluta do homem, de seu princípio essencial, das leis que presidem ao seu destino. E quando se ignora o homem individual, como se poderia governar o homem social?

A origem de todos os nossos males está em nossa falta de saber e em nossa inferioridade moral. Toda a sociedade permanecerá débil, impotente e dividida durante todo o tempo em que a desconfiança, a dúvida, o egoísmo, a inveja e o ódio a dominarem. Não se transforma uma sociedade por meio de leis. As leis e as instituições nada são sem os costumes, sem as crenças elevadas. Quaisquer que sejam a forma política e a legislação de um povo, se ele possui bons costumes e fortes convicções, será sempre mais feliz e poderoso do que outro povo de moralidade inferior.

Sendo uma sociedade a resultante das forças individuais, boas ou más, para se melhorar a forma dessa sociedade é preciso agir primeiro sobre a inteligência e sobre a consciência dos indivíduos.

Mas, para a Democracia socialista, o homem interior, o homem da consciência individual não existe; a coletividade o absorve por inteiro. Os princípios que ela adota não são mais do que uma negação de toda filosofia elevada e de toda causa superior. Não se procura outra coisa senão conquistar direitos; entretanto, o gozo dos direitos não pode ser obtido sem a prática dos deveres. O direito sem o dever, que o limita e corrige, só pode produzir novas dilacerações, novos sofrimentos.

Eis por que o impulso formidável do Socialismo não faria senão deslocar os apetites, as ambições, os sofrimentos, e substituir as opressões do passado por um despotismo novo, mais intolerável ainda.

Já podemos medir a extensão dos desastres causados pelas doutrinas negativas. O Determinismo, o Monismo, o Materialismo, negando a liberdade humana e a responsabilidade, minam as próprias bases da Ética universal. O mundo moral não é mais que um anexo da Fisiologia, isto é, o reinado, a manifestação da força cega e irresponsável. Os espíritos de escol professam o Niilismo metafísico, e a massa humana, o povo, sem crenças, sem princípios fixos, está entregue a homens que lhe exploram as paixões e especulam com suas ambições.

O Positivismo, apesar de ser menos absoluto, não é menos funesto em suas consequências. Por suas teorias do desconhecido, suprime ele as noções de fim e de larga evolução. Toma o homem na fase atual de sua vida, simples fragmento de seu destino, e o impede de ver para diante e para trás de si. Método estéril e perigoso, feito, parece, para cegos de espírito, e que se tem proclamado muito falsamente como a mais bela conquista do espírito moderno.

Tal é o atual estado da Sociedade. O perigo é imenso e, se alguma grande renovação espiritualista e científica não se produzisse, o mundo soçobraria na incoerência e na confusão.

Nossos homens de governo sentem já o que lhes custa viver numa sociedade em que as bases essenciais da moral estão abaladas, em que as sanções são factícias ou impotentes, em que tudo se funde, até a noção elementar do bem e do mal.

As igrejas, é verdade, apesar de suas fórmulas antiquadas e de seu espirito retrógrado, agrupam ainda ao redor de si muitas almas sensíveis; mas, tornaram-se incapazes de conjurar o perigo, pela impossibilidade em que se colocaram de fornecer uma definição precisa do destino humano e do Além, apoiada em fatos probantes e bem estabelecidos. A religião, que teria, sobre esse ponto capital, o mais alto interesse em se pronunciar, conserva-se no vago.

A Humanidade, cansada dos dogmas e das especulações sem provas, mergulhou no materialismo, ou na indiferença. Não há salvação para o pensamento, senão numa doutrina baseada sobre a experiência e o testemunho dos fatos.

Donde virá essa doutrina? Do abismo em que nos arrastamos, que poder nos livrará? Que ideal novo virá dar ao homem a confiança no futuro e o fervor pelo bem? Nas horas trágicas da História, quando tudo parecia desesperado, nunca faltou o socorro. A alma humana não se pode afundar inteiramente e perecer. No momento em que as crenças do passado se velam, uma concepção nova da vida e do destino, baseada na ciência dos fatos, reaparece. A grande tradição revive sob formas engrandecidas, mais novas e mais belas. Mostra a todos um futuro cheio de esperanças e de promessas. Saudemos o novo reino da Ideia, vitoriosa da Matéria, e trabalhemos para preparar-lhe o caminho.

A tarefa a cumprir é grande. A educação do homem deve ser inteiramente refeita. Essa educação, já o vimos, nem a Universidade, nem a Igreja estão em condições de a fornecer, pois que já não possuem as sínteses necessárias para esclarecerem a marcha das novas gerações. Uma só doutrina pode oferecer essa síntese, a do Espiritualismo cientifico; já ela sobe no horizonte do mundo intelectual e parece que há de iluminar o futuro.

A essa filosofia, a essa ciência, livre, independente, emancipada de toda pressão oficial, de todo compromisso político, as descobertas contemporâneas trazem cada dia novas e preciosas contribuições. Os fenômenos do Magnetismo, da radioatividade, da telepatia, são aplicações de um mesmo principio, manifestações de uma mesma lei, que rege conjuntamente o ser e o Universo.

Ainda alguns anos de labor paciente, de experimentação conscienciosa, de pesquisas perseverantes, e a nova educação terá encontrado sua fórmula científica, sua base essencial. Esse acontecimento será o maior fato da História, desde o aparecimento do Cristianismo.

A educação, sabe-se, é o mais poderoso fator do progresso, pois contém em gérmen todo o futuro. Mas, para ser completa, deve inspirar-se no estudo da vida sob suas duas formas alternantes, visível e invisível, em sua plenitude, em sua evolução ascendente para os cimos da natureza e do pensamento.

Os preceptores da Humanidade têm, pois, um dever imediato a cumprir. É o de repor o Espiritualismo na base da educação, trabalhando para refazer o homem interior e a saúde moral. É necessário despertar a alma humana adormecida por uma retórica funesta; mostrar-lhe seus poderes ocultos, obrigá-la a ter consciência de si mesma, a realizar seus gloriosos destinos.

A ciência moderna analisou o mundo exterior; suas penetrações no Universo objetivo são profundas; isso será sua honra e sua glória; mas nada sabe ainda do universo invisível e do mundo interior. É esse o império ilimitado que lhe resta conquistar. Saber por que laços o homem se liga ao conjunto, descer às sinuosidades misteriosas do ser, onde a sombra e a luz se misturam, como na caverna de Plutão, percorrer-lhe os labirintos, os redutos secretos, auscultar o eu normal e o eu profundo, a consciência e a subconsciência; não há estudo mais necessário. Enquanto as Escolas e as Academias não o tiverem introduzido em seus programas, nada terão feito pela educação definitiva da Humanidade.

Já, porém, vemos surgir e constituir-se uma psicologia maravilhosa e imprevista, de onde vão derivar uma nova concepção do ser e a noção de uma lei superior que abarca e resolve todos os problemas da evolução e do movimento transformador.

Um tempo se acaba; novos tempos se anunciam. A hora em que estamos é uma hora de transição e de parto doloroso. As formas esgotadas do passado empalidecem-se e se desfazem para dar lugar a outras, a princípio vagas e confusas, mas que se precisam cada vez mais. Nelas se esboça o pensamento crescente da Humanidade.

O espírito humano está em trabalho, por toda parte, sob a aparente decomposição das idéias e dos princípios; por toda parte, na Ciência, na Arte, na Filosofia e até no seio das religiões, o observador atento pode verificar que uma lenta e laboriosa gestação se produz. A Ciência, essa sobretudo, lança em profusão sementes de ricas promessas. O século que começa será o das potentes eclosões.

As formas e as concepções do passado, dizíamos, já não são suficientes. Por mais respeitável que pareça essa herança, não obstante o sentimento piedoso com que se podem considerar os ensinamentos legados por nossos pais, sente-se geralmente, compreende-se que esse ensinamento não foi suficiente para dissipar o mistério sufocante do porquê da vida.

Pode-se, entretanto, em nossa época, viver e agir com mais intensidade do que nunca; mas, pode-se viver e agir plenamente, sem se ter consciência do fim a atingir? O estado d'alma contemporâneo pede, reclama uma ciência, uma arte, uma religião de luz e de liberdade, que venham dissipar-lhe as dúvidas, libertá-lo das velhas servidões e das misérias do pensamento, guiá-lo para horizontes radiosos a que se sente levado pela própria natureza e pelo impulso de forças irresistíveis.

Fala-se muito de progresso; mas, que se entende por progresso? É uma palavra vazia e sonora na boca de oradores pela maior parte materialistas, ou tem um sentido determinado? Vinte civilizações têm passado pela Terra, iluminando com seus alvores a marcha da Humanidade. Seus grandes focos brilharam na noite dos séculos; depois, extinguiram-se. E o homem não discerne ainda, atrás dos horizontes limitados de seu pensamento, o além sem limites aonde o leva o destino. Impotente para dissipar o mistério que o cerca, estraga suas forças nas obras da Terra e foge aos esplendores de sua tarefa espiritual, tarefa que fará sua verdadeira grandeza.

A fé no progresso não caminha sem a fé no futuro, no futuro de cada um e de todos. Os homens não progridem e não se adiantam, senão crendo no futuro e marchando com confiança, com certeza para o ideal entrevisto.

O progresso não consiste somente nas obras materiais, na criação de máquinas poderosas e de toda a ferramenta industrial; do mesmo modo, não consiste em descobrir processos novos de arte, de literatura ou formas de eloquência. Seu mais alto objetivo é empolgar, atingir a ideia primordial, a ideia mãe que há de fecundar toda a vida humana, a fonte elevada e pura de onde hão de dimanar conjuntamente as verdades, os princípios e os sentimentos que inspirarão as obras de peso e as nobres ações.

É tempo de o compreender: a Civilização não se pode engrandecer, a Sociedade não pode subir, se um pensamento cada vez mais elevado, se uma luz mais viva, não vierem inspirar, esclarecer os espíritos e tocar os corações, renovando-os. Somente a ideia é mãe da ação. Somente a vontade de realizar a plenitude do ser, cada vez melhor, cada vez maior, nos pode conduzir aos cimos longínquos em que a Ciência, a Arte, toda a obra humana, numa palavra, achará sua expansão, sua regeneração.

Tudo no-lo diz: o Universo é regido pela lei da evolução; é isso o que entendemos pela palavra progresso. E nós, em nosso principio de vida, em nossa alma, em nossa consciência, estamos para sempre submetidos a essa lei. Não se pode desconhecer, hoje, essa força, essa lei soberana; ela conduz a alma e suas obras, através do infinito do tempo e do espaço, a um fim cada vez mais elevado; mas, essa lei não é realizável senão por nossos esforços.

Para fazer obra útil, para cooperar na evolução geral e recolher todos os seus frutos, é preciso, antes de tudo, aprender a discernir, a reconhecer a razão, a causa e o fim dessa evolução, saber aonde ela conduz, a fim de participar, na plenitude das forças e das faculdades que dormitam em nós, dessa ascensão grandiosa.

Nosso dever é traçar a trajetória à Humanidade futura, de que fazemos ainda parte integrante, como no-lo ensinam a comunhão das almas, a revelação dos grandes Instrutores invisíveis e como a Natureza o ensina também por seus milhares de vozes, pelo renovamento perpétuo de todas as coisas, àqueles que a sabem estudar e compreender.

Vamos, pois, para o futuro, para a vida sempre renascente, pela via imensa que nos abre um Espiritualismo regenerado!

Fé do passado, ciências, filosofias, religiões, iluminai-vos com uma chama nova; sacudi vossos velhos sudários e as cinzas que os cobrem. Escutai as vozes reveladoras do túmulo; elas nos trazem uma renovação do pensamento com os segredos do Além, que o homem tem necessidade de conhecer para melhor viver, melhor agir e melhor morrer!


Léon Denis
















(1) Carl du Prel — La Mort et l'Au-Delà, pág. 7.

(1-A) Françols Sarcey de Suttlères, célebre critico literário e conferencista inspirado, era também conhecido como Francisque Sarcey — Nota da Editora (FEB), em 1975.

(2) Fetit Journal crônica, 7 de março de 1894.

(3) A propósito dos exames universitários, escrevia M. Ducros, deão da Faculdade de Aix, no Journal des Débats, de 3 de maio de 1912: "Parece que existe entre o discípulo e as coisas um como anteparo, não sei que nuvem de palavras aprendidas, de fatos esparsos e opacos. É sobretudo em filosofia que se experimenta essa penosa impressão."

(4) Étude critique du Matérialisme et du Spiritisme par la Physique expérimentale — F. Alcan, ed., 1896.

(5) F. Myers — Human Personality.

(6) Significado de além-reno. O que é além-reno: Eram povos germânico (Germânia-além-Reno). 

(7) Estas linhas foram escritas antes da guerra de 1914-15. É preciso reconhecer que, no curso dessa luta gigantesca, a mocidade francesa demonstrou um heroísmo acima de todo elogio. Mas, nisso em nada interveio a educação nacional. Devemos, pelo contrário, ver aí um acordar das qualidades étnicas que dormitavam no coração da raça.







quarta-feira, 24 de abril de 2024

Joanna de Ângelis - Livro Momentos de Consciência - Divaldo P. Franco - Pág. 25 - Consciência e Responsabilidade



Joanna de Ângelis - Livro Momentos de Consciência - Divaldo P. Franco - Pág. 25


Consciência e Responsabilidade 


A responsabilidade é manifestação evidente da aquisição de consciência.  

O ato de pensar, nem sempre faculta a visão correta, necessária à responsabilidade. Esta se alicerça no discernimento dos objetivos da existência terrestre, propelindo o ser às ações enobrecedoras em clima de dignificação.  

A responsabilidade faculta o direcionamento dos deveres, elegendo aqueles que são essenciais, em detrimento dos que aparentam benefícios e não passam de suporte para mascarar a ilusão e o gozo.  

A criatura responsável discerne o que realizar e como executá-lo.  

A tendência para o bem é inata no ser humano, face à sua procedência divina. O entorpecimento carnal, às vezes, bloqueia a faculdade de direcionamento que a consciência proporciona.  

A pessoa lúcida, como conseqüência, age com prudência, confiando nos resultados que advirão, sem preocupar-se com o imediatismo, sabendo que a semente de luz sempre se converte em claridade.  

A inconsciência em que estagiam muitas criaturas respondem pela agressividade e ignorância que nelas predominam.  

A responsabilidade, advinda da consciência, promove o ser ao estágio de lucidez, que o leva a aspirar pelas cumeadas da evolução que passa a buscar, com acendrado devotamento.  

A consciência da responsabilidade te conduzirá:

-a nunca maldizeres o charco, e sim, a drená-lo.

-a não cultivares problemas, antes, a soluciona-los.

-a não ergueres barreiras que dificultem o progresso, porém, a te tornares ponte que facilite o trânsito.

-a não aguardares o êxito antes do trabalho, pois que, o primeiro somente precede ao último na ordem alfabética dos dicionários.

-a não olhares para baixo, emocionalmente, onde repousam o pó e a lama, entretanto, a fitares o alto onde fulguram os astros. 

-a não desistires da luta, perdendo a batalha não travada, todavia, perseverando até o fim, pois que a esperança é a luz que brilha á frente, apontando a trilha da vitória. 

-a não falares mal do próximo, considerando as tuas próprias deficiências, ao invés disso, brindar-lhe palavras de estímulo. 

-a não te perturbares ante as incompreensões, porém a te sentires vivo, e portanto, vulnerável aos fenômenos do trânsito humano. 

-a nunca pretenderes a paz sem os requisitos para cultuá-la no íntimo, não obstante, a irradiares a alegria do bem, que fomenta a harmonia.  

A responsabilidade não favorece a autopiedade nem a presunção, a debilidade moral, nem a violência, a volúpia dos desejos vis, nem os gozos entorpecedores.  

É criativa e enriquecedora, porque sabe encontrar-se em processo de elevação e de crescimento.  

Louis Pasteur, combatido pelos acadêmicos do seu tempo, com responsabilidade, prosseguiu até culminar na descoberta dos micróbios, da profilaxia da raiva, do carbúnculo, e em geral de todas as doenças contagiosas...  

Kepler, perseguido, mas, consciente dos mapas celestes, insistiu até apresentar uma admirável teoria do planeta Marte e formular outras leis que passaram a honrar-lhe o nome.  

Hansen, com responsabilidade, aprofundou a sonda da pesquisa, até isolar o bacilo da lepra e salvar milhões de vidas.  

Copérnico, anatematizado, com responsabilidade, demonstrou o duplo movimento dos planetas sobre si mesmos, e o sistema heliocêntrico, pagando com alto preço a audácia da consciência.  

O casal Curie, responsável, entregou-se às experiências fatigantes, que abriram novos horizontes para o conhecimento de materiais radiativos.  

A responsabilidade é degrau de elevação da consciência, que plenifica o homem e a mulher em todas as situações.  

Diante desta realidade, ALLAN KARDEC indagou aos Benfeitores Espirituais, conforme se lê em O Livro dos Espíritos, na questão de número 780:  

- O progresso moral acompanha sempre o progresso intelectual? - Decorre deste, mas nem sempre o segue imediatamente. Dependendo, certamente, da consciência de responsabilidade.   

Joanna de Ângelis















Fonte: Momentos de Consciência-pdf

Emmanuel - Livro Calma - Chico Xavier - Cap. 4 - Nas crises



Emmanuel - Livro Calma - Chico Xavier - Cap. 4


Nas crises


Estarás talvez diante de algum problema que te parece positivamente insolúvel.

Não acredites que a fuga te possa auxiliar.

Pensa nas reservas de força que jazem dentro de ti e aceita as dificuldades como se apresentem.

Não abandones a tua possibilidade de trabalhar e continua fiel aos próprios deveres.

Assume as responsabilidades que te dizem respeito.

Evita comentar os aspectos negativos da provação que atravesses.

Ora — mas ora com sinceridade — pedindo a proteção de Deus em favor de todas as pessoas envolvidas no assunto que te preocupa, sejam elas quem sejam.

Se existem ofensores no campo das inquietações em que, porventura, te vejas, perdoa e esquece qualquer tipo de agressão de que hajas sido objeto.

Esforça-te por estabelecer a tranquilidade em tuas áreas de ação, sem considerar sacrifícios pessoais que serão sempre pequenos, por maiores te pareçam, na hipótese de serem realmente o preço da paz de que necessitas.

Se nenhuma iniciativa de tua parte é capaz de resolver o problema em foco, nunca recorras à violência, mas sim continua trabalhando e entrega-te a Deus.


Emmanuel


Fonte: Bíblia do Caminho † Testamento Xavieriano


VÍDEO: 

Estudo do Livro Calma #04 - "Nas crises" com Artur Valadares
RAETV - Rede Amigo Espírita TV




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Emmanuel - Livro Calma - Chico Xavier - Cap. 5 - Serenidade e paciência



Emmanuel - Livro Calma - Chico Xavier - Cap. 5


Serenidade e paciência


No sentido de preservar a própria paz, é indispensável nos disponhamos a manter criteriosa atenção sobre nós mesmos.

O conflito de resultados inavaliáveis pode surgir da explosão de sentimentos descontrolados; entretanto, não se obtém a paz sem esforço.

Quem acredite no imaginário valor da desinibição despropositada, no intuito de garantir o equilíbrio próprio, observe a força elétrica desorientada ou o trânsito sem disciplina.

Ninguém possui uma serenidade que não construiu. Daí, o impositivo da vigilância em nós próprios. Não se trata de prevenção contra ninguém e sim de autogoverno.

Para semelhante realização, ser-nos-á justo enfileirar certas obrigações primordiais que se nos mostram por alicerces da consciência tranquila.

Compreendamos que somos colocados, uns à frente dos outros, a fim de aperfeiçoar-nos.

Abracemos as iniciativas de concórdia sem esperar que determinadas pessoas venham a promovê-las.

Pelos erros alheios que claramente nos preocupem, examinemos os nossos com a sincera resolução de corrigi-los.

Não nos aborreçamos com o trabalho que a vida nos confia, de vez que, através dele, é que atingiremos a promoção justa na escala de valores da vida.

Nunca nos esqueçamos de que a eficiência não se harmoniza com a pressa, mas não se fará vista sem apoio na diligência.

Convém lembrar que os nossos ouvidos podem ser transformados em extintores do mal, todas as vezes em que o mal nos procure.

Aceitemos a realidade de que o próximo não tem a nossa formação e saibamos respeitar cada criatura na posição em que se encontre.

Em suma, a serenidade não é uma aquisição espiritual que se faça em toque de mágica e sim, através do trabalho, muitas vezes, duro e áspero da paciência em ação.


Emmanuel












Fonte: Bíblia do Caminho † Testamento Xavieriano

Hammed - Livro A Imensidão dos Sentidos - Francisco do Espírito Santo Netto - Pág. 99 - Ecos do mundo



Hammed - Livro A Imensidão dos Sentidos - Francisco do Espírito Santo Netto - Pág. 99


Ecos do mundo


“A Transmissão do pensamento ocorre também por intermédio do Espírito do médium, ou melhor, de sua alma, uma vez que designamos sob esse nome o Espírito encarnado. O Espírito estranho, neste caso, não atua sobre a mão para faze-la escrever; não a toma, não a guia; ele age sobre a alma, com a qual se identifica”. (O Livro dos Médiuns - 2a. parte – cap. XV, item 180)


A proposta de Sócrates – “Conhece-te a ti mesmo”- pode ser comparada simbolicamente com a “pedra filosofal”(1), que ilumina e transforma nosso mundo íntimo para que tomemos consciência de nossos sentimentos e emoções no exato momento em que eles ocorrerem.

Na França do século XVII, afirmava Blaise Pascal: “À medida que temos mais luz, mais grandeza e baixeza descobrimos no homem”.

O autoconhecimento proporciona ao indivíduo uma consciência autorreflexiva. A mente consegue supervisionar as reações, identificando e nomeando as emoções despertadas.

À primeira vista, pode parecer que nossas sensações não requeiram esclarecimento, por nos parecerem demasiadamente claras e evidentes; porém, se fizermos uma reflexão mais acurada, perceberemos o quanto fomos indiferentes ao que realmente sentimos diante do fato ocorrido.

A autoconsciência é a capacidade de registrar tudo o que está sendo vivenciado. Ao discernirmos a emoção manifestada, damos o primeiro passo para o autocontrole emocional e, em virtude disso, quando entrarmos num estado negativo, não ficaremos nele demoradamente, remoendo-o, mas sairemos dessa situação de modo mais rápido. Em síntese, a compreensão nos ajuda a administrar nossas emoções.

Existe uma enorme distância entre “estar consciente” das sensações e “querer afasta-las”. Por exemplo: ao dizermos “não devo sentir isso”, estamos evitando nosso “sentir”. Quando, de forma sincera, nos perguntarmos: “o que realmente estou sentindo?”, aí, sim, iniciaremos o processo da auto consciência – a compreensão de nossas sensações íntimas.

“Estar ciente” de nosso estado de espírito não é possuir uma atenção julgadora e punitiva de nossos estados mais profundos, querendo nos livrar deles ou tentando mudá-los de modo impulsivo, mas fazer uma observação equânime dos sentimentos desordenados ou agitados.

No melhor de si, o entendimento dos sentidos nos leva a um maior grau de liberdade ou de livre escolha; em suma, uma opção de agir baseada em nossos sentimentos e emoções, conforme nos convier.

À medida que um indivíduo não admite ou não reconhece o que ocorre em seu campo sensório, ele se torna um “mau intérprete” de si mesmo e, como conseqüência, não consegue traduzir com clareza o que sentem as inteligências (encarnadas ou não) que com ele convivem.

Como “a transmissão do pensamento ocorre também por intermédio do Espírito do médium, ou melhor, de sua alma (…)”, se a recepção das ondas mentais for inadequada, a mensagem pode perder sua autenticidade.

Se ele não registra a totalidade de sua vida emocional, isto é, não a “incorpora” a si mesmo, como irá reproduzir um outro pensamento ou ideia sem prejudicar a pureza das impressões transmitidas? No entanto, se for autoconscientizado, estará em sintonia com o campo magnético à sua volta, porque compreendeu que essa área energética exercerá influência sobre ele próprio e produzirá um fluxo que facilitará suas comunicações interpessoais e, igualmente, aquelas com as dimensões invisíveis da Vida.

Nossos sentimentos e emoções sempre estão nos dizendo sobre nossas necessidades e relações (físicas ou transcendentais) com os outros. Sensações devem ser incorporadas ou integradas; aceitá-las não quer dizer que devamos agir de acordo com elas, mas, simplesmente, que nós as percebemos como realmente são. As três etapas: conscientização, aceitação e reflexão fazem parte de um processo que proporciona saúde mental e/ou espiritual.

As criaturas denominadas ecos do mundo são aquelas que estão na Terra à mercê de tudo o que as rodeia. Estão envolvidas, inconscientemente, por coisas, pessoas, situações e fatos, como folhas perdidas ao vento na imensidão de uma planície. Elas desconhecem as raízes de suas reações emocionais e ignoram as energias que chegam em seu campo sensório.

O ser autoconsciente não é apenas aquele que é suscetível às sensações agradáveis e refrescantes, ou àquelas que o envolvem numa atmosfera de calor e mal-estar quando alguém dele se aproxima. Tampouco é aquele que registra os efeitos de energia na pele, ou seja, os toques de sua “aura” com outras “auras”. Arrepios são subprodutos de uma força energética que atinge os plexos nervosos, provocando uma irradiação pela superfície cutânea.

Para adquirirmos uma autoconsciência plenificadora, é preciso, acima de tudo, aprendermos a interagir em todo o nosso campo sensorial, percebendo o que as emoções querem nos dizer ou mostrar.

A mente e a alma estão interligadas. A expressividade de uma pessoa é determinada pelo seu nível energético, ou melhor, pela quantidade de energia que ela possui e pelo seu grau de entendimento em relação a essas mesmas energias.

Os indivíduos que não falam e não se conduzem de acordo com suas próprias sensações energéticas quase sempre são inexpressivos. Não são “espirituosos”; em outras palavras, não se utilizam de seu espírito para agir. São considerados reflexos do mundo ou vozes ao léu. Cada um de nós deve assumir o comando da própria casa mental.

Nesse caso, o envolvimento fluídico assume vários aspectos. A pessoa se torna “médium” do que os outros querem que ela diga e faça. Ela diz: “não sei o que se passa comigo; tenho mudanças radicais e instáveis de comportamento, quase não me reconheço”.

Na verdade, não é ela quem está vivendo, e sim quem vive e move seus sentimentos e reações – os inúmeros eus que a dirigem e influenciam espiritualmente.

Nem sempre a criatura é convertida em objeto pelos outros; frequentemente, ela mesma se faz objeto de uso da esfera invisível.

Se nós não conhecermos o elemento responsável pelos nossos conflitos, como poderemos nos livrar deles?

É evidente que quase sempre não reconhecemos a nós mesmos como os responsáveis pelas nossas dificuldades, e tratamos sempre de pôr a culpa nos outros.

O conhecimento do que somos é a nossa mais importante missão na Terra. O autoconhecimento nos deixa mais sintonizados com os sinais sutis dos mundos interno e externo, além de nos indicar os melhores caminhos para interagir harmonicamente com os outros, sem nos deixar à mercê das influências deles.


Hammed 




(1). “Pedra filosofal”- substância lendária procurada insistentemente pelos alquimistas medievais, porque se acreditava que ela possuía a capacidade de transformar em ouro os mais vis dos metais. (nota do autor espiritual)





Fonte: A Imensidão dos Sentidos-pdf