segunda-feira, 31 de outubro de 2022

André Luiz - Livro Recados da Vida - Espíritos Diversos / Chico Xavier - Cap. 28 - Vitória



André Luiz - Livro Recados da Vida - Espíritos Diversos / Chico Xavier - Cap. 28


Vitória


Quando a tristeza lhe bata à porta, pense nas alegrias que a vida nos proporciona constantemente.

Concentre-se no bem por fazer, a fim de que o mal não lhe perturbe as horas.

Diante de observações descabidas que lhe forem lançadas em rosto, silencie, reconhecendo que cada um de nós é responsável pelas próprias atitudes e pensamentos.

Não descreia da cooperação e auxilie aos outros, quanto possível.

Acenda a estrela da esperança nas próprias mãos, para que a luz não lhe falte no cotidiano.

Não espere dos outros aquilo que os outros ainda não possuem para dar.

Disponha-se a ceder de você mesmo o que tenha você de melhor, a benefício dos companheiros de Humanidade.

Nada reclames.

Lembre-se de que se você cultivar a paciência, todos os prejuízos e desgostos prováveis da experiência terrestre se lhe farão mensageiros de bênçãos que você desconhece.

Se você sofre, trabalhe; se está doente trabalhe; se carregas o corpo enfraquecido, trabalhe, quanto puder e naquilo que possa fazer, porque isso resultará em auxílio a você mesmo.

Não olvide que um sorriso se reveste de imenso valor, nas mais difíceis circunstâncias.

Confie em Deus e confie em você mesmo, servindo sempre no amparo aos semelhantes e cedo você reconhecerá que carrega, por dentro do próprio coração, o seu mais belo cântico de vitória.


André Luiz











Fonte: Bíblia do Caminho † Testamento Xavieriano

domingo, 30 de outubro de 2022

Bezerra de Menezes - Livro Apelos Cristãos - Chico Xavier - Cap. 4 - Tópicos da meditação



Bezerra de Menezes - Livro Apelos Cristãos - Chico Xavier - Cap. 4


Tópicos da meditação


Através de nossas meditações e de nossas preces, os Benfeitores da Vida Maior estão orientando os nossos passos, com referência ao futuro. Confiemos no amparo de Jesus, hoje e sempre.

Quanto mais se nos estenda o esforço na prática do bem, puro e simples, com a abolição de todas as preocupações desnecessárias, mais se nos ampliarão as possibilidades para a assimilação das Bênçãos do Alto.

Auxiliemo-nos, a nós mesmos, situando a mente na paz interior. Isso é importante não apenas para o nosso campo mental, mas também para a nossa saúde física, nos mais íntimos fundamentos.


Bezerra de Menezes











Emmanuel - Livro Caminho, Verdade e Vida - Chico Xavier - Cap. 55 - As varas da videira



Emmanuel - Livro Caminho, Verdade e Vida - Chico Xavier - Cap. 55   


As varas da videira


“Eu sou a videira, vós as varas.” — JESUS (João, 15.5)


Jesus é o bem e o amor do princípio.

Todas as noções generosas da Humanidade nasceram de sua divina influenciação. 

Com justiça, asseverou aos discípulos, nesta passagem do Evangelho de João, que seu Espírito sublime representa a árvore da vida e seus seguidores sinceros as frondes promissoras, acrescentando que, fora do tronco, os galhos se secariam, caminhando para o fogo da purificação.

Sem o Cristo, sem a essência de sua grandeza, todas as obras humanas estão destinadas a perecer.

A ciência será frágil e pobre sem os valores da consciência, as escolas religiosas estarão condenadas, tão logo se afastem da verdade e do bem.

Infinita é a misericórdia de Jesus nos movimentos da vida planetária. No centro de toda expressão nobre da existência pulsa seu coração amoroso, repleto da seiva do perdão e da bondade.

Os homens são varas verdes da árvore gloriosa. Quando traem seus deveres, secam-se porque se afastam da seiva, rolam ao chão dos desenganos, para que se purifiquem no fogo dos sofrimentos reparadores, a fim de serem novamente tomados por Jesus, à conta de sua misericórdia, para a renovação.

É razoável, portanto, positivemos nossa fidelidade ao Divino Mestre, refletindo no elevado número de vezes em que nos ressecamos, no passado, apesar do imenso amor que nos sustenta em toda a vida.


Emmanuel










sábado, 29 de outubro de 2022

Marco Prisco - Livro Legado Kardequiano - Divaldo P. Franco - Cap. 2 - Experimente


Marco Prisco - Livro Legado Kardequiano - Divaldo P. Franco - Cap. 2


Experimente


572. A missão de um Espírito lhe é imposta, ou depende da sua vontade?

"Ele a pede e ditoso se considera se a obtém." (O Livro dos Espíritos - Das Ocupações e Missões dos Espíritos - Cap. 10 - Bênçãos e maldições)


Formule cada dia um plano de viver com equilíbrio, como se fosse o último da vida física.

Utilize o otimismo qual medicamento eficaz e de fácil aquisição, que não pode ser dispensado.

Procure fazer bem cada uma das tarefas, começando pela primeira que lhe acene, como se não voltasse a ter oportunidade de fazê-la outra vez.

Levante-se do insucesso, guardando o ensinamento da experiência malograda.

Harmonize-se interiormente e sintonize com as pessoas, de maneira simpática, ajudando com a bagatela de um sorriso ou a fortuna de uma dádiva espontânea.

Experimente sorrir, quando a perturbação acionar-lhe a mente, inquietando o panorama interior.

Viva cada experiência no justo momento e viva-a intensamente, não sofrendo por antecipação a punhalada da angústia.

Fale com bondade e verificará que a forma afetada e rude altera a significação e o conteúdo da mensagem verbal.

O Evangelho é um hino de louvor à vida e um convite ameno à paz e à alegria. E a Doutrina Espírita, que no-lo atualiza, é mensagem de alento e coragem, felicitando mente e coração com a luz clara do discernimento que gera a ordem, o trabalho e a felicidade.

Integre-se, pois, na plenitude de todo dia, certo de que um deles será o seu último na roupagem carnal... Viva-o bem, considerando-se ditoso por ter solicitado a sua missão na Terra, embora humilde, e logrado obtê-la.


Marco Prisco














Emmanuel - Livro Pensamento e Vida - Chico Xavier - Cap. 7 - Trabalho



Emmanuel - Livro Pensamento e Vida - Chico Xavier - Cap. 7


Trabalho


Se nos propomos retratar mentalmente a luz dos Planos Superiores, é indispensável que a nossa vontade abrace espontaneamente o trabalho por alimento de cada dia.

No pretérito, apreciávamo-lo por atitude servil de quantos caíssem sob o ferrete da injúria.

A escola, as artes, as virtudes domésticas, a indústria e o amanho do solo eram relegados a mãos escravas, reservando-se os braços supostos livres para a inércia dourada.

Hoje, porém, sabemos que a lei do trabalho é roteiro da justa emancipação.

Sem ela, o mundo mental dorme estanque. 

Fugir-lhe aos impositivos é situar-se à margem do caminho, onde o carro da evolução marcha, inflexível, deixando à retaguarda quantos se amolgam à ilusão da preguiça.

O usurário não padece apenas a infelicidade de sequestrar os bens devidos ao Bem de Todos, mas igualmente o infortúnio de erguer para si mesmo a cova adornada em que se lhe estiolarão as mais nobres faculdades do espírito.

Não vale, contudo, agir por agir.

As regiões infernais vibram repletas de movimento.

Além do trabalho-obrigação que nos remunera de pronto, é necessário nos atenhamos ao prazer de servir.

Nas contingências naturais do desenvolvimento terrestre, o Espírito encarnado é compelido a esforço incessante, para o sustento do corpo físico. 

Recolhe, de graça, a água pura, os princípios solares e os recursos nutrientes da atmosfera; entretanto, é preciso suar e sofrer em busca da proteína e do carboidrato que lhe assegurem a euforia orgânica.

Cativo, embora, às injunções do Plano de obscura matéria em que transitoriamente respira, pode, porém, desde a Terra, fruir a ventura do serviço voluntário aos semelhantes todo aquele que descerre o espelho da própria alma aos reflexos da Esfera Divina.

O trabalho-ação transforma o ambiente.

O trabalho-serviço transforma o homem.

As tarefas remuneradas conquistam o agradecimento de quem lhes recebe o concurso, mas permanecem adstritas ao mundo, nas linhas da troca vulgar.

A prestação de concurso espontâneo, sem qualquer base de recompensa, desdobra a influência da Bondade Celestial que a todos nos ampara sem pagamento.

À maneira que se nos alonga a ascensão, entendemos com mais clareza a necessidade de trabalhar por amor de servir.

Quando começamos a ajudar o próximo, sem aguilhões, matriculamo-nos no acrisolamento da própria alma, entrando em sintonia com a Vida Abundante.

Nos círculos mais elevados do espírito, o trabalho não é imposto. 

A criatura consciente da verdade compreende que a ação no bem é ajustamento às Leis de Deus e a ela se rende por livre vontade.

Por isso, nos domínios superiores, quem serve avança para os cimos da imortalidade radiosa, reproduzindo dentro de si mesmo as maravilhas do Céu que nos rodeia a espelhar-se por toda parte.


Emmanuel











Emmanuel - Livro Relicário de Luz - Espíritos Diversos / Chico Xavier - Cap. 26 - Mediunidade no lar



Emmanuel - Livro Relicário de Luz - Espíritos Diversos / Chico Xavier - Cap. 26


Mediunidade no lar


Não abandones a tarefa mediúnica no lar, a pretexto de te encontrares em círculo reduzido.

Muita vez, a popularidade não passa de amargosa provação.

Ainda que te encontres, ao lado de um ou dois companheiros somente, reúne-te com eles, em nome do Senhor, que designará mensageiros de amor e luz para o serviço de amparo ao teu esforço no bem.

Como realizar a grande jornada se não nos dispomos a dar os passos do início?

As gotas d’água fazem o grande rio e notas minúsculas compõem a sintonia magistral.

Recorda a bênção ao alívio ao desencarnado infeliz, a assistência ao companheiro que chora e a proteção à criança enferma.

Lembra-te da palestra que ajuda a quem sofre; da ideia, aparentemente sem importância, que brilha, repentina, em tua boca para a solução dos problemas difíceis; do estímulo que podes acender num coração desanimado; e trabalha sempre.

Ninguém pode imaginar, enquanto na Terra, o valor, a extensão e a eficácia de uma prece, nascida na fonte viva do sentimento.

A tranquilidade de muitos, procede sempre do esforço de alguns poucos.

A mediunidade no lar, quando ligada à inspiração do Evangelho, realiza infinitos milagres de trabalho e contentamento, bom ânimo e carinho.

Atende, acima de tudo, às lições do bem.

A caridade é Jesus conosco.

A mão que escreve um livro nobre é respeitável e generosa; todavia, a mão que socorre a um doente é sublime e santa.

O coração que compreende e ajuda, supera, em grandeza, a inteligência que estuda e ensina.

Sê o abençoado instrumento da paz e da alegria daqueles que te rodeiam.

No silêncio e no anonimato do trabalho espiritual em casa, podes, hoje, semear a glória e a felicidade que, amanhã, brilharão em tua alma eternamente.


Emmanuel












Allan Kardec - Revista Espírita - Ano II - Fevereiro de 1859 - Escolhos dos médiuns



Allan Kardec - Revista Espírita - Ano II - Fevereiro de 1859


Escolhos dos médiuns


A mediunidade é uma faculdade multiforme. Apresenta uma infinidade de nuanças em seus meios e em seus efeitos. Quem quer que seja apto a receber ou transmitir as comunicações dos Espíritos é, por isso mesmo, médium, seja qual for o meio empregado ou o grau de desenvolvimento da faculdade, desde a simples influência oculta até a produção dos mais insólitos fenômenos. Contudo, no uso corrente, o vocábulo tem uma acepção mais restrita e se diz geralmente das pessoas dotadas de um poder mediúnico muito grande, tanto para produzir efeitos físicos como para transmitir o pensamento dos Espíritos pela escrita ou pela palavra.

Embora não seja a faculdade um privilégio exclusivo, é certo que encontra refratários, pelo menos no sentido que se lhe dá. Também é certo que não deixa de apresentar escolhos aos que a possuem: pode ser alterada e até perder-se e, muitas vezes, ser uma fonte de graves desilusões. Sobre tal ponto julgamos útil chamar a atenção de todos quantos se ocupam de comunicações espíritas, quer diretamente, quer através de terceiros. Através de terceiros, dizemos, porque importa aos que se servem de médiuns poderem apreciar o valor e a confiança que merecem suas comunicações.

O dom da mediunidade depende de causas ainda imperfeitamente conhecidas e nas quais parece que o físico tem uma grande parte. À primeira vista pareceria que um dom tão precioso não devesse ser partilhado senão por almas de escol. Ora, a experiência prova o contrário, pois encontramos mediunidade potente em criaturas cuja moral deixa muito a desejar, enquanto outras, estimáveis sob todos os aspectos, não a possuem. Aquele que fracassa, a despeito de seus desejos, esforços e perseverança, não deve tirar conclusões desfavoráveis à sua pessoa nem julgar-se indigno da benevolência dos Espíritos. Se tal favor lhe não é concedido, outros há, sem dúvida, que lhe podem oferecer ampla compensação. Pela mesma razão, aquele que a desfruta não poderia dela prevalecer-se, pois a mediunidade não é nenhum sinal de mérito pessoal. O mérito, portanto, não está na posse da faculdade medianímica, que a todos pode ser dada, mas no uso que dela fazemos. Eis uma distinção capital, que jamais se deve perder de vista: a boa qualidade do médium não está na facilidade das comunicações, mas unicamente na sua aptidão para só receber as boas. Ora, é nisto que as suas condições morais são onipotentes; é nisso também que ele encontra os maiores escolhos.

Para perceber este estado de coisas e compreender o que vamos dizer é necessário reportar-se ao princípio fundamental de que entre os Espíritos há todos os graus de bondade e de maldade, de conhecimento e de ignorância; que os Espíritos pululam em redor de nós e que, quando nos julgamos sós, estamos incessantemente rodeados de seres que nos acotovelam, uns com indiferença, como estranhos, outros que nos observam com intenções mais ou menos benevolentes, conforme a sua natureza.

O provérbio “Cada ovelha busca a sua parelha” tem sua aplicação entre os Espíritos, como entre nós, e mais ainda entre eles, se possível, porque não estão, como nós, sob a influência de preceitos sociais. Contudo, se entre nós esses preceitos algumas vezes confundem homens de costumes e gostos muito diversos, tal confusão, de certo modo, é apenas material e transitória. A similitude ou a divergência de pensamentos será sempre a causa das atrações e repulsões.

Nossa alma, que afinal de contas não é mais que um Espírito encarnado, não deixa por isso de ser um Espírito. Se se revestiu momentaneamente de um envoltório material, suas relações com o mundo incorpóreo, embora menos fáceis do que quando no estado de liberdade, nem por isto são interrompidas de modo absoluto. O pensamento é o laço que nos une aos Espíritos, e pelo pensamento atraímos os que simpatizam com as nossas ideias e inclinações. Representemos, pois, a massa de Espíritos que nos envolvem, como a multidão que encontramos no mundo. Em todos os lugares aonde preferimos ir encontramos homens atraídos pelos mesmos gostos e pelos mesmos desejos. Às reuniões que têm objetivo sério vão homens sérios; às que são frívolas, vão os frívolos. Por toda parte encontram-se Espíritos atraídos pelo pensamento dominante. Se lançarmos um olhar sobre o estado moral da Humanidade em geral, compreenderemos sem dificuldade que nessa multidão oculta os Espíritos elevados não devem constituir a maioria. É esta uma das consequências do estado de inferioridade do nosso globo.

 Os Espíritos que nos cercam não são passivos. Formam uma  população essencialmente inquieta, que pensa e age sem cessar;  que nos influencia, malgrado nosso; que nos excita e nos dissuade; que nos impulsiona para o bem ou para o mal, o que não  nos tira o livre-arbítrio mais do que os bons ou maus conselhos que recebemos de nossos semelhantes. Entretanto, quando os Espíritos imperfeitos incitam alguém a fazer uma coisa má, sabem muito bem a quem se dirigem e não vão perder o tempo onde veem que serão mal recebidos. Eles nos excitam conforme as nossas inclinações ou conforme os germens que em nós veem e segundo as nossas disposições para escutá-los. Eis por que o homem firme nos princípios do bem não lhes dá oportunidade.

Estas considerações nos levam naturalmente ao problema dos médiuns. Como todas as criaturas, eles são submetidos à influência oculta dos Espíritos bons e maus; atraem-nos e repelem-nos conforme as simpatias de seu próprio Espírito e os  Espíritos maus aproveitam-se de todas as falhas, como de uma falta de couraça, para introduzir-se junto a eles, intrometendo-se, malgrado seu, em todos os atos de sua vida particular. Além disso, tais Espíritos, encontrando no médium um meio de expressar seu pensamento de modo inteligível e de atestar sua presença, intrometem-se nas comunicações e as provocam, porque esperam ter mais influência por este meio e acabam por assenhorear-se dele. Consideram-se como se estivessem em sua própria casa, afastando os Espíritos que lhes poderiam criar embaraços e, conforme a necessidade, lhes tomam os nomes e mesmo a linguagem, com o fito de enganar. Mas não podem representar esse papel por muito tempo. Com um pouco de contato com um observador experimentado e prevenido, logo são desmascarados. Se o médium se deixa dominar por essa influência, os bons Espíritos se afastam dele, ou absolutamente não vêm quando chamados, ou vêm com certa repugnância, porque veem que o Espírito que se identificou com o médium e que por assim dizer nele estabeleceu domicílio, pode alterar as suas instruções. Se tivermos que escolher um intérprete, um secretário, um mandatário qualquer, é evidente que escolheremos não um homem apenas capaz, mas, além disso, digno de nossa estima; que não confiaremos uma delicada missão, bem como nossos interesses a um insano ou a um frequentador de uma sociedade suspeita. Dá-se o mesmo com os Espíritos. Os Espíritos superiores não escolherão, para transmitir instruções sérias, um médium que tenha familiaridade com Espíritos levianos, a menos que haja necessidade e que não encontrem, no momento, outros médiuns à disposição; a menos, ainda, que queiram dar uma lição ao próprio médium, como por vezes acontece; mas, então, dele se servem só acidentalmente e o abandonam, se assim lhes convier, deixando-o entregue às suas simpatias, se ele faz questão de conservá-las. O médium perfeito seria, pois, o que nenhum acesso desse aos maus Espíritos, por um descuido qualquer. Essa condição é muito difícil de preencher, mas se a perfeição absoluta não é dada ao homem, sempre lhe é possível por seus esforços aproximar-se dela, e os Espíritos levam em conta sobretudo os esforços, a força de vontade e a perseverança.

Assim, o médium perfeito não teria senão comunicações perfeitas, em termos de verdade e de moralidade. Desde que a perfeição é impossível, o melhor médium seria o que desse as melhores comunicações. É pelas obras que eles podem ser julgados. As comunicações constantemente boas e elevadas, nas quais nenhum indício de inferioridade fosse notado, seriam incontestavelmente uma prova da superioridade moral do médium, porque atestariam simpatias felizes. Pelo simples fato de que o médium não é perfeito, Espíritos levianos, embusteiros e mentirosos podem imiscuir-se em suas comunicações, alterando-lhes a pureza e induzindo em erro o médium e aqueles que o procuram. Eis o maior escolho do Espiritismo, cuja gravidade não dissimulamos. É possível evitá-lo? Dizemos alto e bom som: sim, é possível. O meio não é difícil, exigindo apenas discernimento.

As boas intenções e a própria moralidade do médium nem sempre bastam para preservá-lo da intromissão dos Espíritos levianos, mentirosos e pseudo-sábios nas comunicações. Além das falhas de seu próprio Espírito, ele pode dar-lhes entrada por outras causas das quais a principal é a fraqueza de caráter e uma confiança excessiva na invariável superioridade dos Espíritos que com ele se comunicam. Essa confiança cega reside numa causa que a seguir explicaremos.

Se não quisermos ser vítimas desses Espíritos levianos, é necessário julgá-los, e para isso temos um critério infalível: o bom-senso e a razão. Sabemos que as qualidades da linguagem que caracteriza entre nós os homens realmente bons e superiores são as mesmas para os Espíritos. Devemos julgá-los por sua linguagem. Nunca seria demais repetir o que a caracteriza nos Espíritos elevados: é constantemente digna, nobre, sem bazofia nem contradição, isenta de trivialidades e marcada por um cunho de inalterável benevolência. Os bons Espíritos aconselham; não ordenam; não se impõem; calam-se naquilo que ignoram. Os Espíritos levianos falam com a mesma segurança do que sabem e do que não sabem; a tudo respondem sem se preocuparem com a verdade. Em um ditado supostamente sério, vimo-los, com imperturbável audácia, colocar César no tempo de Alexandre; outros afirmavam que não é a Terra que gira em redor do Sol. Resumindo: toda expressão grosseira ou apenas inconveniente; toda marca de orgulho e de presunção; toda máxima contrária à sã moral; toda notória heresia científica é, nos Espíritos, como nos homens, inconteste sinal de natureza má, de ignorância ou, pelo menos, de leviandade. Daí deduz-se que é necessário pesar tudo quanto eles dizem, passando-o pelo crivo da lógica e do bom-senso. Eis uma recomendação feita incessantemente pelos bons Espíritos. Dizem eles: “Deus não vos deu o raciocínio sem propósito. Servi-vos dele a fim de saber com quem estais a vos relacionar.” Os maus Espíritos temem o exame. Dizem eles: “Aceitai nossas palavras e não as julgueis”. Se tivessem consciência de estar com a verdade, não temeriam a luz.

O hábito de perscrutar cada palavra dos Espíritos, de lhes pesar o valor - do ponto de vista do conteúdo e não da forma gramatical, com que pouco se preocupam eles -naturalmente afasta os Espíritos mal intencionados, que então não vi­riam inutilmente perder seu tempo, de vez que rejeitamos tudo quanto é mau ou tem origem suspeita. Mas quando aceitamos cegamente tudo quanto dizem, quando, por assim dizer, nos ajoelhamos ante sua pretensa sabedoria, eles fazem o que fariam os homens. Abusam de nós.

Se o médium for senhor de si; se não se deixar dominar por um entusiasmo irrefletido, poderá fazer o que aconselhamos. Mas acontece frequentemente que o Espírito o subjuga a ponto de fasciná-lo, levando-o a considerar admiráveis as coisas mais ridículas. Então ele se entrega cada vez mais a essa perniciosa confiança e, estribado em suas boas intenções e em seus bons sentimentos, julga isto suficiente para afastar os maus Espíritos. Não, isso não basta, pois esses Espíritos ficam satisfeitos por fazê-lo cair na cilada, para o que se aproveitam de sua fraqueza e de sua credulidade. Que fazer, então? Expor tudo a uma terceira pessoa desinteressada, para que essa, julgando com calma e sem prevenção, possa ver um argueiro onde o médium não via uma trave.

A ciência espírita exige uma grande experiência que só se adquire, como em todas as ciências, filosóficas ou não, através de um estudo longo, assíduo e perseverante, e por numerosas observações. Ela não abrange apenas o estudos dos fenômenos propriamente ditos, mas também e sobretudo os costumes, se assim podemos dizer, do mundo oculto, desde o mais baixo ao mais alto grau da escala. Seria presunção julgar-se suficientemente esclarecido e graduado como mestre depois de alguns ensaios. Não seria esta a pretensão de um homem sério, pois quem quer que lance um golpe de vista investigador sobre esses estranhos mistérios, vê desdobrar-se à sua frente um horizonte tão vasto que longos anos não bastam para abrangê-lo. Há entretanto quem o queira fazer em alguns dias!

De todas as disposições morais, a que maior entrada oferece aos Espíritos imperfeitos é o orgulho. Este é para os médiuns um escolho tanto mais perigoso quanto menos o reconhecem. É o orgulho que lhes dá a crença cega na superioridade dos Espíritos que a ele se ligam porque se vangloriam de certos nomes que eles lhes impõem. Desde que um Espírito lhes diz: Eu sou Fulano, inclinam-se e não admitem dúvidas, porque seu amor próprio sofreria se, sob tal máscara, encontrasse um Espírito de condição inferior ou de baixo quilate. O Espírito percebe e aproveita o lado fraco; lisonjeia seu pretenso protegido; fala-lhe de origens ilustres que o enfunam ainda mais; promete-lhe um futuro brilhante, honra e fortuna, de que parece ser o distribuidor; se for necessário, mostra por ele uma ternura hipócrita. Como resistir a tanta generosidade? Numa palavra, ele o embrulha e o leva no beiço, como se diz vulgarmente; sua felicidade é ter alguém sob sua dependência.

Interrogamos vários deles sobre os motivos de sua obsessão. Um deles assim nos respondeu. “Quero ter um homem que me faça a vontade. É o meu prazer”. Quando lhe dissemos que íamos fazer tudo para descobrir os seus artifícios e tirar a venda dos olhos de seu oprimido, disse: “Lutarei contra vós e não tereis resultado, porque farei tantas coisas que ele não vos acreditará.” É, com efeito, uma das táticas desses Espíritos malfazejos: inspiram a desconfiança e o afastamento das pessoas que podem desmascará-los e dar bons conselhos. Jamais acontece coisa semelhante com os bons Espíritos. Todo Espírito que insufla a discórdia, que excita a animosidade, que entretém os dissentimentos revela, por isso mesmo, sua natureza má. Seria preciso ser cego para não compreender isso e para crer que um bom Espírito pudesse arrastar à discórdia.

Muitas vezes o orgulho se desenvolve no médium à medida que cresce a sua faculdade. Ela lhe dá importância. Procuram-no e ele acaba por sentir-se indispensável. Daí, muitas vezes, um tom de jactância e de pretensão ou uns ares de suficiência e de desdém, incompatíveis com a influência de um bom Espírito. Aquele que cai em tal engano está perdido, porque Deus lhe deu sua faculdade para o bem e não para satisfazer sua vaidade ou transformá-la em escada para a sua ambição. Esquece que esse poder, de que se orgulha, pode ser retirado e que, muitas vezes, só lhe foi dado como prova, assim como a fortuna para certas pessoas. Se dele abusa, os bons Espíritos pouco a pouco o abandonam e o médium se torna um joguete de  Espíritos levianos, que o embalam com suas ilusões, satisfeitos por terem vencido aquele que se julgava forte. Foi assim que vimos o aniquilamento e a perda das mais preciosas faculdades que sem isso ter-se-iam tornado os mais poderosos e os mais úteis auxiliares.

Isto se aplica a todos os gêneros de médiuns, quer de manifestações físicas, quer de comunicações inteligentes. Infelizmente o orgulho é um dos defeitos que somos menos inclinados a reconhecer em nós e menos ainda a acusar nos outros, porque eles não acreditariam. Ide dizer a um médium que ele se deixa conduzir como uma criança. Ele virará as costas, dizendo que sabe conduzir-se e que não vedes as coisas claramente. Podeis dizer a um homem que ele é bêbado, debochado, preguiçoso, desajeitado e imbecil, e ele rirá disso ou concordará; dizei-lhe que é orgulhoso e ficará zangado. É a prova evidente de que tereis dito a verdade. Neste caso, os conselhos são tanto mais difíceis quanto mais o médium evita as pessoas que os possam dar. Ele foge de uma intimidade que teme. Os Espíritos, sentindo que os conselhos são golpes desferidos no seu poder, empurram o médium, ao contrário, para quem lhe alimente as ilusões. Preparam-se, assim, muitas decepções, com o que sofrerá muito o amor próprio do médium. Feliz dele se não lhe resultarem ainda coisas mais graves.

Se insistimos longamente sobre este ponto foi porque nos demonstrou a experiência, em muitas ocasiões, que isto constitui uma das grandes pedras de tropeço para a pureza e a sinceridade das comunicações dos médiuns. Diante disto, é quase inútil falar das outras imperfeições morais, tais como o egoísmo, a inveja, o ciúme, a ambição, a cupidez, a dureza de coração, a ingratidão, a sensualidade, etc. Cada um compreende que elas são outras tantas portas abertas aos Espíritos imperfeitos ou, pelo menos, causas de fraqueza. Para repelir esses Espíritos não basta dizer-lhes que se vão; nem mesmo basta querer e ainda menos conjurá-los. É necessário fechar-lhes a porta e os ouvidos; provar-lhes que somos mais fortes do que eles ─ e o somos, incontestavelmente pelo amor do bem, pela caridade, pela doçura, pela simplicidade, pela modéstia e pelo desinteresse, qualidades que granjeiam a benevolência dos bons Espíritos. É o apoio deles que nos dá força. Se por vezes nos deixam a braços com os maus, é isso uma prova para a nossa fé e para o nosso caráter.

Que os médiuns não se arreceiem demasiado da severidade das condições de que acabamos de falar. Elas são lógicas, havemos de convir, mas seria erro desanimar. É certo que as más comunicações que podemos receber são indício de alguma fraqueza, mas nem sempre sinal de indignidade. Podemos ser fracos, mas bons. Em qualquer caso, temos nelas um meio de reconhecer as próprias imperfeições. Já dissemos no outro artigo que não é necessário ser médium para estar sob a influência de maus Espíritos, que agem na sombra. Com a faculdade mediúnica, o inimigo se mostra e se trai. Ficamos sabendo com quem tratamos e poderemos combatê-lo. É assim que uma comunicação má pode tornar-se uma lição útil, se soubermos aproveitá-la.

Seria injusto, aliás, atribuir todas as más comunicações à conta do médium. Falamos daquelas que ele obtém sozinho, sem qualquer outra influência, e não das que são produzidas num meio qualquer. Ora, todos sabem que os Espíritos, atraídos por esse meio, podem prejudicar as manifestações, quer pela diversidade de caracteres, quer pela falta de recolhimento. É regra geral que as melhores comunicações ocorrem na intimidade e num círculo recolhido e homogêneo. Em toda comunicação acham-se em jogo várias influências: a do médium, a do meio e a da pessoa que interroga. Essas influências podem reagir umas sobre as outras, neutralizar-se ou corroborar-se. Isto depende do fim a que nos propomos e do pensamento dominante. Vimos excelentes comunicações obtidas em reuniões e com médiuns que não possuíam todas as condições desejáveis. Nesse caso os bons Espíritos vinham por causa de uma pessoa em particular, porque isso era útil. Vimos também más comunicações obtidas por bons médiuns, unicamente porque o interrogante não tinha intenções sérias e atraía Espíritos levianos, que dele zombavam.

Tudo isto requer tato e observação. Compreende-se facilmente a preponderância que devem ter todas essas condições reunidas.


Allan Kardec






VÍDEO: 

"O Escolho dos Médiuns" - Revista Espírita - fevereiro de 1859
Kardec Estudos (André Rezende Fonseca)




Estudo da Revista Espírita de Allan Kardec




Léon Denis - Livro O Problema do Ser e do Destino - Cap. 25 - O Amor



Léon Denis - Livro O Problema do Ser e do Destino - Cap. 25


O Amor


O amor, como comumente se entende na Terra, é um sentimento, um impulso do ser, que o leva para outro ser com o desejo de unir-se a ele. Mas, na realidade, o amor reveste formas infinitas, desde as mais vulgares até as mais sublimes. Princípio da vida universal, proporciona à alma, em suas manifestações mais elevadas e puras, a intensidade de radiação que aquece e vivifica tudo em roda de si; é por ele que ela se sente estreitamente ligada ao Poder divino, foco ardente de toda a vida, de todo o amor.

Acima de tudo, Deus é amor. Por amor, criou os seres para associá-los às suas alegrias, à sua obra. O amor é um sacrifício; Deus hauriu nele a vida para dá-la às almas. Ao mesmo tempo que a efusão vital, elas receberiam o princípio afetivo destinado a germinar e expandir- se pela provação dos séculos, até que tenham aprendido a dar-se por sua vez, isto é, a dedicar-se, a sacrificar-se pelas outras. Com este sacrifício, em vez de se amesquinharem, mais se engrandecem, enobrecem e aproximam do Foco supremo.

O amor é uma força inexaurível, renova-se sem cessar e enriquece ao mesmo tempo aquele que dá e aquele que recebe. É pelo amor, sol das almas, que Deus mais eficazmente atua no mundo. Por ele atrai para si todos os pobres seres retardados nos antros da paixão, os Espíritos cativos na matéria; eleva-os e arrasta-os na espiral da ascensão infinita para os esplendores da luz e da liberdade.

O amor conjugal, o amor materno, o amor filial ou fraterno, o amor da pátria, da raça, da humanidade, são refrações, raios refratados do amor divino, que abrange, penetra todos os seres, e, difundindo-se neles, faz rebentar e desabrochar mil formas variadas, mil esplêndidas florescências de amor.

Até as profundidades do abismo da vida, infiltram-se as radiações do amor divino e vão acender nos seres rudimentares, pela afeição à companheira e aos filhos, as primeiras claridades que, nesse meio de egoísmo feroz, serão como a aurora indecisa e a promessa de uma vida mais elevada.

É o apelo do ser ao ser, é o amor que provocará, no fundo das almas embrionárias, os primeiros rebentos do altruísmo, da piedade, da bondade. Mais acima, na escala evolutiva, entreverá o ser humano, nas primeiras felicidades, nas únicas sensações de ventura perfeita que lhe é dado gozar na Terra, sensações mais fortes e suaves que todas as alegrias físicas e conhecidas somente das almas que sabem verdadeiramente amar.

Assim, de grau em grau, sob a influência e irradiação do amor, a alma desenvolver-se-á e engrandecerá, verá alargar-se o círculo de suas sensações. Lentamente, o que nela não era senão paixão, desejo carnal, ir-se-á depurando, transformando num sentimento nobre e desinteressado; a afeição a um só ou a alguns converter-se-á na afeição a todos, à família, à pátria, à humanidade. E a alma adquirirá a plenitude de seu desenvolvimento quando for capaz de compreender a vida celeste, que é todo amor, e a participar dela.

O amor é mais forte do que o ódio, mais poderoso do que a morte. Se o Cristo foi o maior dos missionários e dos profetas, se tanto império teve sobre os homens, foi porque trazia em si um reflexo mais poderoso do Amor divino. Jesus passou pouco tempo na Terra; foram bastantes três anos de evangelização para que o seu domínio se estendesse a todas as nações. Não foi pela Ciência nem pela arte oratória que ele seduziu e cativou as multidões, foi pelo amor! Desde sua morte, seu amor ficou no mundo como um foco sempre vivo, sempre ardente. Por isso, apesar dos erros e faltas de seus representantes, apesar de tanto sangue derramado por eles, de tantas fogueiras acesas, de tantos véus estendidos sobre seu ensino, o Cristianismo continuou a ser a maior das religiões; disciplinou, moldou a alma humana, amansou a índole feroz dos bárbaros, arrancou raças inteiras à sensualidade ou à bestialidade.

Todo o poder da alma resume-se em três palavras: querer, saber, amar!

Querer, isto é, fazer convergir toda a atividade, toda a energia, para o alvo que se tem de atingir, desenvolver a vontade e aprender a dirigi-la.

Saber, porque sem o estudo profundo, sem o conhecimento das coisas e das leis, o pensamento e a vontade podem transviar-se no meio das forças que procuram conquistar e dos elementos a quem aspiram governar.

Acima, porém, de tudo, é preciso amar, porque, sem amor, a vontade e a ciência seriam incompletas e muitas vezes estéreis. O amor ilumina-as, fecunda-as, centuplica-lhes os recursos. Não se trata aqui do amor que contempla sem agir, mas do que se aplica a espalhar o bem e a verdade pelo mundo. A vida terrestre é um conflito entre as forças do mal e as do bem. O dever de toda alma viril é tomar parte no combate, trazer-lhe todos os seus impulsos, todos os seus meios de ação, lutar pelos outros, por todos aqueles que se agitam ainda na via escura.

A todas as interrogações do homem, a suas hesitações, a seus temores, a suas blasfêmias, uma voz grande, poderosa e misteriosa, responde: Aprende a amar! O amor é o resumo de tudo, o fim de tudo. Dessa maneira, estende-se e desdobra-se sem cessar sobre o universo a imensa rede de amor tecida de luz e ouro. Amar é o segredo da felicidade. Com uma só palavra o amor resolve todos os problemas, dissipa todas as obscuridades. O amor salvará o mundo; seu calor fará derreter os gelos da dúvida, do egoísmo, do ódio; enternecerá os corações mais duros, mais refratários.

Amemos, pois, com todo o poder do nosso coração; amemos até ao sacrifício, como Joana d’Arc amou a França, como o Cristo amou a humanidade, e todos aqueles que nos rodeiam receberão nossa influência, sentir-se-ão nascer para nova vida.

Homem, procure ao seu redor as chagas sobre as quais pensar, os males a curar, as aflições a consolar. Alargue as inteligências; guie os corações transviados; associe as forças e as almas. Trabalhe para construir a alta cidade de paz e de harmonia que será a cidade de amor, a cidade de Deus! Ilumine, levante, purifique! Que importa se rirem de você; que importa se a ingratidão e a maldade se levantarem no seu caminho? Aquele que ama não recua por tão pouco; mesmo que colha apenas espinhos e pedras, continue sua obra, porque seu dever está aí. Ele sabe que a abnegação nos engrandece. 

E depois, o sacrifício também tem suas alegrias; feito com amor, transforma as lágrimas em sorriso, faz nascer em nós alegrias desconhecidas do egoísta e do mau. Para aquele que sabe amar, as coisas mais banais são de interesse: tudo parece se iluminar; mil sensações novas despertam nele.

São necessárias à sabedoria e à ciência longos esforços, uma lenta e difícil ascensão para nos conduzir às altitudes do pensamento. O amor e o sacrifício nos fazem chegar lá de um pulo só, com um único bater de asas. Em seu ímpeto, conquistam a paciência, a coragem, a benevolência, todas as virtudes fortes e doces. O amor purifica a inteligência, engrandece o coração, e é pela soma de amor acumulado em nós que podemos avaliar o caminho que temos percorrido para Deus.

A todas as interrogações do homem, a suas hesitações, a seus temores, a suas blasfêmias, uma grande voz, poderosa e misteriosa, responde: Aprende a amar! O amor é a síntese de tudo, o objetivo de tudo, o final de tudo. Dessa maneira, estende-se e desdobra-se sem cessar, no universo, a imensa rede de amor, tecida de ouro e de luz. Amar é o segredo da felicidade. Com uma só palavra, o amor resolve todos os problemas, dissipa todas as obscuridades. O amor salvará o mundo; seu calor fará derreter os gelos da dúvida, do egoísmo, do ódio; enternecerá os corações mais duros, os mais refratários.

Em todas as suas magníficas variantes, o amor é sempre um esforço para a beleza. Nem mesmo o amor sexual, do homem e da mulher, deixa, por mais material que pareça, de poder aureolar-se de ideal e de poesia, de perder todo caráter vulgar, se nele houver um sentimento de estética e um pensamento superior. E isso depende principalmente da mulher. Aquela que ama sente e vê coisas que o homem não pode conhecer. Possui em seu coração inesgotáveis reservas de amor, uma espécie de intuição que pode dar uma ideia do amor eterno.

A mulher é sempre, de algum modo, irmã do mistério, e a parte de seu ser que toca o infinito parece ter mais extensão do que nos homens. Quando o homem responde como a mulher aos apelos do invisível, quando seu amor é isento de todo desejo brutal, se o sentem mais pelo Espírito que pelo corpo, então, no abraço desses dois seres que se penetram, se completam para transmitir a vida, passará como um relâmpago, como uma chama, o reflexo das mais altas felicidades que se podem sentir. Todavia, as alegrias do amor terrestre são fugitivas e misturadas de amarguras. Não existem sem decepções, sem recuos e sem quedas. Apenas Deus é o amor em sua plenitude. É o braseiro ardente e, ao mesmo tempo, o abismo do pensamento e da luz, de onde saem e para quem remontam, eternamente, a quente emanação de todos os astros, a ternura apaixonada de todos os corações das mulheres, mães, esposas, e as afeições vigorosas de todos os corações dos homens. Deus gera e chama o amor, pois é a beleza infinita, perfeita, e é próprio da beleza provocar o amor.

Quem é que, num dia de verão, quando o sol brilha, quando a imensa cúpula azulada se desenrola sobre nossas cabeças e, dos prados e bosques, dos montes e do mar sobem a adoração, a prece muda dos seres e das coisas, não sentiu essas radiações de amor enchendo o infinito?

É preciso nunca ter aberto sua alma a essas influências para ignorá-las ou negá-las. Muitas almas terrestres, é verdade, permanecem hermeticamente* fechadas às coisas divinas. Ou então, se sentem sua harmonia e beleza, escondem cuidadosamente o segredo em si mesmas. Elas parecem ter vergonha de confessar o que conhecem ou o que experimentam de maior e de melhor.

Mas tentai a experiência! Abri o vosso ser interior, abri as janelas da prisão da alma às vibrações da vida universal e, de repente, essa prisão se encherá de claridade, de melodia; todo um mundo de luz penetrará em vós. Vossa alma arrebatada conhecerá êxtases, felicidades que não podem ser descritas; compreenderá que há ao seu redor um oceano de amor, de força e de vida divina, no qual pode penetrar, e que lhe basta querer para ser banhada por suas águas regeneradoras. Sentirá no universo um poder soberano e maravilhoso que nos ama, nos envolve, nos sustenta, que vela sobre nós como um avarento sobre a joia preciosa, e invocando-o, ao lhe dirigir um ardente apelo, será logo envolvida por sua presença e seu amor. Essas coisas se sentem, mas se exprimem dificilmente; só as podem compreender os que as saboreiam. Entretanto, todos podem chegar a conhecê-las, a possuí-las, ao despertar o que há de divino em si; não há homem tão tenebroso, tão mau que, na hora de abandono e de sofrimento, não veja abrir-se uma fresta, por onde um pouco da claridade das coisas superiores, um pouco de amor se filtrem até ele.

Basta ter experimentado uma única vez essas impressões para não mais as esquecer. E quando chega o declínio da vida com seus desencantos, quando as sombras crepusculares se acumulam sobre nós, então essas sensações poderosas se revelam com a memória de todas as alegrias sentidas. E essa lembrança das horas em que amamos verdadeiramente cai como delicioso orvalho sobre nossas almas dissecadas pelo vento áspero das provas e da dor.


Léon Denis











Fonte: O Problema do Ser e do Destino-pdf

sexta-feira, 28 de outubro de 2022

Miramez - Livro Horizontes da Vida - João Nunes Maia - Cap. 9 - Ondas inflexas



Miramez - Livro Horizontes da Vida - João Nunes Maia - Cap. 9


Ondas inflexas


As ondas que arremessamos para fora de nós tem poderes extraordinários na folha da nossa vida. São forças vivas que nascem em nós e que podemos, pelos sentimentos, delas apropriar como sementes que nascem e frutificam por onde tem a capacidade de passar. Essas ondas são elásticas, tanto distanciando de nossa personalidade, como a nós voltando com as suas congêneres, oferecendo-nos, por lei de justiça, as suas iguais. Compreende-se daí que a vida, em todas as instâncias, é o resultado de trocas, com ofertas compatíveis entre si.

As ondas inflexas são resultado da lei; elas fazem curvas, indo e voltando pela lei de atração, e se sentem mais acomodadas onde foram geradas, assim como o filho sente mais prazer junto à mãe, que lhe deu condições de nascer.

Os horizontes da vida são extensos em todas as direções e nos mostram a própria vida na sua grandeza; ao entrarmos neles, sentiremos outras modalidades de vida. Para sermos felizes, haveremos de nos educarmos nas ondas da disciplina, que é rigorosa em todas as modalidades de vida, e que requer de nós educação dos impulsos. Se nos dispomos a ser úteis aos nossos companheiros em caminho, passemos a nos educar em todos os sentidos, porque a disciplina nos mostra as modalidades mais acertadas de amar.

Os pensamentos são ondas que partem da mente para dentro e para fora da personalidade, levando consigo o que o coração se dispõe a doar, o que o pensador tem a ofertar. Podemos enganar por algum tempo os nossos irmãos encarnados, mas nunca a Deus. A pessoa se revela pela emissão de seus pensamentos; a própria psicologia nos ensina a compreender logo com quem conversamos.

Uma observação mais profunda de quem ouvimos e entenderemos com quem falamos, porque seus gestos e sua fala o denunciam. Se o raciocínio é pesquisador nas nossas comparações, ainda temos a intuição, que não deixa faltar a sua cooperação nesse trabalho.

As ondas que saem de nós não tem somente uma forma; elas são mutáveis, de acordo com os sentimentos. 

Não mudamos sempre de idéias? Cada um vibra em faixa diferente, dando-se forma, irradiação e mesmo cheiro desiguais. A Doutrina dos Espíritos mostra, na atualidade, outra feição da vida e a sua missão mais profunda é a de mudar, é a de fazer de um homem velho um homem novo, refundindo suas qualidades nas do Cristo de Deus. As mudanças de vida compõem a base; a velha casa mental deve ser destruída e, em seu lugar, devemos erigir uma nova, com outras perspectivas de crescer para Deus, na crista da onda nova. O progresso e a ordem nos fazem libertar da escravidão da ignorância.

Podemos mudar de pensamentos, palavras e gestos em segundos, dependendo do que vemos, ouvimos ou lemos, e as vibrações passam a obedecer seus impulsos internos. O mundo se encontra como está, mais por falta de moral do que mesmo de alimento; por faltar mais educação dos sentimentos do que a água que dessedenta; por faltar mais disciplina do que mesmo o emprego; por faltar mais fraternidade e mais amor do que mesmo moradia com todos os requintes de conforto.

Não existe harmonia nas mentes e é por isso que o sofrimento campeia entre todas as criaturas, e a dor não vai deixar a humanidade por enquanto, a não ser que essa se eduque dentro dos moldes do amor. Quanto mais se abrem laboratórios para fabricar remédios, mais se assanham as doenças, para disciplinar os próprios fabricantes dessas drogas, e os que se encontram nos níveis da usura, do orgulho e do egoísmo. A dor somente cessará quando não houver mais necessidade da sua lição. Urge compreender o Evangelho da natureza que está com suas páginas abertas, mostrando as leis que falam em silêncio, para que as almas cresçam e sejam motivo de felicidade, com o Cristo nos corações.

Não deixemos escapar ondas da mente que não sejam de amor, de paz e de educação, de fraternidade e de caridade, de sorte que as sementes semeadas possam nos trazer frutos de esperança.


 Miramez














Joanna de Ângelis - Livro Momentos de Consciência - Divaldo P. Franco - Cap. 1 - Aquisição da Consciência



Joanna de Ângelis - Livro Momentos de Consciência - Divaldo P. Franco - Cap. 1


Aquisição da Consciência


O momento da conscientização isto é, o instante a partir do qual consegues discernir com acerto, usando como parâmetro o equilíbrio, alcanças o ponto elevado na condição de ser humano.

Efeito natural do processo evolutivo, essa conquista te permitirá avaliar fatores profundos como o bem e o mal, o certo e o errado, e o dever e a irresponsabilidade, a honra e o desar, o nobre e o vulgar, o lícito e o irregular, a liberdade e a libertinagem.

Trabalhando dados não palpáveis, saberás selecionar os fenômenos existenciais e as ocorrências, tornando tuas diretrizes de segurança aquelas que proporcionam bem-estar, harmonia, progresso moral, tranqüilidade.

Essa consciência não é de natureza intelectual, atividade dos mecanismos cerebrais. É a força que os propele, porque nascida nas experiências evolutivas, a exteriorizar-se em forma de ações.

Encontramo-la em pessoas incultas intelectualmente, e ausente em outras, portadoras de conhecimentos acadêmicos.

Se analisarmos a conduta de uma especialista em problemas respiratórios, que conhece intelectualmente os danos provocados pelo tabagismo, pelo alcoolismo e por outras drogas adictivas, e que, apesar disso, usa, ele próprio, qualquer um desses flagelos, eis que ainda não logrou a conquista da consciência. Os seus dados culturais são frágeis de tal forma, que não dispões de valor para fomentar uma conduta saudável.

Por extensão, a pessoa que se permite o crime do aborto, sob falsos argumentos legais ou de direitos que se faculta, assim como todos aqueles que o estimulam ou o executam, incidem na mesma ausência de consciência, comportando-se sob a ação do instinto e, às vezes, da astúcia, da acomodação, mascarados de inteligência.

Outros indivíduos, não obstante sem conhecimento intelectual, possuem lucidez para agir diante dos desafios da existência, elegendo o comportamento não agressivo e digno, mesmo que a contributo de sacrifício.

A consciência pode ser treinada mediante o exercício dos valores morais elevados, que objetivam o bem do próximo, por conseqüência, e próprio bem.

O esforço para adquirir hábitos saudáveis conduz à conscientização dos deveres e às responsabilidades pertinentes à vida.

Herdeiro de si mesmo, das experiências transatas, o ser evolui por etapas, adquirindo novos recursos, corrigindo erros anteriores, somando conquistas.

Jamais retrocede nesse processo, mesmo quando, aparentemente, reencarna dentro das paredes de enfermidade limitadora, que bloqueiam o corpo, a mente ou a emoção, gerando tormentos.

Os logros evolutivos permanecem adormecidos para futuros cometimentos, quando assomarão, lúcidos.

A aquisição da consciência é desafio da vida é o autoconhecimento, que merece exame, consideração e trabalho.

A tua existência terrena pode ser considerada uma empresa que deves dirigir de forma segura, a mais cuidadosa possível.

Terás que trabalhar dados concretos e outros mais abstratos, na área da programação de atividades, e fim de conseguires êxito. Todo emprenho e devotamento se transformarão em mecanismos de lucro, a que sempre poderás recorrer durante as situações difíceis.

Algumas breves regras ajudar-te-ão no desempenho do empreendimento, tais:

. Administra os teus conflitos. O conflito psicológico é inerente à natureza humana e todos o sofrem;

. Evita eleger homens-modelos para seguires. eles também são vulneráveis às injunções que experimentas, e, às vezes, comprometem-se, o que, de maneira alguma deve constituir desestímulo;

. Concede-te maior dose de confiança nos teus valores, honrando-te com o esforço para melhorar sempre e sem desânimo. Se erras, repete a ação, e se acertas, segue adiante;

. Não te evadas ao enfrentamento de problemas usando expedientes falsos, comprometedores, que te surpreenderão mais tarde com dependências infelizes;

. Reage à depressão, trabalhando sem autopiedade nem acomodação preguiçosa;

. Tem em mente que os teus não são os piores problemas, eles pesam o volume que lhes emprestas;

. Libera-te da queixa pessimista e medita mais nas fórmulas para perseverar e produzir;

. Nunca cedas espaço à hora vazia, que se preenche de tédio, mal-estar ou perturbação;

. O que faças, faze-o bem, com dedicação;

. Lembra-te que és humano e o processo de conscientização é lento, que adquirirás segurança e lucidez através da ação contínua.

Interessado em decifrar os enigmas do comportamento humano, Allan Kardec indagou aos Benfeitores e Guias da Humanidade, conforme se lê em O Livro dos Espíritos, na questão número 621:

- Onde está escrita a lei de Deus?

- Na consciência. - Responderam com sabedoria.

A consciência é o estágio elevado que deves adquirir, a fim de seguires no rumo da angelitude.


Joanna de Ângelis











Fonte: Momentos de Consciência -pdf