segunda-feira, 31 de agosto de 2020

Hammed - Livro Os Prazeres da Alma - Francisco do Espírito Santo Neto - Cap. 1 - Alegria



Hammed - Livro Os Prazeres da Alma - Francisco do Espírito Santo Neto - Cap. 1


Alegria


A maioria das pessoas tem uma visão distorcida da alegria, pois a confunde com festas frívolas e divertimentos que provocam sensações intensas, risos exagerados; enfim, satisfações puramente emocionais.

Aliás, não há nada de errado em ser jovial, bem-humorado, festivo e risonho. Sentir as emoções terrenas inclui-se entre as prerrogativas que o Criador destinou a suas criaturas. Vivenciar a normalidade das sensações humanas é um processo natural estabelecido pela Mente Celestial.

Talvez as religiões fundamentalistas tenham mesclado as idéias contidas nas palavras alegria e tentação. Na realidade, o Mestre ensinava a seus seguidores que vivessem com alegria. "Eu vos digo isso para que a minha alegria esteja em vós", diz Jesus, "e vossa alegria seja plena" (1).

A verdadeira alegria está associada à entrega total da criatura nas mãos da Divindade, ou mesmo à aceitação de que a Inteligência Celestial a tudo provê e socorre.

E a confiança integral em que tudo está justo e certo e a convicção ilimitada nos desígnios infalíveis da Providência Divina.

A palavra aleluia tem origem no hebreu "hallelu-yah" e significa "louvai com júbilo o Senhor". Tem sido usada como cântico de alegria ou de ação de graças pela liturgia de muitas religiões a fim de glorificar a Deus. A designação "sábado de aleluia", utilizada pela Igreja Católica, tem como fundamento a exaltação à alegria, visto que nesse dia se comemora o reaparecimento de Jesus Cristo depois da crucificação.

Viver em estado de alegria é estar plenamente sintonizado com nossa paternidade divina, através das mensagens silenciosas e sábias que a Vida nos endereça.

A "entrega a Deus" é a base de toda a felicidade. No entanto, o problema reside em algumas religiões que recomendam a "entrega" não a Deus, mas a mandatários ou representantes "divinos", ou mesmo a congregações doutrinárias que impõem obediência e subordinação a seus diretores.

Condutas semelhantes acontecem em seitas ou em grupos dissidentes de uma religião, em que há uma entrega incondicional dos adeptos ao líder religioso e que resulta, inicialmente, numa suposta sensação de alegria e satisfação.

Na realidade, quando existe subordinação na nossa "entrega a Deus", ela não pode ser considerada real, pois, mais cedo ou mais tarde, a criatura vai notar que está encarcerada intimamente e que lhe falta a verdadeira comunhão com o Criador.

Viver em "estado de graça" ou em "comunhão com Deus" é estar perfeitamente harmonizados com nossa natureza espiritual. É a alegria de repetir com Jesus Cristo: "Eu estou no Pai e o Pai está em mim" (2).

A felicidade é um trabalho interior que quase nunca depende de forças externas. Deus representa a base da alegria de viver, pois a felicidade provém da habilidade de percebermos as "verdadeiras intenções" da ação divina que habita em nós e do discernimento de que tudo o que existe no Universo tem sua razão de ser.

O homem carrega na sua consciência a lei de Deus (Livro dos Espíritos – Allan Kardec, Questão 621), afirmam os Espíritos Superiores a Allan Kardec. "A lei natural é a lei de Deus e a única verdadeira para a felicidade do homem. Ela lhe indica o que deve fazer e o que não deve fazer, e ele não é infeliz senão quando se afasta dela" (3).

Alegria como experiência de religiosidade é um valor que não tem preço. Essa sensação da alma, mais do que qualquer outra coisa, contagia e abranda o coração dos homens.

"Ninguém fica feliz por decreto"; sente imensa satisfação apenas quem está iluminado pela chama celeste. Rejubila-se realmente aquele que se identificou com a Divindade e descobriu que "a lei natural é a lei de Deus e a única verdadeira para a felicidade do homem”.

A alegria espontânea realça a beleza e a naturalidade dos comportamentos humanos. Cultivar o reino espiritual em nós facilita-nos a aprendizagem de que a alegria real não é determinada por fatos ou forças externas, mas se encontra no silêncio da própria alma, onde a inspiração divina vibra incessantemente.


Hammed 



(1) João, 15:11
(2) João, 14:11
(3) Questão 621 de "O Livro dos Espíritos'
“A lei natural de Deus e a única verdadeira para a felicidade do homem.
Ela lhe indica o que deve fazer e o que não deve fazer, e ele não é infeliz senão quando se afasta
dela.”




Allan Kardec - O Evangelho Segundo o Espiritismo - Cap. XIV - Honrai a vosso pai e a vossa mãe - A parentela corporal e a parentela espiritual - item 8



Allan Kardec - O Evangelho Segundo o Espiritismo - Cap. XIV - Honrai a vosso pai e a vossa mãe


A parentela corporal e a parentela espiritual


8. Os laços do sangue não criam forçosamente os liames entre os Espíritos. O corpo procede do corpo, mas o Espírito não procede do Espírito, porquanto o Espírito já existia antes da formação do corpo. Não é o pai quem cria o Espírito de seu filho; ele mais não faz do que lhe fornecer o invólucro corpóreo, cumprindo-lhe, no entanto, auxiliar o desenvolvimento intelectual e moral do filho, para fazê-lo progredir.

Os que encarnam numa família, sobretudo como parentes próximos, são, as mais das vezes, Espíritos simpáticos, ligados por anteriores relações, que se expressam por uma afeição recíproca na vida terrena. Mas, também pode acontecer sejam completamente estranhos uns aos outros esses Espíritos, afastados entre si por antipatias igualmente anteriores, que se traduzem na Terra por um mútuo antagonismo, que aí lhes serve de provação. Não são os da consangüinidade os verdadeiros laços de família e sim os da simpatia e da comunhão de idéias, os quais prendem os Espíritos antes, durante e depois de suas encarnações. Segue-se que dois seres nascidos de pais diferentes podem ser mais irmãos pelo Espírito, do que se o fossem pelo sangue. Podem então atrair-se, buscar-se, sentir prazer quando juntos, ao passo que dois irmãos consangüíneos podem repelir-se, conforme se observa todos os dias: problema moral que só o Espiritismo podia resolver pela pluralidade das existências. (Cap. IV, nº 13)

Há, pois, duas espécies de famílias: as famílias pelos laços espirituais e as famílias pelos laços corporais. Duráveis, as primeiras se fortalecem pela purificação e se perpetuam no mundo dos Espíritos, através das várias migrações da alma; as segundas, frágeis como a matéria, se extinguem com o tempo e muitas vezes se dissolvem moralmente, já na existência atual. Foi o que Jesus quis tornar compreensível, dizendo de seus discípulos: Aqui estão minha mãe e meus irmãos, isto é, minha família pelos laços do Espírito, pois todo aquele que faz a vontade de meu Pai que está nos céus é meu irmão, minha irmã e minha mãe.

A hostilidade que lhe moviam seus irmãos se acha claramente expressa em a narração de São Marcos, que diz terem eles o propósito de se apoderarem do Mestre, sob o pretexto de que este perdera o espírito. Informado da chegada deles, conhecendo os sentimentos que nutriam a seu respeito, era natural que Jesus dissesse, referindo-se a seus discípulos, do ponto de vista espiritual: “Eis aqui meus verdadeiros irmãos”. Embora na companhia daqueles estivesse sua mãe, ele generaliza o ensino que de maneira alguma implica haja pretendido declarar que sua mãe segundo o corpo nada lhe era como Espírito, que só indiferença lhe merecia. Provou suficientemente o contrário em várias outras circunstâncias.


Allan Kardec





Fonte: Kardecpedia


Allan Kardec - O Livro dos Espíritos - Parte terceira - Das leis morais - Cap. I - Da lei divina ou natural - O bem e o mal - Questão 642 (Miramez)



Allan Kardec - O Livro dos Espíritos - Parte terceira - Das leis morais - Cap. I - Da lei divina ou natural - O bem e o mal


Questão 642


– Será suficiente não se fazer o mal, para ser agradável a Deus e assegurar uma situação futura? 

“Não: é preciso fazer o bem, no limite das próprias forças, pois cada um responderá por todo o mal que tiver ocorrido por causa do bem que deixou de fazer.” 


Allan Kardec 




O Livro dos Espíritos comentado pelo Espírito Miramez

Questão 642 comentada



Deus é um Pai amoroso e santo, e o proceder dos homens para com Ele deve ser em espírito e verdade. Há muitas criaturas dentre as quais muitos intelectuais, que acham que Deus é uma matéria fluídico dissolvida em toda a criação. E nós dizemos que Deus é uma individualidade. No entanto, os Seus atributos têm a capacidade de estender Seus sentidos por toda parte, de fazer da criação o Seu próprio corpo, de estar presente nas consciências humanas.

Deus é isso e muito mais, de modo que a nossa capacidade, mesmo sendo imagem e semelhança d'Ele, não O pode compreender da maneira que Ele é. As nossas mentes, mesmo as dos Espíritos mais evoluídos, são finitas, e não podem conceber o que é infinito.

Deus tem todos os poderes perfeitos, Deus é perfeito em tudo o que faz. Para que nós possamos agradar a Ele, não basta que esqueçamos o mal; é necessário que façamos o bem, para o qual fomos criados. Quem não faz o bem, já abre caminhos para que os impulsos do mal apareçam em suas intenções.

Convém que todas as criaturas, principalmente os espíritas, para quem estamos especialmente falando, procurem fazer o bem de todas as formas possíveis, porque somente ele desvia as pessoas do mal. O Espírito deve estar sempre ocupado com coisas nobres, pois que se mostrará como nobre também.

Se Deus é harmonia, o que chamamos de mal é desarmonia. Não podemos agradar a dois senhores; assim, procura harmonizar a tua vida, desde o abrir dos olhos, ao levantar, até a hora de descansar das lides diárias. As grandes coisas começarão pelas pequenas.

Um grande feito por vezes nasce de simples pensamentos, bem como uma grande calamidade social foi primeiramente pensada e criada a partir de idéias sobre tal evento. É neste sentido que alertamos sempre os homens para educarem seus pensamentos em tudo que fazem, desde o mínimo gesto de beber um copo de água, até assinar um decreto que envolve uma nação. Deves pensar, meditar no que fazer e, quando o fizeres, procurar, em todos os seus contornos, fazer com perfeição.

Na Doutrina Espírita já há muitas obras sobre a educação da mente, sobre as coisas certas, sobre a harmonia divina e humana. Por que não começar a entender a sensibilidade do Criador, a ordem do universo? Se quem busca acha, deves buscar, mas com sinceridade.

Deus é o Doador Supremo, que não se esquece de Seus filhos de boa vontade. Agrada a Deus amando, servindo sem exigências e trabalhando sempre na co-criação de oportunidades que elevam e que mostram a paz, insuflando o amor em todas as criaturas.

Não desprezes a ordem, pois ela gera o progresso, e quando fizeres alguma coisa, não podes esquecer Jesus, força divina que mostra a Sua divina presença em toda a Terra, manifestando-se em todos os homens, educando-os e instruindo-os, na mais alta função de amar.

Aos afoitos no trabalho, que parecem querer recuperar o tempo perdido, em apenas alguns anos, nós lhes dizemos que façam o bem, nos limites das suas forças, para que não venham a se cansar antes de atingir a meta de servir, e os compromissos firmados com o senhor da vinha. O equilíbrio, na altura em que se encontra a humanidade, é o caminho do meio, como nos fala um provérbio chinês.

Vamos agradar a Deus com bons pensamentos, boas palavras e boas ações. Mesmo que a tua vida esteja tomada pelas trevas, não esmoreças nas reformas; luta e crê, que Deus te abençoará, para que venças a ti mesmo.

Ao que lhe respondeu Jesus: Se podes crer, tudo é possível ao que crê. (Marcos, 9:23)

E para crer, necessário se faz que trabalhes na aquisição dos valores da alma, de amor e bondade, de fé e entendimento, que somando surgirá a pérola divina em teus passos que se chama, e está escrito no dicionário do céu: Amor.



Miramez





Filosofia Espírita – Volume XIII (João Nunes Maia)
Cap. 30 - Para agradar a Deus



Fontes: O Livro dos Espíritos comentado pelo Espírito MiramezKardecpedia

André Luiz - Livro Agenda Cristã - Chico Xavier - Cap. 18 - Lembranças úteis



André Luiz - Livro Agenda Cristã - Chico Xavier - Cap. 18


Lembranças úteis


Não viva pedindo orientação espiritual, indefinidamente.

Se você já possui duas semanas de conhecimento cristão, sabe, à saciedade, o que deve fazer.

Não gaste suas energias, tentando consertar os outros de qualquer modo.

Quando consertamos a nós mesmos, reconhecemos que o mundo está administrado pela Sabedoria Divina e que a obrigação de cooperar invariavelmente para o bem é nosso dever primordial.

Não acuse os Espíritos desencarnados sofredores, pelos seus fracassos na luta.

Repare o ritmo da própria vida, examine a receita e a despesa, suas ações e reações, seus modos e atitudes, seus compromissos e determinações, e reconhecerá que você tem a situação que procura e colhe exatamente o que semeia.

Não recorra sistematicamente aos amigos espirituais, quanto a comezinhos deveres que lhe competem no caminho comum.

Eles são igualmente ocupados, enfrentam problemas maiores que os seus, detêm responsabilidades mais graves e imediatas, e você, nas lutas vulgares da Terra, não teria coragem de pedir ao professor generoso e benevolente que desempenhasse funções de ama-seca.

Não espere a morte para solucionar as questões da vida, nem alegue enfermidade ou velhice para desistir de aprender, porque estamos excessivamente distantes do Céu.

A sepultura não é uma cigana, cheia de promessas miraculosas, e sim uma porta mais larga de acesso à nossa própria consciência.


André Luiz






Fonte: Bíblia do Caminho † Testamento Xavieriano

André Luiz - Livro Ação e Reação - Chico Xavier - Cap. 19 - Sanções e auxílios



André Luiz - Livro Ação e Reação - Chico Xavier - Cap. 19


Sanções e auxílios


Depois do entendimento com os internados, o Instrutor Druso aquiesceu em dispensar-nos alguns minutos de conversação educativa.

Explanara brilhantemente sobre o problema das provas na experiência terrestre. Alertara-nos quanto à necessária renovação mental nos padrões do bem, destacando a necessidade do estudo, para a assimilação do conhecimento superior, e do serviço ao próximo, para a colheita de simpatia, sem os quais todos os caminhos da evolução surgem complicados e difíceis de ser transitados.

Junto dele, enquanto prelecionava, fora colocada singular escultura — uma estátua notável reproduzindo o corpo humano, transparente aos nossos olhos, à qual apenas faltava o sopro espiritual para revelar-se viva.

Patenteavam-se, ali, à nossa visão, todos os órgãos e apetrechos do carro físico, sob a proteção do sistema nervoso e do sistema sanguíneo.

O coração, à maneira de um grande pássaro no ninho das artérias enrodilhadas na árvore dos pulmões; o fígado, à feição de um condensador vibrante; o estômago e os intestinos como digestores técnicos e os rins, quais aparelhos complexos de filtragem, convidavam-nos a profunda admiração; contudo, nosso maior interesse concentrava-se no sistema endocrínico, no qual as glândulas se salientavam por figurações de luz. A epífise, a hipófise, a tireóide, as paratireóides, o timo, as supra-renais, o pâncreas e as bolsas genésicas caracterizavam-se, perfeitas, sobre o fundo vivo dos centros perispirituais, que se combinavam uns com os outros, em sutilíssimas ramificações nervosas, singularmente ajustadas, através dos plexos, emitindo cada centro irradiações próprias, constituindo-se o conjunto num todo harmônico, que nos impelia à contemplação extática.

Percebendo-nos a surpresa, o chefe da casa disse, bondoso:

— Habitualmente convidamos a atenção de nossos internados para os veículos de nossas manifestações, mostrando-lhes, quanto possível, a correspondência entre nossos estados espirituais e as formas de que nos servimos. É indispensável compreendamos que todo mal por nós praticado conscientemente expressa, de algum modo, lesão em nossa consciência e toda lesão dessa espécie determina distúrbio ou mutilação no organismo que nos exterioriza o modo de ser. Em todos os planos do Universo, somos espírito e manifestação, pensamento e forma. Eis o motivo por que, no mundo, a Medicina há de considerar o doente como um todo psicossomático, se quiser realmente investir-se da arte de curar.

E, tocando a bela escultura à nossa vista, continuou:

— Da mente clareada pela razão, sede dos princípios superiores que governam a individualidade, partem as forças que asseguram o equilíbrio orgânico, por intermédio de raios ainda inabordáveis à perquirição humana, raios esses que vitalizam os centros perispiríticos, em cujos meandros se localizam as chamadas glândulas endócrinas, que, a seu turno, despedem recursos que nos garantem a estabilidade do campo celular. Como é óbvio, nas criaturas encarnadas esses elementos se consubstanciam nos hormônios diversos que atuam sobre todos os órgãos do corpo físico, através do sangue. O homem comum, que já conhece a tiroxina e a adrenalina, energias fabricadas pela tireóide e pelas supra-renais, com influência decisiva no trabalho circulatório, nos nervos e nos músculos, não ignora que todas as demais glândulas de secreções internas produzem recursos que decidem sobre saúde e enfermidade, equilíbrio e desequilíbrio nos indivíduos encarnados. Ora, em substância, como é fácil de ver, todos os estados acidentais das formas de que nos utilizamos, no espaço e no tempo, dependem, assim, do comando mental que nos é próprio. É por isso que a justiça, sendo instituto fundamental de ordem, na Criação, começa invariavelmente em nós mesmos, em toda e qualquer ocasião que lhe defraudemos os princípios. A evolução para Deus pode ser comparada a uma viagem divina. O bem constitui sinal de passagem livre para os cimos da Vida Superior, enquanto que o mal significa sentença de interdição, constrangendo-nos a paradas mais ou menos difíceis de reajuste.

Aproveitando breve pausa, Hilário observou:

— É admirável o trabalho educativo em andamento nas zonas inferiores, com vistas à reencarnação…

— Inegavelmente — respondeu o instrutor. — É preciso informar a todos os nossos irmãos, em vias de retorno ao círculo dos homens, que o corpo carnal, com as tarefas que lhe são consequentes, vale por verdadeiro prêmio da Bondade Divina, que é necessário valorizar. Aqui, nas esferas purgatoriais, contamos com verdadeiras multidões de criaturas desencarnadas que procedem do mundo, em deploráveis crises alucinatórias, após malversarem os bens da vida humana. Muitas, por infelicidade da própria ignorância, não puderam acomodar-se a qualquer tipo de concepção religiosa, entretanto, milhões de pessoas, longe do respeito pela fé maternal que as esclarecia, nos compromissos esposados perante Deus, entregavam-se, conscientemente, à crueldade mental, cavando ruína e amargura para si mesmas, porque o mal infligido a outrem era sempre mal que amontoavam sobre as suas cabeças. É assim que, desentrançadas da matéria densa, aqui aportam, batidas pelo remorso e pelo arrependimento, padecendo frustrações lamentáveis, quando não estacionam por tempo mais ou menos longo em furnas expiatórias, nas quais, presas de antigos adversários ou de velhos comparsas do vício, sofrem tristes alterações em seus centros de força, a se lhes expressarem na, mente por desequilíbrios funestos. Depois de acolhidas em nosso pouso de amor, refazem-se a pouco e pouco… A reencarnação retificadora, isto é, a internação na carne em condições penosas, surge por alternativa inevitável. Será preciso renascer, suportando os obstáculos tremendos, oriundos da desarmonia perispirítica criada por nós mesmos. Ainda assim, quanto possível, antes do novo berço entre os homens, é imprescindível melhorar as contas… Daí o motivo por que instituições qual a nossa funcionam, em vários campos das regiões inferiores, que, na velha teologia, equivalem a regiões infernais… O que, porém, existe, de fato, é o imenso Umbral, situado entre a Terra e o Céu, dolorosa região de sombras, erguida e cultivada pela mente humana, em geral rebelde e ociosa, desvairada e enfermiça. Os companheiros desencarnados que despertam, devagarinho, para a responsabilidade de viver, encarando face a face o imperativo do renascimento difícil no inundo, passam a trabalhar aqui laboriosamente, vencendo óbices terríveis e superando tempestades de toda a sorte, para a conquista dos méritos que descuraram durante a permanência no corpo, de modo a implantarem, no próprio espírito, os valores morais de que não prescindem para a sustentação de novas e abençoadas lutas no plano material.

O orientador, mostrando o olhar coruscante de entendimento e carinho, à feição do professor emérito e bondoso que deseja o progresso dos aprendizes, fez longa pausa e perguntou-nos:

— Compreenderam?

— Sim, sim… — respondemos a um só tempo, interessados em maior amplitude da lição.

— É assim que todos nós — continuou ele para o recomeço das lides carnais, solicitamos o regime de sanções, ou alguém, quando não disponhamos do direito de faze-lo, no-lo obtém, suplicando-o, em nosso benefício, às autoridades superiores.

— Regime de sanções? — indagou Hilário, surpreendido.

— Perfeitamente. Não nos reportamos aqui às medidas de natureza moral, pelas quais enfrentamos, compreensivelmente, na família consanguínea ou na intimidade da luta, a reaproximação com os Espíritos de que sejamos devedores de paciência e ternura, tolerância e sacrifício, na solução de certas dívidas que nos obscurecem a senda, mas sim a providências retificantes, depois de muitas quedas reiteradas nos mesmos deslizes e deserções, que imploramos em favor de nós e em nós mesmos, quais sejam as deficiências congeniais com que ressurgimos no berço físico. Aqueles que por vezes diversas perderam vastas oportunidades de trabalho na Terra, pela ingestão sistemática de elementos corrosivos, como sejam o álcool e outros venenos das forças orgânicas, tanto quanto os inveterados cultores da gula, quase sempre atravessam as águas da morte como suicidas indiretos e, despertando para a obra de reajuste que lhes é indispensável, imploram o regresso à carne em corpos desde a infância inclinados à estenose do piloro, à ulceração gástrica, ao desequilíbrio do pâncreas, à colite e às múltiplas enfermidades do intestino que lhes impõem torturas sistemáticas, embora suportáveis, no decurso da existência inteira. Inteligências notáveis, com sucessivas quedas morais, através da leviandade com que se utilizaram do esporte e da dança, espalhando desespero e infortúnio nos corações afetuosos e sensíveis, pedem formas orgânicas ameaçadas de paralisia e reumatismo, visitadas de achaques e neoplasmas diversos, que lhes obstem os movimentas demasiado livres. Companheiros que, em muitas circunstâncias, se deixaram envenenar pelos olhos e pelos ouvidos, comprometendo-se em vasta rede de criminalidade, através da calúnia e da maledicência, imploram veículos fisiológicos castigados por deficiências auditivas e visuais que lhes impeçam recidivas desastrosas. Intelectuais e artistas que despedem sagrados recursos do espírito na perversão dos sentimentos humanos, por intermédio da criação de imagens menos dignas, rogam aparelhos cerebrais com inibições graves e dolorosas para que, nas reflexões de temporário ostracismo, possam desenvolver as esquecidas qualidades do coração. Homens e mulheres que abusaram de dotes físicos, manobrando a beleza e a perfeição das formas para disseminar a loucura e o sofrimento naqueles que lhes admitiam as falsas promessas, solicitam corpos vulneráveis às dermatoses aflitivas, quais o eczema e a tumoração cutânea, ou portadores de alterações da tireóide que os constranjam a reiteradas lutas educativas. Grandes faladores que escarneceram da divina missão do verbo, conturbando multidões ou enlouquecendo almas desprevenidas, suplicam doenças das cordas vocais, para que, atravessando afonias periódicas, desistam de tumultuar os espíritos por intermédio da palavra brilhante. E milhares de pessoas que transformaram o santuário do sexo numa forja de perturbações para a vida alheia, arruinando lares e infelicitando consciências, imploram equipamentos físicos atormentados por lesões importantes no campo genésico, experimentando, desde a puberdade, inquietantes desequilíbrios ovarianos e testiculares. A cegueira, a mudez, a idiotia, a surdez, a paralisia, o câncer, a lepra, a epilepsia, o diabete, o pênfigo, a loucura e todo o conjunto das moléstias, dificilmente curáveis significam sanções instituídas pela Misericórdia Divina, portas a dentro da Justiça Universal, atendendo-nos aos próprios rogos, para que não venhamos a perder as bênçãos eternas do espírito a troco de lamentáveis ilusões humanas.

— Mas, existem institutos especiais que providenciem, por exemplo, as irregularidades orgânicas pedidas para a reencarnação? — perguntou meu colega, intrigado.

O interlocutor generoso sorriu, significativamente, e acentuou:

— Sim, Hilário, a Bondade do Senhor é infinita e permite-nos a graça de suplicar os impedimentos a que nos referimos, porque o reconhecimento de nossas fraquezas e transgressões nos faz imenso bem ao espírito endividado. A humildade, em qualquer situação, acende luz em nossas almas, gerando, em torno de nós, abençoados recursos de simpatia fraterna. Entretanto, ainda mesmo que não pedíssemos a aplicação das penas de que necessitamos, nossa posição não se modificaria, porquanto a prática do mal opera lesões imediatas em nossa consciência, que, entrando em condição desarmônica, desajusta, ela própria, os centros de força em que se mantém. Desse modo, os nossos institutos de trabalho para a reencarnação colaboram para que todos venhamos a receber na ribalta terrestre a vestimenta carnal merecida.

— Então, de que vale a súplica, rogando essa ou aquela medida, atinente à nossa reeducação?

— Oh! não formule semelhante problema! — falou Druso em voz grave. — A prece, no sentido a que aludimos, é sempre um atestado de boa vontade e compreensão, no testemunho da nossa condição de Espíritos devedores… Sem dúvida, não poderá modificar o curso das leis, diante das quais nos fazemos réus sujeitos a penas múltiplas, mas renova-nos o modo de ser, valendo não só como abençoada plantação de solidariedade em nosso benefício, mas também como vacina contra reincidência no mal. Além disso, a prece faculta-nos a aproximação com os grandes benfeitores que nos presidem os passos, auxiliando-nos a organização de novo roteiro para a caminhada segura.

Meu companheiro guardou, reverente, a anotação e considerou:

— Caro instrutor, depreendemos da elucidação que, ao nos reencarnarmos, conduzimos conosco os remanescentes de nossas faltas, que nos partilham o renascimento, na máquina fisiológica, como raízes congeniais dos males que nós mesmos plantamos…

— Perfeitamente — acentuou o mentor amigo —, nossas disposições, para com essa ou aquela enfermidade no corpo terrestre, representam zonas de atração magnética que dizem de nossas dívidas, diante das Leis Eternas, exteriorizando-nos as deficiências do espírito.

Druso meditou alguns instantes, como se estivesse ponderando no íntimo a gravidade do assunto, e apreciou:

— Nossas assertivas não excluem, decerto, a necessidade da assepsia e da higiene, da medicação e do cuidado preciso, no tratamento dos enfermos de qualquer procedência. Desejamos simplesmente acentuar que a alma ressurge no equipamento físico transportando consigo as próprias falhas a se lhe refletirem na veste carnal, como zonas favoráveis. à eclosão de determinadas moléstias, oferecendo campo propício ao desenvolvimento de vírus, bacilos e bactérias inúmeros, capazes de conduzi-la aos mais graves padecimentos, de acordo com os débitos que haja contraído, mas também carreia consigo as faculdades de criar no próprio cosmo orgânico todas as espécies de anticorpos, imunizando-se contra as exigências da carne, faculdades essas que pode ampliar consideravelmente pela oração, pelas disciplinas retificadoras a que se afeiçoe, pela resistência mental ou pelo serviço ao próximo com que atrai preciosos recursos em seu favor. Não podemos esquecer que o bem é o verdadeiro antídoto do mal.

— Ainda assim — ajuntou Hilário —, será lícito recordar que os animais igualmente sofrem moléstias diagnosticáveis, como sejam a aftose, a raiva e a pneumonia…

— Como também as plantas experimentam enfermidades peculiares, reclamando adubos e fungicidas completou o mentor, sorrindo.

E acrescentou:

— A dor é ingrediente dos mais importantes na economia da vida em expansão. O ferro sob o malho, a semente na cova, o animal em sacrifício, tanto quanto a criança chorando, irresponsável ou semiconsciente, para desenvolver os próprios órgãos, sofrem a dor-evolução, que atua de fora para dentro, aprimorando o ser, sem a qual não existiria progresso. Em nosso estudo, porém, analisamos a dor-expiação, que vem de dentro para fora, marcando a criatura no caminho dos séculos, detendo-a em complicados labirintos de aflição, para regenerá-la, perante a Justiça… É muito diferente…

— Curioso! — exclamou Hilário — não havia pensado ainda em semelhantes conceitos… Dor-evolução, dor-expiação…

— Como temos ainda dor-auxílio — atalhou Druso, benevolente.

— Como assim?

E percebendo a surpresa que se nos estampava no rosto, o orientador aduziu:

— Em muitas ocasiões, no decurso da luta humana, nossa alma adquire compromissos vultosos nesse ou naquele sentido. Habitualmente, logramos vantagens em determinados setores da experiência, perdendo em outros. Às vezes, interessamo-nos vivamente pela sublimação do próximo, olvidando a melhoria de nós mesmos. É assim que, pela intercessão de amigos devotados à nossa felicidade e à nossa vitória, recebemos a bênção de prolongadas e dolorosas enfermidades no envoltório físico, seja para evitar-nos a queda no abismo da criminalidade, seja, mais frequentemente, para o serviço preparatório da desencarnação, a fim de que não sejamos colhidos por surpresas arrasadoras, na transição da morte. O enfarte, a trombose, a hemiplegia, o câncer penosamente suportado, a senilidade prematura e outras calamidades da vida orgânica constituem, por vezes, dores-auxílio, para que a alma se recupere de certos enganos em que haja incorrido na existência do corpo denso, habilitando-se, através de longas reflexões e benéficas, disciplinas, para o ingresso respeitável na Vida Espiritual.

Druso, no entanto, a essa altura, foi chamado a outras linhas de ação, deixando-nos entregues aos nossos pensamentos.


André Luiz





Fonte: Bíblia do Caminho † Testamento Xavieriano



ÁUDIO:
Capítulo 19 - Sanções e auxílios
Companheiros da Luz





Ação e Reação - Livro de André Luiz por Chico Xavier.


Emmanuel - Livro Alvorada do Reino - Chico Xavier - Cap. 15 - Na senda da ascensão



Emmanuel - Livro Alvorada do Reino - Chico Xavier - Cap. 15


Na senda da ascensão


O animal caminha para a condição do homem, tanto quanto o homem evolui no encalço do anjo.

No reino animal, a consciência, à feição de crisálida, movimenta-se em todos os tons do instinto, no rumo da inteligência.

No reino hominal, a consciência nascida avança em todos os aspectos da inteligência, objetivando a conquista da razão sublimada pelo discernimento.

E, no reino angélico essa mesma consciência, em múltiplas expressões de sabedoria e de amor, segue, vitoriosa, para a perfeita santificação, comungando a Perfeita Felicidade do Pai Celestial.

No campo das formas efêmeras, cada ser, portanto, pode residir, à parte, na elaboração dos próprios valores que o erguerão aos níveis mais altos da vida, entretanto, no mundo das essências, irmanar-se-á com o Todo da Criação, crescendo para a Unidade Cósmica — porto divino e esperar-nos sem distinção — de modo a investir-nos, um dia, na posse da celeste herança que nos é reservada.

Desse modo, se pedes proteção e arrimo aos que te precederam na vanguarda do progresso e se aguardas a assistência dos benfeitores que, de Mais Alto, te observam as esperanças, compadece-te também das criaturas humildes que laboriosamente se agitam na retaguarda, peregrinando ao teu encontro.

Se é justo esperar pelo amor que verte sublime, do Céu, em teu benefício, é preciso derramar esse mesmo amor nas furnas da Terra, a que consciências fragmentárias se acolhem, contando contigo para que se eduquem e aperfeiçoem.

Para o homem, o anjo é o gênio que representa a Providência Divina e para o animal o homem é a força que representa a Divina Bondade.

Recorda os elos sagrados que nos ligam uns aos outros na estrada evolutiva e colabora na extinção da crueldade com que até hoje pautamos as relações com os nossos irmãos menores.

Lembra-te do mel que te angaria medicação, da lã que te oferece o agasalho, da tração que te garante a colheita farta e do estábulo que te assegura reconforto e sejamos mais humanos para com aqueles que aspiram a nossa posição, dentro da Humanidade.

Auxilia aos que te seguem os passos e mantém a certeza de que receberás em pagamento de paz e luz o concurso daqueles que te antecederam no acesso às culminâncias da Vida Maior.


Emmanuel










Fonte: Bíblia do Caminho † Testamento Xavieriano

Allan Kardec - O Evangelho Segundo o Espiritismo - Cap. X - Bem-aventurados os que são misericordiosos - Instruções dos Espíritos - Perdão das ofensas - item 15



Allan Kardec - O Evangelho Segundo o Espiritismo - Cap. X - Bem-aventurados os que são misericordiosos - Instruções dos Espíritos


Perdão das ofensas


15. Perdoar aos inimigos é pedir perdão para si próprio; perdoar aos amigos é dar-lhes uma prova de amizade; perdoar as ofensas é mostrar-se melhor do que era. Perdoai, pois, meus amigos, a fim de que Deus vos perdoe, porquanto, se fordes duros, exigentes, inflexíveis, se usardes de rigor até por uma ofensa leve, como querereis que Deus esqueça de que cada dia maior necessidade tendes de indulgência? Oh! ai daquele que diz: “Nunca perdoarei”, pois pronuncia a sua própria condenação. Quem sabe, aliás, se, descendo ao fundo de vós mesmos, não reconhecereis que fostes o agressor? Quem sabe se, nessa luta que começa por uma alfinetada e acaba por uma ruptura, não fostes quem desferiu o primeiro golpe, se vos não escapou alguma palavra agressiva, se não procedestes com toda a moderação necessária? Sem dúvida, o vosso adversário andou mal em se mostrar excessivamente suscetível; mais uma razão para serdes indulgentes e para não vos tornardes merecedores do reproche que lhe lançastes. Admitamos que, em dada circunstância, fostes realmente ofendido: quem dirá que não envenenastes as coisas por meio de represálias e que não fizestes degenerasse em querela grave o que houvera podido cair facilmente no olvido? Se de vós dependia impedir as conseqüências do fato e não as impedistes, sois culpados. Admitamos, finalmente, que nenhuma censura tendes a vos fazer: mostrai-vos clementes e com isso só fareis que o vosso mérito cresça.

Mas, há duas maneiras bem diferentes de perdoar: há o perdão dos lábios e o perdão do coração. Muitas pessoas dizem, com referência ao seu adversário: “Eu lhe perdôo”, mas, interiormente, alegram-se com o mal que lhe advém, comentando que ele tem o que merece. Quantos não dizem: “Perdôo” e acrescentam: “mas, não me reconciliarei nunca; não quero tornar a vê-lo em toda a minha vida.” Será esse o perdão, segundo o Evangelho? Não; o perdão verdadeiro, o perdão cristão é aquele que lança um véu sobre o passado; esse o único que vos será levado em conta, visto que Deus não se satisfaz com as aparências. Ele sonda o recesso do coração e os mais secretos pensamentos. Ninguém se lhe impõe por meio de palavras e de simulacros vãos. O esquecimento completo e absoluto das ofensas é peculiar às grandes almas; o rancor é sempre sinal de baixeza e de inferioridade. Não olvideis que o verdadeiro perdão se reconhece muito mais pelos atos do que pelas palavras. – Paulo, apóstolo. (Lyon,1861.)


Allan Kardec




Fonte: Ipeak - Instituto de Pesquisas Espíritas Allan Kardec

Emmanuel - Livro Alma e Coração - Chico Xavier - Cap. 5 - Donativo do coração



Emmanuel - Livro Alma e Coração - Chico Xavier - Cap. 5


Donativo do coração


Todos possuímos algo para dar, seja dinheiro que alivie a penúria, instrução que desterre a ignorância, auxílio que remova a dificuldade ou remédio que afaste a doença.

Existe, porém, uma dádiva que todos podemos compartilhar, indistintamente, com absoluta vantagem para quem recebe e sem a mínima perda para quem dá.

Referimo-nos à bênção da coragem.

Quantos terão caído de altos degraus do bem, no ápice da resistência ao mal, por lhes faltar calor humano, através de uma frase afetuosa e compreensiva?

Quantos terão desertado de suas tarefas enobrecedoras, com evidente prejuízo para a comunidade, precisamente na véspera de vitorioso remate, unicamente por lhes haver faltado alguém que lhes suplementasse as forças morais periclitantes com o socorro de um gesto amigo? 

E quantos outros tombam diariamente na frustração ou na enfermidade, tão só porque não encontram senão azedume e pessimismo na palavra daqueles de quem estão intimados à convivência?

Não te armes apenas de recursos materiais para combater o infortúnio. Aprovisiona-te de fé viva e esperança, compreensão e otimismo, para que teu verbo se faça lume salvador, capaz de reacender a confiança de tantos companheiros da Humanidade, que trazem o coração no peito à feição de lâmpada morta.

Não deixes para amanhã o momento de encorajar os irmãos do caminho no serviço do bem.

Faze isso hoje mesmo. Estende-lhes a alma no apelo ao bem e fala-lhes da própria imortalidade, do tesouro inexaurível do tempo e dos recursos ilimitados do Universo. 

Induze-os a reconhecer as energias infinitas de que são portadores e auxilia-os a descobrir a divina herança de vida eterna que lhes palpita no imo do espírito, ainda mesmo quando estirados nas piores experiências.

Seja tua palavra clarão que ampare, chama que aqueça, apoio que escore e bálsamo que restaure.

Sempre que te disponhas a sair de ti mesmo para o labor da beneficência, não olvides o donativo da coragem! 

Ajuda ao próximo por todos os meios corretos ao teu alcance, mas, acima de tudo, ajuda ao companheiro de qualquer condição ou de qualquer procedência a sentir-se positivamente nosso irmão, tão necessitado quanto nós da paciência e do socorro de Deus.


Emmanuel







Fonte: Bíblia do Caminho † Testamento Xavieriano

Joanna de Ângelis - Livro Momentos Enriquecedores - Divaldo P. Franco - Cap. 13 - O poder do amor



Joanna de Ângelis - Livro Momentos Enriquecedores - Divaldo P. Franco - Cap. 13


O poder do amor


Acredita no amor e vive-o plenamente.

Qualquer expressão de afetividade propicia renovação de entusiasmo, de qualidade de vida, de metas felizes em relação ao futuro.

O amor não é somente um meio, porém, o fim essencial da vida.

Emanado pelo sentimento que se aprimora, o amor expressa-se, a princípio, asselvajado, instintivo, na área da sensação, e depura-se lentamente, agigantando-se no campo da emoção.

Quando fruído, estimula o organismo e oferece-lhe reações imunológicas, que proporcionam resistências às células para enfrentar os invasores perniciosos, que são combatidos pelos glóbulos brancos vigilantes.

A força do amor levanta as energias alquebradas, e torna-se essencial para a preservação da vida.

Quando diminui, cedendo lugar aos mecanismos de reação pelo ciúme, pelo ressentimento, pelo ódio, favorece a degeneração da energia vital, preservadora do equilíbrio fisiopsíquico, ensejando a instalação de enfermidades variadas que trabalham pela consumpção dos equipamentos orgânicos...

Situação alguma, por mais constrangedora, ou desafio, por maior que se apresente, nas suas expressões agressivas, merecem que te niveles à violência, abandonando o recurso valioso do amor.

Competir com os não-amáveis é tornar-se pior do que eles, que lamentavelmente ainda não despertaram para a realidade superior da vida.

Ama-los é a alternativa única à tua disposição, que deves utilizar de forma a não te impregnares das energias deletérias que eles exalam.

Envolve-los em ondas de afetividade, é ato de sabedoria e recurso terapêutico valioso que lhes modificará a conduta, senão de imediato, com certeza oportunamente.

O amor solucionará todos os teus problemas. Não impedirá, porém, que os tenhas, que sejas agredido, que experimentes incompreensão, mas te facultará permanecer em paz contigo mesmo.

É possível que não lhes veja a florescência, naquele a quem ofertas; no entanto, a sociedade do amanhã ve-lo-á enfrutecer e beneficiar as criaturas que virão depois de ti. E isto, sim, é o que importa.

Quando tudo pareça conspirar contra os teus sentimentos de amor, e a desordem aumentar, o crime triunfar, a loucura aturdir as pessoas em volta, ainda aí não duvides do seu poder.

Ama com mais vigor e tranqüilidade, porque esta é a tua missão na Terra, amar sempre.

Crucificado, sob superlativa humilhação, Jesus prosseguiu amando e em paz, iniciando uma Era Nova para a humanidade, que agora lhe tributa razão e amor.


 Joanna de Ângelis








Fonte: Momentos Enriquecedores


Hammed - Livro Os Prazeres da Alma - Francisco do Espírito Santo Neto - Cap. 17 - Renovação



Hammed - Livro Os Prazeres da Alma - Francisco do Espírito Santo Neto - Cap. 17 


Renovação

Ao se renovar, o homem transformará o mundo. Não devemos voltar nossa atenção para modificar as coisas de fora, mas para aprimorar ou despertar as coisas da nossa intimidade.

Ressonância vem do latim resonantia, aquilo que ressoa, que faz eco, que retumba. É um fenômeno físico que ocorre pela propagação de ondas sonoras em todas as direções. Pode começar por uma alteração mecânica qualquer - uma janela que bate, uma voz aguda, o bater de palmas ou o tocar de uma tecla de piano. Essas ondas em movimento é que são ouvidas. É a ressonância. Entretanto, os sons jamais procedem aleatoriamente, pois obedecem a certas leis imutáveis da Natureza. 

Quando passamos por um extenso vale ou por um penhasco e, por exemplo, emitimos um ruído qualquer, o ricochete da onda sonora faz com que ele seja claramente percebido como um sinal distinto do transmitido originalmente. O ruído das trovoadas nas montanhas é uma sequência de reflexos que ecoam, constituindo o fenômeno denominado reverberação.

A harmonia ou o desequilíbrio no ambiente familiar é, na verdade, uma "ressonância ou reverberação pessoal ou coletiva" resultante das atividades mentais do "eu" individual ou grupai que formam o clima energético da moradia. Os momentos infelizes que vivenciamos com nossos familiares são aprendizagens que necessitam ser assimiladas em nosso universo interior. Segundo o exímio escritor francês Voltaire, "o acaso nada mais é do que a causa ignorada de um efeito desconhecido".

"Os pais transmitem, frequentemente, aos filhos uma semelhança física. Transmitem também uma semelhança moral?'

"Não, uma vez que têm alma ou Espírito diferentes. O corpo procede do corpo, mas o Espírito não procede do Espírito. Entre os descendentes das raças não há senão consanguinidade."

Da mesma forma que não podemos protestar ou lutar contra os ecos que ressoam pelo efeito de nossos próprios ruídos ou palavras, igualmente não devemos ralhar com as pessoas ou fatos da vida doméstica, pois são somente reflexos da realidade interior, atraídos e materializados pelo nosso estado de consciência. Enorme é a aflição daqueles que não sabem que criam aquilo que vivem, já que se sentem impotentes nas mãos de uma força que não compreendem. 

No entanto, quase todos nós fazemos exatamente isso em nosso cotidiano. Lutamos e discutimos contra as ocorrências, os comportamentos e atos externos em nosso ambiente social ou domiciliar, sem nunca nos voltarmos para dentro de nós mesmos, perguntando-nos onde está a verdadeira raiz do conflito. O sábio observa os acontecimentos como quem olha para o espelho; nossa realidade reflete aquilo que somos.

Ninguém em sã consciência brigaria com o próprio "eco", pois estaria, na realidade, lutando contra si mesmo. Ao fazermos esse jogo imaturo, tomamos para nós uma luta inglória, em que não há vencedores, apenas vencidos. Quem deveríamos derrotar numa batalha em que escutamos apenas a própria voz ecoando? 

Indivíduos de uma mesma família precisam perceber seu poder de ação na atmosfera energética familiar, analisando os atos e atitudes vivenciados no dia-a-dia, como se estivessem expostos numa "vitrina". A partir dessa observação, cabe-lhes alterar comportamentos inadequados e rever posturas de inflexibilidade. 

A Providência Divina nos ensina autorresponsabilidade aliada à renovação. Ela tem seus próprios critérios e age dentro das leis imutáveis da vida, não se ajustando aos caprichosos padrões impostos pela sociedade. Nossos atos e atitudes escrevem nosso destino. Nós somos responsáveis pela parentela que temos e pela forma como convivemos com ela. 

Ao se renovar, o homem transformará o mundo. Não devemos voltar nossa atenção para modificar as coisas de fora, mas para aprimorar ou despertar as coisas da nossa intimidade. 

É antigo o hábito que desenvolvemos de procurar no mundo exterior uma desculpa para tudo o que ocorre de negativo em nossa existência. Culpar os outros pelo que nos acontece é cultivar a ilusão de que não somos nós que atraímos nossos conflitos e dificuldades. É preciso entender que as energias mentais que irradiamos são responsáveis por tudo o que atraímos em nossa vida. Devemos assumir essa responsabilidade perante a própria existência. 

A aprendizagem é nossa e ninguém poderá fazê-la por nós, assim como nós não poderemos fazê-la pelos outros. Quanto mais depressa aprendermos isso, menos sofreremos e mais rápido encontraremos harmonia no lar. 

Criamos uma lista enorme de culpados aos quais atribuímos a responsabilidade pelo nosso destino infeliz - desajustes da família atual, erros das vidas passadas, ações doentias de Espíritos perturbadores. Acreditamos, enfim, que somos vítimas indefesa se impotentes de tudo e de todos. A teoria da culpa encontrou uma imensa massa de adeptos nos dias atuais.

"De onde provêm as semelhanças morais que existem, algumas vezes, entre pais e filhos? São Espíritos simpáticos, atraídos pela semelhança de suas tendências? (1)

No processo reencarnatório, os Espíritos são "atraídos pela semelhança de suas tendências"; portanto, é nosso reino interior que atrai aqueles que serão nossos familiares, criaturas com específica estrutura íntima e valores ajustados a um determinado padrão evolutivo. Nelas encontraremos apoio para aprimorar nossas capacidades e estímulo para despertar nossas habilidades e possibilidades inatas. 

"As semelhanças morais que existem, algumas vezes, entre pais e filhos" são "tipos de mentalidade" que se identificam por suas conquistas ou carências, a fim de se reorganizarem interiormente ou continuarem o despertar dos potenciais adormecidos da alma. Em muitos casos, nunca se conheceram em outras existências, mas se unem por possuírem as mesmas inclinações, os mesmos conflitos, hábitos, vocações, valore se desajustes psicológicos. Todavia, seja qual for o tipo de união, a relação que se estabelece entre eles é para que vençam a si mesmos, reajustem as dificuldades mentais, emocionais e sentimentais e prossigam efetuando a renovação da própria alma.

O progresso chega à humanidade gradativamente, com a mesma sutileza com que o dia jaz desaparecer a noite-, ele desce quase que imperceptível sobre as criações e as criaturas como um orvalho fecundo e fundamental à nossa vida de Espírito imortal.

O doutor Carl Gustav Jung definiu sincronicidade como coincidência significativa de um estado psíquico com um ou vários fatos externos correspondentes; ocorrência entre eventos psíquicos e físicos. São acontecimentos coincidentes, no tempo e no espaço, que, embora aparentemente inexplicáveis, estabelecem relações conexas do ponto de vista psicológico.

A noção dada por Jung de sincronicidade pode ser em parte reconhecida como a "dinâmica interligação" entre a alma e o mundo material. A vida assemelha-se a um fluxo multidimensional pelo qual as criações e as criaturas estão passando no Universo. Vivemos interagindo, de forma invisível, com muitas outras realidades ainda desconhecidas e ignoradas no mundo moderno.

Determinados fenômenos sincronísticos escapam da observação do princípio de causalidade, ou seja, eles ainda não podem ser analisados e ponderados materialmente. A ciência atual ainda não chegou a entender como a lei de causa e efeito funciona em determinados eventos e circunstâncias transcendentais. Entretanto, fenômenos sincronísticos não podem ser considerados acasos. "[...] o acaso é cego e não pode produzir os efeitos da inteligência. Um acaso inteligente não seria mais o acaso." (2).

Podemos dizer, de modo figurado, que o acaso é o pseudônimo do Criador, quando não quer deixar transparecer a assinatura de sua obra.

Encontros inesperados com pessoas que nos mostram "casualmente" caminhos que há anos procurávamos e não sabíamos onde e como encontrar; auxílios financeiros que apareceram no "momento exato" em que a tribulação mais se agravava; sugestões ou opiniões que recebemos em uma conversa "aparentemente" informal e que muito contribuíram para nosso autoconhecimento; livros que escolhemos "de modo aleatório" e que trouxeram significativo auxílio para a solução de problemas que estávamos atravessando. Deparamos "subitamente" com artigos numa revista cujo tema ainda há pouco comentávamos com um amigo ou familiar, e outros tantos exemplos.

Essa suposta "sucessão de acasos", vivida por inúmeras criaturas, revela a existência de leis espirituais desconhecidas que regem e guiam o progresso de todos os seres humanos.

As inexplicáveis "coincidências" que acontecem em nossa vida geralmente colaboram para nossa renovação espiritual ou crescimento interior. Se utilizarmos uma visão superficial, essas "casualidades" se apresentarão como acontecimentos misteriosos e obscuros, mas, se nos aprofundarmos, veremos que precisamos muito aprender sobre o poder onisciente de Deus em nós, e que seus domínios ainda nos permanecem insondáveis.

As leis divinas ou naturais são o "cordão umbilical" que liga tudo e todos com a Fonte Criadora. Por isso, Jesus exortou a nossa ligação espiritual, dizendo: "Eu sou a videira e vós os ramos” (3).

Os Espíritos Superiores asseveram a Allan Kardec que "[...] o homem deve progredir sem cessar e não pode retornar ao estado de infância. Se ele progride é porque Deus quer assim”. (4)

As leis que nos regem contêm a onipresença, a onisciência e a onipotência divinas. São as mesmas para todos os membros do Universo, mas ajustadas ao grau evolutivo de cada um deles. "[...] o homem deve progredir sem cessar [...]", uma vez que a renovação espiritual não é produto de um ensinamento, mas está em germe em todos os seres. Querendo ou não, progrediremos, já que "Deus quer assim".

O progresso chega à humanidade gradativamente, com a mesma sutileza com que o dia faz desaparecer a noite; ele desce quase que imperceptível sobre as criações e as criaturas como um orvalho fecundo e fundamental à nossa vida de Espírito imortal. Nada vem do nada. Os caminhos renovadores quase sempre aparecem em nossa jornada evolutiva como possíveis "coincidências", ou mesmo como acontecimentos ilógicos e enigmáticos; na realidade, são experiências imprescindíveis que atraímos e que se encaixam perfeitamente nas nossas necessidades de renovação interior.

O despertar vem de um modo que nem imaginamos. Nesses momentos perguntamo-nos: O que será que Deus quer de mim?

A psicologia junguiana chama as "coincidências" que ocorrem em nossas vidas de "fenômenos sincronísticos", mas, ajustando esses conceitos aos postulados da fé espírita, poderemos nomeá-las de "intervenção divina" ou "desígnios de Deus". No entanto, seja qual for a denominação que utilizarmos, tenhamos a certeza de que tudo aquilo que nos acontece tem como objetivo profundo a renovação da alma e como propósito o bem comum.

O progresso que atingimos hoje é compatível com o crescimento que tivemos ontem. Cada passo dado a caminho da maturidade é proporcional à etapa percorrida anteriormente.

Avançamos pelo Universo em conjunto harmônico com os outros seres humanos. A orquestra cósmica da qual compartilhamos é muito mais ampla do que podemos imaginar, e cada um precisa dar sua cota de participação na sinfonia do mundo. Somos parte do Universo e ele é parte de nós.


Hammed







(1) Questão 207: Os pais transmitem, frequentemente, aos filhos uma semelhança física. Transmitem também uma semelhança moral?

"Não, uma vez que têm alma ou Espírito diferentes. O corpo procede do corpo, mas o Espírito não procede do Espírito. Entre os descendentes das raças não há senão consanguinidade. "De onde provêm as semelhanças morais que existem, algumas vezes, entre pais e filhos? "São Espíritos simpáticos, atraídos pela semelhança de suas tendências."

(2) Questão 8 de "O Livro dos Espíritos"

(3) João 15:5

(4) Questão 778: O homem pode retrogradar até o estado natural?

"Não, o homem deve progredir sem cessar e não pode retornar ao estado de infância. Se ele progride é porque Deus quer assim. Pensar que ele pode retroceder à sua condição primitiva, seria negar a lei do progresso. "