terça-feira, 30 de junho de 2020

Allan Kardec - O Livro dos Médiuns ou guia dos médiuns e dos evocadores - 1. ª Parte - Noções preliminares - Cap. IV - Dos sistemas - 51



Allan Kardec - O Livro dos Médiuns ou guia dos médiuns e dos evocadores - 1. ª Parte - Noções preliminares - Cap. IV - Dos sistemas - 51


O que, na visão espírita, é essencial ao homem?

Aplique o homem o Espiritismo em aperfeiçoar-se moralmente, eis o essencial. O mais não passa de curiosidade estéril e muitas vezes orgulhosa, cuja satisfação não o faria adiantar um passo. O único meio de nos adiantarmos consiste em nos tornarmos melhores.

Allan Kardec – O Livro dos Médiuns 

Item 51

Eis aqui a resposta que, sobre este assunto, deu um Espírito:

“O que uns chamam perispírito não é senão o que outros chamam envoltório material fluídico. Direi, de modo mais lógico, para me fazer compreendido, que esse fluido é a perfectibilidade dos sentidos, a extensão da vista e das ideias. Falo aqui dos Espíritos elevados. Quanto aos Espíritos inferiores, os fluidos terrestres ainda lhes são de todo inerentes; logo, são, como vedes, matéria. Daí os sofrimentos da fome, do frio, etc., sofrimentos que os Espíritos superiores não podem experimentar, visto que os fluidos terrestres se acham depurados em torno do pensamento, isto é, da alma. Esta, para progredir, necessita sempre de um agente; sem agente, ela nada é, para vós, ou, melhor, não a podeis conceber. O perispírito, para nós outros Espíritos errantes, é o agente por meio do qual nos comunicamos convosco, quer indiretamente, pelo vosso corpo ou pelo vosso perispírito, quer diretamente, pela vossa alma; donde, infinitas modalidades de médiuns e de comunicações.

“Agora o ponto de vista científico, ou seja: a essência mesma do perispírito. Isso é outra questão. Compreendei primeiro moralmente. Resta apenas uma discussão sobre a natureza dos fluidos, coisa por ora inexplicável. A ciência ainda não sabe bastante, porém lá chegará, se quiser caminhar com o Espiritismo. O perispírito pode variar e mudar ao infinito. A alma é o pensamento: não muda de natureza. Não vades mais longe, por este lado; trata-se de um ponto que não pode ser explicado. Supondes que, como vós, também eu não perquiro? Vós pesquisais o perispírito; nós outros, agora, pesquisamos a alma. Esperai, pois.” — Lamennais.

Assim, Espíritos, que podemos considerar adiantados, ainda não conseguiram sondar a natureza da alma. Como poderíamos nós fazê-lo? É, portanto, perder tempo querer perscrutar o princípio das coisas que, como foi dito em O Livro dos Espíritos (nos 17 e 49), está nos segredos de Deus. Pretender esquadrinhar, com o auxílio do Espiritismo, o que escapa à alçada da humanidade, é desviá-lo do seu verdadeiro objetivo, é fazer como a criança que quisesse saber tanto quanto o velho. Aplique o homem o Espiritismo em aperfeiçoar-se moralmente, eis o essencial. O mais não passa de curiosidade estéril e muitas vezes orgulhosa, cuja satisfação não o faria adiantar um passo. O único meio de nos adiantarmos consiste em nos tornarmos melhores. Os Espíritos que ditaram o livro que lhes traz o nome demonstraram a sua sabedoria, mantendo-se, pelo que concerne ao princípio das coisas, dentro dos limites que Deus não permite sejam ultrapassados e deixando aos Espíritos sistemáticos e presunçosos a responsabilidade das teorias prematuras e errôneas, mais sedutoras do que sólidas, e que um dia virão a cair, ante a razão, como tantas outras surgidas dos cérebros humanos. Eles, ao justo, só disseram o que era preciso para que o homem compreendesse o futuro que o aguarda e para, por essa maneira, animá-lo à prática do bem. (Vede, aqui, adiante, na 2ª parte, o cap. 1º: Da ação dos Espíritos sobre a matéria.)


Allan Kardec









Fonte: Kardecpedia


Joanna de Ângelis - Livro Viver e Amar - Divaldo P. Franco - Não te detenhas



Joanna de Ângelis - Livro Viver e Amar - Divaldo P. Franco


Não te detenhas


A calúnia afetou o teu comportamento, desanimando-te, porque lhe deste ouvido.

A maledicência causou-te danos porque lhe permitiste consideração.

A perturbação alcançou os teus ideais, porque fizeste uma pausa para conceder-lhe cidadania.

O ódio te macerou, porque o agasalhaste no amor-próprio ferido.

A disputa desgostou-te o trabalho, porque te permitiste engalfinhar na peleja imprópria.

A dúvida se estabeleceu em teus painéis mentais, porque paraste na ação, perdendo tempo de alto valor.

Os acusadores estão sempre em faixa inferior de vibração.

Concedeste-lhes atenção demasiada, esperando que a opinião geral fosse a teu favor e descuraste de auscultar a opinião de Deus.

Se trabalhas no bem e te acusam; se és generoso e te denominam estroina; se és humilde e te chamam parvo; se és disciplinado e te apontam como rigoroso; se és cumpridor dos deveres e te execram por isso; se insistes na prece e na ação evangélica, e te menosprezam, esta é a opinião dos ociosos e dos fiscais da vida alheia, no entanto, não é o conceito que de ti faz o Pai de Misericórdia.

Não te detenhas.

Não te deixes afligir pelas opiniões desencontradas que te chegam, gerando sombra ou tumulto.

Acata as sugestões que conclamam à ordem, que inspiram a paz e fomentam o progresso, sem extravagância nem acusação.

Sempre houve e haverá aqueles que produzem e aqueloutros que apenas opinam, acusam e perseguem.

Todos passam, mas a obra dos realizadores permanece, desafiadora, tempos a fora, felicitando as vidas em nome do Bem.

Joanna de Ângelis




Emmanuel - Livro Recanto de Paz - Espíritos Diversos / Chico Xavier - Cap. 10 - Paz



Emmanuel - Livro Recanto de Paz - Espíritos Diversos / Chico Xavier - Cap. 10


Paz


Se a provação te aflige,
Deus te conceda paz.

Se o cansaço te pesa,
Deus te sustente em paz.

Se te falta a esperança,
Deus te acrescente a paz.

Se alguém te ofende ou fere,
Deus te renove em paz.

Sobre as trevas da noite,
O Céu fulgura em paz.

Ama, serve e confia.
Deus te mantém a paz.


Emmanuel







Fonte: Bíblia do Caminho † Testamento Xavieriano


Irmão X - Livro Contos Desta e Doutra Vida - Irmão X - Cap. 4 - Aprendizes e adversários



Irmão X - Contos Desta e Doutra Vida - Irmão X - Cap. 4


Aprendizes e adversários


Jonathan, Jessé e Eliakim, funcionários do Templo de Jerusalém, passando por Cafarnaum, procuraram Jesus no singelo domicílio de Simão Pedro.

Recebidos pelo Senhor, entregaram-se, de imediato, à conversação.

— Mestre — disse o primeiro —, soubemos que a tua palavra traz ao mundo as Boas Novas do Reino de Deus e, entusiasmados com as tuas concepções, hipotecamos ao teu ministério o nosso aplauso irrestrito. Aspiramos, Senhor, à posição de discípulos teus… Não obstante as obrigações que nos prendem ao Sagrado Tabernáculo de Israel, anelamos servir-te, aceitando-te as ideias e lições, com as quais seremos colunas de tua causa na cidade eleita do Povo Escolhido… 

Contudo, antes de solenizar nossos votos, desejamos ouvir-te quanto à conduta que nos compete à frente dos inimigos…

— Messias, somos hostilizados por terríveis desafetos, no Santuário — exclamou o segundo —, e, extasiados com os teus ensinamentos, estimaríamos acolher-te a orientação.

— Filho de Deus — pediu o terceiro —, ensina-nos como agir…

Jesus meditou alguns instantes, e respondeu:

— Primeiramente, é justo considerar nossos adversários como instrutores. O inimigo vê junto de nós a sombra que o amigo não deseja ver e pode ajudar-nos a fazer mais luz no caminho que nos é próprio. Cabe-nos, desse modo, tolerar-lhe as admoestações, com nobreza e serenidade, tal qual o ferro, que após sofrer, paciente, o calor da forja, ainda suporta os golpes do malho com dignidade humilde, a fim de se adaptar à utilidade e à beleza.

Os visitantes entreolharam-se, perplexos, e Jonathan retomou a palavra, perguntando:

— Senhor, e se somos injuriados?

— Adotemos o perdão e o silêncio — disse Jesus. — Muita gente que insulta é vítima de perturbação e enfermidade.

— E se formos perseguidos? — indagou Jessé.

— Utilizemos a oração em favor daqueles que nos afligem, para que não venhamos a cair no escuro nível da ignorância a que se acolhem.

— Mestre, e se nos baterem, esmurrarem? interrogou Eliakim. — Que fazer se a violência nos avilta e confunde?

— Ainda assim — esclareceu o brando interpelado —, a paz íntima deve ser nosso asilo e o amor fraterno a nossa atitude, porquanto, quem procura seviciar o próximo e dilacerá-lo está louco e merece compaixão.

— Senhor — insistiu Jonathan —, que resposta oferecer, então, à maledicência, à calúnia e à perversidade?

O Cristo sorriu e precisou:

— O maledicente guarda consigo o infortúnio de descer à condição do verme que se alimenta com o lixo do mundo, o caluniador traz no coração largas doses de fel e veneno que lhe flagelam a vida, e o perverso tem a infelicidade de cair nas armadilhas que tece para os outros. O perdão é a única resposta que merecem, porque são bastante desditosos por si mesmos.

— E que reação assumir perante os que perseguem? — inquiriu Jessé, preocupado.

— Quem persegue os semelhantes tem o espírito em densas trevas e mais se assemelha ao cego desesperado que investe contra os fantasmas da própria imaginação, arrojando-se ao fosso do sofrimento. Por esse motivo, o socorro espiritual é o melhor remédio para os que nos atormentam…

— E que punição reservar aos que nos ferem o corpo, assaltando-nos o brio? — perguntou Eliakim, espantado. — Refiro-me àqueles que nos vergastam a face e fazem sangrar o peito…

— Quem golpeia pela espada, pela espada será golpeado também, até que reine o Amor Puro na Terra — explicou o Mestre, sem pestanejar. Quem se rende às sugestões do crime é um doente perigoso que devemos corrigir com a reclusão e com o tratamento indispensável. O sangue não apaga o sangue e o mal não retifica o mal…

E, espraiando o olhar doce e lúcido pelos circunstantes, continuou:

— É imperioso saibamos amar e educar os semelhantes com a força de nossas convicções e conhecimentos, a fim de que o Reino de Deus se estenda no mundo… As Boas Novas de Salvação esperam que o santo ampare o pecador, que o são ajude ao enfermo, que a vítima auxilie o verdugo… Para isso, é imprescindível que o perdão incondicional, com o olvido de todas as ofensas, assegure a paz e a renovação de tudo…

Nesse ínterim, uma criança doente chorou em alta voz num aposento contíguo.

O Mestre pediu alguns instantes de espera e saiu para socorrê-la, mas, ao regressar, debalde buscou a presença dos aprendizes fervorosos e entusiastas.

Na sala modesta de Pedro não havia ninguém.


Irmão X
(Humberto de Campos)








Fonte: Bíblia do Caminho † Testamento Xavieriano

Oswaldo Godoy Bueno - Livro Nossos momentos com Chico Xavier - Caso 17, pág. 51 - Sonho de Oswaldo Godoy




Oswaldo Godoy Bueno - Livro Nossos momentos com Chico Xavier - Caso 17, pág. 51


Sonho de Oswaldo Godoy


Certa noite após fazer minhas orações e dormir, eu sonhei com Chico. Nesse sonho ele estava caído, muito debilitado, e eu o recolhi em meus braços, e subia uma escadaria muito extensa, como uma pirâmide. Subia, subia.

Chamou-me muito a atenção o fato de eu não sentir o peso dele. Chico era leve, muito leve...

Aquele sonho, muito gostoso, por sinal, ficou gravado em minha mente. Ao acordar, pensei: - Preciso contar esse sonho para o Chico!

Tão logo pudemos visita-lo em Uberaba, Orlando, Rubens e eu, assim que tive oportunidade lhe disse: - Chico, o Dr. Eurípedes Tahan não permitiu que viéssemos visita-lo, em razão de cuidados médicos, mas eu sonhei com você. Para minha surpresa ele respondeu: - Sim Oswaldo, nós estivemos juntos.

Você me recolheu do chão e me carregou em seus braços, subindo aqueles degraus (Pirâmide) minha pressão estava muito baixa. Quando você subia era o momento em que me ajudava e me estabilizava a pressão.

Essa confirmação me emocionou bastante. Chorei muito de emoção por Chico me relatar esse acontecimento, quando pensei em contar o sonho a ele, foi ele que nos contou, com muito mais perfeição e com muito mais entendimento.

O tempo passou, Chico veio a desencarnar e, eu certa noite, enquanto fazia as minhas orações antes de me deitar, sentia ser aquela uma noite muito especial. Percebia uma saudável e gostosa ligação com Chico.

Fui para a cama, adormeci e sonhei que estava diante do mesmo prédio onde Chico fora levado por Emmanuel e Dr. Bezerra para receber transfusão de energias. Vi-me diante das duas enormes colunas, fixadas diante do maravilhoso prédio e, para minha surpresa, naquela noite era o Chico que faria a palestra.

Em determinado momento vi a chegada de Chico, ele já estava entre as duas colunas para entrar no recinto, eu à distância lastimei, porque queria lhe dar um abraço, foi quando ele olhou para mim e disse: - Venha Oswaldo, vamos nos abraçar, temos ainda muito tempo e podemos nos abraçar.

Oswaldo Godoy Bueno









Fonte: Julio Miyamoto

Casimiro Cunha - Livro Brilhe Vossa Luz - Espíritos Diversos - Chico Xavier / Carlos A. Baccelli - Cap. 15 - Mais amor



Casimiro Cunha - Livro Brilhe Vossa Luz - Espíritos Diversos - Chico Xavier / Carlos A. Baccelli - Cap. 15 


Mais amor


Rogas à vida o roteiro
Da Esfera Superior,
E a vida responde sempre:
Meditar com mais amor.

Procurando, desse modo,
Caminho renovador,
Em toda dificuldade,
Apoia com mais amor.

Se esperas pelo futuro
Como ninho aberto em flor,
Arando a terra do sonho,
Trabalha com mais amor.

Recebe, pois, o infortúnio
Com desassombro e valor,
Se a provação recrudesce,
Suporta com mais amor.

Tolera com paciência
A nuvem do dissabor;
Buscando nova alegria,
Ampara com mais amor.

Caluniaram-te a vida?
Perdoa seja a quem for.
Quem vive para a verdade,
Entende com mais amor.

Amigos desavisados
Trouxeram-te sombra e dor?
Diante de todos eles,
Auxilia com mais amor.

Feriram-te as esperanças
Brandindo verbo agressor?
Não critiques nem te queixes…
Espera com mais amor.

Ante o jogo de ilusões
Que o mal te venha a propor,
No cultivo da humildade,
Resiste com mais amor.

Se desejas alcançar
A comunhão do Senhor,
Arrima-te à caridade
E serve com mais amor.


Casimiro Cunha







(Psicografia de Francisco C. Xavier)
Fonte: Bíblia do Caminho † Testamento Xavieriano

Maria Augusta Bittencourt - Livro Cartas do Coração - Espíritos Diversos / Chico Xavier - Cap. 61 - Ajudemo-nos



Maria Augusta Bittencourt - Livro Cartas do Coração - Espíritos Diversos / Chico Xavier - Cap. 61


Ajudemo-nos


O tempo é o advogado de todos. Fala sem palavras e exalta sem louros humanos. Confere a cada um, segundo as próprias obras, a alegria ou a dor, a libertação ou o cativeiro.

Jesus não nos conhece pelos títulos religiosos que possuímos no mundo, mas pelo nosso coração, pelo nosso caráter e pelos nossos sentimentos. 

Vale mais acumular dons de servir e lutar pelo bem, que guardar moedas ou títulos destinados ao esquecimento.

Bem-aventurado é o trabalhador que, na hora do crepúsculo, se sente ainda com o tesouro do serviço. As estrelas brilham para ele com renovado fulgor e o Pai de Infinita Bondade lhe renova as energias para o trabalho a fazer.

Que encontremos em tudo e sobretudo a felicidade de trabalhar para o bem, sem repouso. O Céu nos fortalecerá para que não desfaleçamos na marcha.

Louvemos os padecimentos que nos surpreendem a caminhada, porque não possuímos mais competentes instrutores para guiar-nos ao cume da divina ressurreição.

Desculpemos a existência pelos golpes que nos oferece. Pensemos que os nossos dias mais felizes são aqueles da mágoa e do sofrimento, que muitas vezes nos perseguem na Terra.

Viver confiando em Deus, ainda mesmo que as provações se multipliquem, significa tudo na base do êxito espiritual.

A oração é o remédio milagroso que o doente recebe em silêncio.

A vida é infinita e o dia se renova constantemente, sob o hálito divino do Criador.

A morte é a grande niveladora no mundo e precisamos, em muitos casos, esperar por ela, a fim de que certos problemas sejam desvendados.

A meditação e a prece serão sempre lugares benditos de reencontro com a inspiração divina.

As dificuldades são luzes, quando aproveitamos o seu concurso para o bem.

Ajudemo-nos, ajudando aos outros, na tarefa da nossa própria libertação. 

É indispensável admitir a necessidade do nosso testemunho no sacrifício, para nos abeirarmos da verdade e suportá-la.

Precisamos crer no poder do trabalho e da boa vontade, os sublimes orientadores da alma, no roteiro que o Mestre nos traçou.


Maria Augusta Bittencourt








Fonte: Bíblia do Caminho † Testamento Xavieriano

Emmanuel - Livro Mandato de Amor - Espíritos Diversos / Chico Xavier - Preâmbulo - Saudação de Emmanuel




Emmanuel - Livro Mandato de Amor - Espíritos Diversos / Chico Xavier - Preâmbulo


Saudação de Emmanuel


Um caso de xenoglossia invertida

A mensagem da página anterior [fac-símile abaixo] foi psicografada pelo médium Francisco Cândido Xavier, de trás para diante, no idioma inglês, na sede da União Espírita Mineira, após concerto em benefício do Abrigo Jesus, realizado em 4 de abril de 1937, pelo exímio violinista Levino Albano Conceição, cego desde os sete anos de idade. Esta linda saudação, recebida em dois minutos, escrita em caracteres invertidos, poderá ser lida em um espelho, em cuja frente deverá ser colocada. Lê-se, então, o seguinte:


“My dear and generous friends of the fraternity’s doctrine.

Good health and peace in God, our Father!

Let us learn the life in the love’s law, from the instructions of Jesus Christ; Except this work almost in the earthly word represent the struggle and studies of the vanity and from the darkness of the little men’s science.


Your brother,     

Emmanuel”


“Meus prezados e nobres amigos da Doutrina da Fraternidade! Boa saúde e paz em Deus, nosso Pai!

Aprendamos a viver sob a lei do amor, pelos ensinamentos de Jesus Cristo!

Fora deste mister, o mundo terreno retrata apenas o combate e o cálculo da soberba, proveniente da cegueira da estreita ciência dos homens.

Vosso irmão,


Emmanuel











André Luiz - Livro Ideal Espírita - Espíritos Diversos - Chico Xavier / Waldo Vieira - Cap. 44 - Ouvindo a natureza



André Luiz - Livro Ideal Espírita - Espíritos Diversos - Chico Xavier / Waldo Vieira - Cap. 44


Ouvindo a natureza


Em todos os ângulos da Vida Universal, encontramos, patentes, os recursos infinitos da Sabedoria Divina.

A interdependência e a função, a disciplina e o valor são alguns aspectos simples da vida dos seres e das cousas.

Interdependência — a vida vegetal vibra em regime de reciprocidade com a vida animal.
A laranjeira fornece oxigênio ao cavalo e o cavalo cede gás carbônico à laranjeira.

Função — o fruto é o resultado principal da existência da planta.
A laranjeira, conquanto possua aplicações diversas, tem na laranja a finalidade maior da própria vida.

Disciplina — cada vegetal produz um só fruto específico.
Existem infinitas qualidades de frutos, todavia a laranjeira somente distribui laranjas.

Valor — cada fruto varia quanto às próprias qualidades.
A laranja pode ser doce ou azeda, volumosa ou diminuta, seca ou suculenta.

Antes do homem surgir na superfície do planeta, o vegetal, há muito, seguia as leis existentes.

Como usufrutuários do Universo, saibamos, assim, que toda ação humana contrária à Natureza constitui caminho a sofrimento.

Retiremos dos cenários naturais as lições indispensáveis à nossa vida.

Somos interdependentes.
Não viveremos em paz sem construir a paz dos outros.

Temos funções específicas.
Existimos para colaborar no progresso da Criação, edificando o bem para todas as criaturas.

Carecemos de disciplina.
Sem método em nossos atos, não demandaremos a luz da frente.

Somos valorizados pelas leis divinas.
Valemos o preço das nossas ações, em qualquer atividade, onde estivermos.


André Luiz







(Psicografia de Waldo Vieira)

Fonte: Bíblia do Caminho † Testamento Xavieriano

Emmanuel - Livro de Respostas - Chico Xavier - Cap. 15 - Aviso do tempo



Emmanuel - Livro Livro de Respostas - Chico Xavier - Cap. 15


Aviso do tempo


O Tempo endereça às criaturas o seguinte aviso, em cada alvorecer:

— Certamente, Deus te concederá outros dias e outras oportunidades de trabalho, mas faze agora todo o bem que puderes porque dia igual ao de hoje só terás uma vez.


Emmanuel







Fonte: Bíblia do Caminho † Testamento Xavieriano

Emmanuel - Livro Excursão de Paz - Espíritos Diversos / Chico Xavier - Cap. 5 - Lutar ou perder



Emmanuel - Livro Excursão de Paz - Espíritos Diversos / Chico Xavier - Cap. 5


Lutar ou perder


O alvião do progresso dilacera a paisagem para infundir-lhe vida nova.

O martelo esmigalha a pedra para desencarcerar-lhe o espírito de utilidade e beleza.

Que seria de nós outros se falhassem a lição e o sofrimento, nossos beneméritos libertadores?

Rejubila-te, assim, em face das lutas que te visitam o coração.

No clima torturado de um forno, o vaso adquire poder e resistência, sem os quais nunca se habilitaria às glórias do serviço.

Quem goza, despreocupado, na vestimenta da carne, costuma encontrar a realidade em forma de monstro que persegue a vida, todavia, quem aprende na rude escola dos obstáculos, mais tarde surpreende, feliz, a fonte divina da Vida Abundante.

O curso primário da experiência iluminativa reclama flores de consolação, em todas as circunstâncias, mas o aprendiz que avança na senda de paz, da sabedoria, compreende o mistério da dor e aspira a posição do fruto que beneficia a todos, inspirando-se nos elevados propósitos da Providência Inexaurível e reconhecendo que a colaboração diligente com o Mestre é a radiosa meta dos discípulos acordados e vigilantes.

Necessário confiar para merecer confiança, dar para receber, auxiliar para ser auxiliado.

A Lei é tão segura para aquele que cerra aos outros as portas do socorro fraterno, quão generosa para quem estende o coração repleto de amor, no serviço aos semelhantes.

Cada Espírito, qual ocorre a cada mundo, possui existência própria, peculiaridades que lhe são inerentes e eflúvios diferenciados entre si.

Por agora, meu amigo, emergindo laboriosamente da selva dos impulsos, caminhamos na direção do Divino, à maneira da corrente de água viva, no rumo do oceano.

Imprescindível não fugir ao movimento incessante, centralizando-nos no objetivo.

Toda vacilação é demora.

Toda retenção na angústia é estacionamento ruinoso.

Toda fuga é permanência no vale sombrio.

E para que a ação esteja revestida de mérito e santidade, o trabalho no bem com a sublimação da inteligência ser-nos-á testemunho de cada instante.

Dormimos, através dos séculos sucessivos, nas impressões primitivistas da carne, à maneira do seixo incrustado na serrania agreste; agora, na grande espiral de nossa ascensão, atormentados pelas exigências do Plano inferior e constrangidos pelas determinações das Esferas mais altas, cabe-nos aprender, aplicar, avançar e subir, auxiliando a todos, por intermédio das possibilidades com que a experiência nos felicita.

Certamente, a vitória permanece, ainda, infinitamente distante. A nossa hora, portanto, só admite uma conclusão — lutar ou perder. Para o viajor da verdade, estes dois verbos assume significação luminosa e terrível.

Lutar é perseverar no posto de trabalho que o Senhor nos confia, superando todas as inibições com esquecimento de todo o mal e valorização de todo o bem. Perder é recuar com indefinível adiamento da realização divina a que nos propomos atingir.

O Todo-Compassivo, porém, sustentar-nos-á na vanguarda, mantendo-nos em ligação com os seus infinitos recursos, se agirmos até o fim, dentro da lealdade aos seus desígnios.

Ser fiel à mais elevada manifestação do Senhor, suscetível de ser recolhida por nossa consciência, conduzindo-nos de conformidade com os princípios mais nobres, impressos em nosso ser, é impositivo natural da tarefa que nos compete, no plano de trabalho em que fomos situados.

Não dispomos, em razão disso, de outra mensagem mais eloquente de amor a dirigir-te, além do “não temas” que o Amigo Celeste nos endereçou, há quase vinte séculos.

Prossigamos à frente, dilatando a nossa capacidade receptiva para que a influência superior encontre mais acentuada ressonância em nossa cooperação individual, na obra do todo.

Na estrada de purificação em que nos regozijamos, presentemente, o discípulo mais feliz é aquele que se sente defrontado pelas maiores oportunidades de servir à elevação dos outros, ainda mesmo com absoluto sacrifício de si próprio, à maneira da lâmpada que se consome para iluminar.

O aprendiz de Jesus que ama e auxilia, esclarece e perdoa, guardando a visão da eternidade, é a garantia da regeneração do mundo.

Afeiçoemo-nos, assim, invariavelmente, aos imperativos do Mestre e o Mestre atender-nos-á as necessidades. Cogitemos dos interesses do Senhor e o Senhor cogitará de nossos interesses.

E que o amor seja o nosso tesouro de bênçãos vivas, congregando-nos cada vez mais intensamente no serviço glorioso de Cristo, mantendo-nos em sublimada comunhão espiritual, embora a diversidade dos círculos de aprendizado em que nos encontramos, são os votos do meu coração, hoje e sempre.


Emmanuel











Fonte: Bíblia do Caminho † Testamento Xavieriano

Emmanuel - Livro Fonte Viva - Chico Xavier - Cap. 107 - Renovemo-nos dia a dia



Emmanuel - Livro Fonte Viva - Chico Xavier - Cap. 107


Renovemo-nos dia a dia


“Transformai-vos pela renovação de vossa mente, para que proveis qual é a boa, agradável e perfeita vontade de Deus.” – Paulo. (Romanos, 12:2.)


Não adianta a transformação aparente da nossa personalidade na feição exterior.

Mais títulos, mais recursos financeiros, mais possibilidades de conforto e maiores considerações sociais podem ser simples agravo de responsabilidade.

Renovemo-nos por dentro.

É preciso avançar no conhecimento superior, ainda mesmo que a marcha nos custe suor e lágrimas.

Aceitar os problemas do mundo e superá-los, à força de nosso trabalho e de nossa serenidade, é a fórmula justa de aquisição do discernimento.

Dor e sacrifício, aflição e amargura, são processos de sublimação que o Mundo Maior nos oferece, a fim de que a nossa visão espiritual seja acrescentada.

Facilidades materiais costumam estagnar-nos a mente, quando não sabemos vencer os perigos fascinantes das vantagens terrestres.

Renovemos nossa alma, dia a dia, estudando as lições dos vanguardeiros do progresso e vivendo a nossa existência sob a inspiração do serviço incessante.

Apliquemo-nos à construção da vida equilibrada, onde estivermos, mas não nos esqueçamos de que somente pela execução de nossos deveres, na concretização do bem, alcançaremos a compreensão da vida e, com ela, o conhecimento da “perfeita vontade de Deus”, a nosso respeito.


Emmanuel









Fonte: Bíblia do Caminho † Testamento Xavieriano

André Luiz - Livro Ideal Espírita - Espíritos Diversos / Chico Xavier / Waldo Vieira - Cap. 14 - Cristãmente



André Luiz - Livro Ideal Espírita - Espíritos Diversos / Chico Xavier / Waldo Vieira - Cap. 14


Cristãmente


Conheça a você mesmo.
Existem pessoas que percorrem o mundo inteiro à procura de si próprias.

Resguarde o corpo físico.
Toda indisciplina pode dar serviço aos coveiros.

Santifique a palavra.
Entre os animais da Terra, só o homem possui desenvoltura para falar.

Supere o vício.
Se você não domina o hábito, o hábito acaba dominando você.

Ajude para o bem.
A luta pela conservação da posse também cria chagas e rugas.

Esqueça o mal.
Antes da fatalidade da morte, existe a fatalidade da vida.

Entenda auxiliando.
Viva o cristão de tal modo que ninguém lhe deseje a ausência.

Não reclame.
O próprio Senhor do Universo traça leis mas não faz exigências.


André Luiz







(Psicografia de Waldo Vieira)
Fonte: Bíblia do Caminho † Testamento Xavieriano

Allan Kardec - Livro O Céu e o Inferno - Cap. VII - As penas futuras segundo o Espiritismo - Código penal da vida futura - Item 17º



Allan Kardec - Livro O Céu e o Inferno - Cap. VII - As penas futuras segundo o Espiritismo


Código penal da vida futura


17º "O único meio de evitar ou atenuar as conseqüências futuras de uma falta, está no repará-la desfazendo-a no presente. quanto mais nos demoramos na reparação de uma falta, tanto mais penosas e rigorosas serão, no futuro, as suas conseqüências". Estudo - Centro Espírita Batuíra - Laurelucia Orive Lunardi (Agosto - 2004)


O Espiritismo não vem, portanto, mediante sua autoridade privada, formular um código de fantasia; sua lei, no que toca ao futuro da alma, deduzida de observações feitas sobre o fato, pode resumir-se nos seguintes pontos:

1º A alma ou o Espírito sofre, na vida espiritual, as consequências de todas as imperfeições de que não se despojou durante a vida corporal. Seu estado, feliz ou desgraçado, é inerente ao grau de sua purificação ou de suas imperfeições.

2º A felicidade perfeita está ligada à perfeição, ou seja, à purificação completa do Espírito. Toda imperfeição é ao mesmo tempo uma causa de sofrimento e de privação de gozo, assim como toda qualidade adquirida é uma causa de gozo e de atenuação dos sofrimentos.

3º Não há uma única imperfeição da alma que não traga consigo suas consequências lastimáveis, inevitáveis, e nem uma única boa qualidade que não seja a fonte de um gozo. A soma das penas é assim proporcionada à soma das imperfeições, como a dos gozos está na razão da soma das qualidades.

A alma que tem dez imperfeições, por exemplo, sofre mais do que a que tem só três ou quatro; quando dessas dez imperfeições, não lhe restar senão um quarto ou a metade, ela sofrerá menos, e quando não lhe restar nenhuma, não sofrerá mais e será perfeitamente feliz. Tal como, na terra, aquele que tem várias doenças sofre mais do que o que só tem uma, ou nenhuma. Pela mesma razão, a alma que possui dez qualidades tem mais gozos do que a que tem menos qualidades.

4º Em virtude da lei do progresso, toda alma tendo a possibilidade de adquirir o bem que lhe falta e se desfazer do que tem de mau, segundo seus esforços e sua vontade, resulta daí que o futuro não está fechado a nenhuma criatura. Deus não repudia nenhum de seus filhos; recebe-os no seu seio à medida que atingem a perfeição, deixando assim a cada um o mérito de suas obras.

5º Estando o sofrimento vinculado à imperfeição, como o gozo à perfeição, a alma carrega em si mesma seu próprio castigo em toda parte onde se encontra: não é preciso para isso de um lugar circunscrito. O inferno está portanto em todo lugar onde há almas sofredoras, como o céu está em toda parte onde há almas bem aventuradas.

6º O bem e o mal que se faz são o produto das boas e das más qualidades que se possui. Não fazer o bem que se é capaz de fazer é então o resultado de uma imperfeição. Se toda imperfeição é uma fonte de sofrimento, o Espírito deve sofrer não só por todo o mal que fez, mas por todo o bem que poderia ter feito e não fez durante sua vida terrestre.

7º O Espírito sofre pelo próprio mal que fez, de maneira que sua atenção estando incessantemente concentrada nas consequências desse mal, ele compreenda melhor seus inconvenientes e seja motivado a corrigir-se.

8º Sendo a justiça de Deus infinita, é mantida uma conta rigorosa do bem e do mal; se não há uma única má ação, um único mau pensamento que não tenha suas consequências fatais, não há uma única boa ação, um único bom movimento da alma, o mais leve mérito, numa palavra, que seja perdido, mesmo nos mais perversos, porque é um começo de progresso.

9º Toda falta cometida, todo mal realizado, é uma dívida contraída que deve ser paga; se não o for numa existência, sê-lo-á na seguinte ou nas seguintes, porque todas as existências são solidárias umas das outras. Aquele que a quita na existência presente não terá de pagar uma segunda vez.

10º O Espírito sofre a pena de suas imperfeições, seja no mundo espiritual, seja no mundo corporal. Todas as misérias, todas as vicissitudes que suportamos na vida corporal são decorrentes de nossas imperfeições, expiações de faltas cometidas, seja na existência presente, seja nas precedentes.

Pela natureza dos sofrimentos e das vicissitudes suportadas na vida corpórea, pode-se julgar da natureza das faltas cometidas numa existência precedente, e das imperfeições que lhe são a causa.

11º A expiação varia segundo a natureza e a gravidade da falta; a mesma falta pode assim dar lugar a expiações diferentes, segundo as circunstâncias atenuantes ou agravantes nas quais ela foi cometida.

12º Não há, em relação à natureza e à duração do castigo, nenhuma regra absoluta e uniforme; a única lei geral é que toda falta recebe sua punição e toda boa ação sua recompensa, segundo seu valor.

13º A duração do castigo está subordinada ao aperfeiçoamento do Espírito culpado. Nenhuma condenação por um tempo determinado é pronunciada contra ele. O que Deus exige para pôr um fim aos sofrimentos, é um aperfeiçoamento sério, efetivo, e um retorno sincero ao bem.

O Espírito é assim sempre o árbitro de seu próprio destino; pode prolongar seus sofrimentos pela persistência no mal, aliviá-los ou abreviá-los por seus esforços para fazer o bem.

Uma condenação por um tempo determinado qualquer teria o duplo inconveniente: o de continuar a atingir o Espírito que se tivesse melhorado, ou de cessar quando ele ainda estivesse no mal. Deus, que é justo, pune o mal enquanto ele existe; cessa de punir quando o mal não existe mais (1); ou, sendo o mal moral, por si mesmo, uma causa de sofrimento, o sofrimento dura enquanto o mal subsistir; sua intensidade diminui à medida que o mal perde força.

14º Estando a duração do castigo subordinada à melhoria, daí resulta que o Espírito culpado que jamais se melhorasse sofreria sempre, e, para ele, a pena seria eterna.

15º Uma condição inerente à inferioridade dos Espíritos é não ver o termo de sua situação e crer que sofrerão sempre. É para eles um castigo que lhes parece dever ser eterno. (2)

16º O arrependimento é o primeiro passo para o aperfeiçoamento; mas sozinho não basta, é preciso ainda a expiação e a reparação.

Arrependimento, expiação e reparação são as três condições necessárias para apagar os traços de uma falta e suas consequências.

O arrependimento suaviza as dores da expiação, dando esperança e preparando as vias da reabilitação; mas somente a reparação pode anular o efeito, destruindo a causa; o perdão seria uma graça e não uma anulação.

17º O arrependimento pode ocorrer em todo lugar e a qualquer tempo; se for tardio, o culpado sofre por mais longo tempo.

A expiação consiste nos sofrimentos físicos e morais, que são a consequência da falta cometida, seja desde a vida presente, seja, após a morte, na vida espiritual, seja numa nova existência corpórea, até que os traços da falta sejam apagados.

A reparação consiste em fazer bem àquele a quem se fez mal. Quem não repara suas faltas nesta vida, por impotência ou má vontade, encontrar-se-á, numa existência ulterior, em contato com as mesmas pessoas que tiveram queixas dele, e em condições escolhidas por ele mesmo, de maneira a poder provar-lhes sua dedicação, e fazer-lhes tanto bem quanto lhes fez mal.

Nem todas as faltas acarretam um prejuízo direto e efetivo; neste caso, a reparação se realiza: fazendo o que se devia fazer e que não se fez, cumprindo os deveres que foram negligenciados ou ignorados, as missões nas quais se falhou; praticando o bem contrário ao que se fez de mal: isto é, sendo humilde se foi orgulhoso, terno se foi duro, caridoso se foi egoísta, benevolente se foi malevolente, laborioso se foi preguiçoso, útil se foi inútil, temperante se foi dissoluto, um bom exemplo se deu mau exemplo, etc. É assim que o Espírito progride tirando proveito de seu passado. (3)

18º Os Espíritos imperfeitos são excluídos dos mundos felizes, cuja harmonia perturbariam; permanecem nos mundos inferiores, onde expiam suas faltas pelas tribulações da vida, e se purificam de suas imperfeições, até que mereçam encarnar-se nos mundos mais avançados moral e fisicamente.

Se pudéssemos conceber um lugar de castigo circunscrito, é nos mundos de expiação, pois é em volta desses mundos que pululam os Espíritos imperfeitos desencarnados, esperando uma nova existência que, permitindo-lhes reparar o mal que fizeram, ajudará em seu adiantamento.

19º Tendo sempre o Espírito seu livre-arbítrio, seu melhoramento é por vezes lento, e sua obstinação no mal muito tenaz. Ele pode persistir anos e séculos; mas chega sempre um momento em que sua teimosia em enfrentar a justiça de Deus se dobra diante do sofrimento, e em que, apesar de sua soberba, reconhece o poder superior que o domina. Assim que se manifestam nele as primeiras luzes do arrependimento, Deus lhe faz entrever a esperança.

Nenhum Espírito está na condição de jamais aperfeiçoar-se; de outro modo, estaria destinado a uma eterna inferioridade, e escaparia à lei do progresso que rege providencialmente todas as criaturas.

20º Sejam quais forem a inferioridade e a perversidade dos Espíritos, Deus nunca os abandona. Todos têm seu anjo guardião que vela por eles, espiaos movimentos de sua alma e esforça-se para suscitar neles bons pensamentos, o desejo de progredir e de reparar, numa nova existência, o mal que fizeram. Contudo o guia protetor age quase sempre de maneira oculta, sem exercer nenhuma pressão. O Espírito deve aperfeiçoar-se pelo fato de sua própria vontade, e não em decorrência de qualquer coerção. Ele age bem ou mal em virtude de seu livre-arbítrio, mas sem ser fatalmente impelido num sentido ou noutro. Se age mal, sofre as consequências do mal enquanto persistir no mau caminho; desde que dá um passo para o bem, sente imediatamente os efeitos.

Observação. – Seria um erro crer que em virtude da lei do progresso, a certeza de chegar cedo ou tarde à perfeição e à bem aventurança pode ser um encorajamento a perseverar no mal, sob a condição de se arrepender mais tarde: primeiro, porque o Espírito inferior não vê o termo de sua situação; em segundo lugar, porque o Espírito, sendo o artífice de sua própria desgraça, acaba por compreender que depende dele fazê-la cessar, e que quanto mais tempo persistir no mal, por mais tempo será desgraçado; que seu sofrimento durará para sempre se ele mesmo não lhe puser fim. Seria portanto de sua parte um cálculo errado, e ele seria o primeiro enganado. Se, ao contrário, segundo o dogma das penas irremissíveis, toda esperança lhe está vedada para sempre, ele não tem nenhum interesse em voltar ao bem, que não lhe traz proveito.

Diante desta lei cai igualmente a objeção tirada da presciência divina. Deus, criando uma alma, sabe efetivamente se, em virtude de seu livre-arbítrio, ela tomará o bom ou o mau caminho; sabe que ela será punida se agir mal; mas sabe também que esse castigo temporário é um meio de lhe fazer compreender seu erro e de fazê-la entrar no bom caminho, ao qual ela chegará cedo ou arde. Segundo a doutrina das penas eternas, Ele sabe que ela falhará, e está de antemão condenada a torturas sem fim.

21º Cada um é responsável apenas por suas faltas pessoais; ninguém carrega a pena das faltas de outrem, a menos que tenha dado lugar a tal, seja provocando-as por seu exemplo, seja não as impedindo quando tinha esse poder. É assim, por exemplo, que o suicida é sempre punido; mas aquele que, por sua dureza, impele um indivíduo ao desespero e daí a destruir-se, sofre uma pena ainda maior.

22º Embora a diversidade das punições seja infinita, há aquelas que são inerentes à inferioridade dos Espíritos, e cujas consequências, exceto as nuances, são quase idênticas.

A punição mais imediata, sobretudo para os que se apegaram à vida material negligenciando o progresso espiritual, consiste na lentidão da separação da alma e do corpo, nas angústias que acompanham a morte e o despertar na outra vida, na duração da perturbação que pode durar meses e anos. Para aqueles, ao contrário, cuja consciência é pura, que, durante a vida se identificaram com a vida espiritual e se desprenderam das coisas materiais, a separação é rápida, sem abalos, o despertar pacífico e a perturbação quase inexistente.

23º Um fenômeno, muito frequente nos Espíritos de alguma inferioridade moral, consiste em acreditar que ainda estão vivos, e essa ilusão pode prolongar-se durante anos, ao longo dos quais experimentam todas as necessidades, todos os tormentos e todas as perplexidades da vida.

24º Para o criminoso, a visão incessante de suas vítimas e das circunstâncias do crime é um cruel suplício.

25º Certos Espíritos estão mergulhados em espessas trevas; outros estão num isolamento absoluto no meio do espaço, atormentados pela ignorância de sua posição e de seu destino. Os mais culpados sofrem torturas tanto mais pungentes quanto não lhes veem o fim. Muitos são privados da visão dos seres que lhes são caros. Todos, geralmente, suportam com intensidade relativa os males, as dores e as necessidades que fizeram suportar aos outros, até que o arrependimento e o desejo de reparação venham trazer um alívio, fazendo entrever a possibilidade de pôr, por si mesmo, um fim a essa situação.

26º É um suplício para o orgulhoso ver acima de si, na glória, rodeados e festejados, aqueles que ele desprezara na terra, ao passo que ele é relegado às últimas fileiras; para o hipócrita, ver-se penetrado pela luz que põe a nu seus mais secretos pensamentos, que todos podem ler: nenhum meio têm de se esconder e dissimular-se; para o sensual, ter todas as tentações, todos os desejos, sem poder satisfazê-los; para o avaro, ver seu ouro dilapidado e não poder retê-lo; para o egoísta, ser abandonado por todos e sofrer tudo o que outros sofreram por sua causa: terá sede, e ninguém lhe dará de beber; terá fome, e ninguém lhe dará de comer; nenhuma mão amiga vem apertar a sua, nenhuma voz compassiva o vem consolar; não pensou senão em si próprio durante a vida, ninguém pensa nele nem o lastima depois da morte.

27º O meio de evitar ou atenuar as consequências de seus defeitos na vida futura é desfazer-se deles o máximo possível na vida presente; é reparar o mal, para não ter de repará-lo mais tarde de maneira horrível. Quanto mais se demora a se desfazer dos defeitos, mais as consequências são penosas e mais a reparação que se deve realizar é rigorosa.

28º A situação do Espírito, desde sua entrada na vida espiritual, é a que ele preparou pela vida corporal. Mais tarde, outra encarnação lhe é dada para a expiação e a reparação por novas provas; mas ele as aproveita mais ou menos em virtude de seu livre-arbítrio; se não aproveita, é uma tarefa a recomeçar cada vez em condições mais penosas: de modo que aquele que sofre muito na terra pode dizer que tinha muito que expiar; aqueles que gozam de uma felicidade aparente, apesar de seus vícios e sua inutilidade, estejam certos de pagá-lo muito caro numa existência ulterior. É neste sentido que Jesus disse: “Bem aventurados os aflitos, pois eles serão consolados.” (Evangelho segundo o Espiritismo, cap. V.)

29º A misericórdia de Deus é infinita, sem dúvida, mas não é cega. O culpado que ele perdoa não é exonerado, e enquanto não satisfez a justiça sofre as consequências de suas faltas. Por misericórdia infinita, é preciso entender que Deus não é inexorável, e que deixa sempre aberta a porta do retorno ao bem.

30º Sendo as penas temporárias e subordinadas ao arrependimento e à reparação, que dependem da livre vontade do homem, são ao mesmo tempo castigos e remédios que devem ajudar a curar as feridas do mal. Os Espíritos em punição são, portanto, não como condenados às galés por tempo, mas como doentes no hospital, que sofrem da doença que quase sempre é culpa deles, e dos meios curativos dolorosos de que ela necessita, mas que têm esperança de sarar, e que saram tanto mais depressa se seguirem mais exatamente as prescrições do médico que vela por eles com solicitude. Se prolongam seus sofrimentos por falta sua, o médico nada tem com isso.

31º Às penas que o Espírito suporta na vida espiritual vêm juntar-se as da vida corporal, que são a consequência das imperfeições do homem, de suas paixões, do mau emprego de suas faculdades, e a expiação de suas faltas presentes e passadas. É na vida corporal que o Espírito repara o mal das existências anteriores, que põe em prática as resoluções tomadas na vida espiritual. Assim se explicam essas misérias e essas vicissitudes que, ao primeiro olhar, parecem não ter razão de ser, e são absolutamente justas pois são a quitação do passado e servem ao nosso adiantamento. (4)

32º Deus, diz-se, não provaria um amor maior por suas criaturas se as tivesse criado infalíveis e, por conseguinte, isentas das vicissitudes vinculadas à imperfeição?

Teria sido preciso, para isso, que criasse seres perfeitos, nada tendo de adquirir, nem em conhecimento, nem em moralidade. Sem dúvida nenhuma, ele podia; se não o fez, é que, na sua sabedoria, quis que o progresso fosse a lei geral.

Os homens são imperfeitos, e, como tal, sujeitos a vicissitudes mais ou menos penosas; é um fato que é preciso aceitar, visto que existe. Inferir daí que Deus não é bom nem justo seria uma revolta contra ele.

Haveria injustiça se ele tivesse criado seres privilegiados, uns mais favorecidos que outros, gozando sem trabalho da felicidade que outros só atingem com dificuldade, ou nunca podem atingir. Mas onde sua justiça brilha é na igualdade absoluta que preside à criação de todos os Espíritos; todos têm um mesmo ponto de partida; nenhum que seja, na formação, mais bem dotado que os outros; nenhum cuja marcha ascensional seja facilitada por exceção: os que chegaram ao objetivo passaram, como os outros, pela sucessão das provas e da inferioridade.

Admitido isto, o que há de mais justo do que a liberdade de ação deixada a cada um? A estrada da felicidade está aberta a todos; o objetivo é o mesmo para todos; as condições para atingi-lo são as mesmas para todos; a lei gravada em todas as consciências é ensinada a todos. Deus fez da felicidade o prêmio do trabalho, e não do favor, a fim de que cada um tivesse seu mérito; cada um é livre de trabalhar ou de não fazer nada para seu adiantamento; aquele que trabalha muito e depressa é recompensado por isso mais cedo; aquele que se desvia do caminho ou perde tempo retarda a chegada, e só pode acusar a si mesmo. O bem e o mal são voluntários e facultativos; o homem, sendo livre, não é fatalmente impelido nem para um, nem para outro.

33º Apesar da diversidade dos gêneros e dos graus de sofrimento dos Espíritos imperfeitos, o código penal da vida futura pode resumir-se nestes três princípios:

O sofrimento está vinculado à imperfeição.

Toda imperfeição, e toda falta que dela decorre, traz consigo seu próprio castigo, por suas consequências naturais e inevitáveis, como a doença é decorrente dos excessos, o tédio da ociosidade, sem que haja necessidade de uma condenação especial para cada falta e cada indivíduo.

Todo homem, podendo desfazer-se das imperfeições pelo efeito de sua vontade, pode poupar a si mesmo os males que delas decorrem, e assegurar sua felicidade futura.

Tal é a lei da justiça divina: a cada um segundo suas obras, no céu como na terra.


Allan Kardec 






(1) Ver acima, Cap. VI, item 25, citação de Ezequiel.

(2) Perpétuo é sinônimo de eterno. Diz-se: o limite das neves perpétuas; o gelo eterno dos polos; diz-se também o secretário perpétuo da Academia, o que não quer dizer que ele o será perpetuamente, mas somente por um tempo ilimitado. Eterno e perpétuo empregam-se portanto no sentido de indeterminado. Nesta acepção, pode-se dizer que as penas são eternas, se se compreender que não têm uma duração limitada; elas são eternas para o Espírito que não vê seu fim.

(3) A necessidade da reparação é um princípio de rigorosa justiça que se pode considerar como a verdadeira lei de reabilitação moral dos Espíritos. É uma doutrina que nenhuma religião proclamou ainda.

Entretanto algumas pessoas a repelem, porque achariam mais cômodo poder apagar suas más ações com um simples arrependimento, que custa apenas palavras, e com a ajuda de algumas fórmulas; elas podem acreditar que estão quites: verão mais tarde se isso lhes basta. Poder-se-ia perguntar-lhes se esse princípio não é consagrado pela lei humana, e se a justiça de Deus pode ser inferior à dos homens? Se elas se achariam satisfeitas com um indivíduo que, tendo-as arruinado por abuso de confiança, se limitasse a dizer que lamenta infinitamente. Por que recuariam perante uma obrigação que todo homem de bem reconhece ser seu dever cumprir, na medida das suas forças?

Quando essa perspectiva da reparação for inculcada na crença das massas, será um freio muito mais poderoso do que a do inferno e das penas eternas, porque se refere à atualidade da vida, e o homem compreenderá a razão de ser das circunstâncias penosas em que se acha colocado.

(4) Ver acima, Cap. VI, O Purgatório, nos 3 e ss; e a seguir, Cap. XX: Exemplos de expiações terrestres. – Evangelho segundo o Espiritismo, Cap. V: Bem aventurados os aflitos.



Fonte: Kardecpedia