quinta-feira, 30 de junho de 2022

Fénelon - O Evangelho Segundo o Espiritismo - Allan Kardec - Cap. XI - Amar o próximo como a si mesmo - Item 9 - A lei do Amor



Fénelon - O Evangelho Segundo o Espiritismo - Allan Kardec - Cap. XI


Amar o próximo como a si mesmo 


9. O amor é de essência divina e todos vós, do primeiro ao último, tendes, no fundo do coração, a centelha desse fogo sagrado. É fato, que já haveis podido comprovar muitas vezes, este: o homem, por mais abjeto, vil e criminoso que seja, vota a um ente ou a um objeto qualquer viva e ardente afeição à prova de tudo quanto tendesse a diminuí-la e que alcança, não raro, sublimes proporções.

A um ente ou um objeto qualquer, disse eu, porque há entre vós indivíduos que, com o coração a transbordar de amor, despendem tesouros desse sentimento com animais, plantas e, até, com coisas materiais: espécies de misantropos que, a se queixarem da Humanidade em geral e a resistirem ao pendor natural de suas almas, que buscam em torno de si a afeição e a simpatia, rebaixam a lei de amor à condição de instinto. Entretanto, por mais que façam, não logram sufocar o gérmen vivaz que Deus lhes depositou nos corações ao criá-los. Esse gérmen se desenvolve e cresce com a moralidade e a inteligência e, embora comprimido amiúde pelo egoísmo, torna-se a fonte das santas e doces virtudes que geram as afeições sinceras e duráveis e ajudam a criatura a transpor o caminho escarpado e árido da existência humana.

Há pessoas a quem repugna a reencarnação, com a idéia de que outros venham a partilhar das afetuosas simpatias de que são ciosas. Pobres irmãos! o vosso afeto vos torna egoístas; o vosso amor se restringe a um círculo íntimo de parentes e de amigos, sendo-vos indiferentes os demais. Pois bem! para praticardes a lei de amor, tal como Deus o entende, preciso se faz chegueis passo a passo a amar a todos os vossos irmãos indistintamente. A tarefa é longa e difícil, mas cumprir-se-á: Deus o quer e a lei de amor constitui o primeiro e o mais importante preceito da vossa nova doutrina, porque é ela que um dia matará o egoísmo, qualquer que seja a forma sob que se apresente, dado que, além do egoísmo pessoal, há também o egoísmo de família, de casta, de nacionalidade. Disse Jesus: “Amai o vosso próximo como a vós mesmos.” Ora, qual o limite com relação ao próximo? Será a família, a seita, a nação? Não; é a Humanidade inteira. Nos mundos superiores, o amor recíproco é que harmoniza e dirige os Espíritos adiantados que os habitam, e o vosso planeta, destinado a realizar em breve sensível progresso, verá seus habitantes, em virtude da transformação social por que passará, a praticar essa lei sublime, reflexo da Divindade.

Os efeitos da lei de amor são o melhoramento moral da raça humana e a felicidade durante a vida terrestre. Os mais rebeldes e os mais viciosos se reformarão, quando observarem os benefícios resultantes da prática deste preceito: Não façais aos outros o que não quiserdes que vos façam; fazei-lhes, ao contrário, todo o bem que vos esteja ao alcance fazer-lhes.

Não acrediteis na esterilidade e no endurecimento do coração humano; ao amor verdadeiro, ele, a seu mau grado, cede. É um ímã a que não lhe é possível resistir. O contacto desse amor vivifica e fecunda os germens que dele existem, em estado latente, nos vossos corações. A Terra, orbe de provação e de exílio, será então purificada por esse fogo sagrado e verá praticados na sua superfície a caridade, a humildade, a paciência, o devotamento, a abnegação, a resignação e o sacrifício, virtudes todas filhas do amor. Não vos canseis, pois, de escutar as palavras de João, o Evangelista. Como sabeis, quando a enfermidade e a velhice o obrigaram a suspender o curso de suas prédicas, limitava-se a repetir estas suavíssimas palavras: “Meus filhinhos, amai-vos uns aos outros.”

Amados irmãos, aproveitai dessas lições; é difícil o praticá-las, porém, a alma colhe delas imenso bem. Crede-me, fazei o sublime esforço que vos peço: “Amai-vos” e vereis a Terra em breve transformada num Paraíso onde as almas dos justos virão repousar.


Fénelon
Bordéus, 1861 








Fonte: Kardecpedia

Miramez - Livro Horizontes da Mente - João Nunes Maia - Pág. 10 - O Amor



Miramez - Livro Horizontes da Mente - João Nunes Maia - Pág. 10


O Amor


O amor é a suprema felicidade do místico, é a alma acesa em todas as dimensões da vida, é a força concêntrica do cosmo, é a luz de Deus que se expande em todas as latitudes da criação. A escola do amor é infinita, como infinito é o poder do Pai Celestial. O amor canta, na força eletrostática do átomo, e torna-se uma melodia universal, na mecânica do cosmo. Ele é um conjunto de fios invisíveis que partem do Criador ligando toda a criação. O amor é a vida.

O amor é Deus, o amor é a caridade, o amor é a paciência, a tolerância, o perdão, a amizade, o trabalho, a fraternidade. Descendo infinitamente para o mundo, o amor se manifesta-nos próprios instintos, impulso irresistível e misterioso que direciona os animais. E por lei da evolução, ele parte da simples afinidade entre pessoas e coisas e esplende como flor da mais rara beleza.

Nada resiste ao amor. Se porventura estais cansados e oprimidos, pensai no amor, começai com alegria a pensar nele, a vivê-lo na sua mais pura radiação, que notareis logo uma diferença no vosso estado psicológico: a mente mais ativa, o coração mais ritmado e os olhos mais vivos.. E, se esse exercício for cultivado de vez em quando, a alma se habitua, com as bênçãos de Deus, a sentir amor por tudo que existe, pois nada foi feito sem ele.

As vibrações são constituídas de sons, e as emissões dos pensamentos são reconhecidas, quando provêm de almas que dignificam a vida pelas portas do amor. A melodia é harmoniosa e divina. A mente, acostumada na ginástica do amor, é capaz de curar seus próprios desequilíbrios, ou pelo menos, aliviar os outros. 

O Cristo quando andou pela Terra foi a personificação do amor. Por isso, as suas vestes eram disputadas, para que os enfermos pelo menos tocassem nelas, e quando assim acontecia - afirma o Evangelho - eles saíam curados. O amor lhes conferia uma profusão de fluidos superiores, que a inteligência de Jesus sabia repartir com os famintos e os desesperados. Em muitos casos, eram os anjos que O acompanhavam, que faziam essa distribuição de bênçãos, em nome de Deus e, em outros, a própria fé do paciente absorvia o fluido de luz que circundava o Divino Mestre. 

Jesus valorizou a fé, por saber que ela remove montanhas de imperfeições para atingir a essência da vida. Se não temos, na atualidade, o Cristo frente a frente para nos curar, se não temos os anjos, Seus agentes, mais de perto para nos aliviar, temos todavia o poder da fé que, de certo modo. Ele nos deixou, para que pudéssemos usar, e temos testemunho de sua eficácia. A fé nos faz reportar à época do Cristianismo primitivo, encontrando-nos com o Senhor e os anjos, e tornando-nos livres de todas as enfermidades. 

O amor é também fé, por unificar todas as virtudes do Evangelho. Fazei experiências, meus filhos, experimentai o poder do amor e vereis. Concentrai-vos no amor, sem que o devaneio da mente divida. a meditação. Senti no coração, e deixai que o rosto denuncie esse estado superior. Descei a cortina dos olhos e uns dez minutos bastarão para que, pondo as vossas mãos em alguém que padece, restabeleça- se-lhe o ânimo. A farmacopeia universal está dentro do vosso coração em tamanho compatível com a vossa estrutura, mas, elástica, até o infinito. Uma mente educada opera maravilhas, e uma mente que ama é o próprio céu na alma, onde Deus habita visivelmente com os anjos.


Miramez













quarta-feira, 29 de junho de 2022

Léon Denis - Livro Cristianismo e Espiritismo - Cap. 10 - A Nova Revelação - a Doutrina dos Espíritos - Pág 208 - A lei do destino



Léon Denis - Livro Cristianismo e Espiritismo - Cap. 10 - A Nova Revelação - a Doutrina dos Espíritos - Pág 208


A lei do destino


A lei do destino – as precedentes considerações no-la fazem compreender – consiste no desenvolvimento progressivo da alma, que edifica a sua personalidade moral e prepara, ela própria, o seu futuro; é a evolução racional de todos os seres partidos do mesmo ponto para atingirem as mesmas eminências, as mesmas perfeições. Essa evolução se efetua, alternadamente, no espaço e na superfície dos mundos, através de inúmeras etapas, ligadas entre si pela lei de causa e efeito. A vida presente é, para cada qual, a herança do passado e a gestação do futuro. É uma escola e um campo de trabalho; a vida do espaço, que lhe sucede, é a sua resultante. O Espírito aí colhe, na luz, o que semeou na sombra e, muitas vezes, na dor.

O Espírito encontra-se no outro mundo com suas aquisições morais e intelectuais, seus predicados e defeitos, tendências, inclinações e afeições. O que somos moralmente neste mundo ainda o somos no outro; disso procede a nossa felicidade ou sofrimento. Nossos gozos são tanto mais intensos quanto melhor nos preparamos para essa vida do espaço, onde o espírito é tudo e a matéria é nada, quase; onde já não há necessidades físicas a satisfazer, nem outras alegrias senão as do coração e da inteligência.

Para as almas inclinadas à materialidade, a vida do espaço é uma vida de privações e misérias; é a ausência de tudo o que lhes pode ser agradável. Os Espíritos que souberam emancipar-se dos hábitos materiais e viver pelas altas faculdades da alma, nele acham, ao contrário, um meio de acordo com as suas predileções, um vasto campo oferecido à sua atividade. Não há nisso, realmente, senão uma aplicação lógica da lei das atrações e afinidades, nada senão as conseqüências naturais dos nossos atos, que sobre nós recaem.

O desenvolvimento gradual do ser lhe engendra fontes cada vez mais abundantes de sensações e impressões. A cada triunfo sobre o mal, a cada novo progresso, estende-se o seu círculo de ação, o horizonte da vida se dilata. Depois das sombrias regiões terrestres  em que imperam os vícios, as paixões e as violências, descerram-se para ele as profundezas estreladas, os mundos de luz com os seus deslumbramentos, os seus esplendores, as suas inebriantes harmonias. Após as vidas de provações, sacrifícios e lágrimas, a vida feliz, a alegria das divinas afeições, as missões abençoadas ao serviço do eterno Criador.

Ao contrário, o mau uso das faculdades, a reiterada fruição dos prazeres físicos, as satisfações egoísticas, nos restringem os horizontes, acumulam a sombra em nós e em torno de nós. Em tais condições, a vida no espaço não nos oferece mais que trevas, inquietações, torturas, com a visão confusa e vaga das almas felizes, o espetáculo de uma felicidade que não soubemos merecer.

A alma, depois de um estágio de repouso no espaço, renasce na condição humana; para ela traz as reservas e aquisições das vidas pregressas. Desse modo se explicam as desigualdades morais e intelectuais que diferenciam os habitantes do nosso mundo. A superioridade inata de certos homens procede de suas obras no passado. Nós somos Espíritos mais jovens, ou mais velhos; mais ou menos trabalhamos, mais ou menos adquirimos virtudes e saber. Assim, a infinita variedade dos caracteres, das aptidões e das tendências deixa de ser um enigma.

Entretanto, a alma reencarnada nem sempre consegue utilizar, em toda a plenitude, os seus dons e faculdades. Dispõe aqui de um organismo imperfeitíssimo, de um cérebro que nenhuma das recordações de outrora registrou. Neles não pode encontrar todos os recursos necessários à manifestação de suas ocultas energias. Mas o passado permanece nela; suas intuições e tendências são disso uma revelação patente.

As faculdades inatas em certas crianças, os meninos prodígios: artistas, músicos, pintores, sábios, são luminosos testemunhos da evidência dessa lei. Também, às vezes, almas geniais e orgulhosas renascem em corpos enfermiços, sofredores, para humilhar-se e adquirir as virtudes que lhes faltavam: paciência, resignação, submissão.

Todas as existências penosas, as vidas de luta e sofrimento explicam-se pelas mesmas razões. São formas transitórias, mas necessárias, da vida imortal; cada alma as conhecerá por sua vez. A provação e o sofrimento são outros tantos meios de reparação, de educação, de elevação; é assim que o ser apaga um passado culposo e readquire o tempo perdido. É desse modo que os caracteres se retemperam, que se ganha experiência e o homem se prepara para novas ascensões. A alma que sofre procura Deus, lembra-se de o invocar e, por isso mesmo, aproxima-se dele.

Cada ser humano, regressando a este mundo, perde a lembrança do passado; este, fixado no perispírito, desaparece momentaneamente sob o invólucro carnal. Há nisso uma necessidade física, há também uma das condições morais da provação terrestre, que o Espírito vem novamente afrontar; restituído ao estado livre, desprendido da matéria, ele readquire a memória dos numerosos ciclos percorridos.

Esse olvido temporário de nossas anteriores existências, essas alternativas de luz e obscuridade que em nós se produzem, por estranhos que à primeira vista se afigurem, facilmente se explicam. Se a memória atual não nos permite recordar os nossos verdes anos, não é mais de admirar que tenhamos esquecido vidas separadas entre si por uma longa permanência no espaço. Os estados de vigília e sono por que passamos, todos os dias, do mesmo modo que as experiências do sonambulismo e hipnotismo, provam que se pode momentaneamente esquecer a existência normal, sem perder com isso a personalidade. Eclipses da mesma natureza, relativamente às nossas passadas existências, nada têm de inverossímeis. Nossa memória se perde e readquire através do encadeamento das nossas vidas, como durante a sucessão dos dias e das noites que preenchem a existência atual.

Do ponto de vista moral, a recordação das vidas precedentes causaria, neste mundo, as mais graves perturbações. Todos os criminosos, renascidos para se resgatarem, seriam reconhecidos, repudiados, desprezados; eles próprios ficariam aterrados e como hipnotizados por suas recordações. A reparação do passado tornar-se-ia impossível e a existência insuportável. O mesmo se daria em diferentes graus, com todos os que tivessem manchas no passado. As recordações anteriores introduziriam na vida social motivos de ódio, elementos de discórdia, que agravariam a situação da Humanidade e impediriam, por irrealizável, qualquer melhoramento. O pesado fardo dos erros e dos crimes, a vista dos atos vergonhosos inscritos nas páginas da sua história, acabrunhariam a alma e lhe paralisariam a iniciativa. Nos do seu convívio poderia reconhecer inimigos, rivais, perseguidores; sentiria despertar e acenderem-se as más paixões que a sua nova vida tem por objetivo destruir ou, pelo menos, atenuar.

O conhecimento das passadas existências perpetuaria em nós, não somente a sucessão dos fatos que a compõem, como ainda os hábitos rotineiros, as opiniões acanhadas, as manias pueris, obstinadas, peculiares às diversas épocas, e que opõem grande obstáculo ao surto da Humanidade. Disso ainda se encontram indícios em muitos encarnados. Que seríamos sem o olvido que nos liberta momentaneamente desses estorvos e permite que uma nova educação nos reforme, nos prepare para tarefas mais elevadas?

Quando consideramos maduramente todas essas coisas, reconhecemos que o apagamento temporário do passado é indispensável à obra de reparação e que a Providência, privando-nos, neste mundo, das nossas longínquas reminiscências, dispôs tudo com profunda sabedoria.

As almas se atraem em razão de suas afinidades, constituem grupos ou famílias cujos membros se acompanham e mutuamente se auxiliam através de sucessivas encarnações. Laços potentes as vinculam; inúmeras vidas transcorridas em comum lhes proporcionam essas similitudes de opiniões e de caráter, que em tantas famílias se observam. Há exceções. Certos Espíritos mudam às vezes de meio, para mais rapidamente progredir. Nisso, como em todos os atos importantes da vida, há uma parte reservada à vontade livre do indivíduo, que pode, numa certa medida e conforme o grau de elevação, escolher a condição em que renascerá; mas há também à parte do destino, ou da lei divina que, lá em cima, fixa a ordem dos renascimentos.


Léon Denis













Humberto de Campos - Livro Contos e Apólogos - Chico Xavier - Cap. 14 - A lição do discernimento



Humberto de Campos - Livro Contos e Apólogos - Chico Xavier - Cap. 14


A lição do discernimento


Finda a cena brutal, em que o povo pretendia lapidar a mulher infeliz, na praça pública, Pedro, que seguia o Senhor, de perto, interpelou-o, zelosamente:

— Mestre, desculpando os erros das mulheres que fogem ao ministério do lar, não estaremos oferecendo apoio à devassidão? Abrir os braços no espetáculo deprimente que acabamos de ver não será proteger o pecado?

Jesus meditou, meditou… e respondeu:

— Simão, seremos sempre julgados pela medida com que julgarmos os nossos semelhantes. 

— Sim, — clamou o apóstolo, irritado, — compreendo a caridade que nos deve afastar dos juízos errôneos, mas porventura conseguiremos viver sem discernir? Uma pecadora, trazida ao apedrejamento, não perturbará a tranquilidade das famílias? Não representará um quadro de lama para as crianças e para os jovens? Não será uma excitação à prática do mal?

Ante as duras interrogações, o Messias observou, sereno:

— Quem poderá examinar agora o acontecimento, em toda a extensão dele? Sabemos, acaso, quantas lágrimas terá vertido essa desventurada mulher até à queda fatal no grande infortúnio? Quem terá dado a esse pobre coração feminino o primeiro impulso para o despenhadeiro? E quem sabe, Pedro, essa desditosa irmã terá sido arrastada à loucura, atendendo a desesperadoras necessidades?

O discípulo, contudo, no propósito de exalçar a justiça, acrescentou:

— De qualquer modo, a corrigenda é inadiável imperativo. Se ela nos merece compaixão e bondade, há então, noutros setores, o culpado ou os culpados que precisamos punir. Quem terá provocado a cena desagradável a que assistimos? Geralmente, as mulheres desse naipe são reservadas e fogem à multidão… Que motivos teriam trazido essa infeliz ao clamor da praça?

Jesus sorriu, complacente, e tornou:

— Quem sabe a pobrezinha andaria à procura de assistência?

O pescador de Cafarnaum acentuou, contrariado:

— O responsável devia expiar semelhante delito. Sou contra a desordem e na gritaria que presenciamos estou convencido de que o cárcere e os açoites deveriam funcionar…

Nesse ponto do entendimento, velha mendiga que ouvia a conversação, caminhando vagarosamente, quase junto deles, exclamou para Simão, surpreendido:

— Galileu bondoso, herdeiro da fé vitoriosa de nossos pais, graças sejam dadas a Deus, nosso Poderoso Senhor! A mulher apedrejada é filha de minha irmã paralítica e cega. Moramos nas vizinhanças e vínhamos ao mercado em busca de alimento. 

Abeirávamo-nos daqui, quando fomos assaltadas por um rapaz que, depois de repelido por ela, em luta corpo a corpo, saiu a indicá-la ao povo para a lapidação, simplesmente porque minha infeliz sobrinha, digna de melhor sorte, não tem tido até hoje uma vida regular… 

Ambas estamos feridas e, com dificuldade, tornaremos para a casa… Se é possível, galileu generoso, restabelece a verdade e faze a justiça!

— E onde está o miserável? — Gritou Simão, enérgico, diante do Mestre, que o seguia, bondoso.

— Ali!… Ali!… — Informou a velhinha, com o júbilo de uma criança reconduzida repentinamente à alegria. E apontou uma casa de peregrinos, para onde o apóstolo se dirigiu, acompanhado de Jesus que o observava, sereno.

Por trás de antiga porta, escondia-se um homem, trêmulo de vergonha.

Pedro avançou de punhos cerrados, mas, a breves segundos, estacou, pálido e abatido.

O autor da cena triste era Efraim, filho de Jafar, pupilo de sua sogra e comensal de sua própria mesa.

Seguira o Messias com piedosa atitude, mas Pedro bem reconhecia agora que o irmão adotivo de sua mulher guardava intenção diferente.

Angustiado, em lágrimas de cólera e amargura, Simão adiantou-se para o Cristo, à maneira do menino necessitado de proteção, e bradou:

— Mestre, Mestre!… Que fazer?!…

Jesus, porém, acolheu-o amorosamente nos braços e murmurou:

— Pedro, não julguemos para não sermos julgados. Aprendamos, contudo, a discernir.


Humberto de Campos
(Irmão X )









Meimei - Livro Instruções Psicofônicas - Espíritos Diversos / Chico Xavier - Cap. 14 - A melodia do silêncio



Meimei - Livro Instruções Psicofônicas - Espíritos Diversos / Chico Xavier - Cap. 14 


A melodia do silêncio


Na fase terminal de nossas tarefas na noite de 10 de junho de 1954, tivemos a afetuosa visita de Meimei, a nossa companheira de sempre, que, utilizando os recursos psicofônicos do médium, falou-nos sobre os méritos do silêncio, em nossa construção espiritual.


Repara a melodia do silêncio nas criações divinas.

No Céu, tudo é harmonia sem ostentação de força.

O Sol brilhando sem ruído…

Os mundos em movimento sem desordem…

As constelações refulgindo sem ofuscar-nos…

E, na Terra, tudo assinala a música do silêncio, exaltando o amor infinito de Deus.

A semente germinando sem bulício…

A árvore ferida preparando sem revolta o fruto que te alimenta…

A água que hoje se oculta no coração da fonte, para dessedentar-te amanhã…

O metal que se deixa plasmar no fogo vivo, para ser-te mais útil…

O vaso que te obedece sem refutar-te as ordens…

Que palavras articuladas lhes definiriam a grandeza?

É por isso que o Senhor também nos socorre, através das circunstâncias que não falam, por intermédio do tempo, o sábio mudo.

Não quebres a melodia do silêncio, onde tua frase soaria em desacordo com a Lei de Amor que nos governa o caminho!

Admira cada estrela na luz que lhe é própria…

Aproveita cada ribeiro em seu nível…

Estende os braços a cada criatura dentro da verdade que lhe corresponda à compreensão…

Discute aprendendo, mas, porque desejes aprender, não precisas ferir.

Fala auxiliando, mas não te antecipes ao juízo superior, veiculando o verbo à maneira do azorrague inconsciente e impiedoso.

“Não saiba tua mão esquerda o que deu a direita” — disse-nos o Senhor. Auxilia sem barulho onde passes.

Recorda a ilimitada paciência do Pai Celestial para com as nossas próprias faltas e ajudemos, sem alarde, ao companheiro da romagem terrestre que, muitas vezes, apenas aguarda o socorro de nosso silêncio, a fim de elevar-se à comunhão com Deus.


Meimei










Fonte: Bíblia do Caminho † Testamento Xavieriano

terça-feira, 28 de junho de 2022

Allan Kardec - O Livro dos Espíritos - Da vida espírita - Escolha das provas - Questão 268 (Miramez)



Allan Kardec - O Livro dos Espíritos - Da vida espírita


Escolha das provas


268. Até que chegue ao estado do perfeita pureza, o Espírito tem de passar constantemente por provas?

– Sim, mas elas não são como as entendeis. Chamais provas às tribulações materiais, ora, o Espírito, chegado a um certo grau, mesmo sem ser perfeito, não tem mais nada a sofrer. Mas tem sempre deveres que o ajudam a se aperfeiçoar, e que não são penosos para ele, a não ser os de ajudar os outros a se aperfeiçoarem.


Allan Kardec





O Livro dos Espíritos comentado pelo Espírito Miramez

Questão 268 comentada

O Espírito, em certas faixas evolutivas, passa por provas, por vezes duras, com o objetivo de despertar ou aprimorar suas qualidades espirituais, depositadas, em sua consciência, pelo Criador.

O progresso da alma tem um preço: a passagem pela porta estreita.

Em princípio, o homem abusa dos poderes que lhe foram concedidos, do ouro que lhe foi entregue por empréstimo do Pai; da saúde que a vida lhe ofertou, e a inferência disso são os sofrimentos de toda ordem, que vêm lhe ensinar o roteiro mais proveitoso a trilhar.

Quando a lição é aprendida, cessa a necessidade da presença da dor, mestra incomparável, que deixa o homem entregue a si mesmo, consciente dos seus deveres. As provas, portanto, têm um fim, e quando o Espírito já não necessita de passar por situações penosas, outros vêm a ser os seus deveres, quando ele empregará os valores conquistados, com alegria, no seu adiantamento e no progresso dos que se acham na retaguarda, assim como ele mesmo recebe do Alto a assistência nos seus caminhos de redenção.

Tudo na vida progride. A própria dor, que no mundo material é quase considerada como um fantasma apavorante, continua volatizada entre os Espíritos elevados, em outra faixa, também evoluída e que dá prazer, como deveres ante a Paternidade Universal.

As virtudes do Espírito têm cada uma sua expressão própria e com sua ascensão elas ganham pureza cada vez mais sublimada, de modo a iluminarem o Espírito em qualquer estágio em que ele se encontre.

Os motivos que fazem a criança chorar não são os mesmos que inquietam o adulto.

A visão de Jesus em relação à sociedade humana era uma, e a da humanidade em si era outra bem diferente. Foi por isso que Ele, em muitos casos, falou por parábolas, deixando de dizer muitas coisas que os homens não estavam preparados para ouvir.

As provas, se assim podemos chamá-las, para os benfeitores da humanidade, consistem em levá-los a auxiliar no progresso, com paciência, com amor e com energia, e sentem eles muita satisfação nessas lutas.

Cada vez que o Espírito muda de plano, alcançando mais um degrau na escala espiritual, ele sente a necessidade de deveres diferentes, reclamando a sua falta, pois sempre tem que lutar para se elevar.

Os Espíritos Superiores sentem alegria em amanhar o bem onde quer que sejam chamados a servir e estão atentos à vontade de Deus, sob as vistas do Divino Mestre.

As provas dolorosas são breves, as lutas não. O esforço próprio para evoluir cada vez mais é, pois, eterno. Quando se encerra um ciclo evolutivo, inicia-se outro, em dimensão diferente. Essa é a vida, dentro da vida de Deus.

Os Espíritos que estão na Terra, se movendo em um corpo de carne, podem avaliar suas atividades e notar a que grau pertencem na ascensão para a libertação.

Conscientes do que precisamos, devemos trabalhar para nos melhorarmos moralmente. Esse é o dever de todos nós, nos dois planos da vida.

Vale a pena trabalhar pelo bem, na lavoura íntima, e essa se reflete em tudo o que fazemos, tornando-nos conhecidos pelas nossas obras.

No fim das provas brotará em nossa consciência a tranquilidade imperturbável.


Miramez




Filosofia Espírita - Vol. VI - João Nunes Maia
Cap. 13 - As provas têm um fim?









André Luiz - Livro Nosso Lar - Chico Xavier - Cap. 41 - Convocados à luta



André Luiz - Livro Nosso Lar - Chico Xavier - Cap. 41


Convocados à luta


Nos primeiros dias de setembro de 1939, “Nosso Lar” sofreu, igualmente, o choque por que passaram diversas colônias espirituais, ligadas à civilização americana. 

Era a guerra europeia, tão destruidora nos Círculos da carne, quão perturbadora no Plano do Espírito. Entidades numerosas comentavam os empreendimentos bélicos em perspectiva, sem disfarçarem o imenso terror de que se possuíam.

Sabia-se, desde muito, que as Grandes Fraternidades do Oriente suportavam as vibrações antagônicas da nação japonesa, experimentando dificuldades de vulto. Anotava, porém, agora, fatos curiosos de alto padrão educativo. Assim como os nobres Círculos espirituais da velha Ásia lutavam em silêncio, preparava-se “Nosso Lar” para o mesmo gênero de serviço.

Além de valiosas recomendações, no campo da fraternidade e da simpatia, determinou o Governador tivéssemos cuidado na esfera do pensamento, preservando-nos de qualquer inclinação menos digna, de ordem sentimental.

Reconheci que os Espíritos superiores, nessas circunstâncias, passam a considerar as nações agressoras não como inimigas, mas como desordeiras e cuja atividade criminosa é imprescindível reprimir.

— Infelizes dos povos que se embriaguem com o vinho do mal, — disse-me Salústio; — ainda que consigam vitórias temporárias, elas servirão somente para lhes agravar a ruína, acentuando-lhes as derrotas fatais. 

Quando um país toma a iniciativa da guerra, encabeça a desordem da Casa do Pai, e pagará um preço terrível.

Observei, então, que as zonas superiores da vida se voltam em defesa justa, contra os empreendimentos da ignorância e da sombra, congregados para a anarquia e, consequentemente, para a destruição. 

Esclareceram-me os colegas de trabalho que, nos acontecimentos dessa natureza, os países agressores convertem-se, naturalmente, em núcleos poderosos de centralização das forças do mal. 

Sem se precatarem dos perigos imensos, esses povos, com exceção dos Espíritos nobres e sábios que lhes integram os quadros de serviço, embriagam-se ao contato dos elementos de perversão, que invocam das camadas sombrias. 

Coletividades operosas convertem-se em autômatos do crime. Legiões infernais precipitam-se sobre grandes oficinas do progresso comum, transformando-as em campos de perversidade e horror. 8 Mas, enquanto os bandos escuros se apoderam da mente dos agressores, os agrupamentos espirituais da vida nobre movimentam-se em auxílio dos agredidos.

Se devemos lastimar a criatura em oposição à lei do bem, com mais propriedade devemos lamentar o povo que olvidou a justiça.

Logo após os primeiros dias que assinalaram as primeiras bombas na terra polonesa, encontrava-me, ao entardecer, nas Câmaras de Retificação, junto de Tobias e Narcisa, quando inesquecível clarim se fez ouvir por mais d’um quarto de hora. Profunda emoção nos invadira a todos.

É a convocação superior aos serviços de socorro à Terra, — explicou-me Narcisa, bondosamente.

— Temos o sinal de que a guerra prosseguirá, com terríveis tormentos para o espírito humano, — exclamou Tobias, inquieto, — embora a distância, toda a vida psíquica americana teve na Europa a sua origem. Teremos grande trabalho em preservar o Novo Mundo.

A clarinada fazia-se ouvir com modulações estranhas e imponentes. Notei que profundo silêncio caiu sobre todo o Ministério da Regeneração.

Atento à minha atitude de angustiosa expectativa, Tobias informou:

— Quando soa o clarim de alerta, em nome do Senhor, precisamos fazer calar os ruídos de baixo, para que o apelo se grave em nossos corações.

Quando o misterioso instrumento desferiu a última nota, fomos ao grande parque, a fim de observar o céu. Profundamente comovido, vi inúmeros pontos luminosos, parecendo pequenos focos resplandecentes e longínquos, a librarem-se no firmamento.

— Esse clarim, — disse Tobias igualmente emocionado, — é utilizado por Espíritos Vigilantes, de elevada expressão hierárquica.

Regressando ao interior das Câmaras, tive a atenção atraída para enormes rumores provenientes das zonas mais altas da colônia, onde se localizavam as vias públicas.

Tobias confiou a Narcisa certas atividades de importância junto aos enfermos e convidou-me a sair, para observar o movimento popular.

Chegados aos pavimentos superiores, de onde nos poderíamos encaminhar à Praça da Governadoria, notamos intenso movimento em todos os setores. Identificando-me o espanto natural, o companheiro explicou:

— Estes grupos enormes dirigem-se ao Ministério da Comunicação, à procura de notícias. O clarim que acaba de soar, só vem até nós em circunstâncias muito graves. Todos sabemos que se trata da guerra, mas é possível que a Comunicação nos forneça algum detalhe essencial. Observe os transeuntes.

Ao nosso lado, vinham dois senhores e quatro senhoras, em conversação animada.

— Imagine! — Dizia uma, — o que será de nós no Auxílio. Há muitos meses consecutivos, o movimento de súplicas tem sido extraordinário. Experimentamos justa dificuldade para atender a todos os deveres.

— E nós, com a Regeneração? — Objetava o cavalheiro mais idoso, — os serviços prosseguem consideravelmente aumentados. No meu setor, a vigilância contra as vibrações umbralinas reclama esforços incessantes. Estou avaliando o que virá sobre nós…

Tobias segurou-me o braço, de leve, e exclamou:

— Adiantemo-nos um pouco. Ouçamos o que dizem outros grupos.

Aproximando-nos de dois homens, ouvi um deles perguntando:

— Será crível que a calamidade nos atinja a todos?

O interpelado, que parecia portador de grande equilíbrio espiritual, replicou, sereno:

— De qualquer modo, não vejo motivo para precipitações. A única novidade é o acréscimo de serviço que, no fundo, constituirá uma bênção. 

Quanto ao mais, tudo é natural, a meu ver. A doença é mestra da saúde, o desastre dá ponderação. A China está sob a metralha, há muito tempo, e não mostrou você, ainda, qualquer demonstração de assombro.

— Mas agora, — objetou o companheiro, desapontado, — parece que serei compelido a modificar meu programa de trabalho.

O outro sorriu e obtemperou:

— Helvécio, Helvécio, esqueçamos o “meu programa” para pensar em “nossos programas”.

Atendendo a novo gesto de Tobias, que me reclamava atenção, observei três senhoras que iam na mesma direção à nossa esquerda, verificando que o pitoresco não faltava, igualmente ali, naquele crepúsculo de inquietação.

— A questão impressiona-me sobremaneira, — dizia a mais moça, — porque Everardo não deve regressar do mundo agora.

— Mas a guerra, — disse uma das companheiras, — ao que parece, não alcançará a Península. Portugal está muito longe do teatro dos acontecimentos.

— Entretanto, — indagou a outra componente do trio, — por que semelhante preocupação? Se Everardo viesse, que aconteceria?

— Receio — esclareceu a mais jovem, — que ele me procure na qualidade de esposa. Não o poderia suportar. É muito ignorante e, de modo algum, me submeteria a novas crueldades.

— Tola que és! — Comentou a companheira, — olvidaste que Everardo será barrado pelo Umbral, ou cousa pior?

Tobias, sorrindo, informou:

— Ela teme a libertação de um marido imprudente e perverso.

Decorridos longos minutos, em que observávamos a multidão espiritual, atingimos o Ministério da Comunicação, detendo-nos ante os enormes edifícios consagrados ao trabalho informativo.

Milhares de entidades acotovelavam-se, aflitamente. Todos queriam informações e esclarecimentos. Impossível, porém, um acordo geral. 

Extremamente surpreendido com o vozerio enorme, vi que alguém subira a uma sacada de grande altura, reclamando a atenção popular. Era um velho de aspecto imponente, anunciando que, dentro de dez minutos, far-se-ia ouvir um apelo do Governador.

— É o Ministro Esperidião, — informou Tobias, atendendo-me a curiosidade.

Serenado o barulho, daí a momentos ouviu-se a voz do próprio Governador, através de numerosos alto-falantes:

— “Irmãos de “Nosso Lar”, não vos entregueis a distúrbios do pensamento ou da palavra. A aflição não constrói, a ansiedade não edifica. Saibamos ser dignos do clarim do Senhor, atendendo-Lhe a Vontade Divina no trabalho silencioso, em nossos postos.”

Aquela voz clara e veemente, de quem falava com autoridade e amor, operou singular efeito na multidão. No curto espaço de uma hora, toda a colônia regressava à serenidade habitual.


André Luiz







VÍDEO:


Nosso Lar - Cap. 41 - Convocados à luta
O Espírito da Letra

Apresentação: André Luiz Ruiz






O Espírito da Letra - Nosso Lar - Analisando a obra de André Luiz psicografia de Chico Xavier.



Pedro de Alcântara - Livro Cartas do Coração - 2ª Parte - Espíritos Diversos / Chico Xavier - Cap. 44 - Rogativa



Pedro de Alcântara - Livro Cartas do Coração - 2ª Parte - Espíritos Diversos / Chico Xavier - Cap. 44


Rogativa


Senhor, sobre este Lar, erguido às dores,
Traze a consolação de Tua graça…
Que esta casa de amor se abra a quem passa,
Por bendito refúgio aos sofredores!

Que a Tua luz aqui brilhe sem jaça
Na palavra dos gênios benfeitores,
Que neste ninho em paz, tecido em flores,
Toda sombra da Terra se desfaça.

Concede às nossas almas, neste abrigo,
O auxílio excelso de teu braço amigo,
No caminho do bem, amplo e fecundo!

Que sirvamos contigo, lado a lado,
No Brasil do Evangelho restaurado,
Onde traçaste o Coração do Mundo.


Pedro de Alcântara








Nota: Soneto recebido na sessão de inauguração da nova sede do C. E. “Luiz Gonzaga”, de Pedro Leopoldo.



Emmanuel - Livro Mãos Unidas - Chico Xavier - Cap. 3 - Diante do bem



Emmanuel - Livro Mãos Unidas - Chico Xavier - Cap. 3


Diante do bem


Diante de cada dia que surge, reflitamos na edificação do bem a que somos chamados.

Para isso, comecemos abençoando pessoas e acontecimentos, circunstâncias e cousas, para que o melhor se realize.

De princípio costumam repontar no cotidiano os problemas triviais do instituto doméstico. Habitualmente aparece o assunto palpitante da hora, solicitando-nos atenção. Saibamos subtrair-lhe a sombra provável projetando nele a réstia de luz que sejamos capazes de improvisar.

Logo após, de imediato, estamos quase sempre defrontados pelos contratempos de ordem familiar. Renteando com eles, usemos o verbo calmante e conciliador para que as engrenagens do lar funcionem lubrificadas em bálsamo de harmonia.

Mais adiante é o grupo de trabalho com os pontos fracos à mostra. Abracemos, com paciência e alegria as tarefas excedentes que se nos imponha, esquecendo essa ou aquela falha dos companheiros e trazendo à nós sem queixa ou censura a obrigação que ficou por fazer.

Em seguida é o campo vasto das relações, com as surpresas menos felizes que sobrevenham: o amigo modificado, a trama da incompreensão, a atitude mal interpretada, o irmão que se vai para longe de nós…

A cada ocorrência menos agradável procuremos responder com os nossos mais altos recursos de entendimento, justificando o amigo que se transforma, desfazendo sem mágoa o emaranhado das trevas, removendo equívocos em pauta e apoiando o colega que se afasta, oferecendo-lhe a íntima certeza com referência à continuidade de nossa estima.

Tudo o que existe é peça da vida e se aqui ou além, a deficiência aparece, isso significa que a obra do bem, nessa ou naquela peça da vida está pedindo a nossa colaboração a fim de que lhe doemos o pedaço de bem, que porventura ainda lhe falte.


Emmanuel











segunda-feira, 27 de junho de 2022

Ermance Dufaux - Livro Amorosidade: A cura da ferida do abandono - Wanderley Oliveira - Cap. 19 - Você merece o amparo de seus protetores espirituais



Ermance Dufaux - Livro Amorosidade: A cura da ferida do abandono - Wanderley Oliveira - Cap. 19


Você merece o amparo de seus protetores espirituais


O relacionamento com seus protetores espirituais é um alimento para o seu espírito.

Essa sensação de desproteção que toma conta da humanidade diante das consequências do autoabandono pode encontrar nas companhias espirituais o seu alívio e aconchego.

Há pessoas que têm um altar em casa, mas nunca param nele para rezar; há outras que vão ao centro espírita, mas só se lembram das entidades no dia da sessão, pois aparecem nos núcleos religiosos só nos momentos de dificuldade; outras, ainda, andam com orações, mas nunca as rezam; há as que querem ajuda espiritual, mas só se lembram de Deus nos momentos difíceis. 

Que tipo de fé é a sua? Qual é sua relação com Deus? Que fé é essa que você tem na ajuda dos seus anjos da guarda ou dos espíritos protetores? Lembrar-se deles somente para pedir não é fé, é aflição.

Cultuar a fé é viver um relacionamento diário com tudo que representa Deus, o universo e suas leis. Fé não é submeter entidades a sistemas de trocas ou de escravidão aos seus anseios e dores. Isso é interesse, negócio e egoísmo.

Todos os seres têm protetores espirituais que trabalham pelo bem. Protetores de casas, ruas, bairros, cidades, países, continentes e de mundos.

Esses protetores lhe fazem visitas diárias com horas marcadas. Talvez você não os sinta ou não os veja, mas eles estão sempre ao seu lado. Chame por eles por meio da oração e dos sentimentos nobres que enlaçam as almas. Em seus momentos de dor, peça ajuda a eles. Em seus momentos de alegria,  agradeça-os. Nos instantes da dúvida, busque senti-los antes de escolher. 

Pouco a pouco, a experiência em ouvi-los vai lhe proporcionar uma das mais raras e profundas vivências espirituais: a conexão fiel com seus orientadores do além.

Você tem um amigo espiritual que lhe ama e vela cada passo do seu caminho. Ele quer todo o seu bem e isto pode ser percebido na referência encontrada em O livro dos espíritos, questão 492: 

O Espírito protetor se dedica ao indivíduo desde o seu nascimento?

“Desde o nascimento até a morte e muitas vezes o acompanha na vida espírita, depois da morte, e mesmo através de muitas existências corpóreas, que mais não são do que fases curtíssimas da vida do Espírito.”

Quando foi que você procurou ouvi-lo ou senti-lo no seu mais profundo ser?

Muitos se afastam de seus amigos de luz tão somente por não se acreditarem merecedores de amparo e atenção. Sentem culpa por não ser quem acham que já deveriam ser. Pensam que são desonestos porque não fazem todo o bem possível e sentem-se inúteis por não realizar tanto quanto os outros que se dedicam ao caminho da paz e da elevação moral.

Trabalhe sua mente para compreender alguns pontos essenciais a respeito dos seus amigos espirituais: 

• Eles aceitam você como você é.
• Eles não lhe cobram nada.
• Eles sabem que todas as experiências são necessárias para o seu crescimento.
• Eles respeitam seu tempo, suas escolhas e sua intimidade.
• Eles amam incondicionalmente.

A população espiritual da Terra gira em torno de 30 a 35 bilhões de espíritos realizando sua evolução no orbe. Os encarnados são uma pequena parcela desta população, que não deixa de interagir com os desencarnados, mesmo estando em planos diferentes. Podemos deduzir que para cada um que está no corpo físico existe um número grande de desencarnados ligados a ele e que, em um ambiente familiar, por exemplo, teremos um número expressivamente maior de espíritos que integram aquele núcleo. Isto nos dá uma pálida ideia de que, em nossas relações com todos, lidamos com um número bem maior do que imaginamos.

No entanto, todos os dias, o fenômeno de interação mental entre “vivos” e “mortos” é de uma proporção bem mais expressiva do que se supõe, e cada dia mais crescente. Mesmo para aqueles que já guardam a mente aberta às verdades do espírito eterno e imortal, o que se sabe sobre esse tema não alcança sua profundidade. Amparar e servir são os verbos que orientam o lema de todos os protetores do planeta Terra. 

A determinação maior entre os que se prontificam a servir na condição de amparadores espirituais é não deixar ninguém ao abandono, servir incondicionalmente sem julgamentos, proporcionar o alívio a quem quer que seja. A bandeira da caridade e do amor são as inspirações de todo protetor espiritual, e se, por porventura, haja a necessidade de corretivos e motivação, as luzes derramadas de seus corações são fontes incentivadoras de fé e força para prosseguir. 

Marque um horário com seu protetor espiritual para ouvi-lo e senti-lo. Com o tempo, sua relação com ele vai se intensificar e trazer amplos benefícios. Por que você não seria credor deste amparo?

Abrace agora seu protetor, com muito amor. Comece já esse contato abençoado e revitalizador.


Ermance Dufaux












Lancellin - Livro Iniciação Viagem Astral - João Nunes Maia - Cap. 2 - A Alma em preparo




Lancellin - Livro Iniciação Viagem Astral - João Nunes Maia - Cap. 2


A Alma em preparo


Considere-se feliz aquele que entendeu os princípios da fraternidade e sentiu que é indispensável a educação em todos os sentidos da existência, quer seja física, quer seja espiritual. A educação mostra o que somos àqueles com quem estamos falando ou a quem estivermos ouvindo.

Esse adestramento é fruto da disciplina, aquela constante em nossa vida; o nosso dever maior, como estudantes da Verdade, é o amanho das qualidades espirituais que o Senhor depositou no cofre dos nossos corações. Quem percebe o tesouro que pode ter no curso da vida, junto aos seus companheiros de jornada, e na vivência do lar, não se esquece do cultivo das virtudes mencionadas por Jesus no Seu Evangelho, que expressa a Sua magnânima vida e grandeza espiritual.

O discípulo da sabedoria universal, que já despertou para a luz da Verdade, não pode esmorecer na lavoura empreendida; se já selecionou as sementes, não deve olhar para trás: que lance as sementes no solo preparado e espere o seu devido crescimento. Quando o poço está pronto, a água aparece.

A máxima "sê como o sândalo, que perfuma o machado que o fere" nos mostra o perdão na sua
mais pura feição, ensinando numa simples frase, para que possamos aplicá-la no nosso dia-a-dia, lutando contra o homem velho, para que dominem os valores espirituais no homem novo, acendendo luzes e ampliando sabedoria em todas as áreas, mesmo onde prevaleçam os sentimentos contrários.

É bom que não te esqueças dos obstáculos; eles aparecerão na extensão de todos os caminhos, onde a honestidade for o clima e a fé, o sustentáculo.

Quando te empenhas em um trabalho e tudo corre com a facilidade que desejas, tem cuidado! As trevas comumente perseguem os empreendimentos onde os frutos são saborosos. Não reclames das dificuldades. Procura, com todo zelo, superá-las com humildade e alegria nunca deixando os pensamentos negativos povoarem a tua mente, porque eles podem turvar as tuas altas aspirações, desviando-as para regiões onde predomina a improdutividade.

Compete a ti mesmo discernir e raciocinar, com a ajuda do coração e empenhado na prece, para não deixar de fazer as coisas certas, abandonando aquelas que se afastam dos princípios cristãos. As primeiras trazem a glória e as segundas emprestam tristezas ao teu mundo íntimo, o que, por vezes, te custará tempo indefinido para os reparos devidos.

Quando o discípulo está pronto, o mestre aparece. Não se turbe, portanto, o teu coração ante a demora da luz no caminho a percorrer; o verdadeiro mestre mora na consciência e Paulo de Tarso já tinha conhecimento dessa verdade, que o levou a dizer com inspiração O Cristo em nós é motivo de glória.

O Apóstolo dos Gentios teve que conhecer o Cristo externamente, para que Ele nascesse em seu coração, onde poderia permanecer eternamente. Não existe outro caminho melhor e de tão alto valor para as criaturas e o Cristo em nós nos guiará para os verdadeiros caminhos, onde encontraremos a felicidade, porque nos libertará de todas as imperfeições.

Se queres entrar em preparo, começa hoje, agora, e permanece até o fim, sem esmorecer diante dos simples obstáculos que deverão aparecer para o teu próprio bem, servindo de testes às qualidades já afloradas.

Se ainda alimentas o ódio a alguém que, por invigilância, te feriu; conservas a maledicência, destilando magnetismo inferior pela língua; te esqueceste de perdoar os ofensores que te caluniaram; gastas o teu maior tempo, doado por Deus, em baixas conversações; desconheces o valor grandioso da caridade; não acreditas no amor que nos salva a todos; desconheces a terapia espiritual do trabalho honesto e abusas do tempo; tens preguiça de estudar e não gostas de aprender; não acreditas na oração e criticas os que a praticam; és avesso à fraternidade e o egoísmo domina os teus atos, convém que nem penses em desdobramento consciente, nem na sua prática. Fica, por enquanto, nos sonhos, até resolveres despertar e empreender esforços para granjear a tua melhoria.

Este livro irá te trazer algum sofrimento, porque ele induz a uma vida nova, contrariando a sequência em que provavelmente vives, e os teus corpos dinâmicos, que servem de instrumento para o Espírito imortal, poderão entrar em estado de rejeição e te causar danos demorados. Entretanto, se tiveres a fé do tamanho de um grão de mostarda, no dizer do Evangelho, vencerás.

Tudo o que é bom, meu irmão, deve ter o traço do merecimento, e todo merecimento é filho do esforço próprio.


Lancellin






Áudio: 

Estudo do Livro Viagem Astral - primeira parte - João Nunes Maia - Cap. 2 - A Alma em preparo
Olivio Britto