quinta-feira, 4 de fevereiro de 2021

Antenor - Livro Enxugando Lágrimas - Familiares Diversos / Chico Xavier - Cap. 6 - Jesus não é um mestre morto




Antenor - Livro Enxugando Lágrimas - Familiares Diversos / Chico Xavier - Cap. 6


Jesus não é um mestre morto


Minha querida Nayá, minha querida Lélia, rogo a Deus nos abençoe.

A oração é assim como um passo de tranquilidade e refazimento no caminho. Esse caminho — o da vida na Terra — é por vezes queimado a fogo de provação e, de outras, enregelado de lágrimas. Oremos, sim. Aprendi também isso. 

A estrada é longa, alcança regiões difíceis — tão difíceis que outra alternativa não encontramos senão a de nos devotarmos à prece, recorrendo à Bondade Infinita de Deus.

Venho, Nayá, rogar a você muita coragem à frente da luta em que a Vontade Sábia do Senhor nos colocou. Acompanho sua abnegação por nossa Lelé e espero em Jesus que ela se refaça. Você e Lélia sabem. 

Foram anos e anos de condicionamento espiritual. Ela amou profundamente a missão esposada. Viveu-a. Agora para desfazer-se de todas as responsabilidades assim, de momento para outro, seria preciso um arrojo sobre-humano, impossível na Terra. 

Ajudemos a filhinha com entendimento e serenidade. Ela não está desvalida à frente dos tutores espirituais que a protegem da vida mais alta. 

Há perseguição no mundo, mas existe amor no Céu, amor bastante para envolver até mesmo os que tentam conturbar as Obras da Bondade de Deus. 

Que ela avance para a frente, sem ressentimentos no coração. Jesus não é um mestre morto e a cruz abraçada por Ele ainda é para nós todos uma luz que jamais deve esmorecer.

A pouco e pouco, a nossa filhinha se readaptará, reconhecerá de mais perto os quadros do mundo de conflitos e provas, tribulações e sofrimentos que sempre foi tão nosso.

Lembre, Nayá, do carinho com que você amparou a mim mesmo, da paciência com que você renovou o coração gradativamente, e não estranhe os obstáculos do momento. Estamos unidos e nossas filhas queridas, tanto quanto o nosso Leônidas, estão conosco. 

Vejo nossa querida Lélia ainda extremamente abatida e rogo a ela não se render às ideias de solidão e desalento. Sei que ela faz o possível para não se entregar… Isso mesmo, filha querida. Lutar pelo bem e confiar em Deus, colocando-nos ao dispor dos Celestes Desígnios.

Nosso Alvicto vai bem, restaurando-se dia a dia. A princípio, o choque, o choque natural da desencarnação de improviso. Mas o tempo, com a Misericórdia de Deus, está funcionando. Em muitas circunstâncias, já tem vindo ver você, minha filha, sustentado ainda, como é justo, pela dedicação dos amigos que o assistem. E regozija-se ao notar-lhe o valor e a conformidade. Viva, sim, e viva para auxiliá-lo cada vez mais.

Os filhos queridos estão na memória dele, tanto quanto você. Nosso Nogueira tinha na família o centro de seus interesses mais altos. 

Pensemos nisso e reconheceremos que a saudade é a felicidade em forma de esperança no rumo da alegria outra vez.

Creia que você recebeu e está recebendo tratamento constante da parte de benfeitores diversos. Suas forças estão sendo refeitas. Às vezes, surpreendo-a indagando a si mesma, no silêncio da prece “Meu Deus, que fazer de minha vida agora?” Não se entristeça, porém, diante da luta. Continuemos. 

Agora, você fará por você e pelo esposo que está em vida transformada, mas não ausente. Esperemos que ele e você juntos, pelos abençoados laços da alma, venham a prosseguir realizando o máximo em favor dos que sofrem.

Querida Lélia, permaneçamos firmes na fé e perseveremos com o bem, para a vitória do bem. 

Tudo, filha, se encadeia na vida, a fim de que a Bondade do Senhor nos dê aquilo de que mais carecemos. 

Recorde o Alvicto com a bênção de sua resignação e de seu otimismo. Ele virá, de novo, guiar suas mãos e orientar os seus pensamentos no trabalho edificante em que os dois sempre estiveram juntos. Será a inspiração de seus passos, tanto quanto, para ele, será você o instrumento para o cultivo da felicidade nova, com o bem por base. 

Você sabe, filha, que a vida só é grande e bela, justa e rica pela alegria que se possa criar em favor dos outros. Você é e será a estrela para a família que Deus lhe confiou, mas é e será sempre uma luz no caminho de quantos enfrentam penúria e perturbação.

Estaremos novamente unidos na beneficência e no ideal de servir, conscientes que somos de que a Seara do Bem é o ponto de nosso reencontro com o Cristo — o Eterno Benfeitor de nossas almas.

Nayá, minha querida Lélia, encerrarei esta carta, porque não posso ser mais extenso, entretanto, o coração está e estará com vocês. Peço a Deus por vocês e vocês orem por mim. Apesar do tempo em que me vi renovado, estou igualmente ainda em abençoada readaptação. Recebam vocês duas, todo o coração e todo o carinho no abraço saudoso do companheiro e pai sempre reconhecido,


Antenor




ESPOSO EM VIDA TRANSFORMADA, MAS NÃO AUSENTE

De início, o Autor Espiritual se refere à oração, assunto a que Allan Kardec dedicou todo o capítulo XXVIII de O Evangelho segundo o Espiritismo. 

Em seguida, referindo-se à filha Lelé com suas lutas (tanto o apelido de Adelaide Siqueira de Amorim quanto o fato de ter sido ela distinta religiosa franciscana durante 32 anos e de cujas atividades se despediu naturalmente contra a sua própria vocação, e encontrando novo ânimo nas leituras espíritas, detalhes desconhecidos do médium), chega a afirmar, peremptório: “Que avance para a frente, sem ressentimentos no coração. Jesus não é um mestre morto e a cruz abraçada por Ele ainda é para nós todos uma luz que jamais deve esmorecer.”

Antenor de Amorim nasceu na cidade de Pirenópolis, Estado de Goiás, a 17 de julho de 1875, e desencarnou no Rio de Janeiro, Estado do Rio de Janeiro, a 26 de março de 1948. Era casado com a Sra. Nayá S. Amorim, deixando os filhos Lélia n casada com Alvicto, desencarnado em desastre automobilístico; Leônidas, que reside, hoje, nos Estados Unidos da América do Norte, e Adelaide (Lelé).

Do princípio ao fim da mensagem, notamos a preocupação do Espírito em consolar a esposa que se transformou em viúva, segundo a terminologia humana, mas que ele mesmo não a considera com tal, já que se refere ao genro desencarnado como sendo o “esposo que está em vida transformada, mas não ausente”.

Preocupa-se, ademais, em consolar a filha que se teria convertido em viúva não fora continuar Alvicto Nogueira vivo, no Mundo Espiritual, recuperando-se do “choque natural da desencarnação de improviso.”

Ao mesmo tempo dá forças à filha que, transferida da vida monástica à vida prática, se entrega às tarefas da Doutrina Espírita; e não se esquece do filho que moureja no Exterior.

Antes de terminar a missiva referta de ensinamentos para todos nós, os reencarnados que lavramos o campo bendito do Espiritismo, Antenor assim se expressa, dirigindo-se à Dona Lélia: “Você sabe, filha, que a vida só é grande e bela, justa e rica pela alegria que se possa criar em favor dos outros.”

Segundo informações da família, o comunicante foi católico, mas simpatizante do Espiritismo. Acompanhava constantemente sua mulher, D. Nayá, espírita convicta, às sessões doutrinárias, onde era muito querido.


Conclusões:

1ª) necessidade da oração, a fim de que possamos trilhar com serenidade o caminho da vida na Terra, por vezes queimado a fogo de provação, e, de outras vezes enregelado de lágrimas;

2ª) cabe-nos viver sem mágoas, quando perseguições e dificuldades surgirem no caminho, certos de que os tutores espirituais nos protegem da vida mais alta;

3ª) não nos rendermos à ideias de desalento, ante as provações necessárias e inadiáveis;

4ª) lembrarmo-nos de que tudo se encadeia na vida, a fim de que a Bondade do Senhor nos dê aquilo de que mais carecemos;

5ª) permanecermos unidos na beneficência e no ideal de servir, conscientes quais somos de que a Seara do Bem é o ponto de nosso reencontro com o Cristo — o Eterno Benfeitor de nossas almas.


Elias Barbosa



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