sábado, 27 de fevereiro de 2021

Allan Kardec - O Livro dos Espíritos - 4ª Parte - Das esperanças e consolações - Cap. 2 - Das penas e gozos futuros - Expiação e arrependimento - Questão 1000 (Miramez)




Allan Kardec - O Livro dos Espíritos - 4ª Parte - Das esperanças e consolações - Cap. 2 - Das penas e gozos futuros


Expiação e arrependimento 


1000. Já desde esta vida poderemos ir resgatando as nossas faltas?

“Sim, reparando-as. Mas não creiais que as resgateis mediante algumas privações pueris, ou distribuindo em esmolas o que possuirdes, depois que morrerdes, quando de nada mais precisais. Deus não dá valor a um arrependimento estéril, sempre fácil e que apenas custa o esforço de bater no peito. A perda de um dedo mínimo, quando se esteja prestando um serviço, apaga mais faltas do que o silício suportado durante anos, com objetivo exclusivamente pessoal. (726.)

"Só por meio do bem se repara o mal, e a reparação nenhum mérito apresenta se não atinge o homem nem no seu orgulho, nem nos seus interesses materiais.

"De que serve, para sua justificação, que restitua, depois de morrer, os bens mal adquiridos, quando se lhe tornaram inúteis e deles tirou todo o proveito?

"De que lhe serve privar-se de alguns gozos fúteis, de algumas superfluidades, se permanece integral o dano que causou a outrem?

"De que lhe serve, finalmente, humilhar-se diante de Deus, se, perante os homens, conserva o seu orgulho?” (720–721.)


Allan Kardec



O Livro dos Espíritos comentado pelo Espírito Miramez

Questão 1000 comentada


O que chamamos de processos de despertamento espiritual, se dá em todo lugar, onde quer que seja. A vida é vida em qualquer ponto do universo de Deus; como pode ser que somente na carne se repare faltas? Como pensar que somente no corpo físico se evolui ou desperte as qualidades espirituais? Isso é um contrassenso; a nossa escola, e de todas as almas, é dentro da criação de Deus. Não podemos pensar que só na Terra recebemos lições e despertamos valores.

Estamos dentro do progresso e com ele avançamos para Deus, na programação que Ele mesmo fez. Em verdade, tudo o que ocorre conosco são processos de elevação espiritual, pelos quais todos temos de passar, para a luz dos nossos caminhos.

A natureza sabe o que fazer, sob a influência das leis de Deus. É necessário que saibamos nos conduzir diante dos nossos feitos passados que nos fizeram sofrer, não é ficando em jejum que nos iluminamos; não é nos sacrificando exteriormente que alcançamos a paz; não é ficando calados que despertaremos as condições espirituais que nos fornecem a tranquilidade da consciência... Jesus nos ensinou, com a sua própria vida, o que deveremos fazer para a devida libertação espiritual. Vejamos o que os discípulos fizeram, estudemos suas vidas e copiemos seu procedimento.

O arrependimento deve ser sincero, compreendendo que fora da caridade não há salvação. Não podemos iludir a nós mesmos, diante da vida maior, o nosso dever é refazer nossas condições espirituais, e isso deve ser constante, para chegarmos ao amor sem condições. Não é levando o corpo físico a determinarias privações que a alma se ilumina. O fanatismo torce a verdade.

Caminhamos para a felicidade que nos chega e deve chegar de todas as direções, por variados processos de educação espiritual e sabedoria dos segredos da vida, para sabermos como comportar no dia-a-dia. Só por meio do bem afastamos o mal, somente pelos canais da caridade nos livramos das prisões do mal e somente o amor nos coloca frente a frente com a nossa consciência, sem que ela nos condene.

Não é somente pelo arrependimento que nos salvamos, como muitos estudiosos bíblicos afirmam. Enquanto não dissiparmos do coração o orgulho e o egoísmo, não seremos livres das perseguições de natureza inferior. As paixões se enraízam nestes dois monstros das almas.

O combate ao mal, não aprendemos de homem nenhum e, sim, de Jesus, que vem nos acompanhando há milhões de anos com a mesma paciência de sempre e Paulo, o apóstolo, entendeu isto, tanto que diz em uma de suas epístolas:

Porque eu não o recebi, nem o aprendi de homem algum, mas mediante revelação de Jesus Cristo. (Gálatas, 1:12)

E a Doutrina Espírita, codificada por Allan Kardec, nos fala o mesmo; os mensageiros de Jesus que a ditaram nos mostram Jesus como único modelo para a humanidade ser feliz.

As nossas faltas, os nossos erros por ignorância das leis e por não termos forças para corrigi-los, devem ser corrigidos em qualquer lugar, tanto na carne como fora dela. Os sofrimentos existem em muitas dimensões.

“De que lhe serve, finalmente, humilhar-se diante de Deus, se, perante os homens, conserva o seu orgulho?”, concluem os Espíritos Superiores que responderam à pergunta em questão. Contudo, não basta ao homem cumprir exteriormente tão profunda recomendação. De que lhe valeria humilhar-se perante os homens, talvez por conveniência e mesmo interesses materiais, e ser orgulhoso ante a Paternidade Universal? Amemos a Deus em todas as coisas; aí estão incluídos o próximo e a própria criação da Majestade Divina.

 
Miramez


Filosofia Espírita - Volume XX - João Nunes Maia
Cap. 31 - Resgate das faltas




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