Maria Dolores - Livro Caminhos do Amor - Chico Xavier - Cap. 16
Segue adiante
Alma querida, às vezes te lamentas,
Vertendo pranto amargo às escondidas…
Sofres, na solidão, as horas lentas
De quem busca no arquivo das lembranças
Abrir de novo chagas esquecidas.
E padeces em vão e em vão te cansas,
Sob a angústia mortal com que te importas…
Mágoas passadas, lutas, cicatrizes,
Recordações de instantes infelizes
Nas quais te desconfortas.
Entretanto, alma boa,
Se alguém se te fez causa de amargura,
Segue à frente e perdoa…
Não te detenhas na clausura
Do pranto inútil que te desarvora.
Mesmo de coração alquebrado e sozinho
Procura compreender
Que além de cada noite no caminho
Haverá sempre um novo amanhecer.
Não tentes reaver
Os ídolos tombados sob o vento
Do desengano, erguido em sofrimento,
Que já varaste pela estrada afora.
Se a semente fugisse
De suportar a morte em seu próprio reduto,
Que seria da planta a levantar-se eleita?
E se a flor não caísse
Que seria do fruto
Destinado a manter a vida na colheita?
Se a fonte receasse
A pedreira de lâminas que a corta
E, às súbitas, parasse,
Todo campo traria sobre a face
Um charco de água morta.
Assim também, alma sempre querida,
Não te entregues à sombra e à solidão,
A fim de lastimar os desgostos da vida…
Segue adiante e verás!
Quanta gente a esperar-te o coração
Suplicando-te apoio, afeto e paz?!
Quantas almas lutando a esmolar-te esperança,
Quanta desolação, quanto lamento,
Quanta crença a tremer na insegurança,
Quanta angústia a rogar-te o alívio de um momento?!…
Alma fraterna, escuta,
Não desprezes a fé, nem desistas da luta,
Esquece-te e prossegue, ama, eleva e auxilia!…
Dor é bênção do Céu que nos conduz
A caminhar servindo, dia a dia…
Por ela encontrarás chorando de alegria
A grandeza do Amor na vitória da Luz!…
Maria Dolores
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