quinta-feira, 11 de fevereiro de 2021

Allan Kardec - O Livro dos Espíritos - 3ª Parte - Das leis morais - Cap. X - 9. Lei de liberdade - Liberdade de consciência - Questão 841 (Miramez)




Allan Kardec - O Livro dos Espíritos - 3ª Parte - Das leis morais - Cap. X - 9. Lei de liberdade


Liberdade de consciência


841. Para respeitar a liberdade de consciência, dever-se-á deixar que se propaguem doutrinas perniciosas, ou poder-se-á, sem atentar contra aquela liberdade, procurar trazer ao caminho da verdade os que se transviaram obedecendo a falsos princípios?

“Certamente que podeis e até deveis; mas ensinai, a exemplo de Jesus, servindo-vos da brandura e da persuasão e não da força, o que seria pior do que a crença daquele a quem desejaríeis convencer. Se alguma coisa se pode impor, é o bem e a fraternidade. Mas não cremos que o melhor meio de fazê-los admitidos seja obrar com violência. A convicção não se impõe.”


Allan Kardec



O Livro dos Espíritos comentado pelo Espírito Miramez

Questão 841 comentada


Nunca aconselhamos a violência, para impedir que se propaguem certas idéias. A brandura é sempre o melhor caminho. Quando falamos em energia, não queremos dizer que se deve oprimir pela força, os pensamentos e mesmo fatos que possam contaminar a massa humana. O homem que ama, a pessoa branda na sua vida, a alma honesta no seu viver com seriedade, o ser humano que procura sempre a verdade, nunca encontram dificuldades para ensinar, e quem os ouve acata seus pensamentos educativos.

Podemos respeitar as criaturas e, no entanto, divergir delas no modo pelo qual pensam e fazem, sem que a prepotência e o orgulho possam nos afetar. Ninguém é senhor de toda a verdade. A vida, com todos os ensinamentos de Deus, se divide ao infinito, para instruir as criaturas. Não fiquemos pensando que somente nós possuímos os direitos e a verdade do Senhor, por pertencermos a uma religião. Todas as religiões se modificam com o tempo e a força do progresso, bem assim os livros em que elas alicerçam seus conceitos. Tudo muda com a força do tempo; somente Deus e Suas leis são soberanamente eternos e perfeitos. Tudo o mais obedece à transitoriedade, como se vê em todos os ângulos da criação.

Quando se trata de liberdade, é certo que não devemos tolher os outros ao propagarem suas crenças, desde que elas não firam a moral da sociedade. Quando isso acontecer, essa mesma sociedade tem seus meios de defesa. Uma religião combater a outra é, pois mostra de que já se encontra fraca e tem medo de desaparecer. Se ela teme, não está com a verdade, porque a verdade não precisa de defesa dos homens.

Se se trata das coisas espirituais, como combater com a força, violentando o modo pelo qual os outros passaram a viver? Se tememos, não confiamos naquele cuja doutrina propagamos. Se todas as religiões afirmam que Deus é o Supremo Senhor de toda a vida, de toda a criação, Ele se encontra à frente de todos os acontecimentos. Quando Ele deixa algo acontecer, por que vamos querer impedir que aconteça? Andemos nas linhas do amor, que esse amor nos defenderá e fortalecerá no bem onde quer que seja.

Vejamos o que Paulo escreveu aos Romanos, no capítulo onze, versículo trinta e seis, de sua carta:

Porque dele e por meio dele e para ele são todas as coisas. A ele, pois, a glória eternamente.

Por que nós, minúsculos seres, queremos ou vamos querer impedir os pensamentos alheios aos nossos? Interferir nos sentimentos do próximo é área em que não nos é permitido penetrar. Gostaríamos que outros intervissem nas nossas idéias? Então, não façamos aos outros o que não desejamos que eles nos façam.

Se somos todos iguais, a justiça nos policia todos os segundos e registra o que fazemos, para depois recebermos o mesmo em troca. Nem mesmo o bem e a caridade que o amor puro impulsiona, devem ser impostos; estas virtudes, por si mesmas crescem, por serem abençoadas por Deus, quando criou o amor e achou bom que se irradiasse em toda a Sua criação, dividindo-se em variadas leis que sustentam e garantem a vida.


Miramez



Filosofia Espírita – Volume XVII - João Nunes Maia
Cap. 25 - Para respeitar



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