segunda-feira, 8 de fevereiro de 2021

Joanna de Ângelis - Livro Diretrizes para o Êxito - Divaldo P. Franco - Cap. 8 - Infortúnios




Joanna de Ângelis - Livro Diretrizes para o Êxito - Divaldo P. Franco - Cap. 8


Infortúnios 
 

O ser humano, enquanto reencarnado na Terra, da Vida somente possui um conhecimento limitado, o que o impede de compreender em profundidade os múltiplos acontecimentos que dizem respeito à sua existência.

Por isso, louva as alegrias e aguarda-as freneticamente, sempre ambicionando mais, em detrimento da tristeza, dos desafios, que prefere postergar, sem dar-se conta do significado das primeiras e das responsabilidades que dizem respeito aos outros.

Considera como bênção a ausência de problemas e de preocupações, transitando por caminhos repletos de flores perfumadas, sem maiores responsabilidades nem compromissos com a própria edificação. Logo lhe sucede algo diferente, que o predispõe a reflexões mais profundas, e considera que se encontra no pórtico das aflições, que preferiria não vivenciar.

Quando se depara com dificuldades na execução de qualquer plano ou realização de algum programa existencial ou iluminativo, tem a impressão de que os bons fados o abandonaram, deixando-o à própria sorte.

Não poucas vezes, nessa situação, desespera-se e blasfema, entregando-se à revolta ou ao desânimo como se todas as suas aspirações desaparecessem ante a falsa ameaça de que se sente vítima.

Enquanto amealha valores amoedados, coleta situações vantajosas, reúne títulos de diferentes espécies, experimenta prazeres variados, considera que a deusa Fortuna lhe sorri e lhe abençoa, prodigalizando-lhe benesses que em realidade ainda não fez por merecer.

O bem é sempre uma concessão do Amor Inefável, ensejando recursos para o crescimento interior e estímulos para serem alcançados novos patamares de elevação espiritual.

Toda ascensão exige esforço e, muitas vezes, verdadeiros sacrifícios, mediante os quais o indivíduo se auto-aprimora, adquirindo experiências valiosas para futuros tentames de crescimento.

Ninguém jornadeia no mundo somente fruindo facilidades, porque o desenvolvimento de todas as engrenagens que constituem a vida orgânica, emocional, psíquica e moral faz-se através de adaptações, de renovações, de injunções diferentes. É natural que produzam dores e ansiedades, incertezas e limitações, contribuindo para que sejam alcançados estágios sempre mais elevados.

Quem receia as lutas, temendo enfrentá-las, já se encontra com menores possibilidades de triunfo.

A coragem e a altivez diante das dificuldades que são naturais em todo comportamento, constituem recurso imprescindível para a conquista da láurea da vitória.

Quanto mais lúcida a mente e fortalecido o Espírito, melhores possibilidades existem para os enfrentamentos e para as conquistas almejadas.

Os infortúnios, normalmente detestados, são ensejos reeducativos a serviço da Vida, abençoando os aprendizes negligentes e perturbados.

As mortes prematuras de seres amados, por exemplo, não têm caráter punitivo, como invariavelmente se pensa, antes significam prêmio aos que desencarnam e que se desincumbiram dos compromissos, merecendo o direito à liberdade do cárcere carnal. Naturalmente que a ausência física junto aos afetos da retaguarda produz dor e saudade nesses, no entanto, a compreensão de que ora eles estão felizes e próximos, dependendo somente de cada qual sintonizá-los mentalmente, diminui essas emoções aflitivas e amplia o afeto que prossegue ao lado da certeza do próximo reencontro duradouro e ditoso.

As denominadas desgraças econômicas, mediante as quais as criaturas se vêem a braços com carências de diversas ordens, representam convite a outro tipo de experiência, após a abastança, pela qual aprende-se a valorizar tudo quanto está ao alcance das mãos e do coração. Não apenas na abundância, no excesso pernicioso, é possível transitar com facilidade. Necessário é, não poucas vezes, o exercício da escassez, para melhor poder-se administrar a abastança. Muitos ricos desperdiçam em luxo e excesso, profusão e indiferença, o que poderia ser encaminhado para salvar outras vidas que estertoram na carência quase absoluta .

As conhecidas aflições decorrentes de enfermidades e de solidão, de traições e de desprezos, se bem consideradas convertem-se em bênçãos de irrecusável poder no processo de desprendimento e de espiritualização do ser humano.

Infortúnios, desgraças, aflições reais são aquelas que se propiciam ao próximo, quando, dominados pelos interesses mesquinhos e egoicos, as criaturas constroem a sua felicidade sobre os escombros daquela que pertencia aos outros, agora em desvalimento e dor.

Toda vez que alguém prejudica a outrem, consciente ou inconscientemente, está sendo instrumento de infortúnio para si mesmo, porquanto, se aquele que lhe sofre a injunção penosa souber retirar da situação o melhor proveito, crescerá interiormente, enquanto o seu causador se sobrecarregará com a culpa e o remorso futuro da ação inditosa praticada, buscando ensejo de refazimento, a fim de conseguir a paz.

O infortunado é sempre aquele que infelicita, que se desforça, que fere, que se compraz com o alheio sofrimento.

Por isso, o número de infortúnios ocultos é sempre muito grande, já que não podendo ser exteriorizados, tornam-se expurgadouros necessários à eliminação do mal que permanece naqueles que o experimentam.

Eis por que o bem e sua ação constituem o melhor e mais valioso recurso para uma existência feliz.

Adquire-se consciência de paz, quando se podem enfrentar os desafios com equilíbrio e confiança no futuro, transformando dissabores e amarguras em serenidade e paz interior, porquanto o discernimento das responsabilidades elucida que é sempre muito mais feliz quem resgata do que aquele que se compromete.

Sem que te tornes masoquista ou piegas, optando pela situação de sofredor ou de infeliz, o que denota desequilíbrio, senão transtorno de comportamento psicológico, bendize os convites que te chegam em forma de infortúnios convencionais, nunca, porém, tornando-te causa de desdita para quem quer que seja.

O caminho da elevação é feito de sinuosas ascendentes e descendentes, facultando a grande inclinada que leva ao topo através da linha que alcance cumes e baixadas, que caracterizam as experiências vitoriosas e as de treinamento.

Mantém-te saudável espiritualmente em todas as situações do trânsito carnal, cultivando a alegria sem receio das reflexões educativas que os denominados infortúnios proporcionam a todos os seres humanos.


Joanna de Ângelis








Nenhum comentário:

Postar um comentário