quinta-feira, 11 de fevereiro de 2021

Léon Denis - Livro O Grande Enigma - 1ª Parte - Deus e o Universo - Cap. VI - As Leis Universais




Léon Denis - Livro O Grande Enigma - 1ª Parte - Deus e o Universo - Cap. VI


As Leis Universais 


Tudo nos fala de Deus, o visível e o invisível. A inteligência o discerne; a razão e a inteligência o proclamam. 

Mas o homem não é somente razão e consciência: é também amor. O que caracteriza o ser humano, acima de tudo, é o sentimento, é o coração. O sentimento é privilégio da Alma; por ele a Alma se liga ao que é bom belo e grande, a tudo que merece sua confiança e pode ser sustentáculo na dúvida, consolação na desgraça. Ora, todos esses modos de sentir e de conceber nos revelam igualmente Deus, porque a bondade, a beleza e a verdade só se acham no ser humano em estado  parcial, limitado, incompleto. A bondade, a beleza e a verdade só podem existir sob a condição de encontrar seu princípio, plenitude e origem em um ser que as possua no estado superior, no estado infinito

A ideia de Deus impõe­-se por todas as faculdades do nosso Espírito, ao  mesmo tempo em que fala aos nossos olhos por todos os esplendores do Universo. A Inteligência suprema se revela a causa eterna, na qual todos os seres vêm haurir a força, a luz e a vida. Aí está o Espírito Divino, o Espírito Potente, que se venera sob  tantas denominações; mas, sob todos esses nomes, é sempre o centro, a lei viva, a razão pela quais os seres e os mundos se sentem viver, se conhecem, se renovam e elevam. 

Deus nos fala por todas as vozes do Infinito. E fala não em uma Bíblia escrita há séculos, mas em uma bíblia que se escreve todos os dias, com esses característicos majestosos, que se chamam oceanos, montanhas e astros do céu; por  todas as harmonias, doces e graves, que sobem do imo da Terra ou  descem dos espaços etéreos. Fala ainda no santuário do ser, nas horas de silêncio e de meditação. Quando os ruídos discordantes da vida material se calam, então a voz interior, a grande voz desperta e se faz ouvir. Essa voz sai da profundeza da consciência e nos fala dos deveres, do progresso, da ascensão da criatura. Há em nós uma espécie de retiro íntimo, uma fonte profunda de onde podem jorrar ondas de vida, de amor, de virtude, de luz. Ali se manifesta esse reflexo, esse gérmen divino, escondido em toda Alma humana.

Por isso a Alma humana se constitui o mais belo testemunho que se eleva em favor da existência de Deus; é uma irradiação da Alma Divina. Contém, em estado de embrião, todas as potências, e seu papel, seu destino consiste em valorizá-las no curso de inúmeras existências, em suas transmigrações através dos tempos e dos mundos.

O ser humano, dotado de razão, é responsável, é suscetível de se conhecer e tem o dever de se governar. Como disse João Evangelista: “A razão humana é essa verdadeira luz que esclarece todo homem que vem ao mundo.” (João, 1:9). A razão humana, dissemos, é uma centelha da Razão Divina.

É subindo à sua origem, é comunicando com a Razão Absoluta, Eterna, que a Alma humana descobre a Verdade e compreende a Ordem e a Lei universais. Assim, direi a todos: Homens, filhos da luz, ó meus irmãos! Lembremo-nos da nossa origem; lembremo-nos do fim, durante a viagem da vida! Desprendamo-nos das coisas que passam! Liguemo-nos às que permanecem!

Não há dois princípios no mundo: o Bem e o Mal. O Mal é efeito de contraste, qual a noite o é do dia. Não tem existência própria. O Mal é o estado de inferioridade e de ignorância do ser em caminho de evolução. Os primeiros degraus da escada imensa representam o que se chama o mal; mas, à medida que o ser se eleva, realiza o bem em si e em torno de si; o mal vai atenuando-se, e depois se desvanece. O mal é a ausência do bem. Se parece dominar ainda em nosso planeta, é porque este é um dos primeiros anéis da cadeia, morada de Almas elementares que estreiam na rude senda do conhecimento, ou, então, de Almas culpadas, em rumo de reparação. Nos mundos mais adiantados, o Bem se expande e, de grau em grau, acaba reinando sem partilha.

O Bem é indefinível por si mesmo. Defini-lo seria minorá-lo. É preciso considerá-lo, não em sua natureza, mas em suas manifestações.


Léon Denis




(Parcial, pág 40/42)


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