Chico Xavier - Livro Chico Xavier, à Sombra do Abacateiro - Emmanuel / Chico Xavier - Carlos A. Baccelli - Pág. 15
11 de abril de 1981
Estávamos todos reunidos sob a copa amiga do abacateiro, na tarde de 11 de abril.
A paisagem, em torno, é um tanto agreste.
O local do culto evangélico ao ar livre fica perto do Aeroporto. De quando em vez, possantes aeroplanos fazem manobras, alguns chegando, outros partindo.
Antes da reunião fomos apresentados a duas simpáticas norte-americanas, mãe e filha que, estando no Brasil, aproveitaram para ver Chico Xavier, o maior ‘paranormal’ do mundo.
Sim, ele, Chico, e o alvo de todas as atenções e é aguardado como a presença da própria paz.
O Sr. Weaker toma as iniciativas derradeiras, observando se tudo está em ordem.
De repente alguém exclama. "O Chico está chegando!"
Todos nos voltamos para a cerca de entrada e o aplauso se faz espontâneo. E maneira do coração manifestar sua alegria a quem tem proporcionado alegria a incontáveis corações.
Chico agradece e meneia negativamente a cabeça...
Recordamos de que no dia 2 daquele mês ele completara 71 anos de abençoada existência física. Naquela semana, como sempre ocorre às vésperas de seu natalício, ele não atendera, fugindo às inevitáveis homenagens.
Agora, o culto vai começar.
Chico escolhe a lição que servirá de tema para à tarde. Observando o bem, vejo-o movimentar discretamente os lábios. Para muitos, monologa; mas, para nós, já habituados ao fato, ele dialoga com os Espíritos...
O Prof. Thomaz é convidado à prece inicial.
O "Evangelho" oferta-nos à meditação o Cap. V - "Bem-aventurados os aflitos", no item "O suicídio e a loucura"
Certa vez, o Chico explicou-nos que o tema escolhido obedece, por indicação dos Espíritos, à medida das necessidades dos presentes à reunião.
Após ele ter feito a leitura, embora com a voz um pouco baixa mas que tem melhorado com as aplicações da acupuntura, o sr. Weaker começa a convidar alguns amigos ao exame do texto lido.
O Doutor Caio Ramacciotti, filho do nosso inesquecível companheiro Rolando de São Bernardo do Campo, lembra Alphonsus Guimaraens, em mensagem, quando considera que "a dor talha a perfeição".
Usando também da palavra, lembramos que a missão precípua do Espiritismo é combater o materialismo.
D. Zilda Rosin, também ali conosco, enfocou o assunto pelo prisma da obsessão, ressaltando o valor da vida.
Agora, a palavra é concedida à D. Altiva Noronha, nossa confreira, de Uberaba, que se refere à data natalícia do Chico. Comovidamente, agradece em nome de todas as mães, as bênçãos nascidas das mãos de Chico Xavier pelo consolo, pela esperança...
Chico desconcertou-se, mas todos estávamos felizes por D. Altiva ter tido a "coragem" de, à queima-roupa, endereçar-lhe palavras tão bem colocadas e, sobretudo, tão justas.
Depois que alguns mais usaram a palavra, inclusive D. Aurora, uma simpática espanhola de cabelos brancos, e
Márcia, minha esposa, Chico pede para falar.
Fala, agradecendo a bondade de todos. "As palavras de nossa irmã D. Altiva — disse, comovido — valem como um convite para que eu venha a ser aquilo que preciso ser."
E prossegue: "Sei que devo trabalhar... Há mais de cem anos, Allan Kardec ajudou-nos a superar os problemas humanos..."
Exaltando o valor da Doutrina Espírita ponderou que, quase todos nós, diariamente, sofremos pequenos traumatismos, e que, somados, no fim da semana representam uma carga muito grande, exigindo que "a pessoa tem que mostrar não apenas estrutura, mas também infraestrutura".
Com os olhos fitos no Alto, Chico continua: "A infraestrutura é a confiança em Deus. Devermos ter o nosso íntimo iluminado pelo Poder Supremo que nos governa. Precisamos criar o fator esperança, ter paciência; a paciência que descobre caminhos, sem alarde, para ajudar os outros e a nós mesmos..."
Todos estávamos embevecidos com a sua dissertação que, segundo sua própria expressão, reflete o pensamento de Emmanuel.
Criar o fator esperança!...
Sim, a esperança é uma força, um fator de vitória...
Chico fornecera-nos excelente material para a meditação. Suas palavras, carregadas de magnetismo, atingiam-nos os corações pelos caminhos da razão.
Terminando, ele agradece uma vez mais a lembrança de D. Altiva: O nosso aniversário não tem importância nenhuma. Esta data já ficou qual estranha.
E, num gesto característico seu, que é levar a mão à boca, sorriu qual uma criança feliz.
Carlos A. Baccelli
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