sexta-feira, 29 de janeiro de 2021

Joanna de Ângelis - Livro Ilumina-te - Divaldo P. Franco - Cap. 3 - Em busca da iluminação




Joanna de Ângelis - Livro Ilumina-te - Divaldo P. Franco - Cap. 3


Em busca da iluminação


No cristianismo primitivo, a fé representava o elo de perfeita identificação da criatura renovada com Jesus.

A fim de confirma-lo, ninguém se escusava ao martírio, sendo que, em algumas circunstâncias, buscavam-no jubilosamente.

A coroa do holocausto constituía honra não merecida, graças à qual não havia recusa à fidelidade nem recuo na direção da apostasia.

Os casos que ocorriam, muito raros, aliás, representavam, na variedade dos caracteres que distinguem as criaturas humanas, e aos crentes que ainda não convencidos da alta magnitude da conversão, o direito de preservar o corpo, fugindo ao testemunho então exigido...

O que impressiona, ao recordar-se daqueles mártires, é a coragem defluente da aceitação do Mestre, muitas vezes aos primeiros contatos com a fé libertadora, e sem muito tempo que houvesse sido dedicado à reflexão.

É como se aguardassem a Sua mensagem que, ao ser percebida, diluía toda a sombra da ignorância facultando o entendimento real do significado da existência terrestre.

Ouvindo a palavra de consolo e as expectativas a respeito do Reino de Deus, os corações renovavam-se, e a vida, antes destituída de valor, adquiria um sentido surpreendente, arrebatando o espírito e renovando-o.

À semelhança de prisioneiros no corpo físico, ao tomarem conhecimento do Evangelho, rompiam-se-lhes os ergástulos vigorosos ante as poderosas lições do pensamento de Jesus.

O martírio era recebido com hinos de louvor e júbilos, mesmo que a debilidade emocional, às vezes gerasse pavor e lágrimas, no abismo a que eram atiradas as vítimas da crueldade.

O momento do sacrifício era encarado como o instante em que se aureolavam de tudo quanto os sentimentos nobres aguardavam, felicitando-os.

Ante essa desconhecida energia que vitalizava os mártires, os seus algozes mais se enfureciam, aplicando mais terríveis azorragues e punições que, de forma alguma, aquebrantavam-lhes o ânimo.

Pelo contrário, quanto mais açoites e ondas de ódio, mas resignação e misericórdia mantinham em relação aos sicários implacáveis. Essa reação de amor os desequilibrava, porque eles aguardavam a presença do ódio a que estavam acostumados nas refregas da inferioridade moral a que se entregavam.

Jesus, desde quando passava a ser conhecido, mudava-lhes completamente os conceitos existenciais e o sentido psicológico em torno da vida.

A aspiração pela independência ao corpo, a fim de ser fruída a liberdade total, fascinava-os e os conduzia aos piores tipos de execução com o rosto iluminado pela esperança de plenitude.

Deixavam-se entranhar pelas sublimes lições de amor ensinadas pelo Amigo Sublime e experimentavam o suave e doce encantamento da paz que passavam a sentir, adornando-se da alegria imortalista.     

Jesus conquistava-os plenamente, e eles deixavam-se conduzir em totalidade pelo enlevo e encantamento da Sua mensagem.

Quanto mais severas as punições injustas, mais deslumbramento e mais dedicação daqueles que se Lhe afeiçoavam.

Foi esse estoicismo invulgar, dantes e depois jamais igualado, que inscreveu nas páginas da história a Presença Insofismável e Inapagável de Jesus.

Com a adesão da fé cristã à política infeliz do império romano e com a formulação engessadora nos dogmas, a fé deixou de arder nos corações e de iluminar as mentes, para transformar-se a crença em entidade terrena poderosa, na qual o poder tornava-se essencial em detrimento do amor sublime que a caracterizava.

Mediante a alteração dos objetivos, a troca do Reino dos céus pelas ilusões e glórias mentirosas de César no mundo, o combustível poderoso da fé escasseou e a convicção cedeu lugar às conveniências humanas.

Salvadas algumas exceções, que foram os mártires de todos os tempos, os discípulos de Jesus, na atualidade, pouco diferem daqueles que O não aceitam.

As perseguições, antes sofridas, passaram a ser infligidas por eles próprios aos outros, que se lhes opunham, ante a fascinação das conquistas e louvaminhas humanas. A vida espiritual cedeu lugar ao luxo e à prepotência, à dominação e à arbitrariedade.

Quando a fé esmaeceu quase totalmente ante os camartelos da ciência que a tem desprezado, perante o comportamento dos que se diziam discípulos de Jesus, então escassos servidores fiéis e abnegados, o vazio existencial tomou conta da sociedade, gerando desequilíbrios e alucinações.

Nesse comenos de dor e de amargura, o Consolador chegou à Terra e reacendeu a chama da verdade, arrancando-a dos dogmas ultramontanos e reativando a pulcritude dos ensinamentos incomparáveis do Mártir do Gólgota...

Novos cometimentos de amor passaram a surgir nos grupos sociais convidados à reflexão pelos Espíritos abnegados que voltaram ao mundo como estrelas apontando rumos e convidando à caridade consoladora, que agora passa a despertar o interesse dos novos discípulos do Evangelho.

Nada obstante, ante a implacável força do materialismo e do utilitarismo, a debandada de inúmeros servidores da Terceira Revelação, atirando-se às multidões do prazer e do gozar, é lamentável e devastadora ocorrência não esperada.

Por mais sejam demonstradas as faces nobres da imortalidade do espírito, mais conveniências sociais e as vaidades humanas dominam aqueles que se deveriam dedicar à renovação e ao trabalho de construção de um mundo feliz.

Ninguém deseja qualquer testemunho nos dias atuais e ante a dor natural, o sofrimento de qualquer natureza, de imediato deseja-se a solução mágica, a golpe de interferência do sobrenatural, gerando uma comunidade que seria privilegiada e diferente.

Não se deseja nenhuma dor, no entanto, devedora como é a criatura humana, ela prefere transferi-la para além da morte ou para futuros renascimentos, como se fosse possível evitar-se o processo de evolução por comodidade.

Qualquer afeição ao sacrifício e à renúncia dos bens terrenos, em favor da autoiluminação indispensável à harmonia é rotulada de masoquismo ou de fuga psicológica da realidade.

Escasseiam os esforços em favor da libertação dos vícios e das paixões soezes que vem perturbando o processo de elevação, desde há muito facultando condutas totalmente opostas aos objetivos da reencarnação.

A Doutrina Espírita, entretanto, ensina que os lances de provas e angústias fazem parte do mecanismo de reabilitação e de desenvolvimento intelecto-moral na busca da libertação total.

A dor é, ainda, o abençoado recurso de despertamento do ser humano que, meditando, encontra o melhor método para a vitória sobre as paixões do ego.

Não te permitas confundir, quando convidado ao testemunho, ou lamentar a existência, diante dos sofrimentos inevitáveis.

Indispensável a luta interior pela tua transformação moral para melhor.

Resgatando hoje, o amanhã te surgirá pleno de bênçãos, e, desde agora, experimentarás especial energia de paz, encorajando-te ao prosseguimento.

Robustece-te na fé ante a dor com a irrestrita confiança em Deus, tomando Jesus como o Caminho para Ele e não temas nunca !

Quando suceder a chegada do teu momento de sofrer, alegra-te e avança em paz.

Assim agindo, já estás com a alma iluminada pela sublime claridade do amor de Jesus.

 
Joanna de Ângelis







Fonte: Ilumina-te

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