Ninguém é inútil
“… e aquele que a si mesmo se humilhar será exaltado.” — JESUS (Lucas, 14.11)
“Será o maior no Reino dos Céus aquele que se humilhar e se fizer pequeno como uma criança, isto é, que nenhuma pretensão alimentar à superioridade ou à infalibilidade.” — (Cap. VII, 6)
Não aguardes aparente grandeza para ser útil.
Missão quer dizer incumbência. E ninguém existe aos ventos do acaso.
Buscando entender os mandatos de trabalho que nos competem, estudemos, de leve, algumas lições de cousas da natureza.
A usina poderosa ilumina qualquer lugar, à longa distância, contudo, para isso, não age por si só. Usa transformadores de um circuito a outro, alterando, em geral, a tensão e a intensidade da corrente. Os transformadores requisitam fios de condução. Os fios recorrem à tomada de força. Isso, porém, ainda não resolve. Para que a luz se faça, é indispensável a presença da lâmpada, que se forma de componentes diversos.
O rio, de muito longe, fornece água limpa à atividade caseira, mas não se projeta, desordenado, a serviço das criaturas. Cede os próprios recursos à rede de encanamento. A rede pede tubos de formação variada. Os tubos exigem a torneira de controle. Isso, porém, ainda não é tudo. Para que o líquido se mostre purificado, requere-se o concurso do filtro.
O avião transporta o homem, de um lado para o outro da Terra, mas não é um gigante auto-suficiente. A fim de elevar-se precisa combustível. O combustível solicita motores que o aproveitem. Os motores reclamam os elementos de que se constituem. Isso, porém, ainda não chega. Para que a máquina voadora satisfaça aos próprios fins, é indispensável se lhe construa adequado campo de pouso.
No dicionário das leis divinas, as nossas tarefas têm o sinônimo de dever.
Atendamos à obrigação para que fomos chamados no clima do bem.
Não te digas inútil, nem te asseveres incompetente.
Para cumprir a missão que nos cabe, não são necessários um cargo diretivo, uma tribuna brilhante, um nome preclaro ou uma fortuna de milhões. Basta estimemos a disciplina no lugar que nos é próprio, com o prazer de servir.
Emmanuel
(Reformador, setembro 1962, p. 208)
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