Eurípedes Barsanulfo - Livro Terapêutica de Emergência - Espíritos Diversos / Divaldo P. Franco - Cap. 28
Exercício consciente da mediunidade
A palpitante questão da mediunidade e seu exercício consciente continua merecendo apontamentos e estudos que auxiliem o servidor honesto no ministério do bem a que se dedica.
Libertada das conotações deprimentes a que pretenderam ata-la, no passado, a intolerância religiosa e o preconceito científico, a pouco e pouco se vão firmando os seus valores, passando a merecer inestimável respeito cultural.
Não obstante, ainda teimam algumas áreas do conhecimento em arregimentar opiniões destituídas de fundamento, mediante as quais pretendem nega-la, situando os fatos observados na faixa das alucinações psicológicas, do inconsciente individual ou coletivo, ou dos modernos agentes, theta, em vãs arremetidas para destruir ou obscurecer os fatores causais do fenômeno, que são os Espíritos imortais.
Sob outro aspecto, em face da evidência das comunicações, que se multiplicam generosamente e em abundância, grupos decididos militantes informam que estatísticas por eles bem elaboradas demonstram que somente ínfima percentagem atesta a procedência legítima dos Espíritos desencarnados, ainda passível de meticulosas observações e exames, nos fenômenos, sendo a quase totalidade uma decorrência anímica, quando se tratando de pessoas honestas, e, em última análise, fraudes verdadeiras, quiçá, inconscientes.
Novas correntes de meticulosos experimentadores pretendem concluir que o intercâmbio genérico com os padecentes da Espiritualidade inferior dever ser compreendido como fenômeno de autocomunicação, em que são agentes os próprios médiuns, que retirariam da memória do inconsciente profundo as reminiscências das reencarnações transatas, cujos componentes os tornam atônitos, neuróticos, perturbados, em alienações diversas.
Propõem-se outros investigadores a transferir o inconsciente de expressivo número de alienados para os sensitivos, que os captam, entrando no registro das aflições desses pacientes, que passariam a dialogar com as suas personalidades atormentadas, liberando-se, desse modo, dos fatores alienantes, sem se darem conta da ingerência de Entidades desencarnadas, em tais processos, comprazendo-se em produzir mais sutis e graves aflições...
Recorre-se à nomenclatura moderna, cada vez mais para fugir-se à denominação kardequiana, sem, no entanto, conseguir-se anular a causa espiritual, mediante a qual são servidas as lições do Cristo, atualizadas, a ética moral de comportamento e a salutar filosofia existencial, que propiciam a felicidade ao homem.
No pretérito, nos dias da metapsíquica, os eminentes pesquisadores criavam, após cada experiência, uma hipótese nova, evitando a teoria espírita que, na investigação futura, refundia diante dos resultados, então, obtidos que anulavam a arquitetada e audaciosa concepção anterior.
Porque os eminentes investigadores se negavam a aceitar a sobrevivência da alma, embora a sempre crescente evidência e documentação probatória, o tempo fez unir os alicerces das conceituações aventadas, e a doutrina metapsíquica tombou no olvido.
Há pouco, quando do surgimento da parapsicologia, novas técnicas de exame foram elaboradas, mais severos critérios tem sido estabelecidos, mais exigentes cálculos são buscados, estatísticas rigorosas são consideradas na razão direta em que a mediunidade, resistindo a tudo e a todos, reafirma a sobrevivência da vida à morte do corpo, conclamando o homem à religião do amor e do perdão para uma excelente vivência da caridade...
...E quando o Sol da Imortalidade começa a dissipar as sombras dominantes, irisando de alegrias e esperanças mentes indagadoras, os mais renitentes propõem outros métodos, através de mais recentes disciplinas como a psicobiofísica, a psicotrônica, repetindo os processos e passos já percorridos em mais caprichosos e sofisticados mecanismos de apreciação e pesquisa.
São credores de consideração e respeito todos os esforços honestos que levam o homem a buscar a verdade. Imprescindível, no entanto, que o autêntico estudioso não se encontre armado de idéias e opiniões preconcebidas, submetendo os resultados e comprovações ao seu crivo, antes colocando suas concepções diante dos fatos arrolados, com a coragem de abandona-las, quando necessário, aceitando os resultados já obtidos.
Antigos metapsiquistas, modernos parapsicólogos chegaram ao pórtico da vida triunfante e impediram-se atravessa-lo, para que pudessem declarar, com ênfase e coragem que a vida triunfa da morte. Não o fizeram, porque aferrados a ultrapassado e injustificável preconceito, que é adversário da atitude científica. No entanto, não sendo invulneráveis à morte, vadearam o rio da desencarnação, e, defrontando a sobrevivência, pretenderam trazer aos pósteros tal afirmação, sem se darem conta de que já não há ouvidos para eles, quanto eles se negaram aos que os precederam no mesmo empreendimento.
São inegáveis, no fenômeno mediúnico, as interferências da mente do médium, quanto são inevitáveis ao virtuose a harmonia ou as deficiências do instrumento musical de que se utiliza.
O fenômeno puro, total, cristalino, é tão impossível quanto o raio de sol liberar-se da tonalidade que esta lhe empresta, ao ser transpassada pela luz...
Mediunidade é instrumento, é meio de que se utilizam os agentes espirituais para confirmar o prosseguimento da realidade, após o túmulo.
Por ela transitam as informações da vida, no ministério da edificação de vidas.
Urge, que os sinceros discípulos do Evangelho se dediquem com afã à mediunidade socorrista, estabelecendo felizes ligações com o mundo espiritual, atendendo aos deveres da solidariedade humana e da caridade, sem se preocuparem com outra coisa que não seja servir, amar e passar adiante, como servidor consciente das suas responsabilidades que, pondo as mãos na charrua, não olha para trás.
Cada minuto é valiosa concessão para a edificação do Reino de Deus nas mentes e nos corações. Se, todavia, o ácido da crítica ou a borra da zombaria, a mordacidade venenosa ou a dúvida sistemática chegar-lhe às portas da alma, ameaçando-lhe a estabilidade íntima, recorde-se o sincero trabalhador da mediunidade que, mesmo Jesus, quando ressuscitado, não mereceu crédito de alguns companheiros que O amavam, por não aceitarem a informação mediúnica daquela que O vira e com Ele conversara, sendo necessário testemunha-lo, Ele próprio, convidando o incrédulo a que O tocasse, e invitando outros a que verificassem ser Ele...
Os que se demorarem na incredulidade, comprovarão, oportunamente, por si mesmos, quando sobre eles baixar a cortina da morte e dealbar o dia novo.
Enquanto isso, que o exercício consciente da mediunidade espírita e cristã continue, na Terra, fazendo o bem com uma mão sem que a outra tome conhecimento, nestes dias tumultuados e aflitos que se vivem, prenunciando a hora ditosa da paz com Jesus.
Eurípedes Barsanulfo
Nenhum comentário:
Postar um comentário