sexta-feira, 29 de janeiro de 2021

Manoel Philomeno de Miranda - Livro No Rumo do Mundo de Regeneração - Divaldo P. Franco - Cap. 5 - Esclarecimentos oportunos




Manoel Philomeno de Miranda - Livro No Rumo do Mundo de Regeneração - Divaldo P. Franco - Cap. 5


Esclarecimentos oportunos  


Pessoalmente já conhecia a Comunidade Espírita que ora  nos servia de refúgio e encantamento.  

Tivera oportunidade várias vezes de a visitar e mesmo  cooperar no seu programa de caridade fraternal, através da sua  médium dedicada, a irmã Malvina, que era o instrumento por cujo  meio fora erguida, com objetivos graves desde o século passado, há  mais de cinquenta anos, uma organização de contínua comunhão  espiritual.  

Trabalhadora fiel do franciscanismo leigo, vinculara-se à tarefa  de criar congregações espirituais nos tempos modernos em  homenagem ao angélico santo de Assis.  

Reencarnando-se quase sempre na feminilidade, deveria, desta  vez, servir à Seara de Jesus com testemunhos severos e  redentores.  

No século XVIII, fora uma literata francesa brilhante, que muito  contribuiu para a conquista dos ideais humanos, e apaixonada pela  revolução. Consorciada com o duque X, ao sair da Catedral de  Notre-Dame, após assistir à missa matinal, viu o esposo traído subir  ao tablado onde estava erguida a guilhotina e, de imediato, ser  decapitado.  

Pareceu-lhe um tremendo pesadelo, e, não suportando o golpe  cruel do destino, correu em desespero, sendo acoimada pela turba de miseráveis agressivos, em fuga alucinada, atirou-se às águas do  Rio Sena, do alto da Ponte Marie...  

Era o dia 4 de abril de 1792...  

Após longo sofrimento no Mais-além, onde não encontrou o seu  amado, reencarnou-se com alguns problemas orgânicos e  expressiva mediunidade de efeitos físicos, que deslumbrava os  investigadores e convidados especiais para as reuniões  fenomênicas.  

Eram aqueles os dias da Codificação Kardequiana, que não lhe  mereceu qualquer consideração, inclusive sempre combatendo a  reencarnação.  

A sua foi uma existência relativamente breve, havendo retornado  à Erraticidade aos 45 anos de idade, vitimada por enfermidade  cruel...  

De volta à Pátria espiritual e tendo-se em vista conquistas  evangélicas que lhe exornavam o Espírito, renasceu em lar humilde  com altas responsabilidades, a serviço do bem através do exercício  da mediunidade com Jesus.  

No Além-túmulo, a Doutrina Espírita fascinou-a, e lamentou não  haver podido vivenciá-la quando médium portadora de peregrinas  faculdades.  

Interessou-se de tal modo, que realizou cursos e terapias  magnéticas para a empresa que deveria desenvolver na atualidade,  sob algumas consequências do autocídio, mediante a saúde  oscilante.  

Por haver pertencido à Ordem das Clarissas, no século XII, ainda  no período da iluminada existência da fundadora, sob cuja bondade  viveu no monastério, foi escolhida para trabalhar na construção de  uma nova Úmbria, onde o amor aos infelizes, aos desamparados, às criancinhas abandonadas fosse a tônica, o objetivo básico da sua  existência, ao lado, bem se depreende, da divulgação do  Espiritismo.  

Deveria reencontrar inimigos políticos poderosos do pretérito,  que a crucificariam em difamações e suspeitas perversas, assim  como adversários da fé religiosa que tentariam esmagá-la com  aflições de largo porte.  

De igual maneira, o Poverello da Úmbria dar-lhe-ia assistência  pessoal, a fim de que lograsse êxito na sua jornada redentora.  

A sua existência transcorria, pois, sob as bênçãos redentoras  dos sofrimentos íntimos e mediante o trabalho intenso na  mediunidade, tornando-se exemplo de fé e abnegação.  

Nos dias em que iniciávamos os novos compromissos,  encontramo-la debilitada e enferma, com doloroso diagnóstico de  reumatismo infeccioso que lhe causava dores contínuas e  debilitantes.  

Concomitantemente, tendo-se em vista a psicosfera do planeta,  era perseguida por Espíritos odientos que intentavam obstaculizar-lhe os labores de santificação.  

Passava horas sob o acúleo de dores acerbas e também padecia  a interferência malsã dos adversários do bem.  

A todos, amigos e participantes da Comunidade, causava  espanto vê-la sofrer, e, claro, nem todos os comentários eram  edificantes, como sempre ocorre em situações de tal natureza. No  entanto, resignada e otimista, mantinha-se fiel ao trabalho, sempre  estimulando todos sem queixas e explicando serem dívidas que lhe  pesavam na consciência e necessitavam de liberação.  

Com a nossa estada, havia-se organizado um programa de  socorro espiritual para amenizar-lhe os testemunhos e participar da imensa revolução espiritual, que se encontrava no clímax.  

Desde o mês de abril de 2004, Entidades desencarnadas,  adversárias do Cristo, declararam guerra ao Seu nome, ameaçando  retirá-lO do calendário humano.  

Uma campanha infeliz, muito bem organizada, fora deflagrada, e  os espíritas, por serem os cristãos modernos através do Consolador  que Jesus prometera e se encontrava na Terra, seriam ferozmente  combatidos; ao passo que governos com filosofias materialistas  levantar-se-iam com os povos avassalados pela depravação para  vulgarizá-lO e levá-lO aos palcos do ridículo e da zombaria de  baixos níveis morais e sociais.  

Afirmavam que seria uma guerra sem quartel nem misericórdia, e  todos vimos, de um para outro momento, a figura histórica e  humana de Jesus e dos Seus serem levadas ao desdém e  rebaixamento bem típico dos Seus antagonistas.  

Em nome da liberdade de opinião, desencadeou-se uma  perseguição incomum ao Cristianismo, por ser o oponente à  devassidão e à destruição da família, corrupção da juventude e  vandalismo de natureza ético-moral.  

Assim sendo, foi assinalada uma reunião na sala mediúnica, na  qual o irmão Gracindo, a nossa querida irmã e nosso grupo  estaríamos laborando em favor da paz e da implantação do  Evangelho nos corações.  

No momento aprazado, reunimo-nos o grupo e os convidados  sob a direção do administrador da Comunidade para a tarefa  especial.  

Havia um grande recolhimento interior quando, após a leitura de  O Evangelho segundo o Espiritismo e a oração de abertura, foi  trazido por devotados assistentes espirituais um indigitado ser deformado que tomou a organização mediúnica de nossa Malvina, e  depois de esbravejar, interrogou, agressivo:  

– Que desejam de mim? Não admito comportamento de tal  natureza, mesmo porque os senhores não me interessam. Ela, sim.  Não a queremos morta, pois que seria uma irrisão, porém, viva e  infeliz, esmagada pelas deformidades do corpo e por nós atenazada  na mente e na emoção.  

O mentor, sério e grave, redarguiu com voz serena:  

– Tratamo-lo conforme as circunstâncias em que nos  encontramos. Temos acompanhado a sua técnica vingativa e  aguardávamos a oportunidade que hoje fruímos para demonstrar-lhe que a sua e a dos amigos é somente a força da brutalidade.  Enquanto a vergastam, intoxicando-a com os fluidos venenosos de  que são portadores, a vítima se eleva a Deus e nos ensina  resignação e coragem na luta.  

Não poucas vezes, os guias espirituais que lhe conduzem a  marcha pedem-lhe licença para que se lhe vinculem, assim  liberando outros líderes e servidores da linha de frente do  Movimento Espírita e do bem, porque ela é excelente na captação  que os segura, enquanto a obra prossegue sem perturbação...  

O visitante estrugiu zombeteira gargalhada e insistiu:  

– Antes trabalhávamos em favor da sua morte degradante. Era  uma quimera, porque ela volveria ao grupo assim que se libertasse  da matéria. Nossos superiores concluíram pelo esgotamento das  suas forças, que a exaure e cansa os seus cooperadores por vê-la  sempre enferma... Felizmente, fala-se muito sobre mediunidade,  obsessão e seus quejandos. Mas sabe-se pouquíssimo a respeito  dos seus mecanismos.  

O mentor ripostou: 

– Você tem razão. Esses campos são muito complexos, mesmo  para nós desencarnados, portanto, mais complexos para quem se  movimenta nas engrenagens do corpo físico. Nada obstante, todos  sabemos que, para a ocorrência dessa comunhão entre os dois  lados da vida humana, há uma necessidade de sintonia, mediante a  qual as operações são ou não bem-sucedidas.  

A nossa irmã experimenta essas vicissitudes e o agravamento da  sua enfermidade porque solicita, nas suas orações, servir de vítima,  de modo que possa, com esse gesto, libertar outros servidores da  evolução humana a desempenharem os seus compromissos.  

Sabemos, por exemplo, que ante a dificuldade de poderem, o  irmão e os seus comparsas, afligi-la diretamente, porquanto ela se  movimenta em faixa superior de pensamento e de moral, que lhe  permitem estar isenta às mensagens deletérias que lhe são  enviadas, utilizam-se de pessoas inadvertidas e levianas para  criarem embaraços. Esses distúrbios naturais, produzindo-lhe  inquietação, diminuem-lhe as resistências vibratórias superiores e  permitem que ela capte as aflições e padeça as problemáticas.  

Tudo isto, porém, não diminui o seu ardor evangélico e o desejo  de mais servir, o que lhe proporciona ganhar a simpatia dos  Espíritos nobres, que prosseguem velando pela sua trajetória  vinculada ao bem.  

Ambos conhecemos essa manobra em que muitos frívolos se  permitem ser instrumentos de perturbação para aqueles que  necessitam de serenidade para atividades mais complexas e  significativas. No entanto, no caso em tela, há um detalhe que nos  abre a porta da convivência: é a afetividade.  

Havendo experimentado a orfandade materna muito cedo, não  recebeu o carinho que anela e, em razão do suicídio covarde,  experimenta a solidão, embora não faltem aqueles que a desejam por diversos motivos. Astuta, no entanto, a “infame” tem podido  manter-se solteira e suportar o azorrague dos desejos e das  frustrações. Recentemente, porém, as leis passaram a trabalhar em  nosso favor.  

O indigitado sorriu misterioso e, não desejando ocultar os planos  mefíticos de que estava investido, voltou à carga:  

– O amor carnal é uma armadilha, mesmo para os mais hábeis  indivíduos.  

Ela já tivera ocasião de reconhecer afetos e almas afins com as  quais, no passado, manteve ardorosas convivências. Esteve a ponto  de cair, mas, inspirada pelo seu Pai Francisco, resolveu a solidão  pessoal... Agora, porém, esgotada pela doença, reencontra o  Espírito querido, o duque de X, e sonha com algo impossível:  receber-lhe o amor. Seria uma dádiva de felicidade, mas ele, o  gozador, depois de uma juventude de dissipação, de sexo servil e  mundano, encontra-se casado e muito bem casado. Ela sofre, e o  cínico, que a identifica, anima-a sem palavras e depois a despreza,  recebendo e dando carícia à outra, provocado por nós e pela sua  própria forma de ser...  

Fez mofa da situação e continuou com refinada ironia:  

– Estimulamo-la com cenas e ânsias de prazer, arrancando-a dos  pensamentos que nos inibem e a atormentamos com uma libido que  ainda se encontra em plena efervescência. O sexo reprimido é  perverso, leva-a ao desânimo e à falta de objetivo humano, sofrendo  a solidão física e emocional que devora a Humanidade.  

Aproveitamos o seu estado emocional aturdido e mesclamos  nossos fluidos com o seu reumatismo orgânico, aplicando através  de telepatia, muito bem direcionada, golpes físicos dilacerantes. A  nossa questão é até quando a infame resistirá? Aqueles que a acompanham já se perguntam: “Qual é a doença dela hoje? Todo  dia temos um capítulo tragicômico da novela do falso sofrimento”.  

Isto ocorre porque as pessoas somente acreditam em sofrimento  quando veem expostas feridas, desgastes fulminantes, variações de  temperatura e sinais exteriores, mas quando se trata de aflição  íntima, todos pensam que há exagero e manhas, fingimento.  

Aproveitamos e inspiramos descrença, cansaço, animosidade  com o que nos comprazemos...  

E estrugiu sonora e zombeteira gargalhada.  

O nosso dialogador, visivelmente emocionado, tomou-lhe a  palavra:  

– Ouvimos com respeito a sua exposição – esclareceu –, sem  qualquer interrupção, enquanto meditávamos nas suas palavras,  cujos conceitos nos penetravam. Eu próprio estou acometido de  compaixão, certamente não apenas por ela, mas pelo amigo  insensato que se compraz em gerar padecimento, por certo, em  razão de algum problema angustiante não resolvido no seu íntimo. E  me compadeço da sua infeliz decisão, em gerar fortes aflições para  o próprio futuro. As dores da nossa Malvina procedem, e ela  recupera-se bem. Sabe que são efeitos de conduta malsã, mas o  amigo, ainda iludido nas incendiárias paixões do corpo físico e nos  pesadelos da vingança, semeia cataclismos para o futuro do qual  ninguém se exime.  

Deve haver um motivo pessoal de sua parte, para ter aderido aos  vingadores, pois que, do contrário, não participaria de uma luta que  não fosse sua.  

Naquele momento, o rosto da médium experimentou uma  tremenda mudança, tornando-se verdadeira máscara de ódio,  enquanto os olhos esbugalhados nas órbitas eliminavam torpes vibrações de cólera contra o orientador e tentava agredir a médium  com socos, que foram impedidos de alcançar-lhe o corpo, graças à  emissão de ondas de simpatia originadas no irmão Cláudio, técnico  em produção de ondas vibratórios de saúde e de paz.  

Tentando expressar-se sem o conseguir, sacudia o corpo do  instrumento mediúnico e irrompeu numa torrente de acusações:  

– Esta miserável estava em Corinto, em 1571, quando da batalha  de Lepanto. Eu pertencia, então, ao Império Otomano e fui  convocado, porque o nosso objetivo era a conquista da ilha de  Chipre. Pessoalmente eu vivia na cidade de Patras, no sudoeste da  Grécia, e, depois da batalha, fui transformado em escravo dessa  infame que, então católica, maltratou-me até a morte por exaustão.  

Reinava o Papa Pio V, que venceu a batalha graças ao comando  de Dom Juan de Áustria, naquele terrível dia de 5 de outubro de  1571.  

A matança foi tão grande de ambos os lados, que as águas do  golfo ficaram vermelhas, como nunca se vira antes. Mais de 15 mil  otomanos morreram e aproximadamente 9 mil cristãos perderam a  existência naquela batalha que ficou histórica pela crueldade e  inclemência dos acontecimentos...  

Desde então, temo-nos reencontrado uma ou outra vez, e a  miserável sempre me escapa... Agora que faço parte do grupo de  justiceiros contra o infame Crucificado, disponho de recursos  valiosos para arrebatá-la, e, para tanto, conto com amigos da nossa  região, onde nos refugiamos desde épocas já distantes.  

À medida que falava, as últimas palavras foram ditas com  dificuldade e horror, acontecendo algo de criar receios, porque o  rosto da médium continuou em transformações deformadas, como  se fosse de cera, e, no ardor dos sentimentos em relembrança, desmanchava-se sob ação de alguma força de calor...  

Vimos que o irmão Spinelli aproximou-se de Amália, a médium  que nos acompanhava, e ela começou a exteriorizar pelo nariz e  lábios entreabertos uma alta dosagem de ectoplasma, que se  alongou até Malvina e lhe envolveu a face... Poucos minutos  transcorridos nessa metamorfose, e o comunicante transformou-a  em um ser lupino a babar e emitir sons terríveis. Odores pútridos de  cadáveres invadiram a sala e vimos levantar-se diversos Espíritos  em estado lamentável de decomposição, como se nos  encontrássemos num cemitério e eles saíssem das sepulturas em  sombras, compondo um bando macabro de gênios do mal, sob o  comando da Entidade comunicante, que lhes gritava expressões  para nós incompreensíveis, como se nos devessem agredir.  

Nesse momento, o venerando Espírito Eurípedes Barsanulfo  apareceu nimbado de claridades espirituais e, acompanhado por  diversos luminares da Espiritualidade, que modificaram a psicosfera  ambiental, fazendo paralisar a agressão dos sofredores hebetados e  acercando-se do chefe em loucura, falou-lhe docemente sobre  Jesus, explicando que o Mestre o buscava desde há muito tempo e  aquele era o momento preparado para o seu retorno ao rebanho.  

Era constrangedora a cena em que a luz do amor envolvia o  alucinado, perispiritualmente degenerado, agora voltando à forma  humana de que se utilizava, porque a perdera antes e sabia  manipular as diversas manifestações.  

– Você, como todos nós – expôs o Apóstolo Sacramentano –,  somos filhos de Deus, que nunca nos abandona e que nos entregou  a Jesus para conduzir-nos docemente ao Seu rebanho.  

Naquele estado, passou a chorar em forma de urros, no que foi  acompanhado pela malta imensa de escravos mentais obsidiados  pelas suas forças maléficas. 

– Jesus é sempre Amor e Misericórdia – prosseguiu Eurípedes –,  que compreende a fraqueza do barro orgânico das reencarnações  envoltas em orgulho e despautério, responsáveis pela fraqueza  moral de todos nós.  

Tem bom ânimo e recupera o tempo perdido, a partir de agora  neste reduto de socorro erguido em Seu nome, para que recomeces  o processo de evolução interrompido pelo ódio e desejo nefando de  vingança.  

Vimos entrar um venerável Espírito que nos evocava os rabinos  terrestres, e, parecendo atender o pensamento de Eurípedes,  distendeu os braços ao comunicante combalido e o deslindou dos  fluidos da médium, conduzindo-o a alguma sinagoga espiritual onde  recomeçaria a sua trajetória de redenção.  

Ato contínuo, Espíritos auxiliadores que se encontravam na sala,  recolheram com carinho os espectros atoleimados que gritavam e  choravam dolorosamente.  

Eu me encontrava em profunda concentração como todos os  demais, porquanto jamais tivera oportunidade de participar de  alguma experiência daquele porte.  

Esse mundo estranho e sublime da imortalidade ensejava-nos,  mais uma vez, fenômenos totalmente inesperados e estranhos ao  nosso comportamento diuturno...  

O diretor, após breves considerações e passes reconfortantes  em Malvina, que recuperou a lucidez bastante abatida, algo  ofegante, recompôs-se, e a reunião foi encerrada com oração  comovente de gratidão aos Céus por todos os sucessos daquela  hora.  

A minha mente esfervilhava de interrogações que não podia  apresentar naquele momento, contentando-me a dita de haver sido convidado a servir no anonimato que a caridade nos impõe.  

Saímos em silêncio, demandando nossos aposentos, e cada qual  retornou aos seus destinos.  

Desde a chegada à respeitável Instituição que notara uma  particularidade especial: a presença de muitos Espíritos dedicados  ao bem, que foram na Terra os inesquecíveis Templários.  

Indagando ao amigo Spinelli, ele me explicou que grande número  de pessoas que fundam sociedades espíritas na Terra,  especialmente no Brasil, dedicando-se à caridade nas suas mais  complexas expressões, vinha da Igreja Católica do passado, que  também havia criado conventos, monastérios, instituições de auxílio  cristão, mas que lamentaram em razão do egoísmo, da ignorância  das Leis Divinas, apegadas ou não aos dogmas a que se  submetiam.  

Por volta do ano 1119, um grupo de seis cavaleiros, sob as  bênçãos do governador de Jerusalém, reuniram-se para trabalhar  em favor das pessoas sofredoras e para protegerem a cidade, na  condição de humildade e pobreza.  

Posteriormente, por volta de 1128, foi apresentada no Concílio de  Troyes a Ordem dos Pobres Cavaleiros de Cristo e do Templo de  Salomão.  

Envolveram-se em diversas batalhas e eram constituídos por  cavaleiros europeus e monges com formação militar.  

Foram poderosos, o que despertou inveja em alguns países, que  passaram a temê-los e a persegui-los, qual ocorreu com Felipe IV  da França, que os prendeu e mandou queimá-los vivos em 1307.  

Por sua vez, o Papa Clemente V resolveu dissolver a Ordem,  acusando os seus membros de perversões sexuais, feitiçaria e  outras aberrações para a época. Foram queimados vivos e encerrada a Ordem em 1312.  

Havia abusos do poder e da conduta, sem dúvida, mas alguns  eram profundamente devotados à Causa do Cristo e à libertação de  Jerusalém, em razão da ignorância histórica e da intolerância  medieval.  

Renasceram muitas vezes, tentando restaurar a fé e, na  atualidade, vemos muitos deles à frente de respeitáveis instituições  de caridade iluminadas pelo Espiritismo e a verdadeira fé  raciocinada.  

Outros permanecem no Mais-além vinculados aos seus  cômpares, que estão no mundo, e tornam-se protetores desses  abençoados núcleos de amor que atendem com coragem,  abnegação e renúncia.  

A sociedade, na qual nos encontramos, tem as suas raízes nas  obras de São Francisco de Assis e de Hugo Peyens, um dos  fundadores da Ordem dos Templários.  

Eis por que o apoio dos Templários desencarnados é muito  grande, cooperando sempre que se faz necessário, em favor da  divulgação e vivência do Evangelho de Jesus.  

Através da História, eles sempre estiveram auxiliando, desde a  Erraticidade, os trabalhadores do bem e investindo na dignificação  da crença e no trabalho de libertação das paixões humanas.  

De maneira idêntica, organizações beneficentes da Humanidade  no passado continuam cooperando na Terra, especialmente neste  momento muito grave da sociedade.  

A pandemia é muito mais séria do que pensam ou agem no  planeta, explorando-a ou criando embaraços para a libertação dos  seus males. Os descuidos e desrespeitos aos cuidados  estabelecidos para evitar-se a contaminação têm aumentado os prejuízos causados, e surgem ameaças para a intemporalidade do  seu término.  

Não serão através das atribulações e malversações morais das  políticas, as notícias mentirosas e assustadoras que a Humanidade  voltará ao seu ritmo equilibrado de existência. É provável que  demore mais tempo do que pensam os sonhadores e os profetas de  ocasião.  

Esses fenômenos periódicos que assolam o planeta e os seus  habitantes são sempre advertências muito graves que procedem de  Deus, em convite rigoroso à mudança de hábitos e de  comportamentos.  

Aqui estamos na linha de trabalho com os companheiros  terrestres, porque o Amor de Nosso Pai nunca nos permite a solidão  nem o abandono.  

No entanto, é necessário que haja uma correspondência de  sintonia e de dever, sem os sonhos mirabolantes de milagres e de  vitórias sem lutas.  

Cuidemos de estar atentos.  

Amanhece...


Manoel Philomeno de Miranda




VÍDEO:

Uma reflexão sobre o Coronavírus - Alerta de Divaldo Franco sobre a necessidade de amar.
CanalFEP






Convidamos você a assistir a íntegra deste vídeo na palestra A conquista da Paz - 22ª Conferência Estadual Espírita - https://www.youtube.com/watch?v=NJyDy...


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