Hammed - Livro Um Modo de Entender: uma nova forma de viver - Francisco do Espírito Santo Neto - Cap. 35
Paraíso perdido
“Diz o Senhor: Colocarei minhas leis na sua mente, e as inscreverei no seu coração; e eu serei o seu Deus” (Hebreus, 8:10.)
Não é necessário buscar fora, não é preciso esperar que alguém nos diga: Siga por este ou por aquele caminho.
Assevera Paulo de Tarso que virá um momento existencial em que perceberemos que as leis divinas estão impressas em nós: por isso escreveu aos hebreus: “Colocarei minhas leis na sua mente, e as inscreverei no seu coração”.
Para que esperarmos que os outros nos digam e ensinem o que está inscrito dentro de nós? Basta despertamos para esta verdade e não desviarmos a nossa atenção para fora, apenas observarmos atentamente a voz sapiencial da própria alma.
Um dia nos tornaremos traduções vivas das leis naturais ou divinas na Terra.
Quando deixarmos de lado o nosso verdadeiro âmago, esquecemos quem somos realmente e passamos a viver distanciados de onde saímos – da Casa Paterna -, perdidos, porque fomos “expulsos do paraíso”, ou seja, separados da essência divinal.
Vivemos adormecidos, sem a consciência clara de quem somos, o que e porque fazemos as coisas; vivemos arrastados pelos instintos, praticamente inconscientes, apartados do “Eu”, essência que preside nossa vida interna e externa.
Eis algumas perguntas e respostas, subproduto de nossas experiências e reflexões no decurso de nossas meditações, retiradas do “paraíso perdido” durante o silêncio absoluto da mente. Essas idéias, entretanto, não devem ser acolhidas como preceitos superiores para todas as pessoas, pois não temos a pretensão de ditar máximas nem impor nossos pontos de vista. Nosso objetivo é, unicamente, expor o singelo resultado de nossas considerações reflexivas. Aqui estão elas:
O grande orientador? A voz da própria alma.
A religiosidade? Um valor que não tem preço.
O enigma a ser desvendado? A própria existência.
O pior empecilho? Não agir com naturalidade.
O melhor dia pra mudar? Hoje.
O único fracasso? Aquele com o qual nada se aprende.
O mais perigoso dos erros? Querer acertar sempre.
O egoísmo? Estado natural e transitório dos seres humanos.
O mais generoso dos sentimentos? O autoperdão.
A emoção que corrói? A mágoa.
A vida sem amor? Um profundo desânimo.
O maior de todos os riscos? Nunca querer correr riscos.
O presente mais querido? Amar e ser amado.
A raiz de todo bem? O respeito a tudo e a todos.
O resultado do medo? A perda da originalidade.
A autoaceitação? Uma existência serena.
O obstinado defeito? A busca apressada da perfeição.
O trabalho vocacional? Sensação de completude.
O pior dos inimigos? A falta de bom senso.
A mais eficaz meditação? Conhecer a si mesmo.
A necessidade incondicional? A entrega nas mãos de Deus.
A convivência ideal? Comunicação de sentimentos.
A melhor das descobertas? A autorresponsabilidade.
A primordial importância? A fé raciocinada.
O que se leva em conta? A sinceridade das intenções.
A ânsia de querer agradar a todos? Sensação de impotência.
A melhor das defesas? O sorriso espontâneo.
A fonte das insatisfações: Acreditar que os recursos que buscamos estão fora de nós.
O hábito de polemizar constantemente? Cultivo da guerra interior.
Os professores particulares? Os eventos do dia-a-dia.
O que mais ameaça ou protege? Busque a resposta dentro de si mesmo.
Para abolirmos o cativeiro da ignorância – que nos impede de desvendar o “livro sagrado”, ou a imago Dei, que reside em nós – é preciso integrar a compreensão do mundo exterior com o divino existente no reino interior.
Não se alcança a luz do Espírito nem por osmose ou símbolos, nem através de cerimônias ou determinações das autoridades religiosas, e sim entesourando os valores e as experiências provenientes da própria busca íntima.
Hammed
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