segunda-feira, 16 de novembro de 2020

Ermance Dufaux - Livro Amorosidade: A cura da ferida do abandono - Wanderley Oliveira - Cap. 02 - Autoconfiança: o escuto emocional contra a rejeição




Ermance Dufaux - Livro Amorosidade: A cura da ferida do abandono - Wanderley Oliveira - Cap. 02


Autoconfiança: o escuto emocional contra a rejeição


A rejeição dói tanto que pesquisas(1) demonstram que as mesmas áreas cerebrais da dor física são ativadas quando se vive essa experiência. Tanto é, que alguns profissionais da saúde mental ocasionalmente se utilizam de medicações analgésicas para aplacar essa dor emocional.

Não é difícil se chegar à hipótese de que alguns casos de fibromialgia sugerem a avaliação profissional a respeito da rejeição como pano de fundo emocional de seu quadro.

O sentir-se rejeitado é parte de não aceitação de nós mesmos, fator que reforça o distanciamento emocional do amor-próprio, mas manda um recado importante: avisa que nos distanciamos do autoacolhimento, da bondade para conosco e do cultivo do valor pessoal, atitudes sob nossa responsabilidade, essenciais para velarmos por nós mesmos e nos desenvolver. Seus caminhos de acesso mais usuais na vida mental  são a frustração, a dor da inutilidade e o padrão emocional da indignidade.

Pela frustração, a criatura afunda-se na ideia de que não é capaz e cria a fixação mental no questionamento à sua competência.

Pela dor da inutilidade, sorve o cálice da insignificância e padece da síndrome do "sou imprestável" e não consegue entender sua missão.

Pela emoção da indignidade, experimenta um vazio a respeito de seu valor pessoal e das razões de existir na vida, amordaçado pela ausência de sentido de viver.

Frustração, inutilidade e indignidade são o piso emocional de verdadeiras doenças psicológicas que assolam a sociedade. Uma delas, inerente a portadores do sentimento de rejeição, é a desconfiança que prende milhares de seres na crise da descrença com o próximo.

De uma maneira mais ampla, está muito difícil as pessoas acreditarem em alguém e sentirem-se acolhidas afetivamente. Para quem se sente rejeitado, esse quadro se agrava. Fica difícil estabelecer elos saudáveis de afeto e entrega quando se padece dessa dor.

A desconfiança é um resultado do estado mental de quem não confia em si, que sofre a "síndrome de impostor", de ser falso diante do que está fazendo e construindo na vida. Este é o efeito danoso e milenar do autoabandono.

Diante do volume de sombras internas que experimentamos, nos impedindo de acessar nossa consciência, desconfiamos daquilo que falamos e pensamos, e temos enorme dificuldade em acreditar na luz, tão ansiada para o nosso crescimento pessoal.

Como é muito doloroso reconhecer isso, adotamos a fuga de transferir essa desconfiança para o próximo, na nossa convivência. Ela, então, se manifesta em três principais comportamentos: acusação, cobrança e julgamento, que por sua vez, são alicerces emocionais da descrença, da desconexão social e do insulamento emocional.

Quem vive nesse clima emocional e mental exala uma inveja tóxica, favorecendo uma projeção de sombras na convivência em níveis acentuados. Corações que se sentem rejeitados são mais propensos a julgar, cobrar, recriminar e acusar, pois são mecanismos "aliviadores" de tensões interiores.

Quem não confia em si, vai achar defeito e problemas em todas as pessoas, em todos os lugares, em todo tipo de convivência e relação, reproduzindo rivalidade, desconforto e competição sistemática. Esses são mecanismos inconscientes da inveja de quem se sente reprovado, discriminado e não aceito.

Vejamos o que é dito a esse respeito em O Livro dos Espíritos, questão 903:

Incorre em culpa o homem, por estudar os defeitos alheios?

"Incorrerá em grande culpa, se o fizer para os criticar e divulgar, porque será faltar com a caridade. Se o fizer, para tirar daí proveito, para evitá-los, tal estudo poderá ser-lhe de alguma utilidade. Importa, porém, não esquecer que a indulgência para com os defeitos de outrem é uma das virtudes contidas na caridade. (...)."

O caminho inverso da rejeição está na capacidade de autovalorização, de ter contato salutar com as próprias imperfeições, de estudar os defeitos alheios, sem usá-los para se defender, mas sim para tirar proveito e evitar o rumo que tais imperfeições possam causar na vida pessoal.

Deve-se tomar como lema que tudo o que o incomoda no outro é material de reflexão para entender a própria personalidade. A análise das imperfeições alheias deve ser redirecionada para a autoobservação, em um hábito a ser desenvolvido. É difícil ser indulgente sem confiar em seu semelhante, sem se sentir rejeitado por ele. A indulgência é isso, ser misericordioso, antes de tudo, consigo próprio.

Doutor Inácio Ferreira, um especialista na matéria das dores psicológicas, tem realizado um trabalho científico de vulto nas dependências do Hospital Esperança, estudando o átomo astral da energia da desconfiança. Em parceria com entidades guardiãs que detêm profundo domínio de magia, ele tem elaborado medicações e técnicas para dissipar os efeitos destrutivos dessa enfermidade no corpo físico e no duplo etérico, experimentando suas conquistas no homem encarnado, com excelentes resultados.

A desconfiança subtrai as conexões, as ligações entre as pessoas, e, por meio desse caminho interno, os corpos físico e etérico, especialmente no sistema musculoesquelético, são acometidos pelas típicas doenças que envolvem os ligamentos.

A autoconfiança é uma busca essencial das nossas habilidades, da nossa utilidade e do nosso valor pessoal na construção de uma existência digna e realizadora. Confiança é resultado de autoaceitação. 

Quando aceitamos quem somos, não desistindo de sermos uma pessoa melhor, a vida começa a fluir e a roda do carma do aprendizado individual passa a girar. 

Aceitar é parar de resistir àquela parte de nós que recriminamos, acusamos e rejeitamos. 

A medicação está nos exercícios contínuos de autoconfiança e autoaceitação que vão diluir essa "síndrome do impostor", da falsidade e da hipocrisia que perturbam a vida emocional quando nos sentimos desprezados, reprovados e discriminados.

A rejeição vinda de outra pessoa só encontra eco na nossa intimidade quando há autorrejeição, e, se ela está presente, relembremos que é um aviso de que estamos nos afastando do autoamor com o qual devemos nos acolher.

Repita sistematicamente as frases:

  • Eu me aceito como sou.
  • Eu confio em mim.
  • Eu acredito em meus propósitos.
  • Eu tenho esperança na minha melhora.
  • Eu me acolho e me amo profundamente.

Caso persista a dolorosa desconfiança, em relação a quem e por qual motivo for, utilize esta frase, citando o nome da pessoa no final, como neste exemplo: "Eu aceito... (cite o nome da pessoa)". "Eu confio em... (cite o nome da pessoa)".

Este é um importante exercício emocional. Confiar significa "fiar + com", isto é, estabelecer um vínculo de saúde emocional primeiramente consigo mesmo e, depois, com seu próximo.

A confiança em si mesmo e nas pessoas são vigorosos escudos de proteção da alma.


Ermance Dufaux




(1) Pesquisas realizadas nos Estados Unidos, pela Dra. Naomi Eisenberger, demonstraram que a dor causada pela rejeição é igual a dor física, exames neurológicos mostraram que a experiência da rejeição ativa no cérebro as mesmas áreas que são ativadas durante a dor física, o estudo foi publicado na prestigiosa revista Science, mostrou que a resposta foi semelhante à da dor tradicional.

Naomi Eisenberger, Ph.D. em psicologia da Universidade da Califórnia (UCLA),  psicóloga social conhecida por sua pesquisa sobre as bases neurais da dor social e da conexão social.




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