Miramez - Livro Maria de Nazaré - João Nunes Maia - Cap. 20
A Nova Dinâmica da Vida
Jesus, com a idade de treze anos, mudou de vida, passando de uma vivência amena e tranquila do seu lar, para as comunidades dos essênios, nos montes onde eram instalados os templos. Consciente da sua engenhosa missão, encontrava forças que correspondiam às suas necessidades. No Monte Nebo, deu provas de que era verdadeiramente o Cristo, pelo que falava e pelo que fez. O seu timbre de voz, embora suave, era incisivo e quando ressoava no ambiente, penetrava nos corações como por encanto, sem que pessoa alguma se esquecesse das suas idéias e dos seus gestos harmoniosos.
Depois do conclave no Monte Nebo, os essênios que dele participaram sentiam com mais nitidez a grandeza espiritual de Jesus, ainda mais depois das curas operadas. O respeito e a admiração à sua personalidade se expressavam em todas as comunidades essênicas.
O Messias prometido e confirmado pelas escrituras e pelos seus discípulos não tinha pouso certo. Passava de templo a templo, ensinando a deixando que a sua presença irradiasse o amor ainda desconhecido dos homens, aquele que restabelece todos os desequilíbrios físicos e espirituais. Os mestres da Fraternidade se reuniam de vez em quando, buscando meios mais lógicos e caminhos mais adequados, para que o moço de Nazaré pudesse desempenhar sua função divina, no divino preparo da humanidade.
Além da sua missão de trazer a mensagem de renovação das criaturas, a sua palavra era força poderosa, de sorte a escrever na mente e nas coisas, a sua própria vida, reclamando dos homens, pelos processos do amor, a vivência das leis, para que fosse instalada a paz na Terra, pelos processos do trabalho e a harmonia, pelos meios da justiça.
Maria sentia a necessidade da presença de seu filho, de ouvi-lo, de vê-lo. A sua presença era uma alegria que o próprio ar manifestava; a sua palavra, uma canção que a harmonia dignificava e propunha uma esperança excelente. Contudo, compreendeu perfeitamente a sua necessidade de ficar junto a comunidade dos Essênios, certificando-se de que o amor, quando fica entre quatro paredes, vira egoísmo e deixa de servir à coletividade - objetivo único da sua expressão na Terra.
Muitas mães idealizam seus filhos como missionários e, por vezes pedem isso a Deus antes de concebê-los. Porém, se esquecem de que as grandes almas não podem ser retidas nos próprios ninhos onde nasceram: são patrimônio da coletividade, são filhos de Deus na verdadeira expressão da palavra; são luzes que têm de brilhar para todos. Maria de Nazaré compreendeu isso cedo e seu coração acostumou-se com a distância do seu filho amado, por saber que ele era o verdadeiro Messias escolhido por Deus.
Diante da notícia de que Jesus tinha desaparecido e do silêncio de seus familiares, pessoas de mente fértil e que adoravam mistérios, inventaram que o Messias voltara em um carro de fogo, qual Eliseu, para o céu. Não suportando o ambiente da Terra, fugira da luta antes de começar! E vários foram os boatos sobre o desaparecimento de Jesus... Nunca faltaram, em época alguma os falsos profetas. Na verdade, o Messias desaparecera de junto ao povo para ressurgir no momento que Deus achasse conveniente. Ele somente fazia a vontade do Pai e o seu trabalho valioso estava sendo no meio dos essênios e de várias outras comunidades que se aliaram a eles, preparando homens para uma luta intensa junto à humanidade, falando do reino de Deus e vivendo os preceitos enunciados.
Eram centenas de homens que deveriam ser preparados para anunciar o Evangelho e que ficariam provisoriamente resumidos em doze, que seriam os apóstolos, criaturas selecionadas no seio do povo, decididas, conhecedoras da verdade e que, se preciso fosse – como aconteceu – dariam a própria vida para exemplificar o amor e dizer, no silêncio, que se ninguém morre e que Deus é realidade criadora, nos mínimos gestos da vida.
A primeira regra da Comunidade dos Essênios era o trabalho, aquele que refletisse o amor e que nunca fosse conduzido pela usura, mantendo-se acima das conveniências temporais. O maior empenho dos homens da Fraternidade era o de se instruírem, vendo na disciplina uma porta para a educação. Nada faltava para eles, porque davam muito em favor dos semelhantes, sem exigir reconhecimento. Compreendiam que toda riqueza provém de Deus e que nada falta àquele que confia no Senhor. A necessidade de um era a de todos e uma comunidade sempre socorria a outra, quando necessário. Esse ato era um dever, senão uma alegria, sem o menor alarde.
Os essênios se comprometeram com Jesus a voltar ao planeta quantas vezes fossem necessárias, vestindo novos corpos, a colherem e replantarem novas sementes nos corações dos homens, até que o evangelho fosse conhecido e vivenciado em todo o mundo, até que fosse conhecido o fenômeno de um só rebanho e um só Pastor.
Maria, ao invés de estar triste, possuía uma alma que cantava de contentamento, por saber que seu filho movimentava grande massa de homens de bem, para a felicidade de todos. Ela também movimentava, sob a influência benfazeja dos Seareiros do Bem, muitas famílias para o trabalho da caridade e mesmo o serviço diário era feito com alegria. As economias que sobravam, eram divididas com os doentes e velhos, como se fosse um dever, como se fosse para os próprios filhos. As cidades vizinhas que essas pessoas podiam visitar, eram influenciadas para esse mesmo gesto de caridade e desprendimento.
Os essênios guardavam segredo absoluto, ainda mais quanto à falange de Espíritos nobres que acompanhava o Senhor e o guardava, para que o silêncio fosse a meta principal, até que o Senhor Deus o chamasse, para anunciar a sua missão.
O conclave do Monte Nebo teve resultado esplêndido! Traçaram caminhos e movimentaram diretrizes para nova dinâmica da propagação da Boa Nova do Reino de Deus. Todos exultavam pelo trabalho, alimentando a certeza de que Deus estaria à frente, limpando as veredas e inspirando os homens em todos os seus ideais, para o bem da comunidade terrena. O silêncio ainda era a tônica da movimentação, por não ter chegado a hora de anunciar a palavra de Deus, à luz do dia.
Nova reunião daqueles homens sérios e cumpridores de seus deveres foi marcada e desta vez, seria no Monte Moab. Ali deveriam se reunir outros que não estiveram no Monte Nebo e que estavam ansiosos para ouvir as verdades, pela palavra do Messias. O entusiasmo era tamanho, que se sentia nova vida no seio da Fraternidade dos Essênios. O ocorrido naquela reunião permitiria que se começasse a compreender o engenhoso trabalho de Nosso Senhor Jesus Cristo, para que os homens pudessem conhecer a verdade e sentir a esperança de um céu onde reina a justiça e amor.
O santuário do Monte Moab, famoso sob vários aspectos, era de grande dimensões e ali se reuniam os anciãos mais respeitáveis da comunidade. Os essênios chegavam de todas as direções, para a tão propalada reunião com Jesus, naquele lugar sagrado, onde já haviam falado outros profetas famosos.
Ali reinava, verdadeiramente, a fraternidade, confirmando que a casa de Deus era a casa de todos. Já naquela época, os essênios haviam resolvido o problema que hoje nenhuma nação do mundo conseguiu resolver: a abundância de tudo e a eliminação de todos os problemas, porque no seio da Fraternidade se desconhecia o orgulho, o egoísmo e a vaidade. Dedicavam-se ao trabalho e ao amor e, vivendo do trabalho e do amor, desconheciam as guerras. Guerrear por quê e para quê? Não eram homens de posses, não possuíam bens terrenos! Nos tempos belicosos, sempre colocaram a serviço seu esquadrão de soldados de Deus, para tratar dos feridos, sem especular a sua posição e a sua procedência. Em muitos casos, davam assistência ao vencido e ao vencedor, com a mesma disposição, como se estivessem atuando no seu próprio lar: era a força do amor, que nada exige.
Nunca lhes faltou condição para viverem e a consciência estava tranquila. O que escraviza as criaturas humanas é o apego aos bens terrenos e a falta de entendimento sobre as leis de Deus, que Jesus veio revelar, tornando conhecida a verdade, para a libertação dos homens. Naquela época, já trabalhavam num sistema social comunitário, para onde hoje caminha a humanidade e onde o evangelho será a fonte de todas as inspirações, no comando do progresso com Deus. Nada falta no mundo, pois quem o fez é a Suprema Inteligência, é a infinita capacidade de amar. Quando a humanidade acompanhar Jesus, não perderá o objetivo da felicidade.
No monte Moab, encontrava-se uma multidão de encarnados e desencarnados em grande preparação para uma nova assembléia, para que pudessem sair a semear no terreno dos corações humanos. Era uma plano milenar dos engenheiros siderais, sob o comando do Cristo de Deus. À noite, viam-se dezenas de candeias acesas a iluminarem grandes salões, onde milhares de essênios já se postavam assentados em mantas de peles de carneiro e de camelos, ou em esteiras trançadas, de fibras vegetais, para se encontrarem com o divino Mestre de todos os mestres.
No momento aprazado, Jesus de Nazaré se postou em uma saliência estruturada na rocha por mãos a que não faltou o amor na execução da obra, nem a harmonia nas linhas, evidenciando que a beleza agrada a todas as criaturas.
- Filhos de Deus! Que o Senhor vos abençoe. Não deveis pensar que estais cruzando, neste momento, a porta para a felicidade, do modo que a entendem os homens. Aqui, na verdade, a porta se abre e compete a vós dar o primeiro passo para adentrar a arena do mundo, no combate às feras que desejam interromper o vosso caminhar!
A felicidade é conquista que sempre se irradia da consciência, depois do dever cumprido. Podeis ser felizes, sofrendo e, em muitos casos, o próprio sofrimento vos dará prazer. Quando a vossa luta for para o bem-estar coletivo, a tranquilidade de consciência desatará muitos valores dentro de vós que, esplendendo, libertarão mais a consciência.
Estamos todos a serviço de Deus e ele sabe o que deveremos fazer...
Há quanto tempo esta Fraternidade semeia o amor? Há muitos evos...
Pois ele é uma semente e, por excelência divina, frutifica com abundância em todas as direções da vida!...
Estou junto a vós e aqueles que crerem em mim e me acompanharem, nunca errarão o caminho e nunca faltarão alimento e luz para as suas vidas. Trago-vos a palavra de Deus! A minha boca é como se fosse a dele, o meu coração é como se fosse o seu coração; a minha inteligência é a inteligência dele! Quem estiver comigo, estará com ele!
Estamos vivendo momentos de decisão: de renunciar a tudo em favor da harmonia, de renunciar, se preciso, à própria vida terrena, para ganhar, sem pensar em ganho, a vida eterna, na luz dos sóis da eternidade! Na postura de todos que me cercam, vejo e sinto a boa vontade; entretanto, estamos ainda na palavra, que é necessária, porém, teórica.
Compete-vos, encontrar a resistência íntima para viver o que estais idealizando neste ninho de amor e de fraternidade, entregar-vos, sem objeção, à luta, pela forma que o amor possa vos conduzir, pois, verdadeiramente, quem ama desconhece obstáculos e nunca esmorece nos caminhos.
Sou o Pastor de todas as ovelhas da Terra! Sou o Mestre e vós, os discípulos! Em mim achareis guarida para sempre e paz para os vossos corações...
Sou a fonte onde beberei a água da vida! Estais vos aprontando para lutar e a batalha maior inicia-se dentro de vós, para que possais compreender os inimigos de fora, vencendo primeiro a vós mesmos...
Jesus silenciou por instantes. Soprava leve brisa no santuário da natureza. Parecia que o ar estava procurando aquele comunidade de homens limpos de coração, para abençoar-lhes com a vida... O Monte Moab estava iluminado por fora e por dentro. Centenas de irmãos daquela comunidade e de outras ali representadas, em busca da água da vida, estavam conhecendo o Cristo, antes que ele fosse anunciado pelos discípulos, antes mesmo que os doze fossem escolhidos. Era uma plataforma de trabalho de iluminação das criaturas.
Espiritualmente, ouviam-se vozes cantando suaves melodias, dando glórias a Deus por aquele encontro de luz, onde Jesus expressava o próprio Senhor. Um perfume exalava como por encanto, em todas as dependências do santuário. Do lado de fora do Monte Moab, muitas falanges de Espíritos superiores permaneciam em ocupações difíceis, que somente eles compreendiam; em torno de Jesus, se encontravam três colunas do mais elevado porte espiritual. O Mestre estava dentro de um campo de força, que ostentava a sua grandeza espiritual e protegia as suas mais altas condições de Filho da Luz. O seu corpo tinha algo diferenciado do lugar comum, porque o Espírito era dotado de outra dinâmica vibratória. Todos os essênios oravam em silêncio, numa harmonia que somente o participante poderia entender. Poder-se-ia dizer que, ao invés de ar, o que a comunidade respirava dentro do santuário era luz, enriquecida de amor em profusão.
Jesus endireitou seu esbelto corpo no assento de pedra e disse com carinho:
- Filhos diletos! Que o Senhor vele por todos, todos vós, sempre e sempre!
Devemos começar hoje com a virtude mãe, aquela que gerou todas as outras no ambiente de Deus! Não poderemos existir sem ela: o dom da fala nela foi gerado, o dom da visão é filho do seu carinho, e a vida é fruto do seu aconchego... Vou falar-vos do amor!
Se não temos condições para qualificar o vosso Pai que está nos céus, para não diminuí-lo tanto, vamos chamá-lo de amor, mesmo sendo ele bem maior que esse amor, por ter sido ele quem o criou. Estamos nas condições de buscar o amor porque, sem ele, nada podereis fazer. O amor deve ser o alicerce de todos os vossos ideais! Ele é toda a vossa defesa, a vossa alegria, a vossa felicidade!
Tudo o que fizerdes, fazei com amor, para garantia da paz! Quando pensardes, não vos esqueçais do amor; quando falardes, lembrai-vos dele; a caminho com alguém seja ele lembrado; em família, alimentai esta ideia, porque o amor para todos vós deve ser de mais utilidade do que o ar, a água e o alimento para o corpo.
Mesmo quando o silêncio for o vosso ambiente para ouvirdes alguém, pensai no amor, que ele, pelos canais estabelecidos por Deus, visitará a quem vos fala, pondo no seu coração a vontade e os sentimentos da caridade, o clima do perdão e a fé consubstanciada na esperança.
A lei enviada por Deus a Moisés não foi outra senão a lei do amor. Sem ele, nada podeis fazer. Onde quer que estejais, amai do modo que estamos indicando, sem barreiras de sentimentos, sem condições e sem apego às coisas perecíveis. Essa é a virtude por excelência, é o beijo de Deus a sustentar a vida da humanidade.
Se disserdes que amais e julgardes o vosso irmão em caminho, estareis mentindo diante da maior força dos céus, que é o amor. Se vos alegrardes com as injúrias aos injuriados, verdadeiramente não amais. Se a vossa boca for motivo de escândalo, ela se esqueceu de amar, porque ele é reto na sua estrutura divina e visita os homens na sua pureza espiritual.
Desejamos que antes de dardes os primeiros passos para levardes aos homens a Boa Nova de Reino de Deus e a sua justiça, não vos esqueçais de amar, na profundidade que ele pede e na pureza de sentimentos que ele merece. O amor é Deus nos visitando, pelos canais da nossa inspiração.
Peço-vos que ameis aos vossos semelhantes como a vós mesmos, que sereis abençoados pela consciência, trono majestoso do nosso Pai que está nos céus. Se quereis uma prova mais evidente do amor na Terra, na verdade vos digo: Eu sou o amor! Aquele que me seguir será o amor comigo, unificando-nos em Deus! E se quereis saber mais sobre o amor, começai a amar que a inspiração divina dar-vos-á o que faltar em todos os caminhos das vossas atividades.
Não vos esqueçais da justiça. Ela é a força do equilíbrio, ela traz a paz e desperta as mentes para os caminhos do bem. Quem não sentiu o clima da justiça não pode dizer que ama: mente para a própria consciência e responde sacrificando a própria paz. A justiça faz amizade a acaba com os ressentimentos, alivia a tensão e é garantia para o justo em todas as suas aspirações.
O justo viverá por fé e pela fé que tem nas leis de Deus, que vibram e dirigem toda a criação. Todos vós sois os chamados e escolhidos para o Reino de Deus. Em vós estará morrendo a ignorância e nascendo os sentimentos altruísticos, liberando a fraternidade, força que sustenta as casas de meu Pai que está nos céus...
A minha palavra é semente espiritual que estou lançando nos vossos corações e desejo que elas cresçam, criando vida e manifestando felicidade, na força que podeis chamar de libertação...
Está para soar a hora de falar à luz do sol, mas desejo que vades à frente divulgar o que estais ouvindo de minha boca, que o Senhor fala por ela das suas próprias leis, que ele criou para a nossa felicidade e para o bem-estar de todos os povos.
Eu sou a luz, porque não ando em trevas e vós sois como meus filhos, porque vos escolhi no coração e vos sustento com a minha paz, que vos dou, não do modo como o mundo a dá, mas a paz de que meu coração desfruta. Eu abençoo a todos e peço que nada temais, pois estarei convosco até a consumação dos séculos!
Caro filho deve procurar vida simples. A simplicidade desafoga a consciência e não exige os sacrifícios do próximo. Deveis adorar a Deus pelos meios mais convenientes e, sempre que possível no templo da natureza, que é o seu mais puro santuário.
O tempo que os homens gastam com a imagem de escultura, que não pensa nem fala, que não sente nem ouve, estarei adorando ao Senhor em espírito e verdade. No entanto, não deveis julgar quem o faça, pois os meios de amar a Deus são diversos, de acordo com a evolução de cada criatura.
Vós já permaneceis em mim e eu em vós, de maneira que somos todos uma unidade em Deus, para que a luz brilhe em todas as direções, na dignificação da vida. Não precisais de tantas vestes para trabalhar na vinha do Senhor. Não façais como algumas classes de pessoas que ostentam longas túnicas de finíssimo linho e capas do mais refinado tecido, para mostrarem aos outros a posição que ocupam. Não deve ser do vosso costume ajuntar ouro e prata para viagens, pois, cada dia tem a assistência dos anjos, em favor do trabalhador do bem. A confiança será a vossa maior segurança para a vida.
Não procureis andar apenas em ricos veículos, pois eles podem representar o ponto escolhido dos que desrespeitam a lei da economia e vivem à custa dos outros. Não opteis preferencialmente pelas casas dos abastados para vos hospedar, pois a maioria deles está ocupada com as suas próprias mazelas e apegada aos seus afazeres quase sempre de pouca importância. O coração está sempre ligado ao que derdes maior valor. Abri os ouvidos aos que sofrem e falai com eles do Reino de Deus e da sua justiça.
Não deixeis de lembrar aos que sofrem a esperança que se consubstancia com a fé e que o Pai é sempre bom e justo em todas as circunstâncias. Modificai o ambiente de blasfêmia em qualquer lugar que o encontrardes para a compreensão e a certeza de que ninguém recebe o que não merece e que Deus é sempre amor e justiça. Observai todos vós as leis que cantam na natureza e vos guiam para a serenidade: vede os pássaros e as flores, as águas e os ventos, as árvores e os animais, para que possais compreender os vossos iguais. E em todas essas atividades, a oração deve ser lembrada constantemente, pois é pelos fios do pensamento, em prece, que o Pai conversa conosco e nos ajuda no que devemos fazer. Quem se esquece de orar, deixa passar despercebida a própria vida.
Não devei complicar todas as horas do dia com coisas vãs; apurai a qualidade do que fazeis, para que a consciência vos deixe em paz. O céu está dentro de vós, como também existem recantos de luz no vosso exterior, mas, na verdade vos dizemos que o céu no coração é mais difícil de ser encontrado, do que fora do nosso ser. O exterior é reflexo da realidade interior.
O mundo se mostra um turbilhão em desequilíbrio e, para ser reajustado, é preciso que alguém se entregue ao trabalho, para a luz desse conhecimento; e para isso aqui estamos todos juntos, sob as bênçãos de Deus: para que a luz se faça nas trevas da Terra e liberte todas as criaturas. Os que desconhecem a verdade são justificados nos aspectos em que se encontram, onde puderam chegar pelo conhecimento; entretanto, os que aqui estão não devem ser desculpados, porque já conhecem a verdade e já sentiram o prazer do amor. Se errardes, sereis agredidos pela consciência e disciplinados pelas leis que nos governam a todos. Para isso fostes chamados: para levardes a luz, exemplificando o amor. A vida justa e reta é caminho de Deus.
Eu vim trazer a paz, mesmo sendo preciso usar a espada da palavra. Há momentos em que a energia é força preponderante do amor. Não deveis agredir as consciências em formação, porquanto elas pedem amparo através do exemplo e pedem exemplos pelos meios do amparo constante. É certo que sobre todos nós Deus derrama a misericórdia, mas quando não há abuso da liberdade, nem displicência dos valores morais.
Deveis respeitar todas as criaturas, na altura em que elas se encontram e nunca violentardes os direitos alheios. Compadecei-vos dos que sofrem, ajudando-os a compreender os motivos dos sofrimentos. Não deveis gastar o tempo com quem não deseja aprender, mas dar toda a atenção àqueles que estão com sede de paz e fome de amor.
Não deveis andar muito juntos, para que o excesso de intimidade não crie confusão com as próprias idéias. Dividi-vos e buscai os meios mais simples de conversar com os outros, deixando sempre os traços da simplicidade em tudo o que fizerdes.
Não vos esqueçais do perdão quando ofendidos e, se puderdes, ainda devereis orar pelos que vos perseguirem, maltratarem, caluniarem e desprezarem.
Não penseis muito no que quer comer no dia de amanhã, porque Deus alimenta até os pássaros, quanto mais os homens, seus filhos, no serviço do bem da coletividade. Quando semeardes, não vos preocupeis com os frutos, porque eles pertencem ao Senhor, que sabe cuidar da sua vinha desde antes de existirmos. Servi e passai! E passai servindo nos lugares a que fordes chamados, sem exigências que desfigurem a bondade e a alegria.
Estamos reunidos como construtores do bem, como água que não deve se esgotar para os sedentos, como pão que desceu do céu para aqueles que têm fome. Estou entregando aos vossos corações a Boa Nova de Deus, para que ela seja vivida, de forma que todos herdem essa luz, na luz das vossas vidas.
Cumpri vossos deveres, pois o dever cumprido é força que mantém a paz de consciência. Ajudai a quem quiser ser ajudado e fazei luz para quem queira sair das trevas... Daí a quem pedir e semeai onde pode frutificar! Compadecei-vos dos arrependidos, que o arrependimento é luz nascendo no coração. Tende paciência com os que desejam aprender e mostrai o trabalho às mãos que o desconhecem. Ensinai que aprenderei mais! Amai que sereis amados pela própria vida em expansão, em todas as latitudes!
Filhos meus! Sinto, pelo silêncio profundo, que escutais com os sentimentos também. Isso muito me alegra, por saber que esta mensagem vai se propagar em todas as direções da Terra, em nome de Deus, pela direção dos anjos!...
Jesus fez pequeno intervalo na fala. Passou os olhos como duas fontes de luz por todos os presentes e prosseguiu com brandura:
- Todos que aqui estão já foram despertados e convém à consciência que andeis na luz do entendimento. É justo que useis os nossos dons no serviço de Deus, sem fazer mal algum aos semelhantes; todo mal que fizerdes aos outros é plantio de espinhos na vossa própria carne. O homem que já acordou para Deus precisa nascer de novo, das suas velhas conclusões. A transformação é característica de ascensão e modificar os atos arraigados na vida é iluminar o coração nas diretrizes do bem e harmonizar com a harmonia celestial.
A vida é um plano eterno e a criação, uma lavoura imensurável; o Senhor trabalha sempre e nós outros devemos operar com ele permanentemente. Quem esmorece, morre, e quem morre para o bem, deixa de existir para si mesmo. Sede zelosos para com as coisas de Deus e não deixeis que as tribulações vos causem aborrecimentos. Compreendei o irmão em caminho que ele, amanhã, pela força do vosso exemplo, tornar-se-á um soldado na propagação do amor e no exercício da caridade.
Vejo-vos como a uma lavoura, onde não paro de lançar as sementes. Não poderemos ficar todos juntos por muito tempo, porque a lei não concorda com que a luz fique em um só lugar; a escuridão está estendida em toda a criação, para que possamos fazer claridade em todos os rumos. Esse é o nosso trabalho; devemos encontrar nele alegria e, na alegria, o bem-estar dos nossos corações.
Nunca deveis revidar os insultos, nem ferir aos que vos insultarem, querendo ou pensando em justiça. Somente o Pai pode julgar!... Eu a ninguém julgo e vos peço o mesmo procedimento para com todos os semelhantes. Não façais aos outros, aquilo que não quereis para vós; o perdão é o molde divino a orientar o coração humano. As próprias leis encarregar-se-ão da justiça, sem que o ofendido pense nisso, para não complicar a consciência. Se quereis ser fortes, fortalecei-vos na bondade e no amor! Se quereis vos engrandecer, educai os impulsos e disciplinai a vida nas regras do bom senso. O mundo é uma escola, o professor mais velho é o tempo e a programação do tempo veio de Deus.
Não vos esqueçais das crianças e dai as mãos aos velhos, porque fostes meninos e no amanhã sereis idosos. Trabalhai por amor à vida e amai a quem desconhece as leis. A Terra, no futuro, será um paraíso, mas, para tanto, deveis começar os primeiros plantios no clima da fraternidade. Tende tolerância para com os fracos na fé, que eles também crescem e da mesma maneira que forem ajudados, ajudarão a muitos.
Não vos irriteis com os ofensores, porque eles já sofrem da mais terrível doença do mundo: a ignorância e o remédio para a ignorância é o saber, é o conhecimento das coisas de Deus. Tende sempre uma boa conversa para os tristes e uma palavra amiga para os desesperados, que sereis recompensados pela paz de consciência.
Desejo e vos peço, com o carinho que o meu coração pode ofertar, que andeis unidos no ideal. Mesmo distantes, procurai a unidade de sentimentos, porque, para o bem, o amor e a caridade, não existem distâncias que possam separar os trabalhadores de Deus e de mim. Eu vos rogo que me ouçais com atenção: Necessário se faz que as ovelhas aprendam a andar sozinhas e vivam com as próprias forças. Todavia, tende fé, porque voltarei, ficarei eternamente convosco. Estou dizendo coisas para homens de entendimento, para almas que já compreendem a minha voz e sabem escolher os caminhos que devem ser percorridos! Quando faltar entendimento na solução de alguns problemas e estando eu ausente, recorrei à oração que, pelos fios da prece, estaremos juntos e Deus conosco.
Meus amados! Deveis comer o pão com o suor do rosto! Se somos pastores, como colocarmos as ovelhas para trabalhar para nós? Se o que falamos não fazemos, elas seguirão nosso exemplo. Quem sente alegria no trabalho lícito é alma de bem que sempre ilumina e desperta no conhecimento da verdade. Espero que todos os que me ouvem vivam no meio da guerra semeando a paz, caminhem com os ociosos trabalhando, respirem com os maledicentes respeitando os direitos alheios, comunguem com os ofensores ensinando a benevolência e abençoando os que alimentam o ódio, para que eles aprendam a amar.
Respeitai a família! Ela é o alicerce da sociedade e a sociedade, o reflexo dos próprios homens: construí o vosso próprio destino! Respeitai a economia dos valores imortais da vida; o que desperdiçardes, por isso respondereis. Fazei circular o que está sobrando para vós e para a comunidade, pois, se algum dia todos fizerem o mesmo, nada faltará e notar-se á abundância em todos os reinos. Deus não é deus de medidas; tudo existe com fartura nas linhas do amor!
Uma coisa vos falo para que não vos esqueçais e sempre repito para que guardeis nos corações: instruí-vos! Compreendei que sereis iluminados por fora e pro dentro, pela luz de Deus. Tende sempre um sorriso nas saudações e não vos esqueçais de ofertar a paz a quem encontrardes. Esse gesto é uma doação de Deus pela boca dos homens...
A minha paz vos dou e nessa mesma paz vos deixo...
Todos estavam acesos no entendimento. Além de ouvirem as palavras do divino Senhor, eram tomados por forças desconhecidas, de modo a modificarem o íntimo, crescendo no amor e fortalecendo-se na fortaleza do bem. Em torno de Jesus pairava um círculo de luz de variadas cores e sobre a sua cabeça tecia-se como que uma coroa de estrelas. O ambiente estava perfumado como de costume e a alegria irradiava-se no silêncio, como sendo nascida dos corações, vinda do coração de Deus.
Miramez
Nenhum comentário:
Postar um comentário