Carlos A. Baccelli - Livro Chico Xavier, à sombra do abacateiro - Emmanuel / Chico Xavier - Carlos A. Baccelli - Pág. 20
29 de agosto de 1981
Como sempre, estávamos reunidos no sábado, dia 29 de agosto, para o nosso habitual culto do Evangelho ao ar livre.
O Evangelho Segundo o Espiritismo oferta-nos à meditação o item 7, do cap. IX, “A Paciência”.
Vários companheiros comentam o tema com muita propriedade: a tônica dos apontamentos verbais gira em torno da paciência no lar.
Uma senhora lembra a palavra de Emmanuel, inserta em mensagem no livro “Pronto Socorro”: “Ter paciência é saber esperar”.
Por nossa vez, também convidado a usar a palavra, recordamos a máxima evangélica: “Na paciência, tereis as vossas almas”.
Ouvindo os vários amigos presentes, mais uma vez, chegamos à conclusão que, de fato, o Evangelho é a chave de solução para todos os problemas humanos. O sr. Weaker pede a Chico Xavier para que fale alguns minutos.
Lembrando a presença de Emmanuel, Chico começa a discorrer com o magnetismo que lhe é próprio: — Vivemos com o tempo muito dividido; muitas atividades nos chamam a atenção... Levantamos sempre com um noticiário nos ouvidos, apelos diversos nos desviam a atenção do que gostaríamos de preservar: serenidade.
“A paciência é uma bênção que podemos colher na meditação, na oração e, sobretudo, em sermos úteis...
“A cada momento somos testados em matéria de paciência, por todos os lados. “Precisamos de fazer um acordo íntimo: criarmos dentro de nós um tribunal íntimo que nos abençoe, nos preserve da cólera, para que a violência diminua no mundo...”
E Chico prossegue, ante o silêncio de todos os que ali estavam para aprender com um homem que se fez “porta-voz” das Esferas Mais Altas: — A cidade é uma casa maior: se na casa somos chamados à tolerância, dentro da cidade, igualmente...
“É muito importante que não venhamos a reagir; não passar recibos em ofensas, na rua ou no trabalho”.
“Hoje (...) todas as pessoas estão com pressa. Quando alguém burla um lugar na fila, rebelamo-nos... Não estamos endossando a desordem, mas precisamos compreender; precisamos pensar na questão da parcela, porque a soma vem no fim do dia: briga dentro de casa, crime, delinquência... No fim do mês, a soma já é um câncer de primeiro grau, uma obsessão que começante...”.
“Um trauma emocional se comunica ao corpo todo”.
“Talvez que 60 % a 80 % de nossas doenças ou dos donos das doenças, foram adquiridas através dos choques, da intolerância, das ofensas, da falta de perdão”.
E Chico observa o ensino de Jesus: “Perdoar não sete vezes, mas setenta vezes sete... matematicamente, 490 vezes, e diz: — Lá, pela centésima vez que estivermos perdoando, falaremos: você já está perdoado para sempre... Eu não vou ter o trabalho de perdoá-lo mais!”.
Todos sorrimos bastante. Chico é assim: primeiro ensina, tocando fundo os corações; depois, cria um ambiente de descontração, em que as tensões se vejam aliviadas.
E arrematando a lição da paciência: — O mais difícil não é viver, é conviver. (...) Existem pessoas que gostam muito de usar a franqueza, mas é uma franqueza que joga todo mundo no chão.
De fato, ficamos a meditar. Às vezes, usamos o látego da Verdade para vergastar impiedosamente os que estão equivocados. É um contrassenso!
Naquela tarde, ouvindo Chico Xavier discorrer sobre a paciência, ele que há mais de meio século vem sustentando pacientemente a sua tarefa, pensamos o quanto seria diferente a nossa vida na Terra se aprendêssemos a “ciência da paz."
Carlos A. Baccelli
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