sexta-feira, 20 de novembro de 2020

Hammed - Livro A Imensidão dos Sentidos - Francisco do Espírito Santo Neto - Pág. 187 - Senso crítico




Hammed - Livro A Imensidão dos Sentidos - Francisco do Espírito Santo Neto - Pág. 187


Senso crítico


"Todo médium que deseja sinceramente não ser joguete da mentira, deve, pois, procurar trabalhar em reuniões sérias, e para elas levar o que obtém em particular; aceitar com reconhecimento, solicitar mesmo, o exame crítico das comunicações que recebe; se é alvo de Espíritos enganadores, é o meio mais seguro de se desembaraçar deles, provando-lhes que não podem fraudá-lo." (Livro dos Médiuns -2ª Parte - cap. XXIX, item 329.)

A palavra "senso" vem do latim "sensus" - faculdade de raciocinar, O sentido lingüístico do termo "crítico" tem origem no grego "kritikós" - a arte de avaliar ou apreciar.

Na mediunidade, como em tudo na existência, é de vital importância usar o "senso crítico".

Utilizar o senso comum nas manifestações que recebe é edificante, mas acima de tudo, é preciso lançar mão do próprio discernimento.

Ninguém vê o mundo da mesma maneira; por isso todos temos que avaliar ou apreciar a vida, fundamentados na particularidade de nossas experiências pessoais.

Não devemos confundir informação com discernimento. Adquire-se este submetendo a informação a julgamento do nosso "universo interior".

O indivíduo não aprende somente com a cabeça, mas também com todo o seu ser.

O que se assimila apenas com a cabeça é informação. Quando digerimos por completo uma idéia ou ensinamento, empregando todos os nossos sentidos (tanto os físicos como o espiritual), isso aumentará nossa consciência e, conseqüentemente, ampliará nosso discernimento.

Quanto mais valorizarmos nossa força interior, mais nos sentiremos estimulados a usá-la.

Quanto mais exercitarmos o nosso senso íntimo, mais claro e eficiente ele se tornará, pois nos dará uma lucidez cada vez maior em relação a tudo e a todos.

À medida que vamos nos familiarizando com a "voz da consciência" e nos acostumando a agir de acordo com seus ensinamentos, passamos a gozar de segurança e de bom senso nas mensagens que registramos ou nas atitudes que tomamos. Os grandes personagens da História, por mais que quisessem que seu intelecto indagador ficasse silencioso, mais se sentiam compelidos às investigações das coisas, ou mesmo, às buscas existenciais, distanciando-se, dessa forma, dos indivíduos comuns de entusiasmo fácil.

Os gênios, pelos seus naturais questionamentos, foram muitas vezes transportados a uma vida de solidão. Portanto, eles aprenderam a conviver consigo mesmos, adquirindo, assim, a ciência da autolibertação.

Ao crescerem espiritualmente, passaram a ter condições de auxiliar os outros.

Se um indivíduo tomar contato com o conhecimento espírita, adaptando seu modo de sentir e pensar a um comportamento acomodado às expectativas de rotina, estereotipando seu raciocínio e reflexões, perderá seu "senso crítico".

No entanto, quando esse mesmo indivíduo padronizado adquirir o verdadeiro discernimento dos ensinos dos Espíritos, ele passará a relacionar-se com a essência das coisas, e não unicamente com a forma. Mesmo porque a verdade é nova quase todos os dias, o que levou o codificador a dizer: "O Espiritismo, marchando com o progresso, jamais será ultrapassado porque, se novas descobertas demonstrassem estar em erro sobre um certo ponto, ele se modificaria sobre esse ponto; se uma nova verdade se revelar, ele a aceitará".

Dizer simplesmente o que é correto ou incorreto revela muitas vezes apenas um conhecimento subjetivo, pessoal.

A criatura, nessas condições, reproduz somente aquilo que leu na generalidade ou escutou de alguém. Neste caso, é denominada pessoa-clichê. Porém, se ela conseguir explicar ou fundamentar seu parecer sobre o fato ou a mensagem, avaliando-a singularmente como algo único ou distinto; utilizando sua faculdade de raciocinar com objetividade, ponderações ou razões sensatas, aí, sim, estará empregando seu "senso crítico".

Embora almejemos que os indivíduos alcancem o discernimento e empreguem o bom senso, quantas vezes, dentro do próprio lar, negamos às crianças o direito de gostar ou não de determinada coisa? Em casa e nas escolas, tentamos "melhorar" suas preferências, alterando-lhes as escolhas ou decisões, esquecidos de que todos nós nascemos com o direito de desenvolver nosso senso de análise.

Nossa avaliação só será aperfeiçoada quando exposta a novas experiências, que por sua vez serão inúteis se nos for retirado o direito natural de dizer "sim" e "não".

Cada um de nós é um projeto da Natureza, que nos torna seres originais. Nossa alma tem sua própria história de vida.

Devemos manter a prerrogativa de pensar por nós mesmos e não nos transformar em estatísticas.

O ensino espírita exige, antes de tudo, entendimento e atenção, raciocínio e critério.

Coração e mente, sintonizados, assemelham-se ao pêndulo de uma balança.

O meio-termo confere discernimento e "senso crítico".

O estudo da obra de Allan Kardec oferece cobertura completa para mantermos a mente sã e salva do fanatismo, que aparece fatalmente nas interpretações particularistas e nas análises intransigentes.

O fanático é irmão do falso zelo, filho da intolerância e da perseguição. Quando ele ultrapassa os limites do equilíbrio, perverte a razão e obscurece a consciência, justificando ser exigência da religião.

"Foi ele quem nos tornou aptos para sermos ministros de uma Aliança nova, não da letra, e sim do Espírito, pois a letra mata, mas o Espírito comunica a vida. O Espírito comunica a vida significa que aprender a discernir não é uma simples questão de obter informações, mas de relacioná-las com novas informações e conquistas filosóficas e científicas, integrando-as com bom senso.

A letra mata - a forma pode ser percebida de maneira confusa. É passível de engano ou ilusão, pois está ligada à aparência e à feição exterior.

A essência é a idéia central, o âmago de um ser, de um conceito ou de um acontecimento.

"Todo médium que deseja sinceramente não ser joguete da mentira, deve, pois, procurar trabalhar em reuniões sérias, e para elas levar o que obtém em particular; aceitar com reconhecimento, solicitar mesmo, o exame critico das comunicações que recebe (...)" Em realidade, o sensitivo somente encontra seu ponto de equilíbrio, seu "senso critico", quando valoriza e desenvolve sua força interior. Quanto mais ele se conscientizar de suas emoções e sentimentos e perceber seu mundo íntimo, mais idéias novas irão nascer, mais pessoas que conhecem os fenômenos mediúnicos virão trazer-lhe importantes esclarecimentos e informações, mais livros de orientação espiritual chegarão de maneira inesperada em suas mãos.

Enfim, tudo cooperará para que se defenda dos "Espíritos enganadores" ligados ou não na matéria densa.


Hammed 






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