quinta-feira, 22 de outubro de 2020

Joanna de Ângelis - Livro O Ser Consciente - Divaldo P. Franco - Cap. 15 - Problemas Humanos




Joanna de Ângelis - Livro O Ser Consciente - Divaldo P. Franco - Cap. 15


Problemas Humanos


Os problemas humanos ou desafios existenciais fazem parte do organograma da evolução. A criatura pensante é um ser incompleto ainda, em constante processo de aprimoramento, de transformações, em prolongado esforço para desenvolver os potenciais psicofísicos, parapsicológicos e mediúnicos nela em latência.

Aferrada às impressões mais grosseiras do ego, face ao que considera como fatores indispensáveis à sobrevivência — valores materiais que propiciam alimentação, vestuário, repouso, prazer e tranquilidade ante a doença e a velhice — desenvolve o apego e exterioriza o sentimento centralizador da posse, mantendo-se em alerta para a preservação desses bens, que lhe parecem de significado único, portanto, essenciais.

Qualquer ameaça real ou imaginária, que possa produzir a perda, torna-se problema, que logo se incorpora à conduta, gerando perturbação.

Além desses, outros (problemas) há de natureza psicológica, como heranças reencarnacionistas, que ressumam em forma de fenômenos patológicos, inquietadores.

Somem-se-lhes os que se derivam do inseguro inter-relacionamento pessoal, como decorrência do que se consigna em condição de imperfeições da alma.

Os problemas enraízam-se, não raro, nos tecidos da malha delicada do psiquismo, avultando-se ou perdendo o sentido, de acordo com as resistências fortes ou frágeis da personalidade individual.

O que a uns constitui gravame, aborrecimento, a outros não passa de insignificante acidente de percurso que estimula a marcha.

Quanto mais se valoriza o problema, mais vitalidade se lhe oferece, aumentando-lhe a força de ação com os seus correspondentes efeitos.

Nas personalidades instáveis, normalmente os complexos psicológicos assumem as responsabilidades pelas ocorrências problematizantes.

Quando algo em que se confia, ou do qual se espera resultado positivo, transforma-se em desastre, insucesso, o ego foge, escamoteia-o, por falta de consciência lúcida, afirmando: Eu sou culpado.

A inferioridade psicológica desenvolve o complexo em que se refugia, e, mesmo quando em aparente conflito, nele se realiza, justifica-se, deixa de lutar.

Certamente, cada problema merece um tipo de atenção, de cuidado especial para a sua solução. Esse esforço deve ser natural, destituído dos estímulos negativos do medo ou da ansiedade, de modo a analisar a situação conforme se apresente, e não consoante os fantasmas da insegurança desenhem na imaginação criativa — refúgio para a irresponsabilidade que não assume o papel que lhe diz respeito.

Em outros temperamentos, quando o problema se converte em dificuldade e ocorrência prejudicial, o ego estabelece: A culpa é do outro; ou da saúde; ou da família; ou do grupo social; ou da sociedade em geral, ou do destino...

Resolve-se a questão utilizando-se do complexo de superioridade, e mediante esta conduta coloca-se acima de qualquer suspeita de fragilidade, escondendo-se nas justificativas de incompreendido, perseguido, infeliz...

Evitando considerar o problema na sua real significação, passado o momento, compõe a consciência de culpa e esse mesmo ego recorre à condicional dos verbos, afligindo-se: Eu deveria ter feito de tal forma; eu poderia ter enfrentado; eu tentaria evitar...

Mecanismos perversos de imaturidade compõem a tecedura protetora do escapismo, para fugir das consequências dos problemas, cuja finalidade é testar as possibilidades e valores de cada uma em particular e de todas as criaturas em geral.

O problema humano, portanto, maior e mais urgente para ser equacionado, é a própria criatura.

Para consegui-lo, mister se torna o amadurecimento psicológico, decorrente do esforço sério e bem direcionado, do estudo do eu profundo e da sua busca incessante, que são as metas existenciais mais urgentes.

Na transitoriedade da condição humana, o eu profundo deve emergir, desatando os inestimáveis recursos que lhe são inatos, graças ao qual o psiquismo comanda conscientemente a vida, abrindo o leque imenso das percepções paranormais.

Nesse elenco de registros parapsíquicos desabrocham os recursos mediúnicos que propiciam o livre trânsito entre as duas esferas da vida: a física e a espiritual.

Essa dilatação da capacidade parafísica propicia o mergulho do eu profundo — o Espírito — na causalidade dos fenômenos humanos, assim interpretando, na origem, os problemas que sempre procedem das experiências anteriores.

Mesmo quando são atuais e começou recentemente, o ser que os enfrenta necessita deles, recuperando-se moralmente, trabalhando o amadurecimento, porquanto, o estado de infância psicológica decorre da ausência de realizações evolutivas.

Ninguém permanece vivo sem o enfrentamento com os problemas, que existem para ser resolvidos, oferecendo o saldo positivo de evolução.


Joanna de Ângelis







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