segunda-feira, 26 de outubro de 2020

Allan Kardec - O Livro dos Espíritos - 2ª Parte - Do mundo espírita ou mundo dos Espíritos - Cap. 4 - Da pluralidade das existências - Transmigrações progressivas - Questão 194 (Miramez)




Allan Kardec - O Livro dos Espíritos - 2ª Parte - Do mundo espírita ou mundo dos Espíritos - Cap. 4 - Da pluralidade das existências


Transmigrações progressivas 


194. É possível que, em nova encarnação, a alma de um homem de bem anime o corpo de um celerado?

“Não, visto que não pode degenerar.”

a) – A alma de um homem perverso pode tornar-se a de um homem de bem?

“Sim, se se arrependeu. Isso constitui então uma recompensa.”

A marcha dos Espíritos é progressiva, jamais retrógrada. Eles se elevam gradualmente na hierarquia e não descem da categoria a que ascenderam. Em suas diferentes existências corporais, podem descer como homens, não como Espíritos. Assim, a alma de um potentado da Terra pode mais tarde animar o mais humilde obreiro e vice-versa, visto que, entre os homens, as categorias estão frequentemente na razão inversa da elevação das qualidades morais. Herodes era rei e Jesus, carpinteiro.


Allan Kardec



O Livro dos Espíritos comentado pelo Espírito Miramez

Questão 194 comentada


O Espírito de um homem de bem, jamais volta à Terra animando o corpo de um celerado. Não há condições de um Espírito retroceder em seus sentimentos; ele sempre avança, esta é a lei do progresso, que é força de Deus. No entanto, a alma de um celerado em uma reencarnação, pode, em outra, voltar animando o corpo de um homem regenerado; basta arrepender-se e continuar se esforçando, para não cair em faltas novamente.

A própria matéria em si não degenera, não muda para pior, a não ser na forma, tudo cresce nos caminhos de Deus e a nossa maior alegria é essa, a esperança que acode nossas venturas na aquisição das qualidades nobres que conhecemos, bem como de outras que desabrocham na criatura renovada.

A marcha da evolução da própria civilização nos mostra o progresso em tudo, e em todos os lugares, nos homens e mesmo na natureza. Analisando as religiões, notaremos o quanto elas progrediram desde seus nascimentos. Isso nos prova que tudo melhora, a fim de alcançar novos dias de glória. A imortalidade é sempre a esperança de todas as criaturas.

A Doutrina dos Espíritos tem a missão de colocar o homem mais perto com o mundo espiritual, treinando-o para uma constante comunicação, de sorte a trocar experiência e abrir campo de trabalho em favor do bem-estar da sociedade; para isso, usa a mediunidade como porta aberta para o diálogo entre vivos e mortos. E, acima de todas as coisas, vem trazer novas notícias da grandeza e do valor de Jesus Cristo sobre as nossas vidas, como sendo Ele um sol que aquece as nossas almas em todas as jornadas empreendidas. Ele faz-nos crer no valor da prece e do trabalho honrado, na sublimidade da caridade e no respeito às leis naturais da vida.

Quem disse que o Evangelho de Jesus degenerou, esqueceu-se da misericórdia do Mestre, que aceitou que a Boa Nova do reino fosse envolvida na letra, uma vez que os homens, depois do quarto século, não tinham capacidade de viver esse Evangelho verdadeiro, na condição em que ele foi escrito. Jesus, por isso, prometeu, ainda em sua estada na Terra, que enviaria outro Consolador, para fazer os homens crerem na grande esperança, relembrando tudo que Ele tinha dito em Espírito e Verdade. Se não fosse assim, se houvesse degeneração, o Mestre não falaria da vinda do Consolador.

Não houve, tornamos a dizer, degeneração. O que houve foi uma espera, para que essa humanidade criasse maturidade para entender o que foi dito pelo Mestre há dois mil anos. O progresso se encarregaria de aprontar, de educar os homens para esse grande evento, onde a felicidade pudesse não mais figurar como uma utopia. Agora conhecemos o Evangelho na sua plenitude, porém, não basta somente conhecer; é preciso vivenciar os seus ensinamentos ou, pelo menos, se esforçar para essa vivência, para então passarmos de Espíritos endurecidos, para seres conhecedores da verdade e libertos da ignorância.


Miramez



Filosofia Espírita – Volume IV. - João Nunes Maia
Cap. 41 - Nunca degenerar





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