André Luiz - Livro Coletânea do Além - Espíritos Diversos / Chico Xavier - Cap. 68
Jesus
Divino Senhor — fez-se humilde servo da humanidade.
Pastor Supremo — nasceu na manjedoura singela.
Ungido da Providência — preferiu chegar ao planeta, no espesso manto da noite, para que o mundo lhe não visse a corte celestial.
Orientador nas Esferas Resplandecentes — rejubilou-se na casinha rústica de Nazaré.
Construtor do Orbe Terrestre — manejou serrotes anônimos de uma carpintaria desconhecida.
Prometido dos Profetas — escolheu a simplicidade para instituir o Reino de Deus.
Enviado às Nações — preferiu conversar com os doutores na condição de criança.
Luzeiro das Almas — consagrou longos anos à preparação e à meditação, a fim de ensinar às criaturas o caminho da redenção.
Verbo Sagrado do Princípio — submeteu-se à limitação da palavra humana para iluminar o mundo.
Sábio dos Sábios — valeu-se de pescadores pobres e simples para transmitir aos homens a divina mensagem.
Mestre dos Mestres — utilizou-se da cátedra da Natureza, entre árvores acolhedoras e barcos rudes, disseminando as primeiras lições do Evangelho Renovador.
Majestade Celeste — conviveu com infelizes e desalentados da sorte.
Príncipe do Bem — não desdenhou as vítimas do mal, amparando mulheres desventuradas e sentando-se à mesa de pecadores envilecidos.
Instrutor de Entidades Angélicas — andou com a multidão de leprosos, estropiados e cegos de todos os matizes.
Administrador da Terra — ensinou o respeito a César, consagrando a ordem e santificando a hierarquia.
Benfeitor das Criaturas — recebeu a calúnia, o ridículo, a ironia, o desprezo público, a prisão dolorosa e o inquérito descabido.
Amigo Fiel — viu-se sozinho, no extremo testemunho.
Juiz Incorruptível — não reclamou contra os falsos julgamentos de sua obra.
Advogado do Mundo — acolheu a cruz injuriosa.
Ministro Divino da Palavra — adotou o silêncio, ante a ignorância de seus perseguidores.
Dono do Poder — rogou perdão para os próprios algozes.
Médico Sublime — suportou chagas sanguinolentas.
Jardineiro de Flores Eternas — foi coroado de espinhos cruéis.
Companheiro Generoso — recebeu açoites e bofetadas.
Condutor da Vida — aceitou a crucificação entre ladrões.
Emissário do Pai — manteve-se fiel a Deus até o fim.
Mensageiro da Luz Imortal — escolheu o coração amoroso e renovado de Madalena para espalhar na Terra as primeiras alegrias da ressurreição.
Mordomo dos Bens Eternos — em precisando de alguém para colaborar com os seus seguidores sinceros, busca Saulo de Tarso, o perseguidor, e transforma-o no amigo incondicional.
Coordenador da Evolução Terrestre — necessitando de trabalhadores para as missões especializadas, procura os Ananias da fé, os Estêvãos do trabalho e os Barnabés anônimos da cooperação.
Missionário Infatigável da Redenção Humana — foi sempre e ainda é o maior servidor dos homens de todos os tempos e civilizações da Terra.
Recordando o Mestre Divino, convertamo-nos ao seu Evangelho de Amor, para que a sua luz nasça na manjedoura de nossos corações pobres e humildes! E, edificados no seu exemplo, abracemos a cruz de nossos preciosos testemunhos, marchando ao encontro do Senhor, no iluminado País da Ressurreição Eterna!
Joanna de Ângelis - Livro Vida Feliz - Divaldo P. Franco - Cap. 25
Sempre que interrogado a respeito de alguém, fornece impressões positivas.
Na impossibilidade de fazê-lo, porque a pessoa tenha uma conduta irregular, silencia ou elucida com bondade, evitando piorar-lhe a situação ou torná-la mais divulgada.
Não és fiscal do comportamento alheio, nem podes imaginar se aquele equivocado de ontem, não se encontra hoje em processo de recuperação.
Sejam tuas a opinião que edifica e a palavra que ajuda sempre
Joanna de Ângelis - Livro Vidas Vazias - Divaldo P. Franco - Cap. 8
Sob qualquer aspecto
Queira-se ou não, Jesus é a resposta dos Céus aos apelos aflitos do mundo vencido pelas paixões humanas inferiores, a fim de vencê-las.
Numa análise profunda sobre a personalidade de Jesus hodiernamente, encontram-se conclusões especiais e fascinantes que Lhe caracterizam a existência especial e singular.
Isto porque Jesus é o Ser mais surpreendente da história da Humanidade.
Além de haver dividido os tempos, impôs comportamentos jamais pensados, que O enobrecem sob qualquer ângulo em que seja observado.
Para aqueles indivíduos que Lhe negam a grandeza espiritual e a liderança para ser alcançado o Reino de Deus, surgem outras condições que não podem ser ignoradas e muito menos subestimadas.
Havendo vivido num modesto povoado de gentes simples e destituídas de conhecimentos, nem sequer dispunha de alguém que lhe pudesse ministrar aulas a respeito da sabedoria universal.
Agarrados às suas intrigas e tradições perturbadoras, jamais alguém se destacara na comunidade, vivendo-se as pequenas aspirações do cotidiano, sem nenhum voo do pensamento iluminado.
E Ele, sem qualquer aprendizagem terrestre, aos doze anos de idade dialogou com os rabinos de Jerusalém, portadores de cultura impecável, e pôde embaraçar os interlocutores com capacidade ética e estética surpreendente.
Filósofo de rara doutrina, a do amor, não frequentou nenhuma academia, revolucionou os sentimentos numa síntese que reúne as tradições de Sócrates, Platão e Aristóteles, e adquiriu mais seguidores do que os três reunidos.
Revolucionário do bem, enfrentou as conjunturas mais terríveis que haviam construído o Império Romano, sem derramamento do sangue daqueles que se Lhe opuseram, o que deu lugar ao martírio de mais de um milhão de discípulos durante os primeiros séculos.
Terapeuta inconfundível, penetrava nas gêneses dos aflitos que O buscavam, não necessitando de nenhuma instrumentação convencional, e identificava os males que os afligiam, bem como as suas causas, e de imediato os solucionava.
Mestre incomparável, utilizou a Natureza para Sua cátedra e das coisas humildes como usuais e conhecidas, ofereceu ensinamentos profundos, que ainda causam surpresa. As Suas parábolas são páginas de vida ricas de sabedoria e portadoras de orientações psicológicas incomuns.
Orador excelente, fez da palavra bem colocada os mais belos e encantadores discursos e poemas que se conhecem, quais o Sermão da Montanha e as perorações baseadas no Eu sou...
Todos quantos O ouviram jamais esqueceram dos Seus comentários e das Suas belas expressões.
Cidadão perfeito, jamais deixou de cumprir os deveres legais que Lhe diziam respeito, considerando as leis injustas que se encontravam estabelecidas, sem abandonar ou descuidar-se do ministério para o qual viera à Terra.
Amigo fiel, cercou-se dos mais necessitados para os ajudar, sem negacear auxílio àqueles das chamadas classes sociais elevadas.
Humilde como ninguém, logrou sensibilizar todos que O encontraram, sem transigir com as injunções perversas dos hábitos do Seu tempo.
Advogado dos infelizes, defendia-os com tal eloquência que ia além das lições acadêmicas, e a todos libertou.
Sem ter escrito uma palavra, legou à posteridade a mais completa doutrina de amor que ainda enfloresce a Humanidade.
Somente Francisco de Assis conseguiu imitá-Lo, tornando-se um símile feito na luz do amor.
Nunca O desdenhes ou finjas ignorá-Lo.
Na atualidade apressada, quando se destacam a prosápia, o poder temporal injusto, a astúcia e a ambição desmedida, campanhas sórdidas são organizadas para negar-Lhe a existência ou desdenhar os Seus ensinamentos.
Quando Ele tornou bem-aventurados os pobres de espírito, os humildes e os simples de coração, os que sofrem injustiças, os esquecidos, reverteu as determinações enganosas, encontrando-se ainda hoje reações violentas dos imprevidentes e ricos de vanglória.
Enquanto a moderna Psicologia reconheça a culpa e a ansiedade como fatores endógenos poderosos geradores de distúrbios emocionais, Jesus teve ocasião de propor a terapia preventiva do perdão e do autoperdão, assim como recomendou cuidados especiais em relação ao dia de hoje sem aflição pelo amanhã.
Valorizou as atitudes da amizade pura na convivência com os doze, com Lázaro e suas duas irmãs, e lecionou fraternidade legítima que enternece os corações.
Aqueles que O seguiram nos primeiros tempos foram massacrados e martirizados, não, porém, extintos, pelo alto significado das Suas lições para tornar feliz a existência terrestre.
No formoso terreno do sacrifício, deles a planta do amor cresceu e tornou-se jardim de bênçãos para os dias longínquos ou próximos do futuro.
Em determinado período, porém, da civilização, adulteraram os Seus ensinos, adaptando-os aos interesses mentirosos do mundo, mas apesar dessa crueldade e covardia, surgiram seguidores da Sua palavra que consagraram a Verdade na Terra.
Queira-se ou não, Jesus é a resposta dos Céus aos apelos aflitos do mundo vencido pelas paixões humanas inferiores, a fim de vencê-las.
Mesmo hoje, quando se pretende anular-Lhe a influência, Ele cuida do Seu rebanho através dos emissários espirituais que inspiram as criaturas, através dos médiuns responsáveis que transmitem as mensagens do Mais-alto com honestidade e abnegação.
Jesus havia informado que não deixaria as pessoas órfãs do Seu amor e, repentinamente, como um exército sublime bem conduzido, os Espíritos do bem invadiram o planeta em cânticos de exaltação e de caridade, demonstrando que Ele, na condição de Nauta Divino, conduz a barca terrestre ao porto de segurança, onde reina a paz.
Busca segui-lO sem muita discussão.
Se estás em sofrimento, pensa n’Ele.
Se tens a alma em frangalhos, busca-Lhe o auxílio.
Se te encontras ditoso, recorre a Ele.
E se estás em paz, vive-O e divulga-O ao mundo atormentado destes tempos.
Joanna de Ângelis
HODIERNO: Atual, moderno, dos dias de hoje.
PERORAÇÃO: A última parte de um discurso; conclusão
NEGACEAR: Seduzir por meio de negaça(s); atrair, provocar.
Meimei - Livro Antologia Mediúnica do Natal - Espíritos Diversos / Chico Xavier - Cap. 57
Encontro de Natal
Recolhes as melodias do Natal, guardando o pensamento engrinaldado pela ternura de harmoniosa canção…
Percebes que o Céu te chama a partilhar os júbilos da exaltação do Senhor nas sombras do mundo.
Entretanto, misturada ao regozijo que te acalenta a esperança, carregas a névoa sutil de recôndita angústia, como se trouxesses no peito um canteiro de rosas orvalhado de lágrimas…
É que retratas no espelho da própria emoção o infortúnio de tantos outros companheiros que foram inutilmente convidados para a consagração da alegria.
Levantaste no lar a árvore da ventura doméstica, de cujos galhos pendem os frutos do carinho perfeito; entretanto, não longe, cambaleiam seguidores de Jesus, suspirando por leve proteção que os resguarde contra o frio da noite;
banqueteias-te, sob guirlandas festivas, mas, a poucos passos da própria casa, mães e crianças desprotegidas, aguardando o socorro do Cristo, enlanguescem de fadiga e necessidade;
repetes hinos comovedores, tocados pela serena beleza que dimana dos astros; no entanto, nas vizinhanças, cooperadores humildes do Mestre choram cansados de penúria e aflição;
abraças os entes queridos, desfrutando excessos de reconforto; contudo, à pequena distância, esmorecem amigos de Jesus, implorando quem lhes dê a bênção de uma prece e o consolo de uma palavra afetuosa, nas grades dos manicômios ou no leito dos hospitais…
Sim, quando refletes na glória da Manjedoura, sentes, em verdade, a presença do Cristo no coração!
Louva as doações divinas que te felicitam a existência, mas não te esqueças de que o Natal é o Céu que se reparte com a Terra, através do eterno amor que se derramou das estrelas.
Agradece o dom inefável da paz que volta, de novo, enriquecendo-te a vida, mas divide a própria felicidade, realizando, em nome do Senhor, a alegria de alguém!…
Humberto de Campos - Livro Boa Nova - Chico Xavier - Cap. 14
A lição a Nicodemos
Em face dos novos ensinamentos de Jesus, todos os fariseus do templo se tomavam de inexcedíveis cuidados, pelo seu extremado apego aos textos antigos. O Mestre, porém, nunca perdeu ensejo de esclarecer as situações mais difíceis com a luz da verdade que a sua palavra divina trazia ao pensamento do mundo. Grande número de doutores não conseguia ocultar o seu descontentamento, porque, não obstante suas atividades derrotistas, continuavam as ações generosas de Jesus beneficiando os aflitos e os sofredores. Discutiam-se os novos princípios, no grande templo de Jerusalém, nas praças públicas e nas sinagogas. Os mais humildes e pobres viam no Messias o emissário de Deus, cujas mãos repartiam em abundância os bens da paz e da consolação. As personalidades importantes temiam-no.
É que o profeta não se deixava seduzir pelas grandes promessas que lhe faziam com referência ao seu futuro material. Jamais temperava a sua palavra de verdade com as conveniências do comodismo da época. Apesar de magnânimo para com todas as faltas alheias, combatia o mal com tão intenso ardor, que para logo se fazia objeto de hostilidade para todas as intenções inconfessáveis. Mormente em Jerusalém que, com o seu cosmopolitismo, era um expressivo retrato do mundo, as ideias do Senhor acendiam as mais apaixonadas discussões. Eram populares que se entregavam à apologia franca da doutrina de Jesus, servos que o sentiam com todo o calor do coração reconhecido, sacerdotes que o combatiam abertamente, convencionalistas que não o toleravam, indivíduos abastados que se insurgiam contra os seus ensinos.
Todavia, sem embargo das dissensões naturais que precedem o estabelecimento definitivo das ideias novas, alguns Espíritos acompanhavam o Messias, tomados de vivo interesse pelos seus elevados princípios. Entre estes, figurava Nicodemos, fariseu notável pelo coração bem formado e pelos dotes da inteligência. Assim, uma noite, ao cabo de grandes preocupações e longos raciocínios, procurou a Jesus, em particular, seduzido pela magnanimidade de suas ações e pela grandeza de sua doutrina salvadora. O Messias estava acompanhado apenas de dois dos seus discípulos e recebeu a visita com a sua bondade costumeira.
Após a saudação habitual e revelando as suas ânsias de conhecimento, depois de fundas meditações, Nicodemos dirigiu-se-lhe respeitoso:
— Mestre, bem sabemos que vindes de Deus, pois somente com a luz da assistência divina poderíeis realizar o que tendes efetuado, mostrando o sinal do Céu em vossas mãos. Tenho empregado a minha existência em interpretar a lei, mas desejava receber a vossa palavra sobre os recursos de que deverei lançar mão para conhecer o Reino de Deus!
O Mestre sorriu bondosamente e esclareceu:
— Primeiro que tudo, Nicodemos, não basta que tenhas vivido a interpretar a lei. Antes de raciocinar sobre as suas disposições, deverias ter-lhe sentido os textos. Mas, em verdade devo dizer-te que ninguém conhecerá o Reino do Céu, sem nascer de novo.
— Como pode um homem nascer de novo, sendo velho? — Interrogou o fariseu, altamente surpreendido. Poderá, porventura, regressar ao ventre de sua mãe?
O Messias fixou nele os olhos calmos, consciente da gravidade do assunto em foco, e acrescentou:
— Em verdade, reafirmo-te ser indispensável que o homem nasça e renasça, para conhecer plenamente a luz do Reino!…
— Entretanto, como pode isso ser? — Perguntou Nicodemos, perturbado.
— És mestre em Israel e ignoras estas coisas? — Inquiriu Jesus, como surpreendido. —
É natural que cada um somente testifique daquilo que saiba; porém, precisamos considerar que tu ensinas. Apesar disso, não aceitas os nossos testemunhos. Se falando eu de coisas terrenas sentes dificuldades em compreendê-las com os teus raciocínios sobre a lei, como poderás aceitar as minhas afirmativas quando eu disser das coisas celestiais? Seria loucura destinar os alimentos apropriados a um velho para o organismo frágil de uma criança.
Extremamente confundido, retirou-se o fariseu, ficando André e Tiago empenhados em obter do Messias o necessário esclarecimento, acerca daquela lição nova.
Jerusalém quase dormia sob o véu espesso da noite alta. Silêncio profundo se fizera sobre a paisagem. Jesus, no entanto, e aqueles dois discípulos continuavam presos à conversação particular que haviam entabulado. Os dois, desejavam ardentemente penetrar o sentido oculto das palavras do Mestre. Como seria possível aquele renascimento? Não obstante os seus conhecimentos, também partilhavam da perplexidade que levara Nicodemos a se retirar fundamente surpreendido.
— Por que tamanha admiração, em face destas verdades? — Perguntou-lhes Jesus, bondosamente. — As árvores não renascem depois de podadas? Com respeito aos homens, o processo é diferente, mas o espírito de renovação é sempre o mesmo. O corpo é uma veste. O homem é seu dono. Toda roupagem material acaba rota, porém o homem, que é filho de Deus, encontra sempre em seu amor os elementos necessários à mudança do vestuário. A morte do corpo é essa mudança indispensável, porque a alma caminhará sempre, através de outras experiências, até que consiga a imprescindível provisão de luz para a estrada definitiva no Reino de Deus, com toda a perfeição conquistada ao longo dos rudes caminhos.
André sentiu que uma nova compreensão lhe felicitava o espírito simples e perguntou:
— Mestre, já que o corpo é como a roupa material das almas, por que não somos todos iguais no mundo? Vejo belos jovens, junto de aleijados e paralíticos…
— Acaso não tenho ensinado, — disse Jesus, — que tem de chorar todo aquele que se transforma em instrumento de escândalo? Cada alma conduz consigo própria o inferno ou o Céu que edificou no âmago da consciência.
Seria justo conceder-se uma segunda veste mais perfeita e mais bela ao Espírito rebelde que estragou a primeira? Que diríamos da sabedoria de Nosso Pai, se facultasse as possibilidades mais preciosas aos que as utilizaram na véspera para o roubo, o assassínio, a destruição? Os que abusaram da túnica da riqueza vestirão depois as dos fâmulos e escravos mais humildes, como as mãos que feriram podem vir a ser cortadas.
— Senhor, compreendo agora o mecanismo do resgate, — murmurou Tiago, externando a alegria do seu entendimento. — Mas, observo que, desse modo, o mundo precisará sempre do clima do escândalo e do sofrimento, desde que o devedor, para saldar seu débito, não poderá faze-lo sem que outro lhe tome o lugar com a mesma dívida.
O Mestre apreendeu a amplitude da objeção e esclareceu os discípulos, perguntando:
— Dentro da lei de Moisés, como se verifica o processo da redenção?
Tiago meditou um instante e respondeu:
— Também na lei está escrito que o homem pagará “olho por olho, dente por dente”.
— Também tu, Tiago, estás procedendo como Nicodemos, — replicou Jesus com generoso sorriso. — Como todos os homens, aliás, tens raciocinado, mas não tens sentido. Ainda não ponderaste, talvez, que o primeiro mandamento da lei é uma determinação de amor. Acima do “não matarás”, do “não adulterarás”, do “não cobiçarás”, está o “amar a Deus sobre todas as coisas, de todo o coração e de todo o entendimento”. Como poderá alguém amar o Pai, aborrecendo-lhe a obra?
Contudo, não estranho a exiguidade de visão espiritual com que examinaste o texto dos profetas. Todas as criaturas hão feito o mesmo. Investigando as revelações do Céu com o egoísmo que lhes é próprio, organizaram a justiça como o edifício mais alto do idealismo humano. Eu, entretanto, coloco o amor acima da justiça do mundo e tenho ensinado que só ele cobre a multidão dos pecados. Se nos prendemos à lei de talião, somos obrigados a reconhecer que onde existe um assassino haverá, mais tarde, um homem que necessita ser assassinado; com a lei do amor, porém, compreendemos que o verdugo e a vítima são dois irmãos, filhos de um mesmo Pai. Basta que ambos sintam isso para que a fraternidade divina afaste os fantasmas do escândalo e do sofrimento.
Ante as elucidações do Mestre, os dois discípulos estavam maravilhados. Aquela lição profunda esclarecia-os para sempre.
Tiago, então, aproximou-se e sugeriu a Jesus que proclamasse aquelas verdades novas na pregação do dia seguinte. O Mestre dirigiu-lhe um olhar de admiração e interrogou:
— Será que não compreendeste? Pois, se um doutor da lei saiu daqui sem que eu lhe pudesse explicar toda a verdade, como queres que proceda de modo contrário, para com a compreensão simplista do espírito popular? Alguém constrói uma casa iniciando pelo teto o trabalho? Além disso, mandarei mais tarde o Consolador, a fim de esclarecer e dilatar os meus ensinos.
Eminentemente impressionados, André e Tiago calaram as derradeiras interrogações. Aquela palestra particular, entre o Senhor e os discípulos, permaneceria guardada na sombra leve da noite em Jerusalém; mas, a lição a Nicodemos estava dada. A lei da reencarnação estava proclamada para sempre, no Evangelho do Reino.
Emmanuel - Livro Encontro de Paz - Espíritos Diversos / Chico Xavier - Cap. 3
Rogativa e cooperação
Rogamos a assistência e o poder de Deus, em nosso benefício, entretanto, é forçoso lembrar que Deus igualmente espera por nosso apoio e cooperação.
Deus é a Sabedoria Infinita.
Guardas a inteligência capaz de discernir.
Deus é paz.
Consegues, em qualquer situação, colaborar claramente na edificação da concórdia.
Deus é Amor.
Podes ser, em todas as circunstâncias, uma parcela de bondade.
Deus é a Luz da Vida.
Seja qual seja o lance do caminho, conservas a prerrogativa de acender a chama da esperança.
Em Deus, todas as doenças se extinguem.
Em ti, a possibilidade de socorrer aos enfermos.
Em Deus, a força de sustentar a todos.
Em ti, os recursos de amparar alguns ou de ajudar em favor de alguém.
Em Deus, a alegria perfeita.
Em ti, o privilégio de sorrir encorajando os outros.
Em Deus, a tolerância.
Em ti, o perdão.
Deus é a Providência da Humanidade.
Onde estiveres, podes ser, se o desejas, a bênção e o apoio na família ou no grupo de trabalho a que pertences.
Deus pode tudo.
Cada criatura pode algo.
Sempre que nos dirijamos a Deus, pedindo auxílio, — e sempre solicitamos de Deus o auxílio máximo, — não nos esqueçamos, pelo menos, do mínimo de bem que todos nós já podemos fazer.
André Luiz - Livro Mecanismos da Mediunidade - Chico Xavier / Waldo Vieira - Cap. 25 - Oração
Grandeza da oração
— Observamos em todos os momentos da alma, seja na repouso ou na atividade, o reflexo condicionado (ou ação independente da vontade que se segue, imediatamente, a uma excitação externa) na base das operações da mente, objetivando esse ou aquele gênero de serviço.
Daí resulta o impositivo da vigilância sobre a nossa própria orientação, de vez que somente a conduta reta sustenta o reto pensamento e, de posse do reto pensamento, a oração, qualquer que seja o nosso grau de cultura intelectual, é o mais elevado toque de indução para que nos coloquemos, para logo, em regime de comunhão com as Esferas Superiores.
De essência divina, a prece será sempre o reflexo positivamente sublime do Espírito, em qualquer posição, por obrigá-lo a despedir de si mesmo os elementos mais puros de que possa dispor.
No reconhecimento ou na petição, na diligência ou no êxtase, na alegria ou na dor, na tranquilidade ou na aflição, ei-la exteriorizando a consciência que a formula, em efusões indescritíveis, sobre as quais as ondulações do Céu corrigem o magnetismo torturado da criatura, insulada no sofrimento educativo da Terra, recompondo-lhe as faculdades profundas.
A mente centralizada na oração pode ser comparada a uma flor estelar, aberta ante o Infinito, absorvendo-lhe o orvalho nutriente de vida e luz.
Aliada à higiene do espírito, a prece representa o comutador das correntes mentais, arrojando-as à sublimação.
Miramez - Livro Filosofia da Mediunidade Vol. II - João Nunes Maia - Cap. 13
Força da mente
Livro dos Médiuns - 2ª Parte Cap. 4 - 74 - XI
O moral elevado de uma alma capacita-a de forças tais que desenvolvem a sua mente, em se tratando de Influências, e mesmo comando dos Espíritos inferiores. Não vês como os discípulos de Jesus receberam o dom de curar? Receberam-no da sua própria estrutura íntima, onde estava em estado de sono. Todos temos as qualidades espirituais doadas por Deus, cabendo a nós outros somente despertá-las.
A mente pode ser adestrada por exercícios, pelo saber, no entanto somente o moral nos dá segurança para tal desempenho e comando das forças internas, e mesmo externas, na operação de grandes fenômenos. Os Espíritos inferiores podem fazer, e sempre fazem, barulhos desordenados por toda a natureza, qual a criança ao dedilhar um instrumento musical, faltando-lhe a harmonia e ritmo dos sons.
Em uma sessão organizada, onde o objetivo é despertar os homens para os serviços espirituais, vem o toque dos benfeitores espirituais, dando ritmo aos efeitos, mostrando a beleza e a ciência desta operação, que não cabe aos Espíritos inferiores dirigir. É por isso que alertamos aos médiuns para a educação das suas faculdades, a fim de que não atraiam Espíritos brincalhões para sua companhia, nem Espíritos zombeteiros para o seu convívio. As reuniões devem ser sérias, com fundamento na caridade, de onde se tiram muitos recursos de disciplina cristã, para que os médiuns não sejam instrumentos das trevas.
Acode à educação da mente, mas, para o bem comum de todas as criaturas, sem esqueceres a moral evangélica. Nisto é que deves fazer exercícios todos os dias. Podes observar a chegada dos pensamentos à tua cabeça e procurar corrigi-los, no que estiver ao teu alcance. Se escapulir algum com certa inferioridade, cerca-o na boca; não fales o que não convém ao bom senso e luta contigo mesmo para não seres atraído para os lugares que esquecem a moral de Jesus. A maior guerra é a que travamos com nós mesmos, por encontrarmos todas as feras em nossa intimidade, furiosas, lutando para a nossa perdição.
Trabalha com a mente, exercita-a em todos os teus valores, mas, jamais deves esquecer-te da moral, ponto por ponto, passo por passo, que ela é a asseguradora do teu equilíbrio de vida, sem a interferência dos Espíritos ainda primitivos. Devemos usar as armas da mente em completo domínio das emoções, pois, se persistimos, o fortalecimento virá de fora para cooperar com nossa intimidade, como sendo Jesus agindo em nós, somando-se à presença de Deus.
Recomendamos aos médiuns para fugirem do alarde, para deixarem de anunciar o que estão fazendo. Se estão movidos pelo amor, essa irradiação benfeitora já sabe falar no silêncio de onde está partindo, e o fluido universal mais puro anuncia para toda a criação o valor dos emitentes do bem. Por isso é que falamos que o bem nunca morre.
Aos espíritas militantes, é bom lembrar que os Espíritos inferiores quase sempre estão presentes nos trabalhos de efeitos físicos que tanto interessam aos encarnados. Todo cuidado é pouco, no que resulta dessas reuniões. Os médiuns operadores estão sendo tomados por Espíritos, às vezes de boa vontade, mas que desconhecem quase sempre a moral evangélica e a educação, que objetiva a Doutrina dos Espíritos. Quando os médiuns estão movidos pela verdadeira caridade, há a força alentadora dos Espíritos superiores por trás dos que produzem os efeitos.
O significado das palavras "dai de graça o que de graça recebeis”, do Evangelho de Jesus, é a mostra do caminho que deves percorrer, que Allan Kardec reforçou, tirando deste ensinamento muitas maneiras de o trabalho mediúnico ser exercitado por amor.
"Fora da caridade não há salvação”, ensina "O Evangelho Segundo o Espiritismo". Os medianeiros devem condicionar-se nesta máxima gloriosa do Espírito Paulo de Tarso que, mesmo quando na carne, escreveu, com letras de ouro o valor da caridade.
Voltando às aparições dos Espíritos, os encarnados assomam em massa para vê-los. Vamos ouvir o conselho de Jesus, anotado por João:
Disse-lhe Jesus: Porque me viste, creste? Bem-aventurados os que não viram, e creram. (João, 20:29)
“Glória a Deus nas Alturas, paz na Terra e boa vontade para com os homens.” — (LUCAS, 2.14)
As legiões angélicas, junto à Manjedoura, anunciando o Grande Renovador, não apresentaram qualquer palavra de violência.
Glória a Deus no Universo Divino.
Paz na Terra.
Boa vontade para com os Homens.
O Pai Supremo, legando a nova era de segurança e tranquilidade ao mundo, não declarava o Embaixador Celeste investido de poderes para ferir ou destruir.
Nem castigo ao rico avarento.
Nem punição ao pobre desesperado.
Nem desprezo aos fracos.
Nem condenação aos pecadores.
Nem hostilidade para com o fariseu orgulhoso.
Nem anátema contra o gentio inconsciente.
Derramava-se o Tesouro Divino, pelas mãos de Jesus, para o serviço da boa vontade.
A justiça do “olho por olho e do dente por dente” encontrara, enfim, o Amor disposto à sublime renúncia até à cruz.
Homens e animais, assombrados ante a luz nascente na estrebaria, assinalaram júbilo inexprimível…
Daquele inolvidável momento em diante a Terra se renovaria.
O algoz seria digno de piedade.
O inimigo converter-se-ia em irmão transviado.
O criminoso passaria à condição de doente.
Em Roma, o povo gradativamente extinguiria a matança nos circos. Em Sídon, os escravos deixariam de ter os olhos vazados pela crueldade dos senhores. Em Jerusalém, os enfermos não mais seriam relegados ao abandono nos vales de imundície.
Jesus trazia consigo a mensagem da verdadeira fraternidade e, revelando-a, transitou vitorioso, do berço de palha ao madeiro sanguinolento.
Irmão, que ouves no Natal os ecos suaves do cântico milagroso dos anjos, recorda que o Mestre veio até nós para que nos amemos uns aos outros.
Natal! Boa Nova! boa vontade!…
Estendamos a simpatia para com todos e comecemos a viver realmente com Jesus, sob os esplendores de um novo dia.
“Se alguém diz: — eu amo a Deus, e aborrece a seu irmão, é mentiroso. Pois quem não ama o seu irmão, ao qual viu, como pode amar a Deus, a quem não viu?” — (1 João, 4.20)
A vida é processo de crescimento da alma ao encontro da Grandeza Divina.
Aproveita as lutas e dificuldades da senda para a expansão de ti mesmo, dilatando o teu círculo de relações e de ação.
Aprendamos para esclarecer.
Entesouremos para ajudar.
Engrandeçamo-nos para proteger.
Eduquemo-nos para servir.
Com o ato de fazer e dar alguma coisa, a alma se estende sempre mais além…
Guardando a bênção recebida para si somente, o Espírito, muitas vezes, apenas se adorna, mas, espalhando a riqueza de que é portador, cresce constantemente.
Na prestação de serviço aos semelhantes, incorpora-se, naturalmente, ao coro das alegrias que provoca.
No ensinamento ao aprendiz, liga-se aos benefícios da lição.
Na criação das boas obras, no trabalho, na virtude ou na arte, vive no progresso, na santificação ou na beleza com que a experiência individual e coletiva se alarga e aperfeiçoa.
Na distribuição de pensamentos sadios e elevados, converte-se em fonte viva de graça e contentamento para todos.
No concurso espontâneo, dentro do ministério do bem, une-se à prosperidade comum.
Dá, pois, de ti mesmo, de tuas forças e recursos, agindo sem cessar, na instituição de valores novos, auxiliando os outros, a benefício de ti mesmo.
O mundo é caminho vasto de evolução e aprimoramento, onde transitam, ao teu lado, a ignorância e a fraqueza.
Aproveita a gloriosa oportunidade de expansão que a Esfera física te confere e ajuda a quem passa, sem cogitar de pagamento de qualquer natureza.
O próximo é a nossa ponte de ligação com Deus.
Se buscas o Pai, ajuda ao teu irmão, amparando-vos reciprocamente, porque, segundo a palavra iluminada do evangelista, “se alguém diz: — eu amo a Deus, e aborrece o semelhante, é mentiroso, pois quem não ama o companheiro com quem convive, como pode amar a Deus, a quem ainda não conhece?”
André Luiz - Livro No Mundo Maior - Chico Xavier - Cap. 11
Sexo
Ainda sob a impressão desagradável colhida do drama de Cecília, acompanhei Calderaro a curioso centro de estudos, onde elevados mentores ministram conhecimentos a companheiros aplicados ao trabalho de assistência na Crosta.
— Não é templo de revelações avançadas informou o instrutor —, mas instituição de socorro eficiente às ideias e empreendimentos dos colaboradores militantes nas oficinas de amparo espiritual; cátedra de amizade, criada para discípulos a quem o esforço perseverante enobrece.
Ante minha indagação de aprendiz, continuou, bondoso:
— Esses amigos reúnem-se uma vez por semana, a fim de ouvirem mensageiros autorizados no tocante a questões que interessam de perto nosso ministério de auxílio aos homens. Estimo teu comparecimento hoje, porquanto o emissário da noite comentará problemas atinentes ao sexo. Uma vez que estudas, nestes dias, os enigmas da loucura, com tempo curto para a realização de experiências diretas, a palestra vem ao encontro de nossos desejos.
Não foi possível maior conversação preliminar.
O Assistente observou que os trabalhos já estariam iniciados; seguimos, por isso, sem maiores delongas. Com efeito, encontramos a assembleia em plena função. Pouco mais de duas centenas de companheiros do nosso Plano ouviam, atenciosos, iluminado condutor de almas.
Sentamo-nos, por nossa vez, respeitosamente à escuta.
O portador da sabedoria, cercado de viva luminosidade, prelecionava sem afetação. Palavra bem timbrada, penetrando-nos o íntimo pela inflexão da sinceridade, falava, simples:
— “No exame das causas da loucura, entre individualidades, sejam encarnadas, sejam ausentes da carne, a ignorância quanto à conduta sexual é dos fatores mais decisivos.
“A incompreensão humana dessa matéria equivale a silenciosa guerra de extermínio e de perturbação, que ultrapassa, de muito, as devastações da peste referidas na história da Humanidade. Vocês sabem que só a epidemia de bubões, no século VI de nossa era, chamada “peste de Justiniano”, eliminou quase cinquenta milhões de pessoas na Europa e na Ásia… Pois esse número expressivo constitui bagatela, comparado com os milhões de almas que as angústias do sexo dilaceram todos os dias. Problema premente este, que já ensandeceu muitos cérebros de escol, não podemos atacá-lo a tiros de verbalismo, de fora para dentro, à moda dos médicos superficiais, que prescrevem longos conselhos aos pacientes, tendo, na maioria das vezes, absoluto desconhecimento da enfermidade.
“Agora, que nos distanciamos das imposições mais rijas da forma, sem nos libertarmos, contudo, dos ascendentes fundamentais de suas leis, que ainda nos subordinam as manifestações, compreendemos que os enigmas do sexo não se reduzem a meros fatores fisiológicos. Não resultam de automatismos nos campos de estrutura celular, quais aqueles que caracterizam os órgãos genitais masculinos e femininos, em verdade substancialmente idênticos, diferençando-se unicamente na expressão de sinalética. A este respeito formulamos conceitos mais avançados. Se aí residem forças procriadoras dominantes, atendendo aos estatutos da natureza terrestre, reguladores da vida física, temos, na inquietação sexual, fenômeno peculiar ao nosso psiquismo, em marcha para superiores zonas da evolução.
“Doloroso é, porém, verificar a desarmonia em que se afundam os homens, com sombrios reflexos nas Esferas imediatas à luta carnal. Inúmeros movimentos libertadores estalaram através dos séculos, no anseio da vida melhor. Guerras sangrentas de povo contra povo, revoluções civis espalhando padecimentos inomináveis, têm sido alimentadas na Terra, no curso do tempo, em nome de princípios regeneradores, segundo os quais se abrem novas conquistas do direito do mundo; no entanto, o cativeiro da ignorância, no campo sexual, continua escravizando milhões de criaturas.
“Inútil é supor que a morte física ofereça solução pacífica aos espíritos em extremo desequilíbrio, que entregam o corpo aos desregramentos passionais. A loucura, em que se debatem, não procede de simples modificações do cérebro: dimana da desassociação dos centros perispiríticos, o que exige longos períodos de reparação.
“Indiscutivelmente, para a maioria dos encarnados, a fase juvenil das forças fisiológicas representa delicado estádio de sensações, em virtude das leis criadoras e conservadoras que regem a família humana; isto, porém, é acidente e não define a realidade substancial. A sede do sexo não se acha no corpo grosseiro, mas na alma, em sua sublime organização.
“Na Esfera da Crosta, distinguem-se homens e mulheres segundo sinais orgânicos, específicos. Entre nós, prepondera ainda o jogo das recordações da existência terrena, em trânsito, como nos achamos, para as regiões mais altas; nestas sabemos, porém, que feminilidade e masculinidade constituem característicos das almas acentuadamente passivas ou francamente ativas.
“Compreendemos, destarte, que na variação de nossas experiências adquirimos, gradativamente, qualidades divinas, como sejam a energia e a ternura, a fortaleza e a humildade, o poder e a delicadeza, a inteligência e o sentimento, a iniciativa e a intuição, a sabedoria e o amor, até lograrmos o supremo equilíbrio em Deus.
“Convictos desta realidade universal, não podemos esquecer que nenhuma exteriorização do instinto sexual na Terra, qualquer que seja a sua forma de expressão, será destruída, senão transmudada no estado de sublimação. As manifestações dos próprios irracionais participam do mesmo impulso ascensional. Nos povos primitivos; a eclosão sexual primava pela posse absoluta. A personalidade integralmente ativa do homem dominava a personalidade totalmente passiva da mulher.
“O trabalho paciente dos milênios transformou, todavia, essas relações. A mulher-mãe e o homem-pai deram acesso a novos sopros de renovação do espírito. Com bases nas experiências sexuais, a tribo converteu-se na família, a taba metamorfoseou-se no lar, a defesa armada cedeu ao direito, a floresta selvagem transformou-se na lavoura pacífica, a heterogeneidade dos impulsos nas imensas extensões de território abriu campo à comunhão dos ideais na pátria progressista, a barbárie ergueu-se em civilização, os processos rudes da atração transubstanciaram-se nos anseios artísticos que dignificam o ser, o grito elevou-se ao cântico; e, estimulada pela força criadora do sexo, a coletividade humana avança, vagarosamente embora, para o supremo alvo do divino amor. Da espontânea manifestação brutal dos sentidos menos elevados a alma transita para gloriosa iniciação.
“Desejo, posse, simpatia, carinho, devotamento, renúncia, sacrifício, constituem aspectos dessa jornada sublimadora. Por vezes, a criatura demora-se anos, séculos, existências diversas de uma estação a outra. Raras individualidades conseguem manter-se no posto da simpatia, com o equilíbrio indispensável. Muito poucas atravessam a província da posse sem duelos cruéis com os monstros do egoísmo e do ciúme, aos quais se entregam desvairadamente. Reduzido número percorre os departamentos do carinho sem se algemarem, por largo trecho, aos gnomos do exclusivismo. E, às vezes, só após milênios de provas cruciantes e purificadoras, consegue a alma alcançar o zênite luminoso do sacrifício para a suprema libertação, no rumo de novos ciclos de unificação com a Divindade.
“O êxtase do santo foi, um dia, mero impulso, como o diamante lapidado — gota celeste eleita para refletir a claridade divina — viveu na aluvião, ignorado entre seixos brutos. Claro está que, assim como se submete o diamante ao disco do lapidário, para atingir o pedestal da beleza, assim também o instinto sexual, para coroar-se com as glórias do êxtase, há que dobrar-se aos imperativos da responsabilidade, às exigências da disciplina, aos ditames da renúncia.
“Estas conclusões, contudo, não nos devem induzir a programas de santificação compulsória no mundo carnal. Nenhum homem conseguiria negar a fase da evolução em que se encontra. Não podemos exigir que o hotentote inculto envergue a beca de um catedrático e se ponha, de um dia para outro, a ensinar o Direito Romano. Irrisório seria, pois, reclamar do homem de evolução mediana a conduta do santo. A Natureza, representação da Inesgotável Bondade, é mãe benigna que oferece trabalho e socorro a todos os filhos da Criação. Sua determinação de amparar-nos é sempre tanto mais forte, quanto mais decidido é o nosso propósito de progredir na direção do Bem Supremo.
“Não desejamos, portanto, preconizar no mundo normas rigoristas de virtude artificial, nem favorecer qualquer regime de relações inconscientes. Nossa bandeira é, sobretudo, a do entendimento fraternal. Trabalhemos para que a luz da compreensão se faça entre os nossos amigos encarnados, a fim de que as angústias afetivas não arrojem tantas vítimas à voragem da morte, intoxicadas de criminosas paixões.
“Devidos à incompreensão sexual, incontáveis crimes campeiam na Terra, determinando estranhos e perigosos processos de loucura, em toda parte.
“De quando em quando, uma que outra vítima procura os hospitais de alienados, submete-se ao tratamento médico, como o operário que traz à oficina de consertos seu instrumento danificado; nos hospícios encontramos, porém, tão somente aqueles que desgalgaram até ao fundo do abismo, amargurados e vencidos. Milhões de irmãos nossos se conservam semiloucos nos lares ou nas instituições; são os companheiros incapazes do devotamento e da renúncia, a submergirem, pouco a pouco, no caliginoso tijuco das alucinações… De mente desvairada, fixa no socavão da subconsciência, perdem-se no campo dos automatismos inferiores, obstinando-se no conservarem deprimentes estados psíquicos. O ciúme, a insatisfação, o desentendimento, a incontinência e a leviandade alastram terríveis fenômenos de desequilíbrio.
“Inquietantes quadros mentais se pintam na Terra, compelindo-nos a estafante serviço socorrista, de modo a limitar o círculo de infortúnio e de pavor dos que se lançam, incautos, a temerárias aventuras do sentimento animalizado.
“Não solucionaremos tão complexo problema do mundo simplesmente à força de intervenção médica, embora seja admirável a contribuição da Ciência no terreno dos efeitos, sem atingir, contudo, a intimidade das causas. A personalidade não é obra da usina interna das glândulas, mas produto da química mental.
“A endocrinologia poderá fazer muito com uma injeção de hormônios, à guisa de pronto-socorro às coletividades celulares, mas não sanará lesões do pensamento. A genética, mais hoje, mais amanhã, poderá interferir nas câmaras secretas da vida humana, perturbando a harmonia dos cromossomos, no sentido de impor o sexo ao embrião; todavia, não atingirá a zona mais alta da mente feminina ou masculina, que manterá característicos próprios, independentemente da forma exterior ou das convenções estatuídas. A medicina inventará mil modos de auxiliar o corpo atingido em seu equilíbrio interno; por essa tarefa edificante, ela nos merecerá sempre sincera admiração e fervente amor; entretanto, compete a nós outros praticar a medicina da alma, que ampare o Espírito enleado nas sombras…
“É mister acender, em derredor de nossos irmãos encarnados na Terra, a luz da compaixão fraterna, traçando caminhos definidos à responsabilidade individual. Haja mais amor ante os vales da demência do instinto, e as derrocadas cederão lugar a experiências santificantes.
“Como fazer valer o abençoado serviço do médico à vítima da angústia sexual, se tem a defrontá-lo, vibrante, a hostilidade da família? como salvar doentes da alma, numa instituição de benemerência, se o organismo social esmaga os enfermos com todo o peso de sua opinião e de sua autoridade? Naturalmente, constituiria pieguice rogar à sociologia a transformação imediata de seus códigos, ou impor à sociedade humana certas normas de tolerância, incompatíveis com as suas necessidades de defesa. Mas podemos manter louvável serviço de compreensão mais ampla, melhorar as disposições dos nossos amigos encarnados na Crosta do Mundo e despertá-los lentamente para a solução que nos interessa a todos.
“O amor espiritualizado, filho da renúncia cristã, é a chave capaz de abrir as portas do abismo para onde rolaram e rolam milhares de criaturas, todos os dias.
“Distribuamos a bênção do entendimento entre os homens; estendamos mão forte a todos os Espíritos que se encontram prisioneiros do distúrbio das sensações, fazendo-lhes sentir que as oficinas do trabalho renovador permanecem abertas a todos os filhos de Deus, aperfeiçoando-lhes os sentimentos, sublimando-lhes os impulsos, dilatando-lhes a capacidade espiritual.
“Lembremos aos corações desalentados que tal é o sexo em face do amor, quais são os olhos para a visão, e o cérebro para o pensamento: não mais do que aparelhamento de exteriorização. Erro lamentável é supor que só a perfeita normalidade sexual, consoante as respeitáveis convenções humanas, possa servir de templo às manifestações afetivas. O campo do amor é infinito em sua essência e manifestação. Insta fugir às aberrações e aos excessos; contudo, é imperioso reconhecer que todos os seres nasceram no Universo para amar e serem amados. Por vezes, vigoram para muitos deles, temporariamente, os imperativos da prova benéfica, os deveres do estatuto expiatório, as exigências do serviço especializado, em que estudantes, devedores e missionários se obrigam a longas fases de fome e sede do coração. Isso, porém, não representa obstáculo ao amor. Jesus não partilhou o matrimônio normal na Terra, e, no entanto, a família de seu coração cresce com os dias; suas forças não geraram formas passageiras nos Círculos carnais, e, contudo, suas energias fecundantes renovaram a civilização, transformando-lhe o curso, prosseguindo, até hoje, no aprimoramento do mundo. Simbologia sublime transparece da conduta do Mestre que, desse modo, se inclinou para os vencidos da convenção humana, solitários e humilhados, fazendo-lhes ver que é possível cooperar na extensão do Infinito Bem, amando e abnegando-se, com exclusão do egoísmo e do propósito inferior de serem amados, segundo os caprichos próprios.
“A construção da felicidade real não depende do instinto satisfeito. A permuta de células sexuais entre os seres encarnados, garantindo a continuidade das formas físicas em processo evolucionário, é apenas um aspecto das multiformes permutas de amor. Importa reconhecer que o intercâmbio de forças simpáticas, de fluidos combinados, de vibrações sintonizadas entre almas que se amam, paira acima de qualquer exteriorização tangível de afeto, sustentando obras imperecíveis de vida e de luz, nas ilimitadas Esferas do Universo.
“Desenvolvamos, pois, carinhosa assistência aos que desesperam no mundo, sentindo-se na transitória condição de deserdados. Ensinemo-los a libertar a mente das malhas do instinto, abrindo-lhes caminho aos ideais do amor santificante, recordando-lhes que fixar o pensamento no sexo torturado, com desprezo dos demais departamentos da realização espiritual, através do cosmo orgânico, é estacionar, inutilmente, no trilho evolutivo; é entregar-se, inerme, à influência de perigosos monstros da imaginação, quais o despeito e a inveja, o desespero e a amargura, que abrem ruinosas chagas na alma e que cominam ao exclusivismo, pena que pode avultar até à loucura e à inconsciência. Convidemo-los a rasgar horizontes mais longes no coração. O amor encontrará sempre mundos novos. E para que tais descobertas se coroem de luz divina, bastará à criatura o abandono da ociosidade, que por si mesma combaterá a nefanda ignorância. Dentro de cada um de nós esplende, sem desmaio, a claridade libertadora, no pensamento de renovação para o bem comum que devemos cultivar e intensificar em cada dia da vida.
“O cativeiro nos tormentos do sexo não é problema que possa ser solucionado por literatos ou médicos a agir no campo exterior: é questão da alma, que demanda processo individual de cura, e sobre esta só o Espírito resolverá no tribunal da própria consciência. É inegável que todo auxílio externo é valioso e respeitável, mas cumpre-nos reconhecer que os escravos das perturbações do campo sensorial só por si mesmos serão liberados, isto é, pela dilatação do entendimento, pela compreensão dos sofrimentos alheios e das dificuldades próprias, pela aplicação, enfim, do “amai-vos uns aos outros”, assim na doutrinação, como no imo da alma, com as melhores energias do cérebro e com os melhores sentimentos do coração.”
Notei que a preleção terminara em meio ao respeito geral.
A palavra do mensageiro fascinara-me. Aquelas noções de sexologia eram novas para mim. Não eram repetições de compêndios descritivos, não eram fruto de frias observações de cientistas e escritores, preocupados em armar ao efeito com palavras balofas. Nasciam do verbo inflamado de amor fraternal de um orientador dedicado às necessidades de seus irmãos ainda frágeis e menos felizes.
Fizera-se, em torno, certa movimentação. Compreendi que os presentes poderiam formular perguntas relativas ao tema da noite, e, com efeito, fizeram-se várias indagações, com respostas preciosas, por elucidativas e edificantes.
O inquérito educativo continuava proveitoso, quando um companheiro ventilou certa questão que me aguçou a curiosidade.
— Venerável instrutor — disse, reverente —, nos últimos tempos, na Terra, os psicologistas encarnados, em número considerável, esposaram os princípios freudianos como bases de investigação dos distúrbios da alma. Para o grande médico austríaco, quase todas as perturbações psíquicas se radicam no sexo desviado. Alguns discípulos dele, porém, modificaram-lhe algo as teorias. Corrigindo a tese das alucinações eróticas que a psicanálise aplicou largamente às próprias crianças, no estudo dos sonhos e das emoções, pensadores eminentes apuseram a afirmativa de que todo homem e toda mulher são portadores do desejo inato de se darem importância, o qual os compele a manter impulsos primitivistas de dominação; outros expoentes da cultura intelectual asseveram, a seu turno, que o ser humano é repositório de todas as experiências da raça, trazendo consigo vasto arsenal de tendências para determinadas linhas do pensamento.
O consulente fez uma pausa, ante o silêncio geral que reinava em derredor de sua valiosa indagação, e prosseguiu:
— Sabemos hoje, distanciados do corpo denso de carne, que a vida do Espírito é desconcertante em surpresas para a ciência terrestre; entretanto, já que nos consagramos à tarefa de auxiliar os companheiros torturados da Crosta Planetária, não poderíamos receber elucidações adequadas a respeito, com o fim de passá-las adiante?
O sábio instrutor não se fez rogado e esclareceu:
— Já sei o que deseja. Refere-se você aos movimentos da psicologia analítica, chefiados por Freud e por duas correntes distintas de seus colaboradores. O notável cientista centralizou o ensino no impulso sexual, conferindo-lhe caráter absoluto, enquanto as duas correntes de psicologistas, inicialmente filiadas a ele, se diferenciaram na interpretação. A primeira estuda o anseio congênito da criatura, no que se refere ao relevo pessoal, enquanto a segunda proclama que, além da satisfação do sexo e da importância individualista, existe o impulso da vida superior que tortura o homem terrestre mais aparentemente feliz. Para o círculo de estudiosos essencialmente freudianos, todos os problemas psíquicos da personalidade se resumem à angústia sexual; para grande parte de seus colaboradores, as causas se estendem à aquisição de poder e à ideia de superioridade. Diremos, por nossa vez, que as três escolas se identificam, portadoras todas elas de certa dose de razão, faltando-lhes, todavia, o conhecimento básico do reencarnacionismo. Representam belas e preciosas casas dos princípios científicos, sem, contudo, o telhado da lógica. Não podemos afirmar que tudo, nos Círculos carnais, constitua sexo, desejo de importância e aspiração superior; no entanto, chegados à compreensão de agora, podemos assegurar que tudo, na vida, é impulso criador. Todos os seres que conhecemos, do verme ao anjo, são herdeiros da Divindade que nos confere a existência, e todos somos depositários de faculdades criadoras. O vegetal, instigado pelo heliotropismo, surge na paisagem, distribuindo a vida e renovando-a. O pirilampo cintila na sombra, buscando perpetuar-se. O batráquio sente vibrações de amor e de paternidade nos recessos do charco. Aves minúsculas viajam longas distâncias, colhendo material para tecer um ninho. A fera olvida a índole selvagínea, ao lamber, com ternura, um filho recém-nato. E mais da metade dos milhões de Espíritos encarnados na Crosta da Terra, de mente fixa na região dos movimentos instintivos, concentram suas faculdades no sexo, do qual se derivam naturalmente os mais vastos e frequentes distúrbios nervosos; constituem eles compactas legiões, nas adjacências da paisagem primitiva da evolução planetária, irmãos nossos na infância do conhecimento, que ainda não sabem criar sensações e vida senão mobilizando os recursos da força sexual. Grande parte de criaturas, contudo, havendo conquistado a razão, acima do instinto, permanecem nos desatinos da prepotência, seduzidas pelo capricho autoritário, famintas de evidência e realce, ainda que atidas a trabalho proveitoso e a paixões nobres, muitas vezes… Pequeno grupo de homens e de mulheres, por fim, após atingir o equilíbrio sexual na zona instintiva do ser e depois de obter os títulos que lhes confere seu trabalho e com os quais dominam na vida, regendo as energias próprias, em pleno regime de responsabilidade individual, passam a fixar-se na região sublime, na, superconsciência, não mais encontrando a alegria integral no contentamento do corpo físico ou na evidência pessoal; procuram alcançar os Círculos mais altos da vida, absorvidos em idealismo superior; sentem-se no limiar de Esferas divinas, já desde a estrada nevoenta da carne, à maneira do viajor que, após vencer caminhos ásperos na treva noturna., estaca, desajustado, entre as derradeiras sombras da noite e as promessas indefiníveis da aurora… Para esses, o sexo, a importância individual e as vantagens do imediatismo terrestre são sagrados pelas oportunidades que oferecem aos propósitos de bem fazer; entretanto, no santuário de suas almas resplandece nova luz… A razão particularista converteu-se em entendimento universal. Cresceram-lhes os sentimentos sublimados na direção do campo superior. Pressentem a Divindade e anseiam pela identificação com ela. São os homens e as mulheres que, havendo realizado os mais altos padrões humanos, se candidatam à angelitude…
“De um modo ou de outro, porém, tudo isto são sempre as faculdades criadoras, herdadas de Deus, em jogo permanente nos quadros da vida. Todo ser é impulsionado a criar, na organização, conservação e extensão do Universo!…”
O Instrutor estampou significativa expressão fisionômica, imprimiu longa pausa à preleção em curso e, em seguida, acrescentou, bem humorado:
— Muita vez, as criaturas instituem o mal, desviam a corrente natural das circunstâncias benéficas, envenenam as oportunidades, estacionando longuíssimo tempo em tarefas reparadoras ou expiatórias; entretanto, ainda aí é forçoso observar a manifestação incessante do poder criador que nos é próprio, mesmo naqueles que se transviam… Em verdade, caem nos despenhadeiros do crime, lançam-se aos vales da sombra, mas, organizando e reorganizando as próprias ações, adquirem o patrimônio bendito da experiência; e, com a experiência, alcançam a luz, a paz, a sabedoria e o amor com que se aproximam de Deus. Concluímos, deste modo, que, se a psicologia analítica de Freud e de seus colaboradores avançou muito no campo da investigação e do conhecimento, resolvendo, em parte, certos enigmas do psiquismo humano, falta-lhe, no entanto, a chave da reencarnação, para solucionar integralmente as questões da alma. Impossível é resolver o assunto em caráter definitivo, sem as noções de evolução, aperfeiçoamento, responsabilidade, reparação e eternidade. Não vale descobrir complexos e frustrações, identificar lesões psíquicas e deficiências mentais, sem as remediar… Em suma, não satisfaz o simples exame da casca: é essencial atingir o cerne e determinar modificações nas causas. Para isto, é imprescindível confessar a realidade do reencarnacionismo e da imortalidade. Até lá, portanto, auxiliemos nossos amigos do mundo na conquista da confiança em si mesmos, na penetração da esperança divina e no contínuo autoaprimoramento pelo trabalho redentor.
Calou-se o emissário, sorridente.
Outras perguntas surgiram, interessantes e oportunas, obtendo respostas claras e edificantes, com real proveito para todos os ouvintes.
Encerrada a reunião, retirei-me em silêncio, ao lado de Calderaro, que também se recolhia, como a reter a luz reveladora dos conceitos ouvidos. Não sei o que pensaria o prestimoso Assistente, submerso em funda meditação. Reconhecia tão só que, por minha vez, descobrira novo campo de conhecimento na província da sexologia. Daquele momento em diante, outras noções de amor desabrochavam-me na consciência, iluminando-me o ser.