terça-feira, 1 de novembro de 2022

Emmanuel - Livro A Caminho da Luz - Chico Xavier - Introdução



Emmanuel - Livro A Caminho da Luz - Chico Xavier


Introdução


Enquanto as penosas transições do século XX se anunciam ao tinido sinistro das armas, as forças espirituais se reúnem para as grandes reconstruções do porvir.

Aproxima-se o momento em que se efetuará a aferição de todos os valores terrestres para o ressurgimento das energias criadoras de um mundo novo, e natural é que recordemos o ascendente místico de todas as civilizações que surgiram e desapareceram, evocando os grandes períodos evolutivos da Humanidade, com as suas misérias e com os seus esplendores, para afirmar as realidades espirituais acima de todos os fenômenos transitórios da matéria.

Esse esforço de síntese será o da fé reclamando a sua posição em face da ciência dos homens, e ante as religiões da separatividade, como a bússola da verdadeira sabedoria.

Diante dos nossos olhos de espírito passam os fantasmas das civilizações mortas, como se permanecêssemos diante de um “écran” maravilhoso.

As almas mudam a indumentária carnal, no curso incessante dos séculos; constroem o edifício milenário da evolução humana com as suas lágrimas e sofrimentos, e até nossos ouvidos chegam os ecos dolorosos de suas aflições.

Passam as primeiras organizações do homem e passam as suas grandes cidades, transformadas em ossuários silenciosos.

O tempo, como patrimônio divino do espírito, renova as inquietações e angústias de cada século, no sentido de aclarar o caminho das experiências humanas.

Passam as raças e as gerações, as línguas e os povos, os países e as fronteiras, as ciências e as religiões.

Um sopro divino faz movimentar todas as coisas nesse torvelinho maravilhoso.

Estabelece-se, então, a ordem equilibrando todos os fenômenos e movimentos do edifício planetário, vitalizando os laços eternos que reúnem a sua grande família.

Vê-se, então, o fio inquebrantável que sustenta os séculos das experiências terrestres, reunindo-as, harmoniosamente, umas às outras, a fim de que constituam o tesouro imortal da alma humana em sua gloriosa ascensão para o Infinito.

As raças são substituídas pelas almas e as gerações constituem fases do seu aprendizado e aproveitamento; as línguas são formas de expressão, caminhando para a expressão única da fraternidade e do amor, e os povos são os membros dispersos de uma grande família trabalhando para o estabelecimento definitivo de sua comunidade universal.  

Seus filhos mais eminentes, no plano dos valores espirituais, são agraciados pela Justiça Suprema, que legisla no Alto para todos os mundos do Universo, e podem visitar as outras pátrias siderais, regressando ao orbe, no esforço abençoado de missões regeneradoras dentro das igrejas e das academias terrenas.

Na tela mágica de nossos estudos, destacam-se esses missionários que o mundo muitas vezes crucificou na incompreensão das almas vulgares, mas, em tudo e sobre todos, irradia-se a luz desse fio de espiritualidade que diviniza a matéria, encadeando o trabalho das civilizações, e, mais acima, ofuscando o “écran” das nossas observações e dos nossos estudos, vemos a fonte de extraordinária luz, de onde parte o primeiro ponto geométrico desse fio de vida e de harmonia, que equilibra e satura toda a Terra numa apoteose de movimento e divinas claridades.

Nossos pobres olhos não podem divisar particularidades nesse deslumbramento, mas sabemos que o fio da luz e da vida está nas suas mãos.

É Ele quem sustenta todos os elementos ativos e passivos da existência planetária.

No seu coração augusto e misericordioso está o Verbo do princípio.

Um sopro de sua vontade pode renovar todas as coisas, e um gesto seu pode transformar a fisionomia de todos os horizontes terrestres.

Passaram as gerações de todos os tempos, com as suas inquietações e angústias. As guerras ensanguentaram o roteiro dos povos nas suas peregrinações incessantes para o conhecimento superior. Caíram os tronos dos reis e esfacelaram-se coroas milenárias.

Os príncipes do mundo voltaram ao teatro de sua vaidade orgulhosa, no indumento humilde dos escravos, e, em vão, os ditadores conclamaram, e conclamam ainda, os povos da Terra, para o morticínio e para a destruição.

O determinismo do amor e do bem é a lei de todo o Universo e a alma humana emerge de todas as catástrofes em busca de uma vida melhor.

Só Jesus não passou, na caminhada dolorosa das raças, objetivando a dilaceração de todas as fronteiras para o amplexo universal.

Ele é a Luz do Princípio e nas suas mãos misericordiosas repousam os destinos do mundo.

Seu coração magnânimo é a fonte da vida para toda a Humanidade terrestre.

Sua mensagem de amor, no Evangelho, é a eterna palavra da ressurreição e da justiça, da fraternidade e da misericórdia.

Todas as coisas humanas passaram, todas as coisas humanas se modificarão. Ele, porém, é a Luz de todas as vidas terrestres, inacessível ao tempo e à destruição.

Enquanto falamos da missão do século XX, contemplando os ditadores da atualidade, que se arvoram em verdugos das multidões, cumpre-nos voltar os olhos súplices para a infinita misericórdia do Senhor, implorando-lhe paz e amor para todos os corações.


Emmanuel



[Mensagem recebida em 1938, à época da 2ª Grande Guerra]

Fonte: Bíblia do Caminho † Testamento Xavieriano



VÍDEO:

A Caminho da Luz - Literomusical com Haroldo Dutra Dias
FEBtv






“A Caminho da Luz” foi o primeiro Seminário Literomusical produzido pelo Instituto SER, em 2011. A partir dele nasceram os seguintes, com a proposta de trabalhar uma obra da psicografia sem par de Chico Xavier. E, claro, sempre equilibrando reflexão e sensibilidade. 

Haroldo Dutra Dias divide sua participação em três partes. Cada uma dedicada a um momento histórico da humanidade. 

A obra homenageada neste banquete de luz é a segunda trazida pelo benfeitor Emmanuel. Integra o “pacote” inicial de títulos subsidiários que viriam por Chico. Publicações que ajudaram a estruturar o Espiritismo no século XX, especialmente no Brasil. 

“A Caminho da Luz” cumpre esse feitio. É um dos livros espíritas mais arrebatadores e reveladores. Entre outros pontos, apresenta o papel cósmico do Cristo e o que representou sua encarnação para o orbe. Trata da formação da Terra e de sua população, informando sobre os exilados de Capela. Enfim, conta a história da civilização pelo prisma espiritual imortal.



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