sábado, 19 de novembro de 2022

Miramez - Livro Filosofia Espírita - Vol. 13 - João Nunes Maia - Cap. 27 - Os culpados



Miramez - Livro Filosofia Espírita - Vol. 13 - João Nunes Maia - Cap. 27


Os culpados


639. Não sucede frequentemente resultar o mal, que o homem pratica, da posição em que os outros homens o colocam? Quais, nesse caso, os culpados?

“O mal recai sobre quem lhe foi o causador. Nessas condições, aquele que é levado a praticar o mal pela posição em que seus semelhantes o colocam tem menos culpa do que os que, assim procedendo, o ocasionaram. Porque, cada um será punido, não só pelo mal que haja feito, mas também pelo mal a que tenha dado lugar.” (O Livro dos Espíritos - 3ª Parte - Das leis morais - Cap. I - Da lei divina ou natural - item 3 - O bem e o mal).


As leis espirituais estatuídas por Deus não acobertam ninguém pelo mal que deseja e que faz; no entanto, a consciência de cada causador registra todas as variações de sentimentos, e é nessa sensibilidade que julga e que corrige o infrator.

Os culpados, em qualquer lugar, antes de serem julgados pelas leis humanas, já se sentem culpados pela consciência. É por isso que os infratores fogem. De quem fogem? Quem os está espantando é a própria consciência, é o tribunal dentro do homem, cumprindo a lei natural. É o que chamamos Deus dentro de nós.

O mal sempre recai sobre o seu causador, no entanto, se quem causou o mal foi pressionado para tal, a sua pena é mais leve; ela se divide com quem o levou a cometer a falta. É nesse sentido que sempre falamos que as faltas cometidas pelas almas nunca são iguais, como não são iguais as correções aplicadas pelas consciências.

Se queres saber quem é que faz o mal, é aquele que tem o mal dentro de si, e nós os reconheceremos pelos seus pensamentos, pelas suas palavras e pela sua vida. Se o homem é uma árvore espiritual, vamos anotar o que disse o Evangelho sobre.esse assunto:

Não há árvore boa que dê mau fruto; nem árvore má que dê bons frutos. (Lucas, 6:43)

Ninguém culpa ninguém. As bocas no mundo falam o que lhes convém falar, no entanto, o vento pode levar a maledicência. Somente deveremos ter medo é da consciência, essa boca interna que somente fala a verdade, porque ela é algo de Deus no centro da alma, a registrar o que ocorre e a julgar as ações do Espírito, na mais profunda sinceridade.

A lei garante que o mal somente recai sobre o seu causador. Não precisamos ter medo. Se andamos na luz da honestidade, se amamos e perdoamos, temer o quê? Jesus veio nos ensinar um amor diferente, mas universal:

Se fizerdes o bem aos que vos fazem o bem, qual é a vossa recompensa? Até os ímpios fazem isso. (Lucas, 6:33)

É nosso dever fazer o bem a quem nos faz o bem, dever natural, mas o amor nos ensina que até os homens que fazem o mal, procedem assim. Nós devemos amar aos que nos apedrejam, orar pelos que nos caluniam e servir sempre a todas as criaturas sem distinção, porque Deus, que é o PAI, age desta maneira. Ficamos conhecendo essa lei por Jesus. Para os santos não há culpados, porque eles sabem que não devem julgar a ninguém. Nem o Cristo quis fazê-lo.

Os envolvidos no mal já estão condenados pelo tribunal maior, a consciência. Muitos dos velhacos, em se falando de faltas, procuram sempre quem as cometa em seu lugar, pensando que, fazendo assim, se livram da corrigenda. Como se enganam! A sua própria consciência registra tudo o que pensam, o que falam e fazem, e o chicote do remorso estala no momento certo, nas fibras mais sutis da alma, para que ela não pratique mais esses atos que os levam à decadência moral.

O mundo está se movendo pelas forças do progresso, e no amanhã, que não se encontra muito distante, não haverá mais culpados, por não existirem mais faltas; o reino da consciência passará a ser o reino de Deus dentro das criaturas. É o céu que desce para a Terra, é a Terra que sobe para o céu, e nesses encontros haverá novos céus e novas terras para a felicidade dos Espíritos.


Miramez












Nenhum comentário:

Postar um comentário