terça-feira, 29 de novembro de 2022

Miramez - Livro Médiuns - João Nunes Maia - Cap. 18 - Desenvolvimento mediúnico



Miramez - Livro Médiuns - João Nunes Maia - Cap. 18


Desenvolvimento mediúnico


"Antes, crescei na graça e no conhecimento de Nosso Senhor Jesus Cristo. A ele seja a glória, tanto agora como no dia eterno". 2 Pedro 3:18


No curso do desenvolvimento da mediunidade, o candidato, de vez em quando, cai em profunda atonia psíquica que, em muitos casos, o leva à desistência. Nas primeiras horas em contato com o mundo invisível, o entusiasmo assume o nosso ser e, de certa forma, transforma-se em fanatismo, que dura pouco ou muito, de acordo com a maturidade do neófito.

Fanatismo é admiração, em demasia, daquilo que não conhecíamos. Depois da conscientização das verdades, tomamos a posição que compete a um estudante refeito das explosões internas do saber. Os estigmas de um médium, nos seus primeiros passos, testam seus valores e engendram meios junto ao coração, para que ele se afirme na longa viagem de exemplificação cristã.

Quando em contato com os livros da Doutrina Espírita, a teoria, por vezes, acende em nossos sentimentos uma labareda em forma de paixão pela causa que abraçamos, pois não existe outro meio, em se conduzindo alguém para a iniciação das coisas espirituais. Depois, em face á vivência do que é aprendido no mundo dos argumentos, no cerne da realidade, temos o impulso de recuar. Essa é que é a hora mais sublime da vida do companheiro que se dispôs a seguir o Cristo, o que todos nós chamamos “remédio amargo”.

Na verdade, é o aprendizado que nos busca sob formas variadas, dentro de um lar, junto aos semelhantes no trabalho, na luta pela saúde, e ainda na mais difícil tarefa: a nossa auto educação. Temos que encontrar a nossa personalidade, como se estivéssemos diante de um espelho mágico, a nos mostrar todos os nossos defeitos, todos os nossos impulsos desagradáveis, toda a nossa violência no trato com os outros, toda a nossa intolerância; a exuberância na vaidade, no orgulho, e a completa insatisfação com o que temos e com o que a vida nos está dando.

Caímos na realidade espiritual e começamos a maior guerra de todos os tempos, aquela de seleção de valores no campo imenso da nossa intimidade. Exercitar os dons mediúnicos, à primeira vista parece-nos felicidade imediata. Todavia, com o passar dos tempos, descobrimos que para chegar a esse paraíso da consciência, haveremos de lutar com as armas que o Cristo nos legou a todos, o maior acervo de defesa que a humanidade conheceu – o Evangelho.

Conhecer é a primeira tarefa do médium, porque o seu conhecimento é como o Alfa da sua jornada e o amor, como o Omega da sua estabilidade consciencial.

É bom que repitamos a conversa do apóstolo Pedro, cujo tópico está nos inspirando: “Antes, crescei na graça e no conhecimento de Nosso Senhor Jesus Cristo”. Antes de abraçar a responsabilidade da mediunidade em maior profusão, de aguçar mais os dons que possuís por misericórdia de Deus, crescei nas virtudes, porque são elas que limpam todos os canais por onde deverão passar as mensagens dos instrutores da espiritualidade maior.

O mediador que se entrega ao serviço de intercâmbio com os espíritos desencarnados deve meditar na área do bom senso, para que nada ultrapasse os limites respeitados pelas grandes almas que passaram pela carne.. Não pensem os médiuns e os que estão qualificados como tais, que esses dons são para sua própria satisfação pessoal. São ferramentas de trabalho que burilam nossas qualidades, para que depois festejemos a glória de Cristo em nós e por nós, nas luzes de Deus. O médium com pretensões à educação cristã deve se moldar nos preceitos do Evangelho, pois esse é o caminho mais seguro para seu aprendizado.

Muitos dos que dirigem os desenvolvimentos mediúnicos apregoam para os candidatos que só devem ler tais ou quais livros, que ele ou eles, pessoalmente, achou ou acharam melhores, estreitando, assim, os conhecimentos que o aluno da doutrina Espírita poderia ter. A nossa opinião neste assunto é a mesma de Paulo de Tarso, quando assevera: “Não apagueis o Espírito. Não desprezeis as profecias. Julgai todas as coisas,  retende o que é bom”. E termina desta forma, favorável aos direitos de cada criatura. “Abstende de toda a forma de mal.”

O médium que não se instrui, ou que limita sua instrução, coloca, com isso, viseira nos olhos, ficando sujeito a cair nas valas laterais. Abster-se de toda a forma de mal não é imposição. É que a alma, em si, por ela mesma, escolhe, com os conhecimentos adquiridos, o que deve ou não fazer. Todos os livros são, por assim dizer, escrituras, principalmente os livros espiritualistas. Cada facção tem uma missão de desvendar mistérios e revelar leis. A universalidade nos instiga a conhecer de tudo, como nos inspira Paulo, e retirar o bem que entendemos pelo limite de nossos conhecimentos e pelo que suportamos da verdade.

Desenvolvimento mediúnico é disciplina. Mas, acima de tudo, é amor, que se divide em milhares de atitudes que deveremos tomar, como forma do bem em todas as direções. Eis o que Pedro torna a nos falar:

“Antes, crescei na graça e no conhecimento de Nosso Senhor Jesus Cristo. A ele seja a glória, tanto agora como no dia eterno.”


Miramez











Fonte: Médiuns -pdf

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