Emmanuel - Livro da Esperança - Chico Xavier - Cap. 24
Verbo nosso
“Eu, porém, vos digo que qualquer que, sem motivo, se encolerizar contra seu irmão será réu de juízo…” — JESUS (Mateus, 5.22)
“O corpo não dá cólera àquele que não na tem, do mesmo modo que não dá os outros vícios. Todas as virtudes e todos os vícios são inerentes ao Espírito.” — (Cap. IX, 10)
Ainda as palavras.
Velho tema, dirás.
E sempre novo, repetiremos.
É que existem palavras e palavras.
Conhecemos aquelas que a filologia reúne, as que a gramática disciplina, as que a praxe entretece e as que a imprensa enfileira…
Referir-nos-emos, contudo, ao verbo arrojado de nós, temperado na boca com os ingredientes da emoção, junto ao paladar daqueles que nos rodeiam. Verbo que nos transporta o calor do sangue e a vibração dos nervos, o açúcar do entendimento e o sal do raciocínio. Indispensável articulá-lo, em moldes de firmeza, e compreensão, a fim de que não resvale fora do objetivo.
No trabalho cotidiano, seja ele natural quanto o pão simples no serviço da mesa; no intercâmbio afetivo, usemo-lo à feição de água pura; nos instantes graves, façamo-lo igual ao bisturi do cirurgião que se limita, prudente. à incisão na zona enfermiça, sem golpes desnecessários; nos dias tristes, tomemo-lo por remédio eficiente, sem fugir à dosagem.
Palavras são agentes na construção de todos os edifícios da vida.
Lancemo-las, na direção dos outros, com o equilíbrio e a tolerância com que desejamos venham elas até nós.
Sobretudo, evitemos a desconsideração e a ironia. Todo sarcasmo é tiro a esmo.
E sempre que a irritação nos visite, guardemo-nos em silêncio, de vez que a cólera é tempestade magnética, no mundo da alma, e qualquer palavra que arremessamos, no momento da cólera, é semelhante ao raio fulminatório que ninguém sabe onde vai cair.
Emmanuel
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