quinta-feira, 24 de novembro de 2022

Miramez - Livro Filosofia da Mediunidade Vol. II - João Nunes Maia - Preâmbulo



Miramez - Livro Filosofia da Mediunidade Vol. II - João Nunes Maia


Preâmbulo 


Quanto mais se fala do perispírito, mais aumenta em nós o interesse de conhecê-lo na sua intimidade. Ele é um corpo de matéria sensível, como que uma veste do Espírito. Os espiritualistas conhecem um pouco sua estrutura, e o espírita muito mais, pelas vias mediúnicas, porque quem fala dele com mais desembaraço é quem o usa fora do corpo físico.

Mesmo assim, continuamos estudando qual o encarnado, que ainda desconhece o corpo que usa na sua passagem pela Terra. Toda a criação de Deus se encontra em estudo por todos nós. Escrevemos algumas linhas sobre a matéria primitiva, mas desconhecemos sua intimidade. Somente Deus conhece a si mesmo e a Sua criação.

Tudo que estudamos no mundo espiritual e que estudas na Terra obedece a uma lei que se chama relatividade. Os mais sábios conhecem as coisas que estudam em parte, porque a verdade total somente o Criador a conhece. Ainda há muitos mistérios para se conhecer. Disse com propriedade um filósofo da antiguidade, Sócrates: "Quanto mais sei, mais sei que nada sei”. Repetimos o mesmo, só que o tempo nos fala na gradação que nos cabe aprender. Existem muitos que esmiúçam todos os tipos de escritos para falar sobre a alma na sua estrutura real; na verdade, o homem está longe de conhecer as propriedades íntimas do Espírito, pois os próprios sábios ainda pouco sabem do corpo físico, que podem tocar, dissecar, meditar, experimentando suas reações. Esses sábios têm um corpo e vivem nele; é muito melhor para se estudar.

Podes fazer tudo isso que queres e aplicar aos outros, no entanto, deves, em primeiro lugar, amar a Deus, respeitando toda a Sua criação, envolver-te na vivência das virtudes, entrando assim em plena harmonia, para conhecer o que te toca na evolução. Querer ultrapassar o que não podes é desarmonizar a tua mente em buscas inconvenientes no momento.

A Doutrina dos Espíritos é uma universidade grandiosa e reveladora, na gradação que Deus determinar. Ela nos prepara para uma busca incessante em todos os campos do saber, mas aconselha a todos os espíritas que partam do primeiro degrau, que é o corpo físico. Conhecendo-o em suas funções como instrumento da alma, ficará mais fácil o prosseguimento dos estudos sobre os outros corpos e suas manifestações na vida da chama divina.

Os corpos que a alma usa para transitar na sua jornada evolutiva, à medida que despertam suas qualidades, acodem aos chamados do Espírito. Quando esse tem alguma harmonia na mente, se se descuidar, as dificuldades aumentam. Eles, os corpos, são como que escravos da alma, que o Senhor deve comandar. E Jesus Cristo, o dirigente, o governador do planeta, veio à Terra nos dar com amor os métodos de comportamento, para adquirirmos a harmonia nos nossos sentidos, por nascer a paz da nossa consciência. Começou o Mestre dividindo o amor, que se expressou em muitas qualidades morais, para entendermos com segurança essa virtude por excelência.

Para estudar a mediunidade, como neste caso, é nosso dever estudarmos todos os ângulos da vida, principalmente o despertamento dos dons que possuímos. Tudo se transforma, na urdidura da vida, de modo a não precisar de leis humanas. O que se move no universo, o faz pela mente portentosa de Deus. Queremos saber, e para isso estamos nos esforçando para acertar melhor os primeiros passos na senda da vida.

A mediunidade se apoia no físico, mas o Espírito, para obter resultados satisfatórios na comunicação, nada pode fazer sem o corpo sutil, que chamamos de perispírito. Em tudo que realizamos, mesmo na vida espiritual, dependemos de muita harmonia. É neste sentido que a valorizamos. É preciso que esteja tudo em harmonia, para melhores resultados.

Já observaste as peças que um veículo usa para se locomover? Depois de todas elas ajustadas, cada uma em seu lugar, precisa-se do combustível que, na sua intimidade, é composto de muitos elementos. Depois de tudo isso, é necessário o homem para, com habilidade, dar partida ao veículo. As peças que compõem um corpo humano, e os outros corpos que a alma usa, tomam-se um todo, e, sem harmonia, não podem desempenhar seu papel, cumprindo seus deveres.

O que nós queremos dizer aos médiuns, ou mesmo aos nossos leitores, é que eles podem dar início à estabilidade da sua mente, de modo que todos os corpos que lhes servem recebam as ordens pela vida que levam. Comecem a disciplinar os pensamentos, colocando-os em ordem, rejeitando os que aparecem desordenados; eduquem a fala, para que ela não venha a escandalizar a sua vida; analisem a sua vida, e o que não estiver certo, procurem corrigir.

A noção do bem e do mal todos a temos, pelo que recebemos bem antes de tomarmos as vestimentas de carne. Já falamos muitas vezes o que copiamos dos instrutores do mais alto: que os pensamentos são sementes. As ideias são essas sementes escolhidas por nós; onde as lançamos, crescerão dando frutos, que serão nossos filhos e que procurarão a casa paterna, como o filho pródigo.

Temos em mãos, se assim podemos dizer, o fluido universal, agente sublime que usamos para comunicar e comandar os nossos corpos. Os pensamentos, por ele modificados, comandam esses corpos na sua simplicidade, obedecendo à vontade da alma.

Falar de mediunidade não é muito fácil; verdadeiramente, ela é uma ciência engenhosa, por ser instrumento de comunicação em toda parte do universo de Deus, e o fluido divino é o mediador cósmico que serve com presteza para levar os nossos sentimentos para onde os endereçarmos; por isso, passamos a ser responsáveis por essa operação mediúnica.

Irmão medianeiro, vê o que fazes com teus dons! Eles podem levar-te à paz, mas, igualmente, podem servir de tribulações na tua vida, ou em vidas sucessivas, que a natureza te impuser. Já falamos mais claramente aos médiuns, principalmente no Brasil, porque podemos dizer com proveito; se os brasileiros têm muitas arestas para serem aparadas, em contrapartida já se encontram maduros para o despertamento espiritual, como muitos já o fizeram, na ordem de discípulos do Mestre dos mestres.

Chegou a hora de trabalhar na intimidade do coração. É nesse trabalho de busca que encontrarás o Cristo na sua plenitude de amor e sabedoria, passando a te ensinar o Evangelho na sua pureza primitiva. Ser médium é ser sábio de modo a cumprir seus deveres, que as leis naturais lhe entregam em nome do Criador.

O verdadeiro médium é aquele que nunca fala uma palavra inferior, por conhecer o fluido divino que se gasta na articulação dos sons. E neste conhecimento da vida pode compreender tudo o que deve aproveitar.

Por que não fazer economia dos valores que Deus nos confiou? É por isso que somos responsáveis. Ser médium não é somente usar das faculdades para receber comunicações do mundo espiritual, pois esse ato é o mais fácil. É preciso se educar, e que a educação seja consciente do porquê dessa disciplina; á se instruir, sabendo qual o objetivo do saber. 
O mediatário deve compreender o valor da moral evangélica e esforçar-se para servir de instrumento para Espíritos elevados. A qualidade das comunicações está na sintonia. Trabalhemos em nós, melhorando-nos espiritualmente, pois assim atrairemos a atenção dos benfeitores, que passarão a nos ajudar com grande interesse. 

Ser médium com Jesus não é só decorar passagens do Evangelho e repassá-las aos outros; é ler, compreendendo os preceitos de Jesus, e passar a vivê-los, mesmo que as dificuldades queiram impedir a viagem de ascensão. 

Ser médium nas linhas da codificação é ser honesto em todos os trabalhos empenhados pelos sentimentos elevados, é amar todas as criaturas como irmãos, é ajudá-las pela vivência da fraternidade.

Ser médium do amor é amar em todas as direções da vida, é perdoar sempre que for ofendido e, ainda mais, orando pelos ofensores. 

Ser médium da alegria é irradiá-la, de modo que a pureza de sentimentos a acompanhe, ostentando a luz da benevolência. 

Ser médium é ser instrumento da caridade em todas as suas variações, é amar até mesmo a gota de água sorvida pelo pássaro, mantenedora da vida. 

Ser médium da luz é não se irritar, não maldizer, não ferir, não escandalizar; é deitar no leito para descansar o fardo físico, com a consciência tranquila e o coração no ritmo da harmonia universal. 

Ser médium com Jesus é respeitar todas as leis que estabelecem a paz, servindo-se de sol para aquecer e iluminar os que vêm na retaguarda; é ser instrumento para ajudar a natureza, porque ela é a mãe que oferta o seu seio generoso, para que todos vivam contentes e em busca do Criador, para a libertação. 

É justo que compreendamos que o Espírito precisa da matéria e que a matéria precisa do Espírito. Somos todos interdependentes e dependentes de Deus. Como entendermos a vida, tudo que existe, sem aceitar um Criador, uma Inteligência Suprema que comanda todas as coisas? Deus é o objetivo de todas as nossas cogitações, é o Alfa e o ômega de tudo que existe. 

O Espírito imortal precisa, e a razão nos confere essa necessidade, de muitos corpos, que se mostram na escala ascendente e descendente, para atuar na matéria. Analisando os frutos podes verificar como é guardada pela natureza a essência que alimenta. Essa espécie de fluido condensado precisa de vestimentas de naturezas diversas para alcançar seu objetivo, idealizado por Deus. Assim é a alma, essa substância divina; para se mostrar como vida, busca outras vidas de vibrações mais lentas, evidenciando a existência do Pai que a criou, e que opera na intimidade das coisas e das almas. 

Nada há de imprestável na Terra; tudo que existe tem uma razão de ser. O maior milagre da natureza são as transformações que, no fundo, são a mesma matéria primitiva de que tanto falamos e que tanto buscamos compreender. 

O espirita não pode ser exclusivista, pretendendo que o Espiritismo seja o único meio de salvação da humanidade. Pensar asam é desvalorizar inúmeros esforços do que existe por ordem de Deus para ajudar a humanidade. Todas as religiões são boas, quando se fundamentam nos princípios da verdade. Pode-se dizer que tudo é evangelho, porque, perguntamos, o que não é aprendizado? Cada criatura se encontra em uma escala de vida, que sempre avança por ordem das leis que operam em todas as estruturas de todas as formas. Quando não compreendemos qualquer coisa, não é Deus o culpado, nem o errado; nós é que não alcançamos os fundamentos da ciência divina. A ordem do universo nunca quebra seu ritmo de harmonia, porque Deus é perfeição. 

A Terra está prestes a dar um salto, atingindo um degrau a mais na escada e na escala dos mundos venturosos, mas isto custará muitos sacrifícios. É a “dor do parto” do planeta, donde nascerá o filho para despertá-la. Nela estão descendo legiões de Espíritos elevados, vestindo-se de carne, para ajudar, pelo exemplo e pela palavra, enfim, pela vida, as mudanças do comportamento das criaturas, mostrando o Messias no seu fulgor da verdade. Eis aí a bondade de Deus. 

A Doutrina dos Espíritos mostra os sinais deste acontecimento grandioso, com os Espíritos querendo, pelas suas faculdades e usando os meios de que dispõem, aparecer aos meios de comunicação para a coletividade. E eles irão fazê-lo quando tudo estiver preparado. A verdade revelada antes da hora pode perturbar almas que não alcançaram a maturidade. 

Os médiuns do porvir deverão se mostrar com mais poderes, pela elevação moral conquistada, e com esses tesouros aflorados, as facilidades ajudarão aos desencarnados a se mostrarem a muitos que se congregam em nome de Deus, como fez Jesus em muitas das Suas aparições, uma das quais ficou famosa, quando Ele se apresentou para mais de quinhentas criaturas na Galileia. Ê o que pode acontecer nos congressos no futuro, em se aumentando mais a fé nos corações e o desejo ardente de servir a causa do amor. 

Tudo pode ser realizado pela força da mente, no que tange ao empreendimento espiritual. Que dificuldade existe para Deus? Jesus, o Guia do Planeta, ficava, na Sua época, na Terra, regulando Seus poderes e, ainda assim, fez o que fez; quanto mais encontrando Ele uma humanidade madura, preparada para ouvir e ver os efeitos da grande causa que é gerada em seu coração, o amor! 

No princípio não se pedia quase nada aos médiuns, por terem sido eles considerados crianças. Agora, que estão adultos, é pedido mais, bem como mais lhes será dado. Os intermediários dos Espíritos devem moralizar-se, sem reclamar do que fazer. As escolas são muitas, proporcionando os ensinamentos que levam à harmonia da mente. Nós, que escrevemos para os seres humanos, estamos nessa escola há muito, esforçando-nos na disciplina, por termos certeza de que no amanhã passaremos a viver perfeitamente aquilo que Jesus deseja que vivamos. 

Allan Kardec nos deixou um tesouro de luz para o adestramento das criaturas, tesouro esse que, em silêncio, irradia; que não fala, mas vibra, que não impõe, mas expõe os princípios do educar e do instruir. 

Temos tanta coisa grandiosa na Terra, que Deus nos ofereceu! A ciência, avançou, cumprindo seu dever de mostrar as maravilhas da criação. Ela pede descanso, para que o amor viaje mostrando seus valores espirituais, em todas as divisões da vida e, para tanto, já tem seus canais vestidos de carne no mundo, para vivê-lo. 

Os clarins da eternidade deverão tocar brevemente, para a glória d'Aquele que tudo criou. Falemos mais da mediunidade, essa faculdade divina, para que a responsabilidade dos medianeiros aumente na conjugação do verbo amar.

Que Deus nos abençoe a todos.


Miramez










Nenhum comentário:

Postar um comentário