André Luiz - Livro Coletânea do Além - Espíritos Diversos / Chico Xavier - Cap. 34
O tempo
Todas as criaturas gozam o tempo — raras aproveitam-no.
Corre a oportunidade — espalhando bênçãos.
Arrasta-se o homem — estragando as dádivas recebidas.
Cada dia é um país — de vinte e quatro províncias.
Cada hora é uma província — de sessenta unidades.
O homem, contudo, é o semeador — que não despertou ainda.
Distraído cultivador — pergunta: “que farei?”
E o tempo silencioso responde — com ensejos benditos:
De servir — ganhando autoridade.
De obedecer — conquistando o mundo.
De lutar — escalando os céus.
O homem, todavia — voluntariamente cego,
Roga sempre mais tempo — para zombar da vida,
Porque, se obedece — revolta-se, orgulhoso,
Se sofre — injuria e blasfema,
Se chamado a contas — lavra reclamações descabidas.
Cientistas — fogem da verdadeira ciência.
Filósofos — ausentam-se dos próprios ensinos.
Religiosos — negam a religião.
Administradores — retiram-se da responsabilidade.
Médicos — subtraem-se à Medicina.
Literatos — furtam-se à divina verdade.
Estadistas — centralizam a dominação.
Servidores do povo — buscam interesses privados.
Lavradores — abandonam a terra.
Trabalhadores — escapam do serviço.
Gozadores temporários — entronizam ilusões.
Ao invés de suar no trabalho — apanham borboletas da fantasia.
Desfrutam a existência — assassinando-a em si próprios.
Possuem os bens da Terra — acabando possuídos.
Reclamam liberdade — submetendo-se à escravidão.
Mas chega um dia — porque há sempre um dia mais claro que os outros,
Em que a morte surge — reclamando trapos velhos…
O tempo recolhe, então — apressado — as oportunidades que pareciam sem-fim…
E o homem reconhece — tardiamente preocupado —
Que a Eternidade Infinita — pede contas do minuto.
André Luiz
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