domingo, 28 de agosto de 2022

Joanna de Ângelis - Livro Vidas Vazias - Divaldo P. Franco - Cap. 27 - Sementes de luz



Joanna de Ângelis - Livro Vidas Vazias - Divaldo P. Franco - Cap. 27


Sementes de luz


Renasceste para ser feliz e pontuar alegria pelo caminho percorrido, mesmo que as circunstâncias não se apresentem, de momento, favoráveis.

É inadiável a ensementação do bem em todas as variáveis possíveis.

Imenso é o matagal da ignorância que asfixia as plântulas da esperança e da solidariedade humana no atual momento da civilização. Não somente nos solos dominados pelo escalracho, senão por outras pragas adversárias da plantação dignificante.

Aqui, apresenta-se a aridez do terreno humano mediante a indiferença aos sofrimentos humanos que se multiplicam exaustivamente; ali, o abandono a que se encontram relegados os canteiros de trabalho auspicioso; mais adiante, a abundância de aves que se alimentam dos escassos e frágeis grãos, e o campo se apresenta deserto, destruído.

Os seres humanos, sem dar-se conta, desumanizam-se graças à multiplicação das ocorrências danosas e cruéis com as quais se vão acostumando.

Por outro lado, o volume de divertimento e de experimentos perturbadores atraem multidões desassisadas, e as sufocam no bafio pestilento das alucinações e dominam as aspirações, os sentimentos.

As imagens obscenas e as condutas agressivas quão vulgares invitam a sensualidade animal, em espetáculos chãos de prazer voluptuoso, sem sentido emocional ou relevante.

As pessoas, quase em geral, aturdem-se e imitam os tipos exóticos com o objetivo de chamar a atenção pelo chocante e grosseiro.

As lutas de classes e os anseios de cidadania das minorias raciais, comportamentais, sociais aceleram as animosidades e culminam sempre na miséria dos vencidos, que perdem a oportunidade de ascender, de renovar-se.

A perda de sentido existencial alastra-se velozmente, e as massas desarvoradas fazem-se imediatistas e agressoras, investindo contra a ordem ou deixando-se vencer pelo desânimo, que as leva à depressão, à fuga pelo suicídio...

Embora os notáveis avanços da ciência médica, por exemplo, com frequência surgem epidemias ameaçadoras, que substituem outras que arrebataram vidas incontáveis, em demonstração da fragilidade do poder humano e as suas utopias de controle sobre a Natureza.

Fenômenos sísmicos constantes desestruturam cidades e ceifam criaturas de maneira aterradora e submetem os seres humanos aos seus movimentos e condições geológicas...

Sucede que este é um mundo de provas e expiações, ainda em processo de depuração da sua massa, de eliminação dos seus terríveis gases tóxicos.

Amanhece, porém, com dificuldade, embora um dia novo em luta contra a treva teimosa da noite que passa, apesar de ainda não se ter ido por definitivo.

Confundem-se glórias humanas com desgraças morais e espirituais, num espetáculo de primitivas apresentações.

É, no entanto, nesse imenso território que se travam as lutas transformadoras do amor.

O espectro da insensatez é obrigado a ceder lugar a novo comportamento, àquele que há dois mil anos vem sendo proposto por Jesus e pelos Seus mensageiros.

Tudo chama a atenção para a grande mudança que já se vem operando no mundo terrestre.

Indispensável o esforço de semeação sobre esses destroços, nesses solos que devem ser lavrados com carinho, sem postergação de tempo.

Trata-se da sementeira de luz.

Grãos de misericórdia devem ser bondosamente colocados nos solos das paisagens sofridas e desoladas, a fim de ser modificado o orbe terrestre, recoberto pelo verdor da esperança, onde a vida se expresse em toda a sua grandiosidade.

Quando passar este verão ardente e abrasador, quando a Natureza exaurida nas suas energias receber as abençoadas chuvas fertilizadoras e alterar-se o clima de horror, a beleza e a harmonia arrebentarão os esconderijos nos quais dormem e tudo se renovará em colorida primavera de bênçãos.

Assim também ocorrerá com a Humanidade destes dias desafiadores.

Sucedem-se os períodos inexoravelmente, surge o abençoado momento de renovação que, desta vez, deverá ser permanente.

Esse fenômeno, porém, depende sobretudo das criaturas humanas, dos seus pensamentos, condutas, sentimentos ante as circunstâncias e as possibilidades que se apresentem.

Renasceste neste período desafiador para contribuir com a nova ordem e na ampliação dos horizontes do serviço abnegado de amor.

Imprescindível compreender que tudo se origina na mente humana, que é a cocriadora do Universo, que oferece as vibrações enérgicas como bem ou como mal, que elege o que lhe parece necessário para a existência.

Nesse sacrário, que é a sede do pensamento, estão as potências da vida, que são neutras, podendo ser usadas para um sentido útil e venturoso ou para ocorrências vãs e devastadores.

O teu é um compromisso com os emissários da Vida Indestrutível, veladores do cosmo em nome do Pai Criador.

Não te importem aqueles que permanecem insensíveis, distanciados, inermes ou perdidos nos descaminhos da ilusão material de breve duração.

A ti cabe o mister de acender luz na escuridão sem reclamar as trevas, de carpir o solo que te cabe semear, assim tornar lugar clareado, jardim e pomar de vital importância.

Renasceste para ser feliz e pontuar alegria pelo caminho percorrido, mesmo que as circunstâncias não se apresentem, de momento, favoráveis.

Semeia estrelas de claridade luminescente.

Não te inquietem as sombras nem as ameaças de borrascas.

Tudo isto logo passará, e é imprescindível que haja metas fulgurantes à frente.

Não te deixes tisnar pela treva que deves diluir.

Semeia e semeia luz.

Quando Jesus veio à Terra, a desolação e o ódio triunfavam, o poder arbitrário dominava as vidas e a miséria moral reinava poderosa.

Lentamente, Ele renovou as paisagens morais, abençoou a Natureza, acendeu a luz que permanece inapagável até hoje.

Crucificaram-No, e o Seu triunfo tornou-se incontestável.

O mesmo acontece agora.

Estes são dias iguais àqueles, com as dificuldades naturais que facultam a soberba e o vício.

Insiste, sorrindo dos vícios e enganadores, sendo-Lhe fiel até o fim.

O Senhor segue contigo e jamais te deixará a sós.


Joanna de Ângelis





ENSEMENTAR: Lançar sementes a; semear.
ESCALRACHO: Planta daninha invasora das searas.
DESASSISADO: Que ou quem não tem siso, juízo; desatinado, dessisudo, desvairado, doido.
INVITAR: Requisitar a presença, o comparecimento de; convidar.
CHÃO: (Fig.) Moralmente baixo, vulgar.
ESPECTRO: Conjunto ou série de elementos que formam um todo.
BORRASCA: (Por mtf.) Contratempo que gera transtorno ou inquietação; contrariedade inopinada.
FULGURANTE: Que brilha, fulge; brilhante, lampejante.
TISNAR: Sujar(-se) com mancha ou nódoa; macular(-se), sujar(-se).

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