Miramez - Livro Filosofia Espírita - Vol. 5 - João Nunes Maia - Cap. 51
Angústias Morais
255. Quando um Espírito diz que sofre, de que natureza é seu sofrimento?
“Angústias morais, que o torturam mais dolorosamente do que todos os sofrimentos físicos.” (O Livro dos Espíritos - Cap. VI - 2ª Parte - Da Vida Espírita)
Quando o Espírito diz que está sofrendo, os sofrimentos não são físicos; são angústias morais, bem piores do que os padecimentos terrenos. É nesse sentido que a Doutrina dos Espíritos vem trabalhando junto aos encarnados, e por vezes com os fora da carne, evitando as angústias morais para o futuro, que são piores.
A consciência registra, sem que a consciência ativa saiba, todos os atos da alma, como que fotografando em todas as suas nuances, de modo que no momento certo, essas forças negativas transbordam para a mente do Espírito, entregando-o às conseqüências que são próprias do clima negativo das ações inferiores. É o que se chama de remorso, ou regressão de memória.
A sensibilidade do aparelho consciencial está muito acima de todos os aparelhos da Terra, mesmo os mais aperfeiçoados. A consciência, além de guardar as imagens dos feitos, registra os sons e tem a capacidade de dar vida a todos os nossos feitos e, ainda muito mais, faz com que pensemos naqueles fatos. As angústias morais torturam a alma qual um tribunal íntimo devedor. Eis aí o dente por dente do velho texto dos judeus.
Jesus, sabendo que as consciências humanas estavam carregadas de angústias, qual celeiro pestilento de acomodações inferiores, veio em nosso socorro nos mostrar os caminhos da esperança, se nos dispusermos a limpar as nossas consciências com os instrumentos do amor e da caridade.
Pode-se evitar muitas angústias para o futuro, em se compreendendo a presença da Doutrina dos Espíritos na Terra. Ela vem trazer a revivência dos conceitos do Cristo, nos dando oportunidades de ressarcir o passado carregado de mazelas inferiores. O esquecimento das paixões somente se dá com a transformação do caráter, já viciado nas ilusões do mundo.
As angústias da alma, no plano espiritual, são vivas. Em muitos casos, só a reencarnação alivia essas torturas incomparáveis do Espírito. Já chegou a hora de queimar o joio aflorado em nós, que cresceu junto ao trigo em nossa intimidade. Devemos mudar para crescer; devemos conhecer a verdade porque ela nos liberta dos liames das trevas.
É bom que nos conscientizemos, e a experiência nos fala mais alto, de que, mesmo encarnada, a alma tem e sente essas angústias, mas, na verdade, comparando com as que sentem os Espíritos desencarnados, elas são virtudes, por lhes faltar o corpo físico que age como esponja absorvente do magnetismo inferior, que a mente desprende com frequência.
Que os irmãos encarnados aproveitem sua estadia na Terra, limpando aí mesmo a sua área consciencial, mudando seus pensamentos, para que suas idéias mudem igualmente e a sua fala tome o caráter da fala do Cristo, que ajuda e consola, que cura e embeleza a sua feição. Que abençoem õ que Deus lhes deu por amor: um corpo de carne, aparelho esse valioso na sua subida para os planos onde se encontra a felicidade, descobrindo o céu na intimidade do coração. Que possam refrear todos os seus impulsos inferiores, fazendo e usando essa energia para despertar qualidades superiores que se encontram dentro de si.
Já encontramos a estrada; basta trilharmos por ela. Esse é o convite de Jesus para todos os corações. A natureza das angústias, tanto como Espírito livre quanto na carne, se diferencia ao infinito. Tudo é de acordo com as faltas cometidas, ou processos de despertamento necessário aos Espíritos. Jesus é o nosso sol, que nos ajuda a queimar o joio, sem perda do trigo, que nos alimenta pela eternidade afora.
Miramez
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