Paulo, o apóstolo - O Evangelho Segundo o Espiritismo - Allan Kardec - Cap. XV - Instrução dos Espíritos
Fora da caridade não há salvação
Meus filhos, na máxima: Fora da caridade não há salvação, estão encerrados os destinos dos homens, na Terra e no céu; na Terra, porque à sombra desse estandarte eles viverão em paz; no céu, porque os que a houverem praticado acharão graças diante do Senhor. Essa divisa é o facho celeste, a luminosa coluna que guia o homem no deserto da vida, para o conduzir à Terra da Promissão. Ela brilha no céu como auréola santa, na fronte dos eleitos, e, na Terra, está gravada no coração daqueles a quem Jesus dirá: Passai à direita, benditos de meu Pai. Vós os reconhecereis pelo perfume de caridade que espalham em torno de si. Nada exprime com mais exatidão o pensamento de Jesus, nada resume tão bem os deveres do homem, como essa máxima de ordem divina. Não poderia o Espiritismo provar melhor a sua origem, do que apresentando-a como regra, pois ela é o reflexo do mais puro Cristianismo. Tomando-a por guia, nunca o homem se transviará. Dedicai-vos, assim, meus amigos, a compreender seu sentido profundo e suas consequências, a descobrir, por vós mesmos, todas as aplicações. Submetei todas as vossas ações ao controle da caridade e a vossa consciência vos responderá. Não só ela evitará que pratiqueis o mal, mas também fará que pratiqueis o bem, porquanto uma virtude negativa não basta: é necessária uma virtude ativa. Para fazer o bem precisa sempre a ação da vontade; para não praticar o mal, basta as mais das vezes a inércia e a indiferença.
Meus amigos, agradecei a Deus o haver permitido que pudésseis gozar a luz do Espiritismo. Não é que somente os que a possuem hajam de ser salvos; é que, ajudando-vos a compreender os ensinos do Cristo, ela vos faz melhores cristãos. Esforçai-vos, pois, para que, observando-vos, se possa reconhecer que verdadeiro espírita e verdadeiro cristão são uma só e a mesma coisa, pois todos os que praticam a caridade são discípulos de Jesus, seja qual for a seita a que pertençam.
Paulo, o apóstolo
Paris, 1860
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