Hammed - Livro Renovando Atitudes - Francisco do Espírito Santo Neto - Cap. 24
Aparências
A árvore que produz maus frutos não é boa, e a árvore que produz bons frutos não é má; porque cada árvore se conhece pelo seu próprio fruto. Não se colhem figos dos espinheiros e não se cortam cachos de sobre as sarças..." (Lc 6, 43 - 44)
Fugimos constantemente de nossos sentimentos interiores por não confiarmos em nosso poder pessoal de transformação e, dessa forma, forjamos um "disfarce" para sermos apresentados perante os outros.
Anulamos qualquer emoção que julgamos ser inconveniente dizendo para nós mesmos: "eu nunca sinto raiva", "nunca guardo mágoa de ninguém", vestindo assim, uma aparência de falsa humildade e compreensão.
Máscaras fazem parte de nossa existência, porque todos nós não somos totalmente bons ou totalmente maus e não podemos fugir de nossas lutas internas. Temos que confrontá-las, porque somente assim é que desbloquearemos nossos conflitos que são as causas que nos mantêm prisioneiros frente à vida.
Devemos nos analisar como realmente somos.
Nossos problemas íntimos, se resolvidos com maturidade, responsabilidade e aceitação são ferramentas facilitadoras para construirmos alicerces mais vigorosos e adquirirmos um maior nível de lucidez e crescimento.
Nunca, porém, mantê-los escondidos de nós próprios, como se fossem coisas hediondas, e sim, aceitarmos essas emoções que emergem do nosso lado escuro, para que possamos nos ver como somos realmente.
Por não admitirmos que evoluir é experimentar choques existenciais e promover um constante estado de transformação interior é que, às vezes, deixamos que os outros decidam quem realmente nós somos, colocando-nos, então, num estado de enorme impotência perante nossas vidas.
A maneira de como os outros nos percebem tem grande influência sobre nós mesmos. Amigos opressores, religiosos fanáticos, pais dominadores e cônjuges inflexíveis podem ter exercido muita influência sobre nossas aptidões e até sobre nossa personalidade.
Portanto, não nos façamos de superiores, aparentando comportamentos de "perfeição apressada": isso não nos fará bem psiquicamente e nem ao menos nos dará chance de fazermos autoburilamento.
Deixemos de falsas aparências e analisemos nossas emoções e sentimentos, burilando-os e canalizando nossas energias, fazendo delas uma catarse dos fluxos negativos e transmutando-as a fim de integrá-las adequadamente.
Aceitar nossa porção amarga é o primeiro passo para a transformação, e nunca fugirmos para novo local, emprego ou novos afetos, porque isso não nos curará do sabor indesejável, mas somente nos transportará a um novo quadro exterior. Os nossos conflitos não conhecem as divisas da Geografia e, se não encarados de frente e resolvidos, eles nos acompanharão e estarão conosco onde quer que estejamos na Terra.
Para que possamos fazer alquimia das correntes energéticas que circulam em nossa alma, façamos auto-observação e auto análise de nossa vida interior, sem jamais negá-las a nós mesmos.
Lembremo-nos que, por mais que se esforcem as más árvores para parecerem boas, mesmo assim elas não produzirão bons frutos. Também os homens serão reconhecidos, não pelos aparentes "frutos", não por manifestarem atos e atitudes mascarados de virtudes, mas sim, por serem criaturas resolvidas interiormente e conscientes de como funciona seu mundo emocional.
Somente pessoas providas dessa atitude estarão aptas a serem árvores produtoras de frutos realmente bons.
Hammed
Fonte: Renovando Atitudes-pdf
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