Léon Denis - Livro O Grande Enigma - 1ª Parte - Deus e o Universo - Cap. VI
As Leis Universais
Quando estudamos o problema da vida futura, quando examinamos a situação do Espírito depois da morte — e é esse o objeto capital das pesquisas psíquicas —, encontramo-nos em presença de um fato considerável, pleno de consequências morais. Verifica-se um estado de coisas que é regulado por uma lei de equilíbrio e de harmonia.
Logo que a Alma transpõe a morte, desde que despertam no mundo dos Espíritos, o quadro de suas vidas passadas se desenrola, pouco a pouco, à sua vista. Ela se mira em um espelho que reflete fielmente todos os atos passados, para acusar ou glorificar. Nada de distração, nada de fuga possível. O Espírito obrigado a contemplar-se, primeiramente, para se reconhecer ou para sofrer, e, mais tarde, para se preparar. Daí, para a maior parte, o remorso, a vergonha e a amargura!
Os ensinamentos de Além Túmulo nos fazem saber que nada se perde, nem o bem, nem o mal; e sim que tudo se inscreve se repara, se resgata, por meio de outras existências terrestres, difíceis e dolorosas.
Aprendemos igualmente que nenhum esforço é perdido e que nenhum sofrimento é inútil. O dever não é palavra vã, e o Bem reina sem partilha acima de tudo. Cada um constrói dia por dia, hora por hora, muitas vezes sem o saber, seu próprio futuro. A sorte que nos cabe na vida atual foi preparada pelas nossas ações anteriores; da mesma forma edificamos no presente as condições da existência futura. Daí para o sábio a resignação ao que lhe é inevitável na vida presente; daí também o estimulante poderoso para agir, devotar-se, preparando para si próprio um destino melhor.
Quanto isso conhece não se encherão de medo, pensando no que está reservado à sociedade atual, cujos pensamentos, tendências e atos são muitas vezes inspirados pelo egoísmo ou por paixões más? À sociedade atual, que acumula, assim, acima dela, sombrias nuvens fluídicas que trazem a tempestade em seu dorso?
Como não estremecermos em presença de tantos desfalecimentos morais, diante de tantas corrupções ostensivas? Como não estremecer, verificando que o sentimento do bem encontra tão pouco lugar em certas consciências? Como não estremecer, enfim, ao constatar, no fundo de tantas Almas, o amor desenfreado pelos gozos, a cupidez ou o ódio?! E se sentimos isso, como hesitar na afirmativa, à face de todos, para fazer conhecida de toda essa Lei de justiça que os ensinamentos do Além nos mostram tão grande, tão importante; essa Lei que se executa por si mesma, sem tribunal e sem julgamento, mas à qual não escapa, no entanto, nenhum de nossos atos; Lei que nos revela uma Inteligência diretora do mundo moral; Lei viva, razão consciente do Universo, fonte de toda a vida, de todas as leis, de toda a perfeição!
Eis o que é Deus. Quando esta ideia de Deus tiver penetrado no ensino, e, daí, nos espíritos e nas consciências, compreender-se-á que o espírito de justiça não é mais do que o instrumento admirável pelo qual a causa suprema leva tudo à ordem e à harmonia, e sentir-se-á que essa ideia de Deus é indispensável às sociedades modernas, que se abatem e perecem moralmente, porque, não compreendendo Deus, não se podem regenerar. Então, todos os pensamentos e todas as consciências se voltarão para esse foco moral, para essa fonte de eterna justiça — que é Deus, e ver-se-á transformar a face do mundo.
A justiça não é somente de origem social, qual a revolução de 1789 procurou estabelecer. Ela vem de mais alto: é de origem divina. Se os homens são iguais diante da lei humana é porque são iguais diante da Lei eterna.
E assim é porque saímos todos da mesma fonte de inteligência e de consciência; somos todos os irmãos, solidários uns com os outros, unidos em nossos destinos imortais porque a solidariedade e a fraternidade dos seres só são possíveis quando estes se sentem ligados a um mesmo centro comum.
Somos filhos de um mesmo Pai, porque a alma humana é emanação da Alma Divina, uma centelha do Pensamento Eterno.
Léon Denis
(Parcial, pág. 39/40)
Fonte: O Grande Enigma-pdf
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