Miramez - Livro Filosofia Espírita Vol. 1 - João Nunes Maia - Cap. 36 - O Vácuo não existe
O nada, a própria palavra o indica, não existe. O que chamamos de vácuo é, pois onde falta o ar que tanto conhecemos, bafejando a velha Terra que habitamos, servindo para manter a vida na carne.
Toda a criação é tomada pelo Éter Cósmico, que não obedece à química ou física humana, nem tão pouco à máquina de sucção, com que queiram retirá-lo do seu campo. Subordinado somente à vontade de Deus, não se submete a qualquer outra. E se pudéssemos retirá-lo do ambiente em que vibra, certamente alguém perguntaria: o que ficaria depois disso? E segredo de Deus ainda não desvendável, que não iria em nada melhorar os homens, se estes pudessem conhecê-lo. Conhecerás gradativamente, essa é a lei da evolução que nos cabe respeitar e agradecer a Deus.
Essa impetuosidade do ser humano, de querer saber o que lhe escapa aos sentidos, é comum, na faixa evolutiva em que se encontra a humanidade. As necessidades de conhecimento exato daquilo de que se precisa são esquecidas, talvez por conveniência, levando a conhecer a si mesmo, estudar suas próprias reações diante dos acontecimentos, livrar-se da persistência em coisas em que não se deverá insistir e do condicionamento de ideias inferiores. Como conhecer as coisas mais profundas, se ainda há guerra em quase todo o mundo, por simples pedaços de terra, por se sentirem feridos no orgulho, ou por outros povos aceitarem ideologias diferentes? Por que procurar a liberdade, sentindo obrigação política de tolher a dos outros, usando a força e a opressão? A política do futuro será o Socialismo Cristão, e não o carrancismo engendrado no orgulho, mancomunado com o egoísmo. O Cristo nos trouxe a melhor reforma, com uma constituição universal em um punhado de palavras simples, na profundidade do amor: o Evangelho, elo que poderá unir todos os povos, para que surja um só pastor e um só rebanho.
Sabemos somente de um lugar onde existe o vácuo: é onde não existe amor, é onde faltam a caridade, a justiça e o perdão. A humanidade permanece em desgaste em todo o mundo, por faltar-lhe o desprendimento. O egoísmo empana nos corações todos os sentimentos de fraternidade, e a alma fica sufocada sem poder respirar a esperança e sentir a luz do futuro promissor. O que parece vazio para os homens de ciência, ao extraírem o ar, está ocupado por fluidos altamente sensíveis, capazes de registrar até os pensamentos com nitidez absoluta, e ainda gravar todos os sons e imagens emitidos, e o mais interessante é que o poder do Espírito é tão grande, que igualmente consegue fazer na consciência, a operação que se processa nesse Éter. Na consciência profunda estão registrados todos os atos da alma, de todas as suas vidas e, ainda mais, de todas as leis espirituais que garantem a criação divina, existindo ali, em perfeita harmonia, a presença do Criador. Este é, sobretudo um segredo sobre o qual devemos pensar, estudar e orar, para que possamos perceber alguma coisa nesse sentido maior e dar início a nossa própria educação espiritual, aquela parte que Deus nos outorgou fazer.
Convidamos os homens a aumentarem a cota de amor nos corações, a da disciplina na mente e a da fraternidade nos sentimentos, cotas essas que não se podem comprar nos supermercados, não são produzidas por máquinas, mesmo as mais sofisticadas, nem são doadas por outros homens. Esse tesouro de luz é despertado em cada coração, na luz do entendimento e do esforço próprio da claridade de cada dia.
Se continuarmos no vácuo da indiferença, no que tange a essas verdades espirituais, vamos ser considerados mortos diante da vida, até que decidamos despertar para ela, pela própria vontade, na vontade de Deus.
Nenhum comentário:
Postar um comentário