terça-feira, 8 de dezembro de 2020

Ermance Dufaux - Livro Laços de Afeto - Wanderley S. de Oliveira - Cap. 1 - A pedagogia do “Ser”




Ermance Dufaux - Livro Laços de Afeto - Wanderley S. de Oliveira - Cap. 1


A pedagogia do “Ser”


Jesus, o Mestre.

Nós, os aprendizes.

A reencarnação, sublime matrícula no aprendizado.

A Terra, incomparável escola do Espírito.

O Amor, lição essencial.

O afeto, “pedagogia do “Ser”.

O centro espírita, excepcional núcleo educativo da alma.

Eis uma síntese a qual nos propomos desenvolver nessa primeira parte, destacando as nossas agremiações doutrinárias como educandários, sem precedentes na sociedade, para o desenvolvimento da competência essencial do Amor.

O afeto é um dos pilares do desenvolvimento humano saudável. Uma habilidade que abre largas portas para a entrada do Amor, porque ser afetivo é laborar com o sentir. Diríamos assim que a afetividade é um degrau para o Amor.

E amar é desenvolver-se para “Ser”, verbo que traduz o existir Divino ou existir para a felicidade. “Ser” é educar-se, externar o amplo contingente de valores e potencialidades celestes que dormitam há milênios em nosso eu Divino, que nos conduzem ao destino glorioso de Filhos de Deus, à plenitude. Portanto, a pedagogia do “SER” tem no afeto um de seus principais potenciais didáticos.

Ninguém pode “Ser” permanecendo agrilhoado aos trâmites expiatórios do “sentir mórbido”, ou seja, essa forma inferior de viver a vida do “homem fisiológico”, voltado somente para as sensações, o prazer, a competitividade selvagem.

Afeto é uma força da alma de incalculável poder. Sua boa utilização demanda sólida formação moral para que, o vigor dos sentimentos seja abençoada estrada de libertação nos passos das atitudes.

Esse ‘“existir humano” apela para valores nobres a fim de consagrar uma ética do “Ser” em identidade com aquilo que de fato é “Ser”. Verificamos assim o quanto é relevante o papel do centro espírita, associação que busca, essencialmente, burilar o caráter, a virtude, desenvolver o moral da criatura.

Sob os auspícios de uma casa doutrinária bem conduzida, o desafio do “existir humano” torna-se uma proposta atraente, motivadora, clara e simples.

Nesse tempo de materialismo e do império da razão nossas casas de Amor devem fixar-se na função social reeducativa do sentimento, aprimorando-se cada vez mais para honrar o título de escola da alma, desenvolvendo pessoas felizes, realizadas, dignas e solidárias.

Aprender a amar é, pois a competência essencial que deveria fundamentar quaisquer conteúdos de nossas escolas espirituais. Aprender a amar o próximo, aprender a amar a si, aprender a amar a Deus.

E como ensinar o Amor no centro espírita?

Fala-se muito no que devemos fazer, mas pouquíssimas vezes em como fazer. Como amar o outro, a si e a Deus contextualizando?

Contextualizar o conteúdo espírita abstraindo o excesso de informações e trazê-lo para a realidade de seu grupo, priorizar respostas, soluções, discutir vivências, refletir sobre horizontes novos de velhos temas do viver, reinventar a vivência em direção aos apelos da consciência, propiciar à criatura externar sonhos, limitações e valores já conquistados, fazendo da sala de estudos espíritas um laboratório de idéias na ampliação da capacidade de pensar com acerto, lógico e bom senso. Isso se chama educar.

A esse mister somos convocados para uma mudança de paradigmas urgente nas metodologias pedagógicas da casa espírita. Somos convocados a reestruturar essa visão “sacra”, que faz de muitas de nossas células templos de religiosismo, conduzindo seus profitentes a fórmulas de imediatismo e acomodação, ou à absorção do conhecimento espírita em lamentável dogmatismo, recheado de presunção com a verdade.

A pedagogia do “Ser”. inclui os valores da participação, da interatividade, da cooperação.

Não temos outros caminhos para arregimentar essas opções didáticas que não seja a formação de equipes; pequenos grupos de amigos voltados para o estudo e o trabalho, congregados em torno de ideais incentivadores da evolução de nossas potencialidades.

Grupos que absorvam para a rotina das sociedades doutrinárias projetos de trabalho, ousando o inusitado, o incomum, implantando novas e mais ajustadas propostas de ensino e trabalho no atendimento das demandas humanas, e na consolidação de habilidades e valores que promovam o homem a uma vida mais íntegra, gratificante e libertadora, sob as luzes da imortalidade.

Grupos nos quais a imaginação, o desejo, os sonhos, os limites, as conquistas, as dores, a criatividade, as idiossincrasias, as dúvidas, as respostas, a experiência e, sobretudo, o afeto, possam fazer parte desse projeto de “Ser”.

Permitir à criatura apresentar-se como está e ensejá-la serviço e conhecimento – o antigo lápis e papel da educação - é matriculá-la na escola da vida sob a tutela dos princípios redentores do Evangelho e do Espiritismo, a fim de que ela, por si mesma, aprenda o caminho do Amor na transformação e no existir de cada instante, em busca de sua felicidade.

A pedagogia do “Ser” prioriza o homem, sua experiência pessoal, o relacionamento humano, tendo como polo de atração o idealismo, que é o centro indutor dos valores morais e a defesa vigilante contra nossas intempéries, provenientes das bagagens vivenciais seculares.

Grupos que se amam e se querem bem, formando ambientes agradáveis para conviver, estabelecem as premissas para esse “Ser”, e isso, inevitavelmente, além de felicitar a criatura com o que ela precisa para seu crescimento, também trará reflexos, acentuadamente benéficos, para as realizações doutrinárias graças à alegria e comprometimento com os quais o trabalhador fará sua adesão aos deveres na escola da alma, honrando os princípios espíritas cristãos com uma vida reta, plena de sobriedade e identidade com a base social da fraternidade e da transformação para o bem, onde quer que esteja participando.


Ermance Dufaux











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