domingo, 3 de novembro de 2024

Joanna de Ângelis - Livro Conflitos Existenciais - Divaldo P. Franco - Cap. 4 - Medo - Pág. 57 - Erradicação do medo



Joanna de Ângelis - Livro Conflitos Existenciais - Divaldo P. Franco - Cap. 4 - Medo - Pág. 57


Erradicação do medo


A coragem de manter contato com os próprios me­dos é recurso terapêutico muito valioso para a sua erradica­ção, ou, pelo menos, para a sua administração psicológica. 

Graças aos medos aprende-se como fazer-se algo, o que realmente se deseja fazer e para que se quer realizar.

Desse modo, enquanto não se apresenta como trans­torno patológico, que necessita de psicoterapia ou mesmo de terapêutica química, muitos recursos encontram-se ao alcance de quem os deseje para libertar-se dos medos.

A consciência de que se é portador do medo e se está disposto a enfrentar-lhe as nuanças e manifestações, apresenta-se como um passo inicial de excelentes resultados. O prosseguimento da atitude de confiança em favor da sua li­beração auxilia na conquista de espaço mental, substituin­do-o por novos cometimentos e aspirações edificantes que se lhe opõem. 

A vitória sobre qualquer conflito resulta de esforços ingentes e contínuos que o indivíduo se propõe com deci­são e coragem. 

Mesmo quando superado o medo, isso não significa a sua eliminação total e absoluta, pois que novas situações podem exigir precaução e vigilância que se apresentarão em forma de temor. 

Alicerçadas nos bons resultados já conseguidos, as novas tentativas serão muito mais fáceis do que as iniciais. 

A grande terapia para todos os tipos de medo é a do amor. O amor a si mesmo, ao seu próximo e a Deus. 

A si mesmo, de forma respeitosa e racional, consi­derando a utilidade da existência e o que a vida espera de cada um, desde que todos somente esperam da vida a sua contribuição. Quando diminuam ou desapareçam as doações que a vida oferece, chega o momento da retribuição, no qual é preciso que se lhe dê sustentação, harmonia para que o melhor possa acontecer em relação aos demais. Nesse raciocínio e doação expressa-se o amor ao pró­ximo, mediante o qual a vida adquire sentido e o relaciona­mento se vitaliza; porque centrado no interesse pelo bem-es­tar do outro, irradia-se bondade e ternura em seu benefício, sem o propósito negocista de receber-se compensação.

Esse intercâmbio que une as criaturas umas às outras, leva-as à afeição pela Natureza e por todas as formas vivas ou não, alcançando o excelente amor a Deus, no esforço de preservação de tudo. 

Alguns psiquiatras e psicólogos mais audaciosos redu­zem todas as emoções humanas apenas ao medo e ao amor.  

O amor é o antídoto eficaz para a superação do medo e a sua consequente eliminação. Quando ama, o ser enriquece-se de coragem, embora não possa evitar os enfrentamentos em face dos impulsos edificantes que do amor emanam. 

Assim, a solidariedade abre os braços fraternos em favor do próximo, experimentando-se valiosa fortuna de amar-se, desmascarando-se a artimanha do medo que o distanciava dessa emoção felicitadora. 

Mantendo-se o sentimento de amor no imo, torna-se fácil converter desilusão em nova esperança e insucesso em experiência positiva. 

Sempre que voltem os medos - e eles retornarão vá­rias vezes, o que é muito útil -, porque fortalecido, o indi­víduo com mais decisão e sabedoria os enfrenta, superando-os por completo. Em face disso, a escolha é de cada um: o medo ou o amor, já que os dois não convivem no mesmo espaço emocional. 

É comum ouvir-se alguém em queixa a respeito da própria capacidade de conhecimento, das possibilidades de realização pessoal, em face do medo de insucesso e de erro. 

Muito pior é não tentar, não saber com segurança a respeito de si mesmo, preferindo a dúvida mesquinha.

Quando seja constatada a insuficiência de recursos para que o êxito coroe o esforço envidado, adquire-se o exato conhecimento de onde se encontra a falha ou a ca­rência, podendo-se e devendo-se voltar aos tentames com novas cargas de que não se dispunha antes. 

Considerando-se a possibilidade de alguns dos medos serem inspirados por adversários desencarnados, a oração-terapia gera um clima psíquico tão elevado que o opositor perde o contato com a vítima em face de esta erguer-se em superior onda vibratória, na qual não consegue ser alcançada pelo perseguidor espiritual. 

Nessa faixa de poderoso psiquismo nutriente, haurem-se resistência e vitalidade para vencer-se os limites e vitalizar-se de forças para voos mais altos e audaciosos. Toda vez que se equivoque, em vez de uma reação de raiva pelo erro, permita-se a compaixão como direito que se tem pelo erro cometido, considerando-se o estágio de humanidade em que se encontra e age.

Evite-se a postura intransigente de não se desculpar pelos feitos infelizes, pelas ações transtornadas. 

Ninguém é exceção no mundo, vivenciando todos experiências equivalentes, que fazem parte do programa de elevação individual. 

O medo da morte, por exemplo, que em muitos in­divíduos se transforma em infelicidade, não deve perma­necer como possibilidade em relação aos enfermos termi­nais que estão diante da certeza do desprendimento carnal.

Nada obstante, quem poderá avaliar quando irá su­ceder a morte deste ou daquele indivíduo?

Crianças e jovens saudáveis de um para outro mo­mento são acometidos de enfermidades virulentas e rápi­das que lhes ceifam a vida, enquanto pacientes em deplo­rável estado orgânico sobrevivem, expiam, decompõem-se quase em vida.

Ademais, os acidentes de todo tipo, quais aqueles que acontecem com veículos de diferente porte, os da Na­tureza, os de balas perdidas, os de quedas fatais, demons­tram a fragilidade do corpo e a imprevisibilidade dos impositivos humanos.

O medo é sempre injustificável, seja como for que se expresse. Muitas vezes, as pessoas têm receio de aproximar-se de outras nas reuniões sociais, nos encontros de negócios, nas atividades quotidianas, sem recordar-se que também aquelas experimentam as mesmas emoções de incerteza e receio. Se não as desvelam, é porque têm sido obrigadas por necessidades múltiplas a sobrepor-lhes os compromissos abraçados.

Se for considerado que muitos indivíduos venceram os seus medos, encontram-se formas estimulantes para a vitória sobre os próprios.

Na solidariedade estão igualmente os estímulos para o avanço, para a autoestima, para o encorajamento em fa­vor de novos tentames de progresso.

Sempre que o medo permaneça, mais medo se acu­mula.

Na terapia do amor em relação ao medo, quanto mais se ama, naturalmente mais amor se tem a oferecer. Mediante também a compaixão, que é diluente do medo, o ser humano torna-se mais digno e saudável.

Graças a esse sentimento que se expande na medida em que se ama, o ser engrandece-se e enriquece-se de vida, envolvendo-se em paz.


Joanna de Ângelis














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