terça-feira, 5 de novembro de 2024

Allan Kardec - O Livro dos Espíritos - 2ª Parte - Cap. 6 - Da vida espírita - Ensaio teórico da sensação nos Espíritos - Questão 257 (Miramez)



Allan Kardec - O Livro dos Espíritos - 2ª Parte - Cap. 6 - Da vida espírita


Ensaio teórico da sensação nos Espíritos 


257. O corpo é o instrumento da dor. Se não é a causa primária desta é, pelo menos, a causa imediata. A alma tem a percepção da dor: essa percepção é o efeito. A lembrança que da dor a alma conserva pode ser muito penosa, mas não pode ter ação física. De fato, nem o frio, nem o calor são capazes de desorganizar os tecidos da alma, que não é suscetível de congelar-se, nem de queimar-se. Não vemos todos os dias a recordação ou a apreensão de um mal físico produzirem o efeito desse mal, como se real fora? Não as vemos até causar a morte? Toda gente sabe que aqueles a quem se amputou um membro costumam sentir dor no membro que lhes falta. Certo que aí não está a sede, ou, sequer, o ponto de partida da dor. O que há, apenas, é que o cérebro guardou desta a impressão. Lícito, portanto, será admitir-se que coisa análoga ocorra nos sofrimentos do Espírito após a morte. Um estudo aprofundado do perispírito, que tão importante papel desempenha em todos os fenômenos espíritas; nas aparições vaporosas ou tangíveis; no estado em que o Espírito vem a encontrar-se por ocasião da morte; na ideia, que tão frequentemente manifesta, de que ainda está vivo; nas situações tão comoventes que nos revelam os dos suicidas, dos supliciados, dos que se deixaram absorver pelos gozos materiais; e inúmeros outros fatos, muita luz lançaram sobre esta questão, dando lugar a explicações que passamos a resumir.

O perispírito é o laço que à matéria do corpo prende o Espírito, que o tira do meio ambiente, do fluido universal. Participa ao mesmo tempo da eletricidade, do fluido magnético e, até certo ponto, da matéria inerte. Poder-se-ia dizer que é a quintessência da matéria. É o princípio da vida orgânica, porém, não o da vida intelectual, que reside no Espírito. É, além disso, o agente das sensações exteriores. No corpo, os órgãos, servindo-lhes de condutos, localizam essas sensações. Destruído o corpo, elas se tornam gerais. Daí o Espírito não dizer que sofre mais da cabeça do que dos pés, ou vice-versa.

Não se confundam, porém, as sensações do perispírito, que se tornou independente, com as do corpo. Estas últimas só por termo de comparação as podemos tomar e não por analogia. Liberto do corpo, o Espírito pode sofrer, mas esse sofrimento não é corporal, embora não seja exclusivamente moral, como o remorso, pois que ele se queixa de frio e calor. Também não sofre mais no inverno do que no verão: temo-los visto atravessar chamas, sem experimentarem qualquer dor. Nenhuma impressão lhes causa, conseguintemente, a temperatura. A dor que sentem não é, pois, uma dor física propriamente dita: é um vago sentimento íntimo, que o próprio Espírito nem sempre compreende bem, precisamente porque a dor não se acha localizada e porque não a produzem agentes exteriores; é mais uma reminiscência do que uma realidade, reminiscência, porém, igualmente penosa.

Algumas vezes, entretanto, há mais do que isso, como vamos ver.

Ensina-nos a experiência que, por ocasião da morte, o perispírito se desprende mais ou menos lentamente do corpo; que, durante os primeiros minutos depois da desencarnação, o Espírito não encontra explicação para a situação em que se acha. Crê não estar morto, por isso que se sente vivo; vê a um lado o corpo, sabe que lhe pertence, mas não compreende que esteja separado dele. Essa situação dura enquanto haja qualquer ligação entre o corpo e o perispírito. Disse-nos, certa vez, um suicida: “Não, não estou morto.” E acrescentava: No entanto, sinto os vermes a me roerem. Ora, indubitavelmente, os vermes não lhe roíam o perispírito e ainda menos o Espírito; roíam-lhe apenas o corpo. Como, porém, não era completa a separação do corpo e do perispírito, uma espécie de repercussão moral se produzia, transmitindo ao Espírito o que estava ocorrendo no corpo. Repercussão talvez não seja o termo próprio, porque pode induzir à suposição de um efeito muito material. Era antes a visão do que se passava com o corpo, ao qual ainda o conservava ligado o perispírito, o que lhe causava a ilusão, que ele tomava por realidade. Assim, pois não haveria no caso uma reminiscência, porquanto ele não fora, em vida, ruído pelos vermes: havia o sentimento de um fato da atualidade. Isto mostra que deduções se podem tirar dos fatos, quando atentamente observados.

Durante a vida, o corpo recebe impressões exteriores e as transmite ao Espírito por intermédio do perispírito, que constitui, provavelmente, o que se chama fluido nervoso. Uma vez morto, o corpo nada mais sente, por já não haver nele Espírito, nem perispírito. Este, desprendido do corpo, experimenta a sensação, porém, como já não lhe chega por um conduto limitado, ela se lhe torna geral. Ora, não sendo o perispírito, realmente, mais do que simples agente de transmissão, pois que no Espírito é que está a consciência, lógico será deduzir-se que, se pudesse existir perispírito sem Espírito, aquele nada sentiria, exatamente como um corpo que morreu. Do mesmo modo, se o Espírito não tivesse perispírito, seria inacessível a toda e qualquer sensação dolorosa. É o que se dá com os Espíritos completamente purificados. Sabemos que quanto mais eles se purificam, tanto mais etérea se torna a essência do perispírito, donde se segue que a influência material diminui à medida que o Espírito progride, isto é, à medida que o próprio perispírito se torna menos grosseiro.

Mas, dir-se-á, desde que pelo perispírito é que as sensações agradáveis, da mesma forma que as desagradáveis, se transmitem ao Espírito, sendo o Espírito puro inacessível a umas, deve sê-lo igualmente às outras. Assim é, de fato, com relação às que provêm unicamente da influência da matéria que conhecemos. O som dos nossos instrumentos, o perfume das nossas flores nenhuma impressão lhe causam. Entretanto, ele experimenta sensações íntimas, de um encanto indefinível, das quais ideia alguma podemos formar, porque, a esse respeito, somos quais cegos de nascença diante a luz. Sabemos que isso é real; mas, por que meio se produz? Até lá não vai a nossa ciência. Sabemos que no Espírito há percepção, sensação, audição, visão; que essas faculdades são atributos do ser todo e não, como no homem, de uma parte apenas do ser; mas, de que modo ele as tem? Ignoramo-lo. Os próprios Espíritos nada nos podem informar sobre isso, por inadequada a nossa linguagem a exprimir idéias que não possuímos, precisamente como o é, por falta de termos próprios, a dos selvagens, para traduzir idéias referentes às nossas artes, ciências e doutrinas filosóficas.

Dizendo que os Espíritos são inacessíveis às impressões da matéria que conhecemos, referimo-nos aos Espíritos muito elevados, cujo envoltório etéreo não encontra analogia neste mundo. Outro tanto não acontece com os de perispírito mais denso, os quais percebem os nossos sons e odores, não, porém, apenas por uma parte limitada de suas individualidades, conforme lhes sucedia quando vivos. Pode-se dizer que, neles, as vibrações moleculares se fazem sentir em todo o ser e lhes chegam assim ao sensorium commune, que é o próprio Espírito, embora de modo diverso e talvez, também, dando uma impressão diferente, o que modifica a percepção. Eles ouvem o som da nossa voz, entretanto nos compreendem sem o auxílio da palavra, somente pela transmissão do pensamento. Em apoio do que dizemos há o fato de que essa penetração é tanto mais fácil, quanto mais desmaterializado está o Espírito. Pelo que concerne à vista, essa, para o Espírito, independe da luz, qual a temos. A faculdade de ver é um atributo essencial da alma, para quem a obscuridade não existe. É, contudo, mais extensa, mais penetrante nas mais purificadas. A alma, ou o Espírito, tem, pois, em si mesma, a faculdade de todas as percepções. Estas, na vida corpórea, se obliteram pela grosseria dos órgãos do corpo; na vida extracorpórea, se vão desanuviando, à proporção que o invólucro semi-material se eteriza.

Haurido do meio ambiente, esse invólucro varia de acordo com a natureza dos mundos. Ao passarem de um mundo a outro, os Espíritos mudam de envoltório, como nós mudamos de roupa, quando passamos do inverno ao verão, ou do polo ao equador. Quando vêm visitar-nos, os mais elevados se revestem do perispírito terrestre e então suas percepções se produzem como no comum dos Espíritos. Todos, porém, assim os inferiores como os superiores, não ouvem, nem sentem, senão o que queiram ouvir ou sentir. Não possuindo órgãos sensitivos, eles podem, livremente, tornar ativas ou nulas suas percepções. Uma só coisa são obrigados a ouvir – os conselhos dos Espíritos bons. A vista, essa é sempre ativa; mas, eles podem fazer-se invisíveis uns aos outros. Conforme a categoria que ocupem, podem ocultar-se dos que lhes são inferiores, porém não dos que lhes são superiores. Nos primeiros instantes que se seguem à morte, a visão do Espírito é sempre turbada e confusa. Aclara-se, à medida que ele se desprende, e pode alcançar a nitidez que tinha durante a vida terrena, independentemente da possibilidade de penetrar através dos corpos que nos são opacos. Quanto à sua extensão através do espaço indefinito, do futuro e do passado, depende do grau de pureza e de elevação do Espírito.

Objetarão, talvez: toda esta teoria nada tem de tranquilizadora. Pensávamos que, uma vez livres do nosso grosseiro envoltório, instrumento das nossas dores, não mais sofreríamos e eis nos informais de que ainda sofreremos. Desta ou daquela forma, será sempre sofrimento. Ah! sim, pode dar-se que continuemos a sofrer, e muito, e por longo tempo, mas também que deixemos de sofrer, até mesmo desde o instante em que se nos acabe a vida corporal.

Os sofrimentos deste mundo independem, algumas vezes, de nós; muito mais vezes, contudo, são devidos à nossa vontade. Remonte cada um à origem deles e verá que a maior parte de tais sofrimentos são efeitos de causas que lhe teria sido possível evitar. Quantos males, quantas enfermidades não deve o homem aos seus excessos, à sua ambição, numa palavra: às suas paixões? Aquele que sempre vivesse com sobriedade, que de nada abusasse, que fosse sempre simples nos gostos e modesto nos desejos, a muitas tribulações se forraria. O mesmo se dá com o Espírito. Os sofrimentos por que passa são sempre a conseqüência da maneira por que viveu na Terra. Certo já não sofrerá mais de gota, nem de reumatismo; no entanto, experimentará outros sofrimentos que nada ficam a dever àqueles. Vimos que seu sofrer resulta dos laços que ainda o prendem à matéria; que quanto mais livre estiver da influência desta, ou, por outra, quanto mais desmaterializado se achar, menos dolorosas sensações experimentará. Ora, está nas suas mãos libertar-se de tal influência desde a vida atual. Ele tem o livre-arbítrio, tem, por conseguinte, a faculdade de escolha entre o fazer e o não fazer. Dome suas paixões animais; não alimente ódio, nem inveja, nem ciúme, nem orgulho; não se deixe dominar pelo egoísmo; purifique-se, nutrindo bons sentimentos; pratique o bem; não ligue às coisas deste mundo importância que não merecem; e, então, embora revestido do invólucro corporal, já estará depurado, já estará liberto do jugo da matéria e, quando deixar esse invólucro, não mais lhe sofrerá a influência. Nenhuma recordação dolorosa lhe advirá dos sofrimentos físicos que haja padecido; nenhuma impressão desagradável eles deixarão, porque apenas terão atingido o corpo e não a alma. Sentir-se-á feliz por se haver libertado deles e a paz da sua consciência o isentará de qualquer sofrimento moral.

Interrogamos, aos milhares, Espíritos que na Terra pertenceram a todas as classes da sociedade, ocuparam todas as posições sociais; estudamo-los em todos os períodos da vida espírita, a partir do momento em que abandonaram o corpo; acompanhamo-los passo a passo na vida de além-túmulo, para observar as mudanças que se operavam neles, nas suas idéias, nos seus sentimentos e, sob esse aspecto, não foram os que aqui se contaram entre os homens mais vulgares os que nos proporcionaram menos preciosos elementos de estudo. Ora, notamos sempre que os sofrimentos guardavam relação com o proceder que eles tiveram e cujas conseqüências experimentavam; que a outra vida é fonte de inefável ventura para os que seguiram o bom caminho. Deduz-se daí que, aos que sofrem, isso acontece porque o quiseram; que, portanto, só de si mesmos se devem queixar, quer no outro mundo, quer neste.


Allan Kardec 



O Livro dos Espíritos comentado pelo Espírito Miramez:


O Espírito, quando reencarna, é ligado ao corpo por fios tenuíssimos em vários centros de força, refletores de outros centros da alma, no domínio de todas as células do campo somático. Quando o corpo físico começa a desagregar-se por desleixo da alma que não cuidou da sua vestimenta, ou por processos ligados ao passado, ou por leis de mudanças necessárias, não é ele que sofre as impressões dolorosas; é o Espírito, por sua alta sensibilidade, que capta essas impressões, pelas linhas que o prendem à argamassa física.

Esse processo de sofrimentos, é, pois, um campo de experiências, mediante o qual despertam os valores do Espírito que dormem na consciência profunda. Esses dons, quando aflorados, ambientam eles mesmos o ser espiritual para o equilíbrio das suas sensações, de modo a não sofrer com nenhuma reminiscência e a sua emotividade é direcionada para o amor, o perdão e a caridade.

Aquele que tenha qualquer aversão às leis que nos dirigem, feitas pelo Criador, ou tome caminhos não condizentes com as mesmas, sofrerá as conseqüências. Os Espíritos desencarnados que sofrem com a desagregação dos corpos, pela lei natural das transformações, é porque estão ligados às paixões humanas e deixaram de mudar suas idéias, ligando-as às diretrizes do Cristo, de amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo.

Devemos observar aonde nossos pensamentos encontram o sofrimento, pois aí se encontrará o nosso clima de vida. É bom que nos lembremos de Jesus, o que para nós é um grande prazer, quando Ele diz, e Mateus anota, no capítulo seis, versículo vinte e um: “Porque onde estiver o teu tesouro, aí estará também o teu coração.” Quando buscamos determinadas sensações e a elas nos ligamos pelo desejo, qual se fossem o nosso tesouro, ficamos presos a elas por tempo indeterminado.

Quando conhecemos Jesus e O acompanhamos, vêm as mudanças de costumes e alteramos o rumo das nossas sensações, buscando tesouros eternos, naquele bem que universaliza os nossos sentimentos. Vejamos essa afirmativa, que já dissemos alhures, mas que nos serve de orientação quando queremos nos referir à Doutrina Espírita: O livro espírita é força divina nas mãos humanas. Ele acompanha o progresso em todas as suas nuances, doando aos homens, com a maturidade necessária, os conceitos de Jesus que brilham na sua mais perfeita revivescência, ajudando os encarnados a se libertarem dos laços inferiores que os prendem às más sensações, e para aqueles que começarem a viver o amor e a caridade, ao passarem para o plano espiritual, as sensações serão outras, que lhes farão chorar de alegria, pela glória que seu esforço no bem lhes conferiu.

Com o conhecimento que agora se tem, trazido à luz pelo ensaio teórico do Codificador e com todas as experiências adquiridas ao longo do tempo, deve-se passar à vivência dos ensinos de Jesus, conhecendo a verdade que oferecerá a coroa de luz, marcando assim a sua dignidade como cidadão livre no campo da vida espiritual.

Lembremo-nos bem: onde estarão os nossos pensamentos?

Onde os nossos sentimentos estão ligados?

Eis ai nosso tesouro! Vejamos, atentemos se é o que o Cristo deseja de nós!


Miramez 



Filosofia Espírita Vol. 6 - João Nunes Maia
Cap. 2 - Sensação dos Espíritos



VÍDEO: 

O Livro dos Espíritos | questão 257
Luiza Almeida Monteiro







Bezerra de Menezes - Livro Filosofia Espírita - Vol. XV - Miramez / João Nunes Maia - Prefácio



Bezerra de Menezes - Livro Filosofia Espírita - Vol. XV - Miramez / João Nunes Maia


Prefácio 


Aqui está mais uma obra da série "Filosofia Espírita", enriquecendo a literatura da Doutrina dos Espíritos, trazendo para os companheiros da Terra experiências novas no campo dos conceitos espirituais.

O mais importante é que o nosso irmão Miramez apresenta para todos os companheiros da lide espírita, além de subsidiar o estudo de "O Livro dos Espíritos", a palavra de Jesus Cristo vinculada às suas elucidações, trazendo luz para os corações que pulsam no planeta em processo de regeneração espiritual.

Convida-nos a razão, do modo que a consciência permite, a todos juntos divulgarmos a continuação da vida além da morte, a comunicação dos Espíritos com os homens e a reencarnação em vidas sucessivas para responder às muitas perguntas que ficaram esquecidas, sem a lei das vidas múltiplas.

A Doutrina dos Espíritos nos faz compreender os nossos deveres ante a força maior, Deus, descortinando para todos os de boa vontade uma amplidão enorme de sabedoria sobre a vida espiritual, mesmo para os que ainda se encontram movendo-se na carne.

Allan Kardec foi um missionário que cumpriu fielmente seu dever de servir de instrumento para o aparecimento do Consolador prometido por Jesus. Quando ele era visto nas ruas de Paris, não se podia deixar de observar seus pensamentos em simbiose com elevados benfeitores da eternidade, em trocas constantes de experiências e orientações, que Jesus enviava através dos Seus ministros, para que a obra não sofresse restrições no campo humano.

Homem da mais alta sensibilidade, de modo a se interessar pelos que sofriam toda espécie de infortúnios, Allan Kardec visitava os sofredores, levando-lhes o que tinha em mãos para dar, mas doava irradiando o puro amor. Muitas vezes se viram lágrimas em seus olhos, ao intentar meios de servir melhor. Dava mensagens àqueles que notava sequiosos no aprendizado e conversava, mesmo o tempo lhe sendo escasso, com companheiros que buscavam o entendimento. Nas bases da Doutrina Espírita se encontrava alicerçada a moral desse benfeitor, que soube sentir Jesus e copiar Sua vida na sua. Esse homem de Lion foi verdadeiramente um discípulo honesto e sincero do Cristo, e esses livros que o nosso Miramez está escrevendo com o título de "Filosofia Espírita", mostram traços do companheiro maior e, muito mais, o apontam como o canal sublimado de uma luz em direção à Terra, enviada pelo Seu governador, que se transformou na codificação de uma Doutrina, onde se reflete a mesma filosofia de luz e de vida de Nosso Senhor Jesus Cristo.

Não se deve ler esta obra "às carreiras"; é necessário estudá-la, observando os moldes de vida que deverão ser seguidos, ampliando conceitos e mostrando caminhos onde a universalidade é campo maior em que todos podem aprender sem restrições e sem embaraços.

Temos observado o quanto os próprios espíritas estão desunidos, por simples palavras ou interpretações desnecessárias, esquecendo o real, que se enraíza no "educar e instruir" do nosso querido instrutor. Como, ao invés de discussão, aproveitar o tempo no amor sem condições, na fraternidade sem limites e no perdão sem especulação? O mundo se encontra cheio de polêmicas improfícuas, onde se dá valor às pueris questões de palavras, esquecendo-se de aplicar o tempo no trabalho, onde se pode sentir o Cristo vivo, com os braços abertos, dentro e fora dos corações, mostrando Deus na Sua expressão de amor. É bom que os espíritas leiam novamente, e sempre, o que Gamaliel respondeu a Paulo, quanto à sua pergunta sobre a doutrina do Mestre dos mestres.

Nós pedimos a Jesus, de coração, que nos ajude a compreender a caridade em toda a sua extensão de amor, para que a verdade nos liberte e nos faça crer em Deus e na Sua justiça. Tudo o mais virá às nossas mãos por misericórdia divina.

O livro espírita na Terra, que se apresenta sobre as bases da codificação, é bênção dos céus para a nossa paz.


Bezerra

Belo Horizonte, 26 de Julho de 1987.










segunda-feira, 4 de novembro de 2024

Espírito Áureo - Livro Universo e Vida - Hernani Trindade Sant’Anna - Cap. 1 - Energia Mental



Espírito Áureo - Livro Universo e Vida - Hernani Trindade Sant’Anna - Cap. 1


Energia Mental


A desagregação atômica por meio de explosão nuclear é apenas uma das formas de conversão da matéria em energia. A Natureza utiliza permanentemente muitos outros processos para essa transformação, sendo a radiação um dos mais estudados pelo homem terreno.

A ciência oficial de nossos dias já conhece algo sobre as propriedades da matéria e da energia, quando elas são conversíveis entre si, o que importa dizer: da mesma natureza essencial. Existem, porém, aspectos elementares da estrutura da energia que permanecem desconhecidos da ciência terrestre. Esta lhe identifica variadas formas de manifestação, mas ainda ignora por completo suas formas não conversíveis em matéria, embora já comece a desvendar os segredos da antimatéria.

Inclui-se dentre os mais comuns e constantes tipos de energia não adensável – a energia mental propriamente dita, da qual o pensamento é a mais elevada expressão. No entanto, ela é capaz de agir sobre as diversas formas de energia reconversível, de impressioná-las e transformá-las, através de radiações de potência ainda não humanamente detectável, mas de alto e efetivo poder, traduzível em fenômenos eletromagnéticos inapreciáveis.

Essa é basicamente a energia que organiza o tecido perispiritual e, de resto, todos os campos vibratórios que envolvem o espírito humano e nos quais este se movimenta nas dimensões extrafísicas.

É também ela o fulcro de que se origina a energização das idéias, corporificando-as em formas-pensamentos, suscetíveis, como já sabem os pesquisadores do psiquismo, de serem temporárias, mas poderosamente vivificadas, dirigidas e até mesmo materializadas, através dê processos de densificação bem mais comumente utilizados do que vulgarmente se presume.

É, contudo, bem mais importante assinalarmos o fato de que essa energia mental retrata sempre, como imagens vivas, as emoções e os sentimentos do Espírito humano, encarnado ou desencarnado, condensando e expressando automaticamente, e com rigorosa exatidão, toda e qualquer emoção ou sentimento de qualquer ente espiritual, sob as mais nítidas e diferenciadas características de forma, cor, som, densidade, peso específico, velocidade, frequência vibratória e capacidade de permanência.

Isso significa que as emoções e os sentimentos humanos impregnam e magnetizam o campo energético das vibrações do pensamento, por via de um processo de superenergização, no qual  uma espécie de energia mais quintessenciada (mais pura)  e poderosa ativa, colora e qualifica outra espécie de energia, sem com ela fundir-se ou confundir-se, e sem que haja entre elas a possibilidade de mútua conversão.

(O filósofo francês) Jean-Jacques Rousseau percebeu isso intuitivamente, embora de modo evidentemente imperfeito, quando afirmou a precedência do sentimento sobre a razão. Foi, entretanto, o Divino Mestre quem revelou tal verdade de forma inconfundível, ao alicerçar todo o seu ensino e exemplificação no sentimento do Amor — resume, como explicou, de “toda a Lei e de todos os Profetas”.

Quanto mais o ser espiritual se sublima, mais recursos desenvolve, em formas cada vez mais altas e nobres de energia sutil, tanto mais poderosas e excelsas, quanto menos densas e mais diferenciadas das formas materializáveis de energia.

Eis por que o Espiritismo Evangélico sobrepõe o esforço de santificação, isto é, de sublimação moral dos sentimentos humanos, a todo e qualquer processo de evolução meramente intelectiva. É que o aprimoramento da inteligência, sob todas as formas, sendo embora imperativo inderrogável da Eterna Lei, é mais fácil de ser realizado, e de modo menos suscetível a erros e quedas, quando produzido sob o ascendente do sentimento enobrecido, que é a força diretriz de todas as energias e potencialidades do Espírito.


Espírito Áureo




VÍDEO: 

Espírito Áureo - Hernani Sant'anna
CEFAK



Centro Espírita Fraternidade Allan Kardec - CEFAK


Emmanuel - Livro Calma - Chico Xavier - Cap. 19 - Azedume e irritação



Emmanuel - Livro Calma - Chico Xavier - Cap. 19


Azedume e irritação


Alguém terá dito que trazes alguma doença oculta, impedindo-te sorrir, mas não acredites que essa ou aquela indisposição orgânica te possa furtar a serenidade.

Possivelmente alguma ocorrência desagradável te agitou as forças mais íntimas e estás a ponto de cair na vasta cadeia de reações negativas.

Certa pessoa contrariou-te, talvez, os projetos e desígnios.

Algum prejuízo alcançou-te, de inesperado.

Recorda: momentos de crises te examinam a capacidade de resistência.

Determinados contratempos são bênçãos antecipadas, cuja significação virás a compreender.

Existem perdas que te induzem à mudança de orientação para grandes lucros.

Algumas vezes, certas relações desaparecem para que outras se te destaquem no caminho, valorizando-te a existência.

Haja o que houver, não tranques a face e deixa que o teu sorriso te ajude, ajudando aos outros.

Azedume e irritação, na essência, são duas sombras que te afastam do que há de melhor.


Emmanuel









Fonte: Bíblia do Caminho † Testamento Xavieriano

Emmanuel - Livro Pão Nosso - Chico Xavier - Cap. 43 - Boas maneiras



Emmanuel - Livro Pão Nosso - Chico Xavier - Cap. 43


Boas maneiras


“E assenta-te no último lugar.” — Jesus. (LUCAS, 14.10)


O Mestre, nesta passagem, proporciona inolvidável ensinamento de boas maneiras.

Certo, a sentença revela conteúdo altamente simbólico, relativamente ao banquete paternal da Bondade Divina; todavia, convém deslocarmos o conceito a fim de aplicá-lo igualmente ao mecanismo da vida comum.

A recomendação do Salvador presta-se a todas as situações em que nos vejamos convocados a examinar algo de novo, junto aos semelhantes. Alguém que penetre uma casa ou participe de uma reunião pela primeira vez, timbrando demonstrar que tudo sabe ou que é superior ao ambiente em que se encontra, torna-se intolerável aos circunstantes.

Ainda que se trate de agrupamento enganado em suas finalidades ou intenções, não é razoável que o homem esclarecido, aí ingressando pela vez primeira, se faça doutrinador austero e exigente, porquanto, para a tarefa de retificar ou reconduzir almas, é indispensável que o trabalhador fiel ao bem inicie o esforço, indo ao encontro dos corações pelos laços da fraternidade legítima. Somente assim, conseguirá alijar a imperfeição eficazmente, eliminando uma parcela de sombra, cada dia, através do serviço constante.

Sabemos que Jesus foi o grande reformador do mundo, entretanto, corrigindo e amando, asseverava que viera ao caminho dos homens para cumprir a Lei.

Não assaltes os lugares de evidência por onde passares. E, quando te detiveres com os nossos irmãos em alguma parte, não os ofusques com a exposição do quanto já tenhas conquistado nos domínios do amor e da sabedoria. Se te encontras decidido a cooperar pelo bem dos outros, apaga-te, de algum modo, a fim de que o próximo te possa compreender. Impondo normas ou exibindo poder, nada conseguirás senão estabelecer mais fortes perturbações.


Emmanuel








Emmanuel - Livro Inspiração - Chico Xavier - Cap. 5 - Aceitação



Emmanuel - Livro Inspiração - Chico Xavier - Cap. 5


Aceitação


Aceitação construtiva será sempre talvez mais da metade dos ingredientes de solução a qualquer dos problemas que, porventura, te aflijam. 

E dizemos “construtiva” porque não se trata de calma inoperante, mas sim de paciência, capaz de improvisar o bem, criando condições para que o bem se faça cada vez mais amplo para quantos nos partilhem a vida.

Reflitamos nisso e não recuses as dificuldades e provas que não possamos afastar ou remediar.

Antes de recolher-nos ao berço terrestre, na Vida Maior, escolhemos ou somos induzidos a escolher o tipo de experiências das quais temos necessidade para melhorar-nos ou promover-nos a Planos mais elevados.

Diante disso, busca os recursos precisos à harmonização de tudo o que te interessa à paz e ao bom-ânimo para o desempenho das tarefas que a vida te atribui, mas não te proponhas a destruir os meios de que careces para que te sintas mais eficiente na construção geral.

Se trazes algum órgão doente, procura recursos para tratá-lo, convenientemente, como se torna indispensável, mas se a moléstia é irreversível, admite-a com paciência, nos domínios do próprio corpo, consciente de que ela terá função específica na preservação de tua paz.

Tenta recuperar determinados bens que perdeste, em vista da invigilância de amigos aos quais te confiaste; no entanto, se os teus devedores estão insolvíveis, esquece os prejuízos sofridos e segue para diante.

Protege o próprio lar contra a perturbação e a desarmonia, mas se a tua ação não surte efeito, aceita a casa em que vives por tua escola de regeneração e de amor.

Educa o parente difícil como puderes, entretanto, se esse mesmo familiar prossegue difícil, abraça-o, tal qual é, para que aprendas tolerância e humildade.

Rebeldia complica os melhores planos da vida. Revolta é atraso lastimável em qualquer organização.

Acolhe as tuas dificuldades quando não consigas extingui-las, sanando-as, pouco a pouco, sob o esforço de tua energia serena.

Não fujas à luta que a vida te propõe, na intimidade de ti mesmo e, atendendo ao trabalho do dia a dia, a fim de superá-la, conserva a certeza de que é pelas tuas próprias prestações de serviço ao bem comum que a bênção da vitória te marcará.


Emmanuel












André Luiz - Livro Busca e Acharás - Emmanuel / André Luiz - Chico Xavier - 44 - Tranquilizante



André Luiz - Livro Busca e Acharás - Emmanuel / André Luiz - Chico Xavier - 44


Tranquilizante


Não são os problemas da vida em si que nos agravam a tensão nervosa. São as questões-satélites que nascem de nossas dificuldades para aceitá-los.

Quantas vezes, pervagamos na Terra, sofrendo emoções desequilibradas, diante de companheiros queridos que não desejam, por agora, o nosso modo de ser? 

E em quantas outras nos atormentamos inutilmente, perante obstáculos complexos que claramente não nos será possível liquidar em apenas um dia?

Entretanto, observemos:

enfermidades aparecerão sempre no mundo, pedindo tratamento e não inconformidade para as melhoras precisas;

entes amados em luta são telas de rotina, solicitando entendimento e não atitudes condenatórias para alcançarem o reequilíbrio;

erros nossos e faltas alheias fazem parte do nosso aprendizado na escola da experiência, exigindo calma e não censura para serem retificados;

tentações são inevitáveis, em todos os sentidos, nos climas de atividade indispensáveis à nossa formação de resistência, reclamando serenidade e não agitação para serem extintas.

Em todas as situações aflitivas, use a prece como sendo o nosso melhor tranquilizante no campo do espírito.

E quando problemas apareçam, não se deixe arrastar nas labaredas da angústia. Você pode ficar em paz. Para isso, basta que você trabalhe e deixe Deus decidir.


André Luiz












Emmanuel - Livro Ceifa de Luz - Chico Xavier - Cap. 22 - Renovação em amor



Emmanuel - Livro Ceifa de Luz - Chico Xavier - Cap. 22


Renovação em amor


“E vós, irmãos, não vos canseis de fazer o bem.” — PAULO (2 Tessalonicenses, 3.13)


Quando as crises te visitem, ante os problemas humanos, é justo medites nos princípios de causa e efeito, tanto quanto é natural reflitas no impositivo de burilamento espiritual, com que somos defrontados, entretanto, pensa igualmente na lei de renovação, capaz de trazer-nos prodígios de paz e vitória sobre nós mesmos, se nos decidimos a aceitar, construtivamente, as experiências que se nos façam precisas.

Se atingiste a integração profunda com as bênçãos da vida, considera a tarefa que a Divina Providência te confiou.

Deus não nos envia problemas de que não estejamos necessitados.

Aceitação e paciência, sem fuga ao trabalho, são quase sempre a metade do êxito em qualquer teste a que estejamos submetidos, em nosso proveito próprio.

Se qualquer tempo é suscetível de ser ocasião para resgate e reajuste, todo dia é também oportunidade de recomeçar, reaprender, instruir ou reerguer.

O amor que estejamos acrescentando à obrigação que nos cabe cumprir é sempre plantação de felicidade para nós mesmos.

Onde estiveres e como estiveres, nas áreas da dificuldade, dá-te à serenidade e ao espírito de serviço e entenderás, com facilidade, que o amor cobre realmente a multidão de nossas faltas, apressando, em nosso favor, a desejada conquista de paz e libertação.


Emmanuel













domingo, 3 de novembro de 2024

Joanna de Ângelis - Livro Conflitos Existenciais - Divaldo P. Franco - Cap. 4 - Medo - Pág. 57 - Erradicação do medo



Joanna de Ângelis - Livro Conflitos Existenciais - Divaldo P. Franco - Cap. 4 - Medo - Pág. 57


Erradicação do medo


A coragem de manter contato com os próprios me­dos é recurso terapêutico muito valioso para a sua erradica­ção, ou, pelo menos, para a sua administração psicológica. 

Graças aos medos aprende-se como fazer-se algo, o que realmente se deseja fazer e para que se quer realizar.

Desse modo, enquanto não se apresenta como trans­torno patológico, que necessita de psicoterapia ou mesmo de terapêutica química, muitos recursos encontram-se ao alcance de quem os deseje para libertar-se dos medos.

A consciência de que se é portador do medo e se está disposto a enfrentar-lhe as nuanças e manifestações, apresenta-se como um passo inicial de excelentes resultados. O prosseguimento da atitude de confiança em favor da sua li­beração auxilia na conquista de espaço mental, substituin­do-o por novos cometimentos e aspirações edificantes que se lhe opõem. 

A vitória sobre qualquer conflito resulta de esforços ingentes e contínuos que o indivíduo se propõe com deci­são e coragem. 

Mesmo quando superado o medo, isso não significa a sua eliminação total e absoluta, pois que novas situações podem exigir precaução e vigilância que se apresentarão em forma de temor. 

Alicerçadas nos bons resultados já conseguidos, as novas tentativas serão muito mais fáceis do que as iniciais. 

A grande terapia para todos os tipos de medo é a do amor. O amor a si mesmo, ao seu próximo e a Deus. 

A si mesmo, de forma respeitosa e racional, consi­derando a utilidade da existência e o que a vida espera de cada um, desde que todos somente esperam da vida a sua contribuição. Quando diminuam ou desapareçam as doações que a vida oferece, chega o momento da retribuição, no qual é preciso que se lhe dê sustentação, harmonia para que o melhor possa acontecer em relação aos demais. Nesse raciocínio e doação expressa-se o amor ao pró­ximo, mediante o qual a vida adquire sentido e o relaciona­mento se vitaliza; porque centrado no interesse pelo bem-es­tar do outro, irradia-se bondade e ternura em seu benefício, sem o propósito negocista de receber-se compensação.

Esse intercâmbio que une as criaturas umas às outras, leva-as à afeição pela Natureza e por todas as formas vivas ou não, alcançando o excelente amor a Deus, no esforço de preservação de tudo. 

Alguns psiquiatras e psicólogos mais audaciosos redu­zem todas as emoções humanas apenas ao medo e ao amor.  

O amor é o antídoto eficaz para a superação do medo e a sua consequente eliminação. Quando ama, o ser enriquece-se de coragem, embora não possa evitar os enfrentamentos em face dos impulsos edificantes que do amor emanam. 

Assim, a solidariedade abre os braços fraternos em favor do próximo, experimentando-se valiosa fortuna de amar-se, desmascarando-se a artimanha do medo que o distanciava dessa emoção felicitadora. 

Mantendo-se o sentimento de amor no imo, torna-se fácil converter desilusão em nova esperança e insucesso em experiência positiva. 

Sempre que voltem os medos - e eles retornarão vá­rias vezes, o que é muito útil -, porque fortalecido, o indi­víduo com mais decisão e sabedoria os enfrenta, superando-os por completo. Em face disso, a escolha é de cada um: o medo ou o amor, já que os dois não convivem no mesmo espaço emocional. 

É comum ouvir-se alguém em queixa a respeito da própria capacidade de conhecimento, das possibilidades de realização pessoal, em face do medo de insucesso e de erro. 

Muito pior é não tentar, não saber com segurança a respeito de si mesmo, preferindo a dúvida mesquinha.

Quando seja constatada a insuficiência de recursos para que o êxito coroe o esforço envidado, adquire-se o exato conhecimento de onde se encontra a falha ou a ca­rência, podendo-se e devendo-se voltar aos tentames com novas cargas de que não se dispunha antes. 

Considerando-se a possibilidade de alguns dos medos serem inspirados por adversários desencarnados, a oração-terapia gera um clima psíquico tão elevado que o opositor perde o contato com a vítima em face de esta erguer-se em superior onda vibratória, na qual não consegue ser alcançada pelo perseguidor espiritual. 

Nessa faixa de poderoso psiquismo nutriente, haurem-se resistência e vitalidade para vencer-se os limites e vitalizar-se de forças para voos mais altos e audaciosos. Toda vez que se equivoque, em vez de uma reação de raiva pelo erro, permita-se a compaixão como direito que se tem pelo erro cometido, considerando-se o estágio de humanidade em que se encontra e age.

Evite-se a postura intransigente de não se desculpar pelos feitos infelizes, pelas ações transtornadas. 

Ninguém é exceção no mundo, vivenciando todos experiências equivalentes, que fazem parte do programa de elevação individual. 

O medo da morte, por exemplo, que em muitos in­divíduos se transforma em infelicidade, não deve perma­necer como possibilidade em relação aos enfermos termi­nais que estão diante da certeza do desprendimento carnal.

Nada obstante, quem poderá avaliar quando irá su­ceder a morte deste ou daquele indivíduo?

Crianças e jovens saudáveis de um para outro mo­mento são acometidos de enfermidades virulentas e rápi­das que lhes ceifam a vida, enquanto pacientes em deplo­rável estado orgânico sobrevivem, expiam, decompõem-se quase em vida.

Ademais, os acidentes de todo tipo, quais aqueles que acontecem com veículos de diferente porte, os da Na­tureza, os de balas perdidas, os de quedas fatais, demons­tram a fragilidade do corpo e a imprevisibilidade dos impositivos humanos.

O medo é sempre injustificável, seja como for que se expresse. Muitas vezes, as pessoas têm receio de aproximar-se de outras nas reuniões sociais, nos encontros de negócios, nas atividades quotidianas, sem recordar-se que também aquelas experimentam as mesmas emoções de incerteza e receio. Se não as desvelam, é porque têm sido obrigadas por necessidades múltiplas a sobrepor-lhes os compromissos abraçados.

Se for considerado que muitos indivíduos venceram os seus medos, encontram-se formas estimulantes para a vitória sobre os próprios.

Na solidariedade estão igualmente os estímulos para o avanço, para a autoestima, para o encorajamento em fa­vor de novos tentames de progresso.

Sempre que o medo permaneça, mais medo se acu­mula.

Na terapia do amor em relação ao medo, quanto mais se ama, naturalmente mais amor se tem a oferecer. Mediante também a compaixão, que é diluente do medo, o ser humano torna-se mais digno e saudável.

Graças a esse sentimento que se expande na medida em que se ama, o ser engrandece-se e enriquece-se de vida, envolvendo-se em paz.


Joanna de Ângelis














Joanna de Ângelis - Livro Após a Tempestade - Divaldo P. Franco - Cap. 24 - Os novos obreiros do Senhor (Labor em equipe)



Joanna de Ângelis - Livro Após a Tempestade - Divaldo P. Franco - Cap. 24


Os novos obreiros do Senhor 
(Labor em equipe)


Formamos uma grande família, na sublime família universal, uma equipe de espíritos afins.

Vinculados uns aos outros desde o instante divino em que fomos gerados pelo Excelso Pai, vimos jornadeando a penosos contributos de sofrimentos, em cujas experiências, a pouco e pouco, colocamos os pilotis(1) de segurança para mais expressivas construções...

Errando, repetimos a tarefa, tantas vezes quantas se nos façam imprescindíveis para a fixação das lições superiores no recôndito do espírito necessitado.

Calcetas, temos enveredado por ínvios caminhos donde retornamos amarfanhados, trôpegos, face aos cardos e calhaus que tivemos de experimentar sob os pés andarilhos.

Ambiciosos, desertamos das diretrizes seguras da renúncia e da humildade para mergulharmos em fundos fossos, onde nos detivemos tempo sem conto, até que soassemos impositivos restauradores, concedendo-nos oportunidade de reaprender e reencetar serviços interrompidos.

De instintos aguçados, preferimos, espontaneamente, as faixas animalizantes em que nos comprazíamos, no primitivismo, aos painéis coloridos e leves das Esferas Mais Altas. Por esses e outros vigorosos motivos, temos avançado lentamente, enquanto outros companheiros, intimoratos, se ergueram do caos e conseguiram ultrapassar os limites, em que, por enquanto, ainda nos detemos.

Soa-nos, porém, a hora libertadora e o instante é azado.

Luz ou treva!

Decisão definitiva de libertação ou fixação nos exercícios repetitivos da própria inferioridade.

Ascensão ou queda nos resvaladouros das falsas necessidades que se convertem em legítimas necessidades, a instâncias nossas.

Cristo nos convoca, outra vez, ao despertamento e ao trabalho de soerguimento pessoal, que em última análise é o de soerguimento da Terra mesma.

Somos as células do organismo universal por enquanto enfermo, em processo liberativo, sob a terapêutica preciosa do Evangelho Restaurado.

Não é a primeira vez que nos chega a voz do "Cordeiro de Deus", concitando-nos à redenção, ao avanço, à sublimação...

... Alguns O conhecemos nos idos tempos das horas primeiras da nossa Era, preferindo, desde então, o malogro das aspirações que eram falsas.

Tivemos a oportunidade ditosa, e, todavia, não soubemos ou não a quisemos aproveitar...

Depois, expiamos em densas dores, agônicas, em Regiões punitivas de sofrimentos ressarcidores.

Rogamos reencarnações dolorosas, em que a lepra nos dilacerasse a carne fantasista, ou a alucinação nos dominasse as paisagens mentais, ou a demência nos fizesse esquecer, temporariamente, as impressões mais profundas, ou o câncer nos minasse as energias, impedindo-nos de maiores derrocadas, ou a viuvez, a orfandade, a paralisia decorrente dos surtos de epidemias constantes e guerras soezes, como recursos salvadores, a fim de meditarmos, refletirmos e desejarmos a luz do esclarecimento libertador...

Depois recomeçamos nas fileiras da Fé, fascinados pela ensancha preciosa de reconquistarmos a paz perdida ou adquirirmos a tranquilidade desejada.

Ouvimos excelentes expositores do Divino Verbo e nos comovemos. Todavia, dominados pela avidez da posse, que não morrera de todo em nosso espírito, avançamos, tresloucados, pelos sítios em que nos encontrávamos, armando a máquina da destruição em nome da Crença.

Recebemos lições invulgares de paciência e humildade dos verdadeiros heróis da renúncia. No entanto, ante o campo largo que deparávamos à frente, reacenderam-se-nos as paixões e arregimentamos forças que espezinharam povos e cidades, sobre os quais dizíamos desejar implantar a Cruz... crucificando os reacionários.

Conotamos ensinos elevados, hauridos nas fontes da inspiração superior: apesar disso, desejando guindar-nos aos poderes transitórios do mundo de ficções, esparzimos a intriga habilmente dissimulada, usando o punhal da infâmia e o revólver da difamação com que conseguimos afastar inimigos que constituíam impedimento à nossa mentirosa ascensão.

Vimos o resplandecer das luzes espirituais em nossas reuniões de estudo, em Claustros e Seminários, Monastérios silenciosos e grutas ascetas. Mesmo assim, convertemos os recursos da oração e da vigilância em astúcia, com que, no confessionário, extorquimos as informações que usávamos para ferir e destroçar, em nome da Verdade, que manipulávamos a bel-prazer.

Pareciam inúteis os celestes apelos na acústica do nosso espírito atribulado.

Reencarnamos e desencarnamos sob angústias e ansiedades, formulando planos e os destruindo, rogando retornos apressados com que nos pudéssemos reabilitar em definitivo, sem que lobrigássemos o êxito que desejávamos realmente perseguir...

... Ocorre que a névoa carnal tolda a visão espiritual e de certo modo bloqueia, nos espíritos tardos, as percepções melhores e mais sutis, anestesiando neles os centros da inspiração e da comunhão superiores.

Transcorreram séculos em vais-e-vens infelizes...

Nossos Mentores Espirituais, apiedados da nossa incúria e sandice, intercederam sempre por nós, fazendo que nos fossem facultadas novas investiduras no domicílio corporal.

Estivemos ao lado de Artistas, Pensadores, Cultores das letras e das Ciências, a fim de sentir-lhes o bafejo da mais alta ambição espiritual. Normalmente as suas auras nos afetavam, propiciando-nos lampejos iluminativos e abençoados, porém, rapidamente, tão intoxicados estávamos.

Por fim, quando o abençoado "‘Sol de Assis" resplandeceu na Terra, reorganizando o Exército de Amor do Rei Galileu, fruímos a sublime ocasião de retornar às lides da Fé, palmilhando as estradas impérvias que a humildade nos oferecia, enquanto a sua voz entoava a canção da fraternidade universal, com as notas melódicas da compaixão e da caridade.

Sempre em grupos afins, volvemos ao mergulho no carro somático e tentamos, em equipe, estabelecer as bases da felicidade ao calor da Mensagem Evangélica, que, então, começava a dominar os diversos arraiais da Terra.

Não foram poucos os esforços dos "adversários da luz" tentando apagar as pegadas do Discípulo Amado pelos caminhos da Umbria, que se estendiam por além fronteiras, na Terra sofredora.

Inovações sutis e perigosas, excessos onde antes havia escassez, atavios em lugar de desapegos, aparências substituindo a aspereza da simplicidade, lentamente foram introduzidos, no ministério cristão, e, por pouco, não fosse a Divina 5igilância, do "Trovador de Deus" quase nada ficaria para a posteridade, além das anotações vivas da sua caminhada incomparável...

Passamos a sentir o muito que deveríamos fazer por nós próprios, pelos nossos irmãos, principalmente os da retaguarda...

Quando se preparavam os dias da Codificação Espírita, quando se convocavam trabalhadores dispostos à luta, quando se anunciavam as horas preditas, quando se arregimentavam seareiros para a Terra, escutamos o convite celeste e nos apressamos a oferecer nossas parcas forças, quanto nós mesmos, a fim de servir, na ínfima condição de sulcadores do solo onde deveriam cair as sementes de luz do Evangelho do Reino.

Assim, já no albor do século passado, em pleno fastígio Napoleônico, as Hostes Espirituais mourejavam com acendrado carinho, renovando as paisagens da psicosfera da França, ainda tumultuada pelos acontecimentos revolucionários dos anos idos...

A tarefa se fazia, então, de grande e grave porte.

A maternidade ultrajada negava-se a novos cometimentos.

A moralidade combalida parecia desconsertada para tentames maiores.

A fé desgovernada saíra da asfixia, em que padecia alucinação, para a indiferença que entorpece.

Os códigos dos "direitos humanos", não obstante estabelecidos pelo novo "status", sofriam as injunções guerreiras do novo Imperador...

Lentamente, porém se foram clareando os plúmbeos céus da Humanidade, à medida em que mergulhavam na atmosfera fisiológica antigos heróis do pensamento, mártires da fé, guerreiros da caridade e missionários da Filosofia como da Ciência, da Moral como da Religião.

Entre eles estava Allan Kardec, o incorruptível trabalhador da Era Espírita, que logo deveria começar.

O labor assumia proporções, dantes, quase, jamais igualadas...

Aqueles eram os dias em que as convulsões do pensamento abririam as comportas para as experiências práticas, que ensejariam a Era da Tecnologia e da Eletrônica futura, com todos os seus complexos surtos de progresso e evolução, perigosos, igualmente, pela probabilidade de o homem, assoberbado pelas conquistas do Conhecimento, pensar em ser deus, sem conseguir, todavia, ultrapassar os limites da própria insignificância...

Acompanhamos, assim, na América e na Europa a erupção da fenomenologia medianímica, alguns emprestando suas possibilidades para as experimentações primeiras que anunciariam o momento exato para a ação do lídimo Expoente da razão, na fé libertada de preconceitos, de dogmas e de limitações.

Outros, manipulando retortas e fazendo experiências de laboratório, deixamo-nos atrair ao "fato; espírita", sem que possuíssemos a coragem de declará-lo com inteireza, como fizeram poucos cultores da Verdade, receosos dos compromissos novos e pesados, que, porventura e logicamente, deveríamos assumir.

Experimentadores e cobaias, legítimos ou não multiplicaram-se, rapidamente, e alguns de nós entre eles.

Médiuns e pesquisadores estivemos desejando cooperar sem o êxito desejado.

Opúsculos e livros, folhetins e monografias apareceram volumosos e debates sensacionais encheram páginas e páginas de periódicos, bem como Relatórios extensos formaram múltiplos volumes, sem que colimassem a superior finalidade de restabelecerem na Terra o culto à verdade, ao dever, ao amor, à caridade conforme ensinara e vivera o Amigo Divino de todos nós.

Foi Allan Kardec, indubitavelmente, o insigne herói daquela hora e o exemplo insuperável para os tempos porvindouros, quem tomou a bússola da Razão e conduziu com segurança a barca da Fé.

Abandonou tudo e arriscando-se — pois tinha a certeza da legitimidade dos postulados que os Espíritos lhe ofereciam, após caldeá-los e averiguá-los com sabedoria de inspirado dos Céus —transformou-se em estrela rutilante, vitalizado pelo Mundo Transcendente, para clarificar intensamente os tempos de todos os tempos.

Quantos, no entanto, malograram! ...

Não pequena foi a quota dos desertores, dos detratores, dos caídos naqueles dias, e ainda hoje!

Adestrados, agora, para os inadiáveis serviços de reconstrução do mundo em que nos encontramos, mediante o uso dos instrumentos da mansidão, da Justiça e do conhecimento, mister se faz que nos detenhamos a reflexionar em regime de urgência e em clima de tranquilidade.

A fé que bruxuleia em nossos espíritos é a nossa lâmpada bússola, apontando rumos.

Os recursos acumulados e as possibilidades a se multiplicarem constituem os tesouros para aplicação racional, no investimento da atual reencarnação.

Não há sido pequeno o trabalho envidado pelos Administradores Espirituais das nossas vidas, a fim de nos reunir, de nos acercarmos uns dos outros, após incessantes períodos de disputas infelizes, de justas inexplicáveis, de idiossincrasias domésticas...

Já não se dispõe de tempo para futilidade nem tampouco para ilusão.

Necessário lidar com Espíritos resolutos para a tarefa que não espera e o dever que não aguarda.

Estes são os momentos em que deveremos colimar realizações perenes.

Para tanto, resolvamo-nos em definitivo produzir em profundidade, acercando-nos de Jesus e por Ele facultando-nos conduzir até o termo da jornada.

Não será, certamente, uma incursão ao reino da fantasia ou um passeio gentil pelos arredores da catedral da fé. Antes, é uma realização em que nos liberaremos das injunções cármicas infelizes, adquirindo asas para maiores voos na direção dos inefáveis Cimos da Vida.

Há muito por fazer, que deve ser feito.

Sem a presunção jactanciosa, que empesta as melhores expressões do serviço, nem os injustificáveis receios, que turbam a claridade dos horizontes de trabalho.

Conscientes das próprias responsabilidades não esperemos em demasia pela transformação de fora, mas envidemos esforços para o aprimoramento interior.

Sem veleidades, iniciemos o trabalho de construção do novo mundo, retirando dos escombros do "eu" enfermiço os materiais aproveitáveis para as novas edificações a que nos devemos dar com euforia e santificação.

Devidamente arregimentados, iniciemos o labor, partindo do lar, que deverá permanecer sobre as bases sólidas de amor, de entendimento e de fraternidade, de modo a resistir às investidas da insensatez e da leviandade, que nos não podemos permitir.

Estamos no lugar certo, ao lado das pessoas corretas, vivendo com aqueles que nos são os melhores elementos para a execução do programa.

A pretexto de novas experiências ou fascinados pela utopia de novas emoções, não perturbemos o culto dos deveres a que nos jugulamos com fidelidade.

Nenhuma justificação para o equívoco, nenhum desvio de responsabilidade.

Tornemo-nos o vaso onde deve arder a flama do bem, oferecendo, também, o óleo dos nossos esforços reunidos a benefício da intensidade da luz.

Adversários, cujas matrizes estão insculpidas em nosso imo, surgirão a cada passo, de dentro para fora e, incontáveis, virão em cerco, de fora para dentro, colocando o cáustico da aflição no cerne dos nossos sentimentos.

Tenhamos paciência e vigiemos!

Somente resgatamos o que devemos.

Apenas seremos atingidos nas fraquezas que necessitamos fortalecer.

Aliciados pelo Senhor, à semelhança d’Ele, encontraremos resistência para superar dificuldades e vencer limitações que nos retinham até aqui na retaguarda.

Acenados pelo Senhor e por Ele conduzidos, avançaremos.

Evidente que as nossas pretensões não ambicionam reformar nada, senão nos reformarmos a nós mesmos.

Primeiro incendiar de entusiasmo e esperança a Terra e as criaturas dos nossos dias, aprofundando estudos no organismo rígido da Codificação, de modo a trazê-la ao entendimento das massas, repetindo as experiências santificantes dos "homens do Caminho", que abriam as portas das percepções às Entidades Espirituais nos seus cenáculos de comunhão com o Reino de Deus.

Estribados no amor fraterno e alicerçados no estudo consciente dos postulados espíritas, promovamos o idealismo ardente, produtivo, abrasador, com que se forjam lídimos servidores das causas superiores, convocando as multidões, ora desassisadas, que caíram nos despenhadeiros da alucinação por não encontrarem mãos firmes na caridade da iluminação de consciências e no arado da fraternidade, concitando-as ao soerguimento e à renovação.

Com todo respeito a todos, não temamos, porém, ninguém.

Vinculados e adesos ao trabalho, nos Grupos de Ação, Casas e Entidades veneráveis auxiliemos, verdadeiramente ligados à Causa, ao Cristo e a Kardec.

Nosso Guia Seguro continua sendo Jesus.

A qualquer ataque, o silêncio, que é lição de coragem pouco conhecida. O defensor da nossa honra e do nosso trabalho é o Senhor. A nós nos cabe a glória de servir, sem pretensão. Como a Seara é d’Ele, a Ele compete decidir e dirigir...

Em nossa equipe de trabalho, reunamos os companheiros que preferem a pesquisa consciente e metódica, sistemática e racional, facultando-lhes aprofundar observações e divulgá-las em termos condicentes com os conhecimentos dos dias atuais.

Sem pressa, por significar esse trabalho excelente campo a comprovações firmes e indubitáveis, perseveremos, mesmo quando, aparentemente, os resultados parecerem tardar ou não corresponderem às nossas aspirações...

Cresce a árvore paulatinamente e o corpo se desenvolve célula a célula, em equipe harmoniosa, sincronizada.

Aqueloutros, que sentirem o hino, a música da palavra emboscada no coração, reúnam-se a estudar e debater temas, formulando conotações atuais e oportunas, para, logo após, saírem como semeadores da esperança, lançando as sementes nos solos dos corações humanos sempre muito necessitados, entre os quais nós própria nos arrolamos.

Estes, afervorados ao ideal de servir, examinem as dores do próximo, suas necessidades imediatas, e, ao invés do simplismo da dádiva que libera da responsabilidade, a ação profunda, a realização social, que não apenas amenize o problema, agora, mas que, possivelmente, resolva a dificuldade, mediante os recursos que lhes oferecermos, para se libertarem a si mesmos.

Uns, estudiosos, divulguem pelo livro abençoado ou pelo folheto delicado as excelentes lições do Espiritismo, que tem resposta para a problemática de hoje como a de amanhã, esclarecendo, realmente, o homem aparvalhado sob a constrição de mil cogitações tormentosas e as cargas pesadas que engendram outros mil distúrbios, de modo a acender-lhe a lâmpada da esperança no céu do espírito atribulado.

Reunamo-nos todos, com frequência, a fim de dirimirmos dificuldades e incompreensões, em encontros de ação cristã, debatendo os nossos serviços e permutando experiências adquiridas no campo da própria realização, com que nos resguardaremos da prepotência do eu e da vaidade de obreiros que se não permitam enganar.

A palavra de cada irmão é moeda de valor, que nos merece consideração, a seu turno necessitada de debate e discussão salutar.

Há demasiados sofrimentos aguardando nossa ajuda fraternal.

O desespero que cavalga, infrene, espera por nós.

O intercâmbio espiritual atuante não dá margem a dubiedade de comportamento moral.

A ética escarnecedora destes dias vige esperando a revivescência da moral cristã em toda a sua pujança.

Nenhum melindre em nós, suscetibilidade negativa nenhuma.

O Espiritismo é o renascimento do Cristianismo em sua pureza primitiva.

Todos os fatos quando examinados do "ponto de vista espiritual" mudam de configuração.

À meridiana luz da reencarnação alteram-se as técnicas da vida e a esperança domina as mentes e os corações.

Se não conseguirmos avançar em grupo, sigamos, assim mesmo, conforme nossas forças.

O desânimo de uns não pode contaminar os demais.

Os melhor dotados não devem sofrer a inveja dos menos aquinhoados.

Todos nos constituímos peças da engrenagem feliz para a construção do "reino de Deus" que já se instala na Terra.

As muitas aflições chamarão em breve o homem para as realidades nobres da vida.

Não nos permitamos dúvidas, face à vitória da dissolução dos costumes ou diante da licenciosidade enlouquecedora.

Quem fizesse o confronto entre Cristo e César, naquela tarde inesquecível, veria no último o triunfador, no entanto, era Jesus, o Rei que retornava à glória solar, enquanto o outro, logo mais desceria ao túmulo, confundindo-se na perturbação...

Os valores que passam, apenas transitam... Não nos fascinemos com eles nem os persigamos.

Nossas são a taça de fel, a pedrada, a difamação, quiçá a cruz...

Depois de tudo consumado, porém, conforme acentua o Mestre: "Os primeiros serão os últimos e os últimos serão os primeiros no reino dos Céus".

Não será fácil. Nada é fácil. O fácil de hoje foi o difícil de ontem, será o complexo de amanhã. Quanto adiemos agora, aparecerá, depois, complicado, sob o acúmulo dos juros que se capitalizam ao valor não resgatado.

Aclimatados à atmosfera do Evangelho, respiremos o ideal da crença...

... E unidos uns aos outros, entre os encarnados e com os desencarnados, sigamos.

Jesus espera: avancemos!


Joanna de Ângelis  










(1) Pilotis é um sistema construtivo que consiste em sustentar uma edificação por meio de uma grelha de pilares ou colunas no pavimento térreo.