quinta-feira, 21 de janeiro de 2021

Hammed - Livro A Imensidão dos Sentidos - Francisco do Espírito Santo Neto - Pág. 57 - Criatividade

 


Hammed - Livro A Imensidão dos Sentidos - Francisco do Espírito Santo Neto - Pág. 57


Criatividade


Todos somos, em princípio, criativos, mas essa criatividade inata vai sendo descortinada à medida que encontra em nossa própria intimidade um ambiente propício.

Cremos estar sempre vendo a realidade das coisas, mas, em verdade, o que chega à nossa consciência são inúmeros impulsos originados por nossas percepções físicas e espirituais, e o que fazemos, além de selecioná-las (escolhemos algumas e bloqueamos o acesso de outras), é simplesmente organizá-las conforme nosso grau de entendimento evolutivo.

Interpretamos a vida através da nossa capacidade mental, que contém registros intensamente gravados em sua memória, acumulados na noite dos tempos. Todavia, não costumamos admitir que a nossa maneira de ver é uma “porção da realidade”, uma apenas entre as muitas possíveis.

O reino da criatividade é um amplo e de múltiplas faces. Ele tem raízes profundas nas estruturas psicológicas do ser e age de forma involuntária ou automática nas criaturas. De uma maneira simples e sintética e para melhor entendimento, poderíamos descrever esse reino como a capacidade de desestruturar uma concepção ou informação conhecida para reestruturá-la de uma maneira nova. Esse é o processo de toda criação ou invenção, na arte, na ciência, na mediunidade ou na vida diária.

O ato de criar está vinculado à nossa capacidade de associação. Quando incrementamos nossa habilidade de interligar as coisas, conseguimos que uma ideia mobilize outras. O ser que procura respostas no mundo exterior ou nas experiências de pessoas muito diferentes dele não desenvolve “pensamentos férteis”.

Vale ressaltar que a criatividade é profundamente inibida em ambientes supercríticos, quer dizer, despojados da liberdade de agir e pensar. Ela só floresce numa atmosfera de independência, onde a satisfação é força motriz (…)

(…) O ser criativo mantém estrita ligação com a inspiração, porque olha o mundo com ampla liberdade íntima. Não tenta resolver seus problemas atuais lançando mão de experiências negativas do passado, mas soluciona suas dificuldades revendo todos os seus valores internos e buscando novas ideias, reorganizando, assim, sua vida interior.

Alan Kardec se refere a “relâmpagos de uma lucidez intelectual”, a “uma facilidade de concepção e elocução” e a momentos em que “as ideias se derramam, seguem-se, encandeiam-se, instantes esses em que a alma do médium está mais livre e, portanto, mais desembaraçada da matéria, porque recobra parte das suas faculdades de Espírito.

O mestre de Lyon ainda assevera que todos os pintores, músicos, literatos , ou seja, artistas de qualquer gênero, podem ser classificados como médiuns inspirados.

Em todas as épocas da humanidade, os homens de talento representaram os verdadeiros impulsionadores do desenvolvimento das ideias, das organizações e das sociedades. Através da criatividade, esses inovadores transcenderam os limites restritos em que estavam confinados a ciência, a filosofia e a religião (…)

(…) Inspiração é a habilidade de “olhar para dentro das coisas”; e o indivíduo inspirado atende ao propósito de vida para o qual ele foi criado, ou seja, expressa sua singularidade exclusiva. Temos em nós um centro de sabedoria dotado de todo o conhecimento necessário à nossa evolução.

O indivíduo amadurecido, portador de faculdade extra-sensorial, aprendeu que existem inúmeras maneiras de viver e evoluir na Terra; também sabe que sua maneira é única, como é única para cada pessoa. Portanto, está atento para captar as lições particulares de que necessita para se desenvolver e progredir.

O ser inspirado parte sempre do princípio de que desconhece todas as respostas. Aborda a vida com os olhos curiosos de uma criança, isto é, livre para usar imaginação, incorporando uma personalidade cândida, ainda não influenciada pelas regras e normas rígidas e preconceituosas de uma sociedade conflitada (…)

(…) O sensitivo natural tem senso de progresso e é habilidoso, traz de vidas passadas um manancial significativo de experiências, que lhe faculta desestruturar mentalmente a realidade conhecida e reestruturá-la de formas diferentes e expressivas.

O médium autêntico não copia ninguém. Não se limita a seguir caminhos já percorridos; tem a habilidade de ver as coisas com olhos novos, fazer associações que transcendem o comum. Os Espíritos Superiores inspiram os medianeiros que deseja aumentar seus valores criativos e desenvolver uma crescente receptividade às lições da Natureza, a qual nos transmite uma sabedoria que percorre caminhos não racionais. Ensinam-nos, sobretudo, que a “Voz de Deus” em nós é fonte inesgotável de toda a criatividade e que, quase sempre, esse diálogo divino acontece em nosso âmago, através de uma linguagem não convencional.


Hammed






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