quinta-feira, 25 de junho de 2020

Allan Kardec - O Livro dos Espíritos - 3ª Parte - Das leis morais - Cap. XI - 10. Lei de justiça, de amor e de caridade - Justiça e direito natural - Questão 876 (Miramez)



Allan Kardec - O Livro dos Espíritos - 3ª Parte - Das leis morais - Cap. XI - 10. Lei de justiça, de amor e de caridade - Justiça e direito natural


Questão 876


Posto de parte o direito consagrado pela lei humana, qual é a base da justiça fundada sobre a lei natural?

“Disse o Cristo: Querer para os outros o que quereis para vós mesmos. Deus colocou no coração do homem a regra de toda verdadeira justiça, pelo desejo de cada um de ver respeitados os seus direitos. Na incerteza do que ele deve fazer com relação ao seu semelhante numa dada circunstância, que o homem se pergunte como quereria que com ele agissem em semelhante circunstância: Deus não poderia dar-lhe um guia mais seguro do que sua própria consciência.”

Com efeito, o critério da verdadeira justiça está em querer para os outros o que se quer para si mesmo, e não em querer para si o que se quer para os outros, o que absolutamente não é a mesma coisa. Como não é natural querer o mal para si mesmo, tomando seu desejo pessoal por tipo ou ponto de partida, estaremos certos de querer apenas o bem para o próximo. Em todos os tempos, e em todas as crenças, o homem sempre buscou fazer prevalecer seu direito pessoal; o sublime da religião cristã foi em tomar o direito pessoal por base do direito do próximo.


Allan Kardec



O Livro dos Espíritos comentado pelo Espírito Miramez

Questão 876 comentada

Segundo a lei natural, o direito de um é o direito de outro, por serem todos iguais diante de Deus. Não é justo que uns tenham direitos diferentes dos outros, ante o Pai que se encontra na direção de tudo que existe.

Podemos observar a justiça interna, mesmo entre os órgãos que trabalham, sem nada exigir, para garantir a harmonia do conjunto sobre uma mente instintiva, recebendo ordens e mais ordens da consciência. Cada órgão, em seu lugar, tem trabalho a fazer. Segundo a lei natural, a lei de Deus é a mesma lei interna, que podemos observar quando despertados para tal, pelos processos que chamamos de dor e depois de amor.

Uma das nuances da lei da justiça é que cada um seja respeitado em seus direitos, sejam homens, países ou mesmo os mundos habitados. Os próprios átomos e planetas têm suas órbitas como sinal de respeito pelos que circulam por perto. O que chamamos de "lei da gravidade" nos mostra onde termina o direito do outro vizinho. Assim no mundo, com os pertences das criaturas: a lei se expressa em cercas, muros e papéis, afigurando o dono. Invadir os direitos dos outros passa a ser injustiça e falta grave, que merece punição.

Em Atos dos Apóstolos, capítulo nove, versículo vinte e quatro, passamos a ler o seguinte:

Porém o plano deles chegou ao conhecimento de Saulo; dia e noite guardaram também as portas para o matarem.

Vejamos aí a falta de respeito para com a vida alheia, a injustiça; por que Saulo não teria direito de pregar as idéias de vida e de justiça? Paulo sabia na carne o que era lutar contra Deus; o seu próprio mestre Gamaliel o informou sobre isso.

Desrespeitar a justiça é criar fogo para o seu próprio caminho. É o que não devem fazer os homens que estão lendo todos os dias o Evangelho. A primeira coisa que devemos fazer é respeitar os direitos dos outros, para que os outros respeitem os nossos. Se queremos colher bons frutos, não podemos esquecer as boas sementes. Busquemos a vida, que a vida mais intensa nos busca; demos a paz, ou estimulemos essa paz, que a paz vem ao nosso encontro, com todas as nuances de vida; perdoemos aos nossos ofensores, que eles tornar-se-ão nossos amigos do coração. Quando nos descuidamos dos nossos órgãos, eles se descuidam de nós; quando maltratamos as crianças, o coração sente.

As normas de vida mais excelentes são as dadas por Jesus em Seu Evangelho, porque ele estimula a vida e dá visão aos que padecem de cegueira.

Segundo a lei natural, é dando que recebemos; se escolhemos a dádiva, a vida, senão a lei, escolhe a recompensa na mesma dimensão. O verdadeiro critério de justiça começa na intimidade de cada um, porque a injustiça que pensamos fazer aos outros começa a ser deturpada dentro de nós mesmos.

Os erros alimentares são uma injustiça com o nosso próprio organismo. Os vícios são injustiça com muitos dos corpos que nos servem, para que tenhamos harmonia no coração. A perca do sono em demasia, por coisas vãs, é uma injustiça para com o instrumento de carne. O trabalho que ultrapassa nossas forças é, igualmente, injustiça com as nossas qualidades de servir.

A Doutrina Espírita é um manancial de orientações espirituais, que vão chegando do céu de acordo com as necessidades da alma. Não a desprezes, pois é na luta para compreendermos a justiça, que o amor nos chega ao coração.

Se acordamos para o direito pessoal, devemos saber em seguida que devemos respeitar o direito do próximo. Jesus não pediu aos homens para amarem ao próximo como a eles mesmos? Eis ai a lei com mais evidência, buscando-nos, para que nos tornemos felizes, no cumprimento dos nossos deveres.


Miramez



Filosofia Espírita – Volume XVIII. (João Nunes Maia).
Cap. 9 - Segundo a Lei Natural  






 Fonte: Instituto de Pesquisas Espíritas Allan KardecO Livro dos Espíritos comentado pelo Espírito Miramez

Nenhum comentário:

Postar um comentário